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Jornal Paraná Setembro 2022

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OPINIÃO<br />

Salvem o agro<br />

Alguns candidatos movidos por preconceitos ideológicos consideram<br />

o agronegócio como adversário porque não fazem as contas para<br />

saberem o que aconteceria na economia se não tivéssemos o agro<br />

Cristovam Buarque (*)<br />

Faltando poucas semanas<br />

para as eleições, não se<br />

veem propostas dos candidatos<br />

para salvar o agronegócio<br />

de três ameaças que<br />

sofrerá no futuro. A primeira é a<br />

ameaça ecológica. O agronegócio<br />

não sobreviverá às mudanças climáticas<br />

que ele ajuda a provocar.<br />

A destruição das florestas fatalmente<br />

afetará a produção da agricultura<br />

local, por isso a necessidade<br />

de regras para conservar as<br />

matas é indispensável para o<br />

agronegócio.<br />

Além disso, os impactos do desflorestamento<br />

afetam o clima em<br />

escala planetária, provocando consequências<br />

desestabilizadoras de<br />

todo o sistema agrícola: o agronegócio<br />

brasileiro não ficará imune.<br />

Muitos produtores, com lógica<br />

imediatista, ignorando filhos, netos<br />

e o Brasil, não veem a conservação<br />

florestal como parte da produção<br />

agrícola. No máximo, limitam<br />

as preocupações às matas dentro<br />

de sua propriedade.<br />

Há candidatos que não se preocupam<br />

com o equilíbrio ecológico,<br />

outros que usam a agenda ecológica<br />

em oposição à produção<br />

agrícola. Alguns candidatos movidos<br />

por preconceitos ideológicos<br />

consideram o agronegócio como<br />

adversário porque não fazem as<br />

contas para saberem o que aconteceria<br />

na economia se não tivéssemos<br />

o agro.<br />

Outros não veem qualquer problema<br />

ecológico no Brasil, dizem<br />

que se europeus já queimaram<br />

suas florestas no passado, temos<br />

direito de queimar as nossas,<br />

agora, no século 21. Precisamos<br />

salvar o agronegócio, trazendo-o<br />

para o longo prazo, mesmo que<br />

isso exija sacrifícios no imediato.<br />

O novo governo deve ser defensor<br />

das florestas do mundo, inclusive<br />

da Amazônia, para salvar o agronegócio,<br />

negociando com empresários<br />

para convencê-los a defender<br />

os interesses nacionais no longo<br />

prazo. Propondo uma governança<br />

mundial para todas as florestas,<br />

inclusive as nossas.<br />

A segunda ameaça ao agronegócio<br />

vem do boicote que se arma no<br />

mundo contra a importação de<br />

produtos brasileiros. Ao mesmo<br />

tempo que tomará medidas protetoras<br />

do meio ambiente, o próximo<br />

governo tem de ser capaz de usar<br />

a diplomacia para evitar o desastre<br />

que desabará sobre a economia<br />

brasileira quando, em defesa da<br />

saúde da Terra, compradores se<br />

negarem a comprar nossos produtos.<br />

A coincidência do terrível verão<br />

que os europeus enfrentam<br />

com sucessivos recordes de destruição<br />

da Amazônia levará, certamente,<br />

à pressão para suspensão<br />

de compra de nossos produtos.<br />

Há 180 anos, por razões morais e<br />

