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Edição 20- Revista Aquaculture Brasil

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SET/OUT 2019

A fragmentação

acelera a taxa de

crescimento desses animais

em até 50 vezes, quando

comparada com colônias

não fragmentadas.

Microfragmentação de corais

Uma das estratégias mundialmente utilizadas é a

microfragmentação. Mas como funciona essa técnica?

A resposta é simples! Como já mencionado no artigo

“O mundo peculiar dos corais: ciclo de vida e formação

de recifes”, os corais são animais que, em sua maioria,

agrupam-se e formam colônias. Cada indivíduo que faz

parte de uma colônia é chamado de pólipo. A ideia

da microfragmentação, como o próprio nome sugere,

nada mais é do que fracionar uma colônia em pequenas

partes, com menos de 10 pólipos cada. Você deve

estar se perguntando: como “quebrar” uma colônia

em vários pedaços pode ser útil? Parece bem contraditório,

não é?! Mas, por incrível que pareça, essa

fragmentação acelera a taxa de crescimento desses

animais em até 50 vezes, quando comparada com colônias

não fragmentadas. Isso acontece porque esses

microfragmentos são estimulados a se recuperarem e

crescerem mais rapidamente, para assim repor os pólipos

perdidos.

O descobridor dessa técnica foi o Dr. David

Vaughan, biólogo marinho do programa de restauração

de recifes de coral do Mote Marine Laboratory

(Flórida, Estados Unidos). Frustrado com técnicas de

crescimento ineficientes, Vaughan decidiu mudar seus

corais para outro tanque, na esperança de ter alguma

melhora no crescimento. Nessa transferência, ele acidentalmente

acabou quebrando micro partes de uma

colônia, que afundaram no tanque. Ele as deixou lá,

acreditando que morreriam. Mas, para sua surpresa,

quando foi revisitar o tanque semanas depois, aqueles

microfragmentos além de sobrevirem, formaram uma

nova minicolônia. Foi observado também que, como

as minicolônias geradas a partir da microfragmentação

são clones umas das outras, pois vieram de uma mesma

matriz (colônia-mãe), elas têm a capacidade de se

reconhecerem geneticamente e se unirem. Com isso,

colônias que antes demorariam décadas para atingir

um tamanho relativamente grande, conseguem fazê-lo

em poucos anos (Figura 1).

Diversas instituições do mundo têm praticado a microfragmentação,

tais como: SECORE (México), Bonaire

Reef Renewal Foundation (Caribe), Coral Restoration

Foundation (Estados Unidos), Ocean Quest

(Tailândia), Tropical Research and Conservation Centre

(Malásia) e Gili Eco Trust (Indonésia). A técnica foi

inicialmente aplicada em espécies de corais ramificados

como Acropora cervicornis (coral-chifre-de-veado) e

Acropora palmata (coral-chifre-de-alce), e já mostra algum

sucesso também em corais maciços como

Orbicella faveolata (coral-estrela-de-montanha) e

Montastraea cavernosa (coral-casca-de-jaca).

Seja mantendo as colônias fragmentadas em laboratório,

onde se tem um ambiente controlado, ou diretamente

no mar, essa técnica possibilita uma produção

em massa de corais. Porém, por se tratar de clones, a

microfragmentação não introduz indivíduos geneticamente

mais resistentes as mudanças climáticas (principal

ameaça a sobrevivência dos corais). Dessa forma,

essa técnica por si só é extremamente frágil para a conservação,

uma vez que eventos climáticos podem continuar

dizimando recifes em larga escala. Contudo, é

uma alternativa para recuperar rapidamente ambientes

recifais degradados, nos ajudando a ganhar um pouco

mais de tempo nessa batalha contra a extinção.

Criopreservação de gametas

A criopreservação é outra iniciativa que vem sendo

explorada pelos cientistas. Criopreservar significa manter

viáveis sistemas vivos (células, tecidos) estocados

em baixas temperaturas. Essas temperaturas são tão

baixas (normalmente a -196 °C) que paralisam qualquer

atividade biológica, inclusive o envelhecimento,

degradação do material genético (DNA) e morte celular.

É, literalmente, como se as células parassem no

tempo (seja por um dia, um ano ou cem anos) e, após

retornarem à sua temperatura natural, “voltassem a viver

numa boa, como se nada tivesse acontecido”. Por essa

razão, a criopreservação é considerada uma das estra-

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PARCEIROS NA 20° ED:

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