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Memórias de uma infância de subúrbio

Na obra, o autor consegue, a partir de sua história particular, contar a história da geração que viveu nos anos 1960 no subúrbio do Rio de Janeiro. Seus relatos, com uma memória invejável, reverberam em quem vivenciou o mesmo período — sua história é também a de muitos outros que viveram na mesma época. Sua narrativa nos remete aos contadores de história oral, rica em detalhes e com novas histórias surgindo uma dentro da outra, com um quê de suspense que nos impede de parar a leitura para ver até onde vai chegar. Fala das brincadeiras, das escolas, das férias, da família, das paqueras e namoros, de carnaval, de futebol, das festas. Ao mesmo tempo que fala de si, fala do bairro de Bangu, dos bairros vizinhos, da cidade e das suas desigualdades — por exemplo quando relata como chega nas areias de Copacabana carregando as trouxas de roupa com sua mãe para a casa da patroa. O livro trata das contradições de ser uma criança e adolescente, das alegrias e angústias, dos medos e dos sonhos, de brigas e reconciliações, de felicidades e dificuldades de toda uma geração. Esta obra é um retrato do subúrbio carioca e traz uma espécie de baú de recordações da infância do autor.



Na obra, o autor consegue, a partir de sua história particular, contar a história da geração que viveu nos anos 1960 no subúrbio do Rio de Janeiro. Seus relatos, com uma memória invejável, reverberam em quem vivenciou o mesmo período — sua história é também a de muitos outros que viveram na mesma época.
Sua narrativa nos remete aos contadores de história oral, rica em detalhes e com novas histórias surgindo uma dentro da outra, com um quê de suspense que nos impede de parar a leitura para ver até onde vai chegar. Fala das brincadeiras, das escolas, das férias, da família, das paqueras e namoros, de carnaval, de futebol, das festas. Ao mesmo tempo que fala de si, fala do bairro de Bangu, dos bairros vizinhos, da cidade e das suas desigualdades — por exemplo quando relata como chega nas areias de Copacabana carregando as trouxas de roupa com sua mãe para a casa da patroa.
O livro trata das contradições de ser uma criança e adolescente, das alegrias e angústias, dos medos e dos sonhos, de brigas e reconciliações, de felicidades e dificuldades de toda uma geração. Esta obra é um retrato do subúrbio carioca e traz uma espécie de baú de recordações da infância do autor.

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20

apagava o fogo de alguma panela, diminuía a chama de

outra e depois voltava para a área descoberta do fundo da

casa onde ficava o tanque de lavar roupa.

— Mãe, Katia me disse que quando o pai dela chegar hoje

à tarde da fábrica eles vão na casa da tia Conceição. Vamos

também mãe! Ou então deixa eu ir com eles — insistia.

— Meu filho, sua irmã já tem que carregar quatro crianças,

não pode ficar te levando para tudo quanto é lugar. E você

sabe que eu tenho que entregar essa roupa toda amanhã,

não posso nem pensar em ir à casa da Conceição hoje. Olha,

no mês que vem tem o aniversário do seu padrinho, aí eu

dou um jeito e te levo — ponderou ela.

— Mas mãe, deixa eu ir com Penha, eu fico quieto, não

faço bagunça não.

— Chega menino! Pare com isso ou eu te dou uma surra

agora.

Saí chorando, mas ainda não me sentia completamente

derrotado. A próxima tentativa era implorar para minha

irmã pedir para a minha mãe que eu fosse com ela.

A casa da tia Conceição era enorme para os meus olhos

de seis anos de vida. Tinha uma larga varanda em toda

extensão da frente da casa. Depois uma sala ampla com

poucos móveis: uma cristaleira cheia de enfeites, pratos e

copos, em uma das paredes; um jogo de poltronas espalhado

e uma mesinha de centro com toalhinha e jarra de flores.

Do meio deste ambiente abria-se o corredor que acessava

os dois quartos do lado direito e o quarto do lado esquerdo,

terminando na copa-cozinha grandona onde havia, além

de fogão, geladeira, pia, armários e uma grande mesa de

jantar com várias cadeiras.

O que mais agradava era o clima festivo que se formava

com aquele monte de gente que sempre havia na casa, mesmo

quando não era festa de aniversário de ninguém. Os adultos

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