econômicas, os ingleses proibiram<br />

o tráfico de escravos. Inicialmente,<br />

nossos escravocratas usaram<br />

o conceito de soberania para<br />

justificar a continuação do tráfico.<br />

O bom senso prevaleceu e o Brasil<br />

fez a própria lei proibindo o tráfico,<br />

os fazendeiros escravocratas diminuíram<br />

lucros, mas mantiveram<br />

a demanda por açúcar. Para os<br />

europeus de hoje, a queimada da<br />

Amazônia é vista como barbárie<br />

brasileira, do tipo da escravidão no<br />

século 19. O agronegócio do século<br />

21 precisa lembrar dos escravocratas<br />

do final do século 20.<br />

O terceiro salvamento do agronegócio<br />

tem a ver com o óbvio esgotamento<br />

dele no médio e longo<br />

prazo, devido a mudanças tecnológicas,<br />

geopolíticas e ambientais.<br />

Muitos não querem ver, mas<br />

aconteceu no passado.<br />

As riquezas do açúcar e do algodão<br />

se esgotaram no Nordeste,<br />

quando a produção foi levada para<br />

o Caribe e para o sul dos Estados<br />

Unidos; a imensa riqueza da borracha<br />

se esgotou no norte, quando<br />

seringueiras foram levadas para a<br />

Malásia, e quando a borracha sintética<br />

foi inventada.<br />

São Paulo evitou a debacle do<br />

café, graças à preparação para o<br />

O próximo governo precisa salvar<br />

o agronegócio, preparando-o para<br />

os novos tempos da economia do<br />

conhecimento<br />

momento seguinte, da industrialização.<br />

Empresários lúcidos e governantes<br />

comprometidos permitiram<br />

ao Estado dar o salto para implantar<br />

o parque industrial, usando<br />

o capital acumulado antes da crise<br />

de 1929.<br />

O Centro-Oeste precisa se preparar<br />

para o futuro, quando a China produzir<br />

soja e carne na África, na metade<br />

da distância para seus centros<br />

consumidores, ou até mesmo na<br />

Sibéria Russa, levando produtos de<br />

trem para Pequim. Ou quando eles<br />

forem produzidos sinteticamente.<br />

O próximo governo precisa salvar<br />

o agronegócio, preparando-o para<br />

os novos tempos da economia do<br />

conhecimento. Assim como foi<br />

feito em São Paulo ao passar da<br />

cafeicultura para a indústria mecânica.<br />

O Centro-Oeste deve começar<br />

sua marcha do agronegócio<br />

para a indústria do conhecimento.<br />

Para tanto, o próximo governo precisa<br />

oferecer condições para, aliados<br />

aos empresários, formular um<br />

rumo que faça do Centro-Oeste o<br />

nosso Vale do Silício: investir em<br />

educação de base, universidades<br />

e centros de pesquisa, em uma estratégia<br />

para salvar o agronegócio,<br />

mesmo depois dele, transformando-o<br />

no chipnegócio da economia<br />

do futuro<br />

(*) Professor emérito da UnB e<br />

membro da Comissão Internacional<br />

da Unesco para o Futuro<br />

da Educação<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SAFRA <strong>2022</strong>/23<br />

Chuvas diminuem ritmo<br />

de colheita no <strong>Paraná</strong><br />

Conab estima que devem ser esmadas 572,9 milhões de toneladas de cana e<br />

produzidos 33,9 milhões de toneladas de açúcar e 25,83 bilhões de litros de etanol<br />

