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Perspetiva

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terial novo? Acho que tens que

viver. Acho que é viver a vida,

e eu sei que isto parece um bocado

cliché, mas se não tiveres

experiências de vida, não tens

nada para falar. Então a minha

filosofia de vida é dizer que sim.

Eu digo que sim a tudo. Se tu

me sugerires qualquer coisa,

as probabilidades de eu dizer

“Bora, vamos a isso!” são muito

altas. Isso já me levou a clubes

de sexo em Amesterdão, a correr

com os touros em Espanha,

Los Angeles, seja o que for... E

através dessas experiências todas,

é que eu vivo coisas novas.

E só quando eu

vivo coisas novas

é que eu posso

ter alguma coisa

de interessante

para dizer. Puseram-me

a mim

nesta situação

nova e depois eu

explico como é

que vivi aquilo.

Acho que essa é

a maneira, pelo

menos para mim.

Depois há exercícios

que podes

fazer, por exemplo,

escrever

todos os dias 30

minutos, mesmo

que não seja

nada. Escrever

só um diário

onde dizes o que

te aconteceu, alguma

coisa há de

vir naturalmente.

Há sempre coisas

que podes fazer,

mas no sentido

mais puro da

palavra, eu dizia

que viver é a

melhor maneira

de criar material.

Tens humoristas de referência

que influenciam o teu trabalho?

Tenho sempre interesse sobre

qual é o processo criativo das

outras pessoas, porque às vezes

vejo como é que alguém trabalha

e penso “Oh, aquela cena

que ele faz é fixe e aquilo talvez

possa funcionar para mim”, então

vou tirando um bocadinho

de técnicas de toda a gente. Depois

vais construindo o que fun-

“Só quando eu vivo

coisas novas é que

eu posso ter alguma

coisa de interessante

para dizer.”

ciona para ti através do que tiras

dos outros. Sem dúvida a ética

de trabalho é uma cena que eu

olho. Aqui em Portugal, acho que

a consistência com a qual o Teixeira

da Mota tem conseguido

fazer os podcasts dele, em que

não falha uma semana durante

200 episódios, é excelente. O

que é mais importante, especialmente

quando estás a falar

de output, em termos de redes

socias, é a consistência. Hoje em

dia, vivemos numa sociedade

que o conteúdo ou a qualidade

do conteúdo nem sequer é a

coisa mais importante que tu podes

pôr, mas sim a quantidade

do conteúdo. Todos os dias estás

ali a tocar uma campainha

a dizer “Olha, não te esqueças

de mim!”, mesmo que aquilo

não seja nada de especial. E eu,

não necessariamente concordo

com isso, nunca foi a maneira

com a qual quis trabalhar, mas

cada vez mais consigo entender

porque é que a consistência em

vez da qualidade é importante.

Isso é um processo que eu tenho

estado a aprender. Eu falo com

muitos humoristas estrangeiros

e eles têm ideias muito fortes em

relação ao número de vezes que

tens de atuar por semana, então

tento seguir isso também. Depois,

às vezes nem tem nada a

ver com os humoristas. Eu posso

falar com um gajo que escreve

livros e gosto do

exercício dele para

escrever, tudo varia.

Isto tudo para dizer

que sou influenciado

por várias pessoas,

mas mais micro influências

vs. macro

influências.

Já conseguiste encontrar

a tua identidade

dentro do

humor?

Acho que se vai desenvolver

ao longo

dos vários anos que

eu estiver a fazer

stand up. Acho que

ainda não encontrei

a minha voz. No

outro dia estava a

falar com um amigo

meu que já faz

isto há 12 anos e ele

disse-me isso. Ele

disse-me onde é

que achava que eu

estava no processo

e eu ainda não

cheguei à voz. Isso

também é porque

ainda estou a viver

muitas experiências novas como

pessoa. Se eu ainda não sei

completamente quem sou como

pessoa, como é que eu posso

saber quem é que sou como

artista? Tento focar-me em continuar

a viver, em dizer que sim

às experiências, e à medida que

eu me for encontrando a mim

próprio como pessoa, acho que

isso como artista virá por atrelado,

digamos assim.

top 5 de 2021

a nossa perspetiva dos melhores na Cultura

O Pontos de Vista elegeu cinco filmes, cinco livros, cinco séries e cinco ábuns que se destacaram e

valem a pena recordar do ano de 2021.

livros

filmes

“Fake Accounts”, de Lauren Oyler

“Cultish: The Language of Fanaticism”,

de Amanda Montell

Maria Castro

“The Midnight Library”, de Matt Haig

Sara Fernandes Santos

“Ver Para Crer”, de Aurélio Pereira

com Rui Miguel Tovar

Pedro Queirós

“People We Meet on Vacation”, Emily

Henry

Leonor Costa

álbuns

“Spencer”, de Pablo Larrain

“Bo Burnham: Inside”, de Bo Burnham

Leonor Costa

“Licorice Pizza”, de Paul Thomas Anderson

Sara Fernandes Santos

“The Hand of God”, de Paulo Sorrentino

Pedro Queirós

“The Unforgivable”, de Nora Fingscheidt

Maria Castro

séries

“Black Water”, Adna

Californian Soil”, London Grammar

Sara Fernandes Santos

“Sour”, Olivia Rodrigo

Pedro Queirós

“Sob Rock”, John Mayer

Maria Castro

“Planet Her”, Doja Cat

Leonor Costa

“Squid Game”, Netflix

“Sonho Azul: O Caminho Até Wembley”,

Netflix

Pedro Queirós

“The Handmaid’s Tale” (Temporada 4),

Hulu

Leonor Costa

“Shadow and Bone”, Netflix

Maria Castro

“Lupin” (Parte 2), Netflix

Sara Fernandes Santos

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