13.10.2022 Views

s305[online]

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Na Madeira também se canta

– e bem! o Fado

A Monarquia na Análise Política

de Francisco Gomes

Mafalda e sérgio

Temos de apostar

no que é autêntico e genuíno

Anos

€2,50 | N.º305 | ANO XXIV

mensal outubro 2022

5 602930 003431

A pintura

de Maria Freitas

Madeira

História da Aviação

Madeirense

em escala

colecionismo



sumario

30

04 ENTREVISTA

Na Madeira também se canta

Fado, e que bem se canta!. Só

podia, pois foi esta terrra que

deu ao mundo um dos grandes

intérpretes da arte de cantar

com alma de fadista – o Max. A

Madeira tem desde há quatro

anos a sua Associação de Fado

que receberá em novembro, na

Voz do Operário, em Lisboa, uma

homenagem nacional.

08 madeira

Maria Freitas e a Madeira como

‘alma’ da sua pintura

10

12

14

16

Psicologia SOCIAL

“E as birras?”

caprichos de goes

A Literacia Ética sobre o

Património... Parte 3

em análise...

Coroa de desafios

madeira aves

O goraz e a poupa

18 Colecionismo

Coleção: história da aviação

madeirense em escala

20 educação

A importância da escrita “inventada”

na educação pré-escolar

21 opinião

Luís Sena-Lino escreve sobre

“Uma carta, o tempo e a escrita”

22

27

28

33

34

32

conversas com sabor

Sérgio e Mafalda

cantinho da poesia

Calçada Portuguesa

viajar com saber

Islândia

30 imagem

A importância de trabalhar a

Imagem

32 decoração

Preparar a casa para o outono

38

marcas icónicas

45 SOCIAL

Swarovski

dicas de moda

52

Pintado à mão

36 makeover

A noiva romântica

FASHION ADVISOR

Tendências meia-estação outono...

40 motores

Rota do Vinho da Madeira

em Todo Terreno

42

agenda cultural

Outubro

44 instantâneo

Parcómetros pintados...

54

À MESA COM... FERNANDO OLIM

ESTATUTO EDITORIAL

saber outubro 2022

3


ENTREVISTA

Eduardo Figueira

Dulcina Branco

D.R. (direitos reservados)

4 saber OUTUBRO 2022


Foi a 23 de abril de 2018 que a

AFM - Associação de Fado da

Madeira foi criada, fruto da

insistência de José Eduardo

Figueira – atual presidente da

direção, e de Ricardo Miguel

Freitas, tendo como objetivo

engrandecer o fado nas ilhas.

As atividades da AFM dividemse

por diversas áreas, como as

aulas de guitarra portuguesa,

as noites de fado para sócios

na sede da Associação, situada

na freguesia de Santo António,

a colaboração/parceria em

eventos públicos e privados

do Governo e autarquias

como ‘Fado Funchal e ‘Fado

à Beira Mar’, atuações nas

Festas de Natal e Fim de Ano

e Festa da Flor, e participação

em programas televisivos

como a Praça da Alegria. A

vertente humanitária é uma

faceta nunca esquecida no

trabalho desta associação

que com os seus cerca de cem

associados e em colaboração

com a Câmara Municipal do

Funchal, ajuda a proporcionar

um natal diferente a centenas

de famílias de parcos recursos

no dia 25 de dezembro com a

entrega de refeições.

O Fado diferencia-se

dos outros tipos de

música porque não é

de massas e quando

alguém vai ouvir é

porque gosta

Isto de cantar fado não é para todos

mas quem o faz, fá-lo por gosto como

quem faz um ‘filho’ – parafraseando

Simone Oliveira na sua ‘Desfolhada’

que ‘envergonhou’ o Estado Novo

mas que a nação portuguesa chamou

ao coração e que com o Fado, se

reinventou. O Fado português também

tem alma de madeirense. Veja-se Max,

que inspirou grandes artistas e que

com Amália, subiram ao patamar

maior dos artistas que contam a alma

do povo tempos fora. O fado sempre

habituado ao lado marginal da vida

também se encanta e encontra na

voz de grandes artistas madeirenses

que, em noites e eventos promovidos

pela Associação de Fado da Madeira,

se ouvem em noites especiais e

atentamente acompanhadas por um

público especial. A AFM – Associação

de Fado da Madeira, e os seus quatro

anos de existẽncia pela voz do seu

presidente, Eduardo Figueira, nesta

entrevista a que, amavelmente, nos

respondeu por escrito.

Que balanço é que faz a estes anos da

AFM e quais são os vossos principais

desafios?

- Quando em 2018 a AFM foi fundada com

o propósito de honrar a canção nacional

[Fado] jamais se pensaria que chegaríamos

aonde estamos. Volvidos 4 anos e movidos

pela mesma vontade, queremos ir o mais

longe possível para consolidarmos o sonho.