As chuvas ocorridas no<br />

mês de agosto desaceleraram<br />

o ritmo de<br />

colheita de cana-deaçúcar<br />

no <strong>Paraná</strong>, segundo o<br />

presidente da Alcopar, Miguel<br />

Tranin. Normalmente, no período<br />

que costuma ser mais<br />

seco, as usinas do Estado esmagam<br />

no mês uma média de<br />

5,5 milhões de toneladas de<br />

cana. Este ano, entretanto, foram<br />

processadas na segunda<br />

quinzena apenas 1,863 milhão<br />

de toneladas, muito próximo<br />

da produção realizada na primeira<br />

quinzena, somando<br />

3,735 milhões no mês, bastante<br />

aquém da expectativa de<br />

produção para o período.<br />

Dos 31,068 milhões de toneladas<br />

de cana que a Alcopar espera<br />

sejam moídas nesta safra,<br />

até o dia 1 de setembro já tinham<br />

sido processados<br />

58,7%, atingindo, no acumulado<br />

des-de o início da safra,<br />

18,250 milhões de toneladas.<br />

O atraso em relação à safra anterior<br />

é de 20,1%, quando foi<br />

produzido 22,830 milhões de<br />

toneladas no período.<br />

Com 54,52% do mix destinado<br />

a produção de açúcar, mesmo<br />

que em um percentual menor<br />

do que na safra passada<br />

(56,23%), a prioridade das usinas<br />

sucroenergéticas tem sido<br />

para a produção de açúcar este<br />

ano, como tradicionalmente<br />

ocorre no Estado. No acumulado<br />

da safra, foram produzidos<br />

até o início do mês, 1,229<br />

milhão de toneladas de açúcar<br />

dos 2,270 milhões de toneladas<br />

esperados na safra, volume<br />

27,8% a menos do que o<br />

total produzido no mesmo período<br />

do ano passado, quando<br />

as usinas já tinham industrializado<br />

1,703 milhão de toneladas<br />

de açúcar.<br />

A produção de etanol total até<br />

o dia 1 de setembro foi de<br />

619,854 milhões de litros,<br />

sendo 317,911 milhões de litros<br />

de anidro e 301,943 milhões<br />

de litros de hidratado. Em<br />

relação a produção do ano<br />

passado no mesmo período,<br />

esses volumes são 22,9% menor<br />

quanto ao etanol total<br />

(804,027 milhões de litros),<br />

10% a menos em anidro<br />

(353,156 milhões), e 33% a<br />

menos em hidratado (450,871<br />

milhões de litros). A expectativa<br />

é fechar a safra com a produção<br />

de 1,128 bilhão de litros<br />

de etanol total, sendo 535,922<br />

milhões de litros de anidro e<br />

591,649 milhões de litros de<br />

hidratado.<br />

O rendimento industrial em<br />

Açúcar Total Recuperável<br />

(ATR/Tc) no acumulado é de<br />

129,14 Kg, uma queda de<br />

6,9% em relação ao valor registrado<br />

na safra 2021/22 de<br />

138,68 Kg.<br />

A produtividade da atual safra<br />

de cana-de-açúcar começa a<br />

mostrar recuperação, após<br />

dois ciclos de adversidades<br />

climáticas, segundo dados<br />

da Companhia Nacional de<br />

4<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Abastecimento (Conab). O aumento<br />

