Revista Márcia Travessoni ed. 20: Ivens Dias Branco Jr.

O
aspecto místico da casa
do multiartista Valmir
Lins, 30, se revela logo
no portão de entrada no
prédio, um edifício com
quase sete décadas de existência,
instalado no caótico Centro
de Fortaleza, e conhecido como um
dos mais mal assombrados da cidade.
Ao cruzar o portão de ferro, o burburinho
da avenida dá lugar a fortes
correntes de vento que correm por
escadas circulares com corrimãos de
madeira. “Me sinto muito protegido
aqui, em todos os sentidos”, diz ele,
que teve a primeira conexão com o
lar consolidada no campo espiritual.
“Quando abri a porta desse
apartamento e vi o piso de madeira,
a luz do janelão, peguei no ombro
da corretora e disse ‘Essa é a minha
casa, podemos fechar negócio’”, conta
Valmir, que contrariou as próprias
aspirações de moradia ao escolher
um local naquele bairro e ainda sem
garagem. Mas hoje, o espaço de 160 m²,
banhado pelo sol e repleto de obras
de arte é mais que lar: para Valmir,
é um refúgio de cura.
“Porque foi aqui que me curei de
uma dor amorosa muito intensa. E na
mesma época, uma amiga veio com
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