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INFORMAQ - nº 270 - Outubro de 2022 - Ano XXIII

Publicação de ABIMAQ - SINDIMAQ - IPDMAQ

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22 INFORMAQ Ano XXIII • nº 270 • Outubro de 2022

COMÉrCIO EXTErIOr

Conferência do Clima de Sharm El-Sheikh de 2022 (COP27)

No início de novembro,

os países signatários do

Acordo de Paris

discutirão o desafio da

descarbonização e

propostas para combater

a crise climática

A27ª Conferência da ONU sobre

Mudanças Climáticas será

realizada na cidade do Cairo,

Egito, de 9 a 17 de novembro de

2022. Nela, seguirão sendo discutidas

metas para a redução das emissões

de gases de efeito estufa, bem

como as consequências das mudanças

climáticas no mundo todo.

Após a COP26, realizada no ano

passado no Reino Unido, ter sido

encerrada com um documento -

Pacto de Glasgow - que estabelecia

compromissos que deixaram a desejar

em termos de ambição, a Conferência

do Clima deste ano tende a

encontrar novos desafios. No contexto

da crise energética resultante

do conflito na Ucrânia, os compromissos

assumidos, principalmente

relativos às metas de redução de

emissões, podem sofrer retrocessos.

Os resultados da COP, portanto, dependem

em grande medida do tom

a ser adotado por players importantes,

como a União Europeia, diante

do cenário de pressão, uma vez que

os países estão longe do nível de

ambição necessário para alcançar as

metas do Acordo de Paris.

A agenda da COP27 inclui quatro

grandes itens principais a serem discutidos:

financiamento climático,

adaptação, perdas e danos e maior

ambição. No financiamento climático,

é necessário garantir que os países

desenvolvidos cumpram seu

compromisso com os países em desenvolvimento

em relação à promessa

de financiamento de US$ 100

bilhões por ano, conforme prometido

na COP15 em Copenhague. Desde

o estabelecimento dos Acordos

Climáticos de Paris em 2015, não

houve um único ano em que a meta

de financiamento de US$ 100 bilhões

por ano tenha sido alcançada.

O recorde registrado mais próximo

dessa meta foi em 2021, quando US$

80 bilhões foram arrecadados por

meio de fontes públicas e privadas.

Sobre adaptação, a COP27 é considerada

uma 'COP Africana', pois

está ocorrendo em um dos continentes

mais afetados pelas mudanças

climáticas. Portanto, as partes

interessadas esperam testemunhar

um maior desejo político de aumentar

o financiamento global para políticas

de adaptação. Atualmente,

80% do portfólio geral de financiamento

climático é dedicado à mitigação,

enquanto apenas 20% é destinado

à adaptação. Isso geralmente

se deve ao fato de que os projetos de

mitigação são projetos financiáveis

com potencial de retorno de investimento

decente, como projetos de

energia solar e eólica.

Em terceiro, perdas e danos tornaram-se

um assunto controverso

que vem sendo discutido há vários

anos, sem consenso sobre qualquer

plano de trabalho exequível. Alguns

países terão perdas completas e danos

irreversíveis devido às mudanças

climáticas, sejam elas relacionadas

a um pequeno estado insular

que será completamente inundado

pela elevação do nível do mar; ou o

branqueamento completo dos recifes

de coral em alguns mares; ou, a

extinção de determinada flora e fauna

de ecossistemas baseados no

aquecimento global. O tema pode

ser dividido em perdas econômicas

que incluem danos a recursos e bens

e serviços, como agricultura, infraestrutura,

turismo, etc., e perdas

não econômicas que incluem perda

de membros da família, desaparecimento

de cultura e modos de vida,

ou migração de casa.

Finalmente, o quarto ponto da

agenda é aumentar a ambição. Isso

implica consolidar os compromissos

políticos simultâneos de diferentes

partes interessadas e da comunidade

global em geral em relação à causa

climática. O relatório de fevereiro do

Painel Intergovernamental sobre

Mudanças Climáticas afirmou que

devemos permanecer abaixo da marca

de aumento de temperatura de

1,5°C para evitar um desastre climático

e que temos apenas uma década

restante até que o orçamento de carbono

seja totalmente usado. O relatório

também mencionou que, até

2030, os níveis de emissão devem ser

reduzidos pela metade para atingir

essa meta. Em outras palavras, a comunidade

internacional tem menos

de dez anos para agir.

Com relação ao tema da mitigação

dos impactos do aquecimento

global, é importante ressaltar que,

embora tenham sido definidas as regras

básicas de funcionamento dos

mercados de carbono do Artigo 6 do

Acordo de Paris, ainda existem temas

pendentes de regulamentação. Para

a COP 27, é esperada a adoção de

uma decisão contendo a regulamentação

do processo e infraestrutura de

transparência, registro, contabilidade

e revisão de informações, baseadas

nas conclusões das discussões da

Conferência de Bonn de 2022 com

relação aos Artigos 6.2 e 6.4.

Apesar da proximidade do início

do evento, a agenda oficial ainda

não foi disponibilizada. Para o governo

do Egito, sendo a primeira

COP em um país em desenvolvimento

em seis anos, a Conferência

de Sharm el-Sheikh deve se debruçar

em aspectos centrais para a implementação

do Acordo de Paris.

Outro foco dos anfitriões da próxima

COP está na diferenciação entre

compromissos oficiais, apresentados

pelos países no âmbito da negociação,

e anúncios paralelos de governos

e empresas. Isso porque, para

alguns negociadores de países em

desenvolvimento, a proliferação

desses anúncios paralelos e não relacionados

com a negociação, criou

“ruído” e desviou a atenção dos

pontos mais importantes da agenda

da COP26, realizada em novembro

passado em Glasgow.

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