de 1,6% na média nacional<br />

no rendimento das lavouras<br />

do país é um contraponto<br />

para a redução de 2,6%<br />

na área de cultivo. Com isso,<br />

a produção deve chegar a<br />

572,9 milhões de toneladas de<br />

cana, uma ligeira queda de 1%<br />

se comparada com o ciclo anterior,<br />

como indica o segundo<br />

levantamento da safra <strong>2022</strong>/<br />

23.<br />

Se na temporada 2020/21 o<br />

desenvolvimento da cultura foi<br />

influenciado pela falta de chuvas<br />

e no ciclo 2021/22, além<br />

da estiagem, foram registradas<br />

fortes geadas em importantes<br />

regiões produtoras, na safra<br />

<strong>2022</strong>/23 as condições climáticas<br />

foram mais favoráveis. De<br />

acordo com o documento, os<br />

agricultores deverão colher<br />

nesta safra 70.484 quilos por<br />

hectares colhidos. No ciclo de<br />

2021/22, a produtividade esteve<br />

estimada em 69.355 quilos<br />

por hectare. Já em 2020/<br />

21 o desempenho das lavouras<br />

ficou em torno de 70.357<br />

quilos por hectare, valor muito<br />

próximo ao esperado para a<br />

atual temporada.<br />

A melhora no desempenho é<br />

impulsionada por um maior índice<br />

registrado principalmente<br />

nas regiões Nordeste e Centro-<br />

Oeste, esta última com destaque<br />

para Goiás, além de Minas<br />

Gerais com variações positivas<br />

para as regiões de 6% e 3,5%<br />

respectivamente, enquanto os<br />

estados registraram elevação<br />

de 3,8% e 3,2%. Em São Paulo,<br />

principal estado produtor, e<br />

<strong>Paraná</strong>, por exemplo, o desempenho<br />

das lavouras ainda<br />

reflete o clima adverso das últimas<br />

temporadas.<br />

A recuperação da produtividade<br />

desacelera a queda na produção,<br />

uma vez que a Conab<br />

espera uma nova redução na<br />

área. Se em 2020/21 foram<br />

destinados cerca de 8,6 milhões<br />

de hectares, na safra<br />

passada a área ocupada ficou<br />

em 8,3 milhões de hectares. Já<br />

neste ciclo, há uma nova diminuição,<br />

com estimativa de 8,1<br />

milhões de hectares. Essa diminuição<br />

é explicada pela competitividade<br />

com grãos como<br />

milho e soja, que atualmente<br />

apresentam boa rentabilidade<br />

para o produtor, aliada às lavouras<br />

de reforma que tiveram<br />

o corte inviabilizado pelas condições<br />

climáticas.<br />

Com a queda na colheita de<br />

cana, a Conab espera um menor<br />

volume produzido tanto<br />

para o açúcar como para o<br />

etanol. De acordo com o levantamento,<br />

a produção de<br />

açúcar está estimada em<br />

aproximadamente 33,9 milhões<br />

de toneladas, diminuição<br />

de 3% quando comparado<br />

com 2021/22.<br />

No caso do etanol, é estimada<br />

uma produção de cerca de<br />

25,83 bilhões de litros do combustível<br />

a partir da cana, redução<br />

de 2,2%. Em contrapartida,<br />

o etanol proveniente do milho<br />

continua em expansão. Nesta<br />

safra, é esperado mais de 4,5<br />

bilhões de litros produzidos,<br />

um aumento de 30% em relação<br />

à temporada anterior.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

5


PROJETO<br />

“Mulheres do Chapisco”<br />

da Cooperval é Top 3<br />

Após a premiação, as mulheres<br />

que inspiraram o projeto também<br />

foram homenageadas na usina<br />

No dia 15 de agosto, a<br />

Cooperval - Cooperativa<br />

Agroindustrial<br />

Vale do Ivaí Ltda,<br />

com sede em Jandaia do Sul,<br />

Norte do <strong>Paraná</strong>, foi contemplada<br />

entre os Top 3 da categoria<br />

social de diversidade da<br />

15ª edição do Mastercana Social,<br />

em Ribeirão Preto, São<br />

Paulo, com o projeto “Meninas<br />

do Chapisco”. O evento<br />

homenageou as usinas com<br />

melhor performance e as personalidades<br />

do setor que se<br />

destacaram nas diversas<br />

áreas de produção e administração.<br />

O projeto “Meninas do Chapisco”<br />

contou como foi a experiência<br />

de contratar mulheres<br />

para atuar na área de extração<br />

de cana especificamente na atividade<br />

de chapisco na empresa.<br />

Após a premiação, foi<br />

realizada uma homenagem na<br />

usina para essas mulheres que<br />

inspiraram o projeto.<br />

Na Cooperval, as mulheres<br />

têm sido desafiadas a assumirem<br />

funções antes exercidas<br />

apenas por homens e os resultados<br />

têm superado as expectativas.<br />

As “Mulheres do Chapisco”<br />

dão show de competência<br />

e superam todo tipo de<br />

preconceito e discriminação,<br />

se tornando referência para<br />

outras mulheres correrem<br />

atrás de seus sonhos.<br />

As colaboradoras Karina, Josiele,<br />

Rosangela e Sandra que<br />

trabalham no chapisco na usina<br />

de álcool e açúcar da Cooperval,<br />

cansaram de ouvir que<br />

“chapiscar não é coisa de mulher”,<br />

mas dizem que isso as<br />

deixou ainda mais motivadas a<br />

buscar por reconhecimento<br />

nesses espaços. Para os gestores,<br />

o trabalho das “Meninas<br />

do Chapisco” foi mais do que<br />

aprovado, quebrando todos os<br />

estereótipos de gênero que<br />

estão consolidados na construção<br />

social.<br />

Para Givanildo Eugenio Bernardo,<br />

supervisor de Moenda,<br />

que acompanha de perto o trabalho,<br />

diz que estão desempenhando<br />

bem o serviço, com<br />

extrema qualidade e que espera<br />

que elas continuem evoluindo<br />

cada vez mais enquanto profissionais.<br />

Da mesma forma, Sergio<br />

Henrique Ferreira, gerente<br />

de Manutenção Industrial, destaca<br />

que “tanto no desempenho,<br />

quanto na qualidade da<br />

extração, a melhora e a evolução<br />

são significativas”.<br />

Primeiros Socorros<br />

Durante o mês de agosto a Cooperval realizou um treinamento de Primeiros Socorros para a equipe de Medicina, Segurança do Trabalho<br />

e alguns Brigadistas da Cooperval, com foco em como agir em situações de acidentes de trabalho.<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


