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música: opinião
Texto por Sara Fernandes Santos
Capa de “Californian Soil”, dos London Grammar
“Californian
Soil” é um
território
que junta
o velho e o
novo
Três anos após o último lançamento,
os London Grammar
estão de volta com Californian
Soil. Este é o terceiro longa-duração
da banda britânica, formada
por Hannah Reid, Dan
Rothman e Dot Major, que se
afirmou no panorama musical
britânico na última década após
o sucesso do álbum de estreia,
If You Wait, em 2013.
No site oficial da banda, pode
ler-se que Californian Soil surge
após três anos de “trabalho
duro, muita autorreflexão, introspeção,
experimentação
aterradora e vulnerabilidade”.
Baby It’s You, a faixa que se
segue e o primeiro single do álbum
a ter sido lançado, tem uma
sonoridade que não se distancia
muito de How Does It Feel, mas
aqui já é possível reconhecer a
identidade sonora da banda. A
canção fala sobre estar apaixonado,
tal como as duas seguintes:
Call Your Friends, aquela
que talvez se aproxime mais do
perfil dos álbuns anteriores, e All
My Love. Esta última é uma balada
que parece ser simples, até
pela curta letra e o longo solo de
guitarra no final, mas transmite
perfeitamente a ideia da vulnerabilidade
inerente à paixão, e
a consequente necessidade de
entrar numa bolha.
perfil
Texto por Leonor Costa
Porém, é no fim que encontramos
a cereja no topo do bolo:
America é a mais poderosa e
impactante das canções de Californian
Soil, tanto na sonoridade
como no seu significado.
A letra acaba por ser um desabafo
de Hannah, onde o seu
desalento alia-se a uma crítica
social que é feita com recurso à
analogia do sonho americano.
Curiosamente, esta foi a primeira
canção do álbum a ser escrita
pela banda, mas não faria
sentido estar noutra posição do
álbum que não a última. É possível
dizer-se que é uma das
melhores escolhas para faixa
de fecho alguma vez feita por
uma banda ou intérprete.
Californian Soil é, sem demérito
dos seus antecessores, o melhor
dos três longa-duração do
trio britânico, e faz ter valido
a pena a espera de três anos.
Gostar de todas as faixas ou
não fica ao critério de cada
ouvinte, mas é impossível negar
a excelente qualidade dos
instrumentais, não obstante os
ocasionais percalços das letras.
Apesar de ainda não ser extensa,
a discografia dos London
Grammar começa a tornar-se
cada vez mais sólida, e o futuro
avizinha-se risonho.
BTS: um fenómeno a quebrar barreiras
Conheça o percurso dos 7 jovens sul-coreanos que estão a conquistar o mundo através da sua música
e das suas personalidades carismáticas.
Aliás, “vulnerabilidade” foi uma
das palavras mais usadas pela
banda no momento de falar tanto
no disco, como em algumas
canções individualmente.
A vocalista da banda afirmou
também que o álbum é sobre
“ganhar posse” da sua “própria
vida” e a superação dos obstáculos
da mesma. A feminilidade
é um dos temas abordados
nas letras das canções, reflexo
da desilusão de Hannah com a
“misoginia” existente na indústria
musical e que a fez equacionar
desistir da carreira. Há também
espaço para criticar o rumo das
coisas e a falta de representação
dos seus direitos enquanto mulher,
mas também para temas comuns
aos álbuns antecessores:
o amor, a paixão e a traição, por
exemplo.
Este trabalho é o mais “mexido”
dos três da banda, fugindo
ligeiramente dos ritmos mais
melancólicos e tristes de If You
Wait e Truth Is a Beautiful Thing.
A sonoridade é efetivamente
brilhante e etérea, com algumas
evoluções em relação aos antecessores.
Porém, as marcas
características da banda – a já
referida melancolia e as letras
mais tristes e revoltadas – continuam
a marcar presença neste
álbum.
Debruçando-nos mais sobre alguns
dos temas, Californian Soil
começa por uma introdução, à
qual se segue a música homónima,
que apesar de muito bem
instrumentada acaba por ter
uma letra um pouco confusa (exemplo:
“I’m old, I’m young / and
so you do what you’re told”). Já
outro dos singles lançados antes
do álbum, Lose Your Head, cumpre
de forma excelente a missão
de nos guiar para um universo
muito próprio.
A balada Lord It’s A Feeling é
um dos grandes destaques do
longa-duração. Uma obra que
primeiro até se pode estranhar,
mas que no fim acaba por se
entranhar, tem uma letra com
uma frieza que espelha bem a
mágoa de quem é traído. Mas
o que chama particularmente a
atenção é o seu instrumental,
talvez o mais experimental da
banda até agora.
How Does It Feel, apesar de
não ser um mau tema por si só,
acaba por parecer um pouco
desconexo dos restantes, por
ser uma abordagem mais próxima
do pop da atualidade (comparando
com a norma do trio). É
possível deduzir que a faixa seja
resultado de inspiração retirada
da colaboração com o músico,
DJ e produtor musical Flume
(Let You Know), no entanto, dá a
sensação que, mesmo tendo em
conta a diferença em relação ao
que é norma do trio, foi incluída
no álbum por ter sido considerada
uma experiência bem-sucedida.
O ano de 2021 não podia ter terminado
da melhor maneira para
o grupo sul-coreano que está
a conquistar o mundo. Após a
pandemia ter obrigado ao cancelamento
daquela que seria
a maior tour mundial do grupo
BTS, RM, Jin, Suga, J-Hope,
Jimin, V e Jungkook, voltaram
aos palcos com Permission To
Dance On Stage, quatro concertos
completamente esgotados,
no SoFi Stadium, em Los Angeles,
durante os dias 27 e 28 de
novembro e 1 e 2 de dezembro.
Durante a sua estadia nos Estados
Unidos, os BTS também
fizeram história ao tornarem-se
no primeiro grupo asiático a ser
distinguido com um dos maiores
prémios dos American Music
Awards: o prémio de Artista
do Ano. Os BTS contavam ainda
com mais duas nomeações,
nas categorias de Melhor Duo
ou Grupo Pop e Música Pop Favorita
(com o single Butter), das
quais também saíram vencedores.
As conquistas do grupo de
k-pop não ficaram por aí. Após
a grande noite nos AMA’s, os
BTS conseguiram a sua segunda
nomeação para um Grammy,
voltando a estar indicados para
a categoria de Melhor Performance
de Duo/Grupo Pop, com
a música Butter.
10 A banda sul-coreana é um êxito 11