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Juventude, alegria

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A primeira está no texto Rama y la modernidad secuestrada,

publicado em Imágenes de América Latina,

quando Raúl Antelo [l’enfant terrible] lembra um encontro

de Angél Rama com Antonio Candido durante uma sessão de

Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha, em 1971, em

Gênova, durante a 5ª Mostra de Cinema Latino-americano.

Sentavam-se lado a lado. Raúl projeta o sentido das tensões

que montam a modernidade latino-americana entre capitalismo,

democracia e secularização, a partir da oscilação

entre jogo e trabalho, de um lado, e soberania e servidão,

do outro. Aponta que no pensamento do crítico uruguaio,

há uma absoluta preponderância do primeiro appunti e

um desdém quanto ao segundo. E que, basicamente, isto se

deve ao sequestro que produz do valor cultural do jovem.

Grosso modo, ao dizer sobre Glauber uma ideia que está

em Benjamin no Fragmento político-teológico, Raúl afirma

que só há transgressão quando o profano se projeta sobre

a noção de felicidade no ritmo da inclusão-excludente para

dizer um modo contrário a Rama. À deriva, em alguma

medida, para além de uma modernidade letrada e pedagógica,

entre modelos e antimodelos, está a alegria e a força

a sério da juventude.

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Em agosto de 1999, numa conferência em Caracas,

Roberto Bolaño comenta acerca de Cervantes: diz

que este projeta sobre a própria juventude [o fantasma de

sua juventude perdida] a realidade de seu exercício com o

poema e a prosa, textos que ainda eram muito adversos. E

afirma isso a partir do empenho que imagina ter em direção

às suas circunstâncias geracionais: que seus amigos entregaram

toda a juventude, este pouco que se tem, “a uma causa

que acreditavam ser a causa mais generosa do mundo, mas

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