BIODIESEL<br />

Brasil é um dos maiores produtores,<br />

mas retrocesso preocupa<br />

Produzido a partir de soja, o biocombustível pode reduzir<br />

emissões de gases do efeito estufa em até 72%.<br />

No dia 10 de agosto<br />

foi comemorado o<br />

Dia Internacional do<br />

Biodiesel, produto<br />

do qual o Brasil é um dos<br />

maiores produtores do mundo,<br />

colocando o país na vanguarda<br />

do movimento de<br />

substituição do óleo mineral,<br />

o petróleo, pelo óleo vegetal.<br />

A substituição do diesel fóssil<br />

pelo biodiesel brasileiro, produzido<br />

principalmente a partir<br />

de soja, pode reduzir as emissões<br />

de GEEs (gases do efeito<br />

estufa) em até 72%, aponta<br />

estudo da Universidade de<br />

São Paulo.<br />

Nos últimos tempos, entretanto,<br />

o setor não tem muito o<br />

que comemorar, desde a redução<br />

da mistura de biodiesel no<br />

diesel para os atuais 10%, considerado<br />

um retrocesso, já que<br />

deveria estar em 14%, como<br />

originalmente estava previsto<br />

pelo marco regulatório. Empresas<br />

e entidades ligadas ao setor<br />

têm trabalhado para que seja<br />

criado um novo cronograma<br />

de forma a retomar a mistura<br />

em 15% já no ano que vem, e<br />

um possível novo marco regulatório<br />

até B20 - mistura de<br />

20% de biodiesel - nos próximos<br />

anos. Lideranças do setor<br />

consideram temerário não<br />

haver uma política estabelecida<br />

para os biocombustíveis, pois,<br />

com um cenário incerto, a indústria<br />

não consegue se planejar,<br />

desestruturando o setor,<br />

aumentando a importação de<br />

diesel fóssil e afetando o meio<br />

ambiente.<br />

Mas, o recuo nas políticas de<br />

biocombustíveis não ocorre<br />

só no Brasil, apesar de o País<br />

representar a maior parte do<br />

declínio global da demanda.<br />

Devido a alta dos preços, a<br />

demanda por biocombustíveis<br />

deve desacelerar em 20%<br />

neste ano, ou seja, 2,2 bilhões<br />

de litros. A previsão para <strong>2022</strong><br />

era de aumento de 11 bilhões<br />

de litros. Em 2021, o mundo<br />

produziu cerca de 151 bilhões<br />

de litros de biodiesel. O Brasil,<br />

que se destaca como um dos<br />

cinco maiores produtores de<br />

biodiesel do mundo, foi responsável<br />

por cerca de ¼<br />

dessa produção.<br />

A data foi criada como forma<br />

de conscientizar o mundo<br />

sobre a importância dos combustíveis<br />

não fósseis. Produzido<br />

a partir de diferentes<br />

óleos e matérias de origem<br />

animal ou vegetal, o biodiesel<br />

já é a quarta maior fonte de<br />

energia renovável utilizada no<br />

mundo, segundo o órgão governamental<br />

dos Estados Unidos<br />

que administra informações<br />

sobre energia. Mas o<br />

mercado ainda possui espaço<br />

para crescer, por representar<br />

apenas 0,4% de todas as matrizes<br />

energéticas disponíveis<br />

no mundo.<br />

A data para homenagear essa<br />

fonte de energia foi escolhida<br />

