Memórias de uma infância de subúrbio
Na obra, o autor consegue, a partir de sua história particular, contar a história da geração que viveu nos anos 1960 no subúrbio do Rio de Janeiro. Seus relatos, com uma memória invejável, reverberam em quem vivenciou o mesmo período — sua história é também a de muitos outros que viveram na mesma época. Sua narrativa nos remete aos contadores de história oral, rica em detalhes e com novas histórias surgindo uma dentro da outra, com um quê de suspense que nos impede de parar a leitura para ver até onde vai chegar. Fala das brincadeiras, das escolas, das férias, da família, das paqueras e namoros, de carnaval, de futebol, das festas. Ao mesmo tempo que fala de si, fala do bairro de Bangu, dos bairros vizinhos, da cidade e das suas desigualdades — por exemplo quando relata como chega nas areias de Copacabana carregando as trouxas de roupa com sua mãe para a casa da patroa. O livro trata das contradições de ser uma criança e adolescente, das alegrias e angústias, dos medos e dos sonhos, de brigas e reconciliações, de felicidades e dificuldades de toda uma geração. Esta obra é um retrato do subúrbio carioca e traz uma espécie de baú de recordações da infância do autor.
Na obra, o autor consegue, a partir de sua história particular, contar a história da geração que viveu nos anos 1960 no subúrbio do Rio de Janeiro. Seus relatos, com uma memória invejável, reverberam em quem vivenciou o mesmo período — sua história é também a de muitos outros que viveram na mesma época.
Sua narrativa nos remete aos contadores de história oral, rica em detalhes e com novas histórias surgindo uma dentro da outra, com um quê de suspense que nos impede de parar a leitura para ver até onde vai chegar. Fala das brincadeiras, das escolas, das férias, da família, das paqueras e namoros, de carnaval, de futebol, das festas. Ao mesmo tempo que fala de si, fala do bairro de Bangu, dos bairros vizinhos, da cidade e das suas desigualdades — por exemplo quando relata como chega nas areias de Copacabana carregando as trouxas de roupa com sua mãe para a casa da patroa.
O livro trata das contradições de ser uma criança e adolescente, das alegrias e angústias, dos medos e dos sonhos, de brigas e reconciliações, de felicidades e dificuldades de toda uma geração. Esta obra é um retrato do subúrbio carioca e traz uma espécie de baú de recordações da infância do autor.
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da realidade. Mas a realidade como ele a viu, a percebeu e
a sentiu. Por inevitável, haverá passagens no limite entre a
recordação e a criação.
Existia preconceito de raça, de gênero, de orientação
sexual e em relação a outras tantas diferenças. Mas existia
também uma espécie de solidariedade suburbana, que unificava
paupérrimos, pobres e classe média baixa em oposição
aos “ricos” residentes em bairros nobres.
Foi um tempo de ampliação de parte da educação fundamental.
Muitas escolas públicas foram abertas naqueles anos,
de modo que não faltavam vagas para o curso primário (parte
do Ensino Fundamental de hoje que correspondia aproximadamente
às cinco primeiras séries de vida escolar). O ensino
ginasial (correspondente às quatro últimas séries do Ensino
Fundamental dos dias de hoje) começava a se expandir, mas
ainda muito lentamente, de forma a permitir que somente
alguns de nós pudéssemos dar continuidade aos estudos nesta
passagem que era um gargalo terrível e que barrava a maioria.
A dificuldade de acesso aos ginásios públicos era tão
grande que muitas famílias pobres aceitavam, ainda que
sofridamente, a conclusão do ensino primário como um
desempenho aceitável de desenvolvimento educacional de
seus filhos. O concurso de admissão ao ginásio era quase
um vestibular dos dias atuais. As provas eram difíceis para
os alunos das escolas primárias públicas, que constituíam a
esmagadora maioria, de modo que os aprovados, se tanto,
representavam 1/3 dos concluintes do curso primário. Os
ginásios particulares cobravam mensalidades caras para
os padrões de vida médio das famílias, sendo então acessíveis
a poucos e, ainda assim, na maioria dos casos, de pior
qualidade que os públicos.
Essa é a moldura básica dos flashes do passado que rememoro
nestes textos.
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