porque no dia 10 de agosto de<br />

1893 em Augsburg, na Alemanha,<br />

o alemão Rudolf Diesel<br />

colocou para funcionar<br />

pela primeira vez a sua criação,<br />

o motor a combustão<br />

movido a óleo de amendoim.<br />

A partir deste óleo, o inventor<br />

realizou a transesterificação e<br />

chegou ao produto que hoje é<br />

conhecido como biodiesel.<br />

Segundo relatos, ele teria dito<br />

na época que “o uso de óleos<br />

vegetais, como combustíveis<br />

de motor, pode parecer insignificante<br />

nos dias atuais. Mas<br />

estes óleos podem vir a se<br />

tornar, ao longo do tempo, tão<br />

importantes como o petróleo<br />

e o carvão mineral”.<br />

O motor e seu combustível<br />

foram patenteados em fevereiro<br />

de 1897 e apresentados oficialmente<br />

em 1898, durante a<br />

Feira Mundial de Paris, na<br />

França. Nos anos seguintes, a<br />

tecnologia passou a ser adaptada<br />

para além dos carros, e<br />

na década de 1920 já era utilizada<br />

para movimentar navios,<br />

locomotivas e caminhões.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

7


DOIS<br />

PONTOS<br />

PIB<br />

Impostos<br />

Estimulado pela volta de serviços<br />

no Brasil, o PIB brasileiro<br />

cresceu 1,2% no segundo<br />

trimestre de <strong>2022</strong>, em<br />

relação aos três meses anteriores.<br />

É o quarto resultado<br />

positivo em sequência do indicador,<br />

segundo o IBGE. A<br />

variação ficou acima das expectativas<br />

do mercado financeiro.<br />

O novo resultado fez o<br />

PIB avançar 2,5% no primeiro<br />

semestre do ano. Com isso, a<br />

atividade econômica do país<br />

ficou 3% acima do nível prépandemia,<br />

do quarto trimestre<br />

de 2019.<br />

Membros da Comissão Nacional<br />

de Cana-de-Açúcar da Confederação<br />

da Agricultura e Pecuária<br />

do Brasil (CNA) analisaram<br />

os impactos das mudanças<br />

na tributação de biocombustíveis<br />

na cadeia produtiva e<br />

alternativas para tornar o etanol<br />

mais competitivo. A conclusão<br />

é que o setor tem sofrido com<br />

as mudanças no Imposto sobre<br />

Circulação de Mercadorias e<br />

Serviços (ICMS). A queda dos<br />

impostos está impactando de<br />

uma forma muito drástica o<br />

setor e agravando o preço do<br />

etanol. Em alguns estados há<br />

usinas tentando renegociar<br />

com os produtores o preço pela<br />

matéria-prima.<br />

Cooperativa gaúcha<br />

Uma das maiores cooperativas agrícolas do Rio Grande do Sul vai entrar no mundo<br />

dos biocombustíveis. A Cotrijal, com sede em Não-Me-Toque, vai montar uma usina<br />

de etanol com processamento a partir de grãos. A previsão é que a planta comece<br />

a produzir em fim de 2024. O investimento previsto é de R$ 300 milhões. O projeto<br />

é o terceiro oficializado no Estado no setor em <strong>2022</strong>. Até agora, a BSBios anunciou<br />

a instalação de uma planta em Passo Fundo, avaliada em mais de R$ 300 milhões<br />

em primeira fase, e a CB Bioenergia, de Santiago, de R$ 500 milhões. As três plantas<br />

superam R$ 1 bilhão em aportes.<br />

O atual padrão climático do La<br />

Niña que começou em setembro<br />

de 2020 - durará pelo menos<br />

até o final do ano, tornando-se<br />

a primeira vez neste<br />

Hidrogênio verde<br />

A USP (Universidade de São<br />

Paulo) firmou parceria com empresas<br />

do setor de combustíveis<br />

para desenvolver uma tecnologia<br />

capaz de transformar<br />

etanol em hidrogênio verde,<br />

energia considerada sustentável<br />

por sua baixa emissão de carbono.<br />

O acordo foi assinado<br />

com a Shell Brasil, Raízen,<br />

Hytron e com o braço de inovação<br />

em biossintéticos e fibras<br />

do Senai (CETIQT), e prevê a<br />

instalação de duas fábricas no<br />

campus da USP para a produção<br />

do hidrogênio renovável,<br />

que será testado em ônibus da<br />

Cidade Universitária - atualmente<br />

movidos a diesel. Com início<br />

da operação prevista para o primeiro<br />

semestre de 2023, a iniciativa<br />

pretende viabilizar uma<br />

solução de baixo carbono para<br />

La Niña<br />

o transporte pesado e indústrias<br />

poluentes, além de inaugurar<br />

o primeiro posto de hidrogênio<br />

verde a base de etanol do<br />

Brasil e do mundo.<br />

século que abrangerá três invernos<br />

consecutivos no Hemisfério<br />

Norte, previu a Organização<br />

Meteorológica Mundial. O<br />

efeito La Niña refere-se ao resfriamento<br />

das temperaturas da<br />

superfície do oceano juntamente<br />

com ventos e chuvas e significa<br />

menor volume de chuvas<br />

na região sul do Brasil.<br />

Efeito estufa<br />

A concentração atmosférica de<br />

gases do efeito estufa e os níveis<br />

do mar alcançaram novos<br />

recordes em 2021, segundo<br />

relatório do governo dos Estados<br />

Unidos, que mostra que as<br />

mudanças climáticas avançam<br />

apesar dos esforços para frear<br />

as emissões. O aumento de<br />

gases do efeito estufa ocorre a<br />

despeito de uma redução nas<br />

emissões de combustíveis<br />

fósseis no ano anterior, quando<br />

grande parte da economia<br />

mundial desacelerou drasticamente<br />

devido à pandemia de<br />

O atual verão europeu se caracteriza<br />

como um dos mais<br />

secos dos quais se tem registro,<br />

e países como Itália,<br />

França, Alemanha e Noruega<br />

estão em vigilância diante do<br />

que pesquisadores apontam<br />

como consequências das mudanças<br />

climáticas. Quase metade<br />

(47%) do território do<br />

bloco está sob condições de<br />

alerta de seca. A Europa foi a<br />

Europa<br />

Covid-19. Trata-se do nível<br />

mais alto em pelo menos o último<br />

milhão de anos, segundo<br />

os registros paleoclimáticos. O<br />

nível do mar do planeta subiu<br />

pelo décimo ano consecutivo,<br />

atingindo um novo recorde de<br />

97 milímetros acima da média<br />

em 1993, quando começaram<br />

as medições por satélite. O<br />

ano passado ficou entre os<br />

seis mais quentes registrados<br />

desde meados do século 19, e<br />

os últimos sete anos foram os<br />

sete mais quentes já registrados.<br />

região onde o aumento de temperatura<br />

foi mais alto e mais<br />

rápido nos últimos 30 anos. O<br />

ritmo de aumento da temperatura<br />

global é crescente, e cada<br />

uma das últimas quatro décadas<br />

foi mais quente que a anterior.<br />

Para além disso, a<br />

probabilidade de um dos anos<br />

no período de <strong>2022</strong>-2026 vir a<br />

ser o mais quente é muito elevada,<br />

estimada em 93%.<br />

8<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


Demanda<br />

A demanda por gasolina C e<br />

etanol hidratado deve crescer<br />

gradualmente no Brasil no curto<br />

prazo, até o fim do ano, em função<br />

das isenções fiscais e das<br />

reduções de preços, segundo o<br />

mais recente relatório Latin<br />

American Oil Market Forecast,<br />

da S&P Global Commodity Insights.<br />

Apesar da recuperação<br />

que já vem registrando, a demanda<br />

pelos combustíveis do<br />

chamado Ciclo Otto ainda não<br />

atingiu os níveis pré-pandêmicos,<br />

mostrando uma redução<br />

de 35.000 barris no consumo<br />

de gasolina equivalente por dia<br />

entre janeiro e junho na comparação<br />

com o mesmo período de<br />

2019 - apesar de um ganho de<br />

30.000 na comparação com<br />

2021. O relatório projeta uma<br />

alta de 20.000 barris por dia na<br />

demanda por gasolina/etanol<br />

Xilitol<br />

A palha da cana-de-açúcar,<br />

biomassa de baixo custo utilizada<br />

na produção de etanol de<br />

segunda geração, pode originar<br />

um açúcar de ainda maior<br />

valor agregado e interesse<br />

econômico: o xilitol. Por meio<br />

da ação de uma versão modificada<br />

do microrganismo Saccharomyces<br />

cerevisiae, a xilose<br />

presente no material pode<br />

ser metabolizada, resultando<br />

no saudável e cada vez mais<br />

popular adoçante. É o que<br />

mostram estudos realizados<br />

na Universidade Estadual de<br />

hidratado no terceiro trimestre<br />

ante o mesmo período do ano<br />

passado, mas ainda 5.000 barris<br />

abaixo do mesmo período de<br />

2019.<br />

Campinas - Unicamp. Atualmente<br />

esse potencial é negligenciado<br />

pela indústria do etanol,<br />

que deixa de agregar valor<br />

e de suprir a demanda crescente<br />

do mercado e da indústria<br />

alimentícia pelo adoçante<br />

xilitol.<br />

Biometano<br />

Raízen iniciou processo de<br />

construção de planta de produção<br />

de gás natural renovável<br />

(biometano), em Piracicaba<br />

(SP), que deve ser inaugurada<br />

em 2023 com capacidade de<br />

produção de 26 milhões de m³<br />

por ano, o suficiente para abastecer<br />

aproximadamente 200 mil<br />

clientes residenciais. O investimento<br />

aproximado é de R$ 300<br />

milhões e é resultado de uma<br />

joint venture entre a Raízen e a<br />

Geo Energética. A unidade de<br />

biogás utiliza como matériaprima<br />

vinhaça e torta de filtro,<br />

subprodutos da cana-de-açúcar<br />

usada pela empresa. O biometano<br />

é um gás oriundo do<br />

biogás.<br />

O presidente da União da Indústria<br />

de Cana-de-Açúcar e<br />

Bioenergia (Unica), Evandro<br />

Gussi, foi designado para presidir<br />

o Conselho Consultivo da<br />

Empresa de Pesquisa Energética<br />

(EPE), empresa pública<br />

vinculada ao Ministério de<br />

Minas e Energia, com mandato<br />

de três anos. À frente do<br />

Conselho EPE<br />

Conselho Consultivo, Gussi<br />

disse que seu papel será o de<br />

uma escuta atenta de todos os<br />

setores envolvidos, contribuindo<br />

com uma visão panorâmica<br />

do setor energético no<br />

País. Criada em 2004, a EPE<br />

atua para prover à sociedade<br />

brasileira uma visão integrada<br />

e de longo prazo do setor<br />

energético, de forma a apoiar<br />

as decisões de políticas públicas<br />

e investimentos, essenciais<br />

para sustentar o desenvolvimento<br />

do país. Para isso,<br />

tem por missão institucional<br />

o desenvolvimento de estudos<br />

e pesquisas de planejamento<br />

voltados ao setor<br />

energético.<br />

O perigo das queimadas em<br />

período estiagem é uma preocupação<br />

do setor. Dentro do<br />

setor sucroenergético as usinas<br />

da Copersucar detêm diversas<br />

iniciativas de prevenção<br />

às queimadas através da campanha<br />

Fogo Zero. Dados mostram<br />

que o esforço conjunto do<br />

setor para combate às queimadas<br />

na região Centro-Sul do<br />

país gasta mais de R$ 3 milhões<br />

por ano só na manutenção<br />

da equipe e combate com<br />

imagens satélite. Se considerar<br />

Fogo Zero<br />

todos os investimentos necessários<br />

para manutenção do canavial<br />

sem incidência do fogo,<br />

com mais de 11 mil brigadista<br />

e mais de dois mil caminhões<br />

pipas, são mais de R$ 10 milhões<br />

por ano. O robusto investimento<br />

do setor em prevenção,<br />

preparação e combate às<br />

queimadas nos canaviais é<br />

visto como estratégico, sendo<br />

as usinas de açúcar e etanol referências<br />

no apoio regional de<br />

combate aos incidentes de<br />

grande magnitude.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

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