Somos gratos a quem esteve ao nosso lado,

somos gratos a que connosco continua e

seremos gratos a quem se juntar a nós.

“O caminho faz-se caminhando” e o nosso

caminho tem sido pautado pela entrega

apaixonada a esta expressão musical tão

genuinamente portuguesa que se espalhou

pelo mundo através da magia única que

tem. Neste projeto, já passaram imensas

figuras de destaque do fado em Portugal,

como o Mestre Rodrigo, o consagrado

António Pinto Basto, as geniais e talentosas

Mara Pedro e Maura Airez, entre tantos

outros artistas que, cada um à sua maneira,

nos dignificaram e dignificaram aquilo em

que acreditamos. Temos muitos desafios

a enfrentar, nomeadamente a falta de

músicos nesta área do fado.. Isto advém do

facto de ter havido algumas casas de fado

que tinham nos seus elencos músicos e

fadistas para animar os espaços comerciais

e, com o tempo, as pessoas foram

morrendo e deixando lacunas que nunca

foram preenchidas. Com a criação da AFM

renasceu a ideia de fomentar uma escola de

É claro que as pessoas

têm de falar e conviver,

mas no fim de contas

o fado merece

o seu silêncio

saber OUTUBRO 2022

5


guitarra portuguesa na RAM mas não é fácil

levar esta ideia adiante porque quem nos

procura são pessoas que se identificam com

o instrumento mas têm idade avançada.

Neste sentido, estamos a estudar o melhor

modo para levar a guitarra portuguesa às

escolas, e por toda a Madeira, e acreditamos

que vamos ultrapassar esta situação. E,

como em todas as instituições, na AFM

também existem os carolas - os que têm

gosto no que fazem e, neste sentido, gostaria

que as pessoas fossem mais unidas porque

é da união que nasce a força. Temos um CD

gravado e quem sabe se não teremos outro

em breve... Já temos uma linda sede, que era

o que mais ambicionávamos. Para o futuro,

a maior ambição é formar músicos e, quiçá,

trabalhar num evento que tenha a marca da

Associação. Eu não sou fadista, mas fadista

não é só o que canta, mas também o que

sabe ouvir. Gosto muito de fado e faço o que

posso e o que não posso para que, como

sócio e Presidente desta Associação, levá-a

a bom porto.

Vem aí uma excelente notícia que é

a homenagem de uma importante

instituição nacional que vos está a ser

preparada. Pode falar disso?

- Em novembro próximo iremos receber o

reconhecimento de A VOZ DO OPERÁRIO,

que é uma das mais consagradas

instituições culturais deste país. Estaremos

lá para receber a homenagem. Faltamnos

palavras de agradecimento por tanta

generosidade e tudo faremos para honrar

esta importantíssima distinção.

Como é que estamos em termos do Fado

e de casas de fado, no Funchal?

- As casas de fado na Madeira - se é que se

pode chamar ‘casas de fado’, atendendo ao

que se passa no continente, não existem. Os

espaços abrem as portas, servem jantares,

o fado está presente, mas depois acabamse

os jantares e fecham-se as portas muito

cedo, vedando a qualquer amante de fado

Há já muitos anos que

a Madeira se depara

com a falta de músicos,

prinicipalmente

de novos fadistas

ou fadistas jovens.

O mesmo acontece com

os instrumentistas

6 saber OUTUBRO 2022


a possibilidade de ouvir a canção nacional.

Há uns anos, o fado fervilhava na zona

velha da cidade mas com tanta ‘oferta’ que

aquela zona tem na atualidade é difícil o

fado coexistir. Neste momento, existem

dois estabelecimentos que apostam no

fado, mas nas condições anteriormente

ditas. Vou puxar a brasa à minha sardinha

para dizer que, quem quiser ouvir fado pode

contactar a nossa Associação, pode fazer-se

sócio com um valor simbólico mensal e ter

a oportunidade de estar numa belíssima

sala de fado a ouvir fado e a partilhar o

ambiente mágico que só o fado oferece.

Quanto a fadistas, esses existem mas têm

já uma certa idade e conta-se pelos dedos

a juventude que se interessa – se bem que a

nossa Associação sente o dever de inverter

também esta situação.

No entanto, nos últimos anos em

Portugal, surgiu uma nova e importante

geração de instrumentistas e de fadistas,

o que significa que o fado se reinventa e

sobrevive...

- Sem dúvida. A Amália Rodrigues foi a

grande referência do fado. Apareceram

novas vozes que vieram vulcanizar o fado,

trazendo consigo muita juventude que gosta

de fado, readaptou-se e está para ficar.

Os madeirenses gostam de ouvir fado e

saem para ouvir o fado num local próprio?

- De uma forma geral, sim. Há público e

de qualidade. O fado tem um público que

gosta de ouvir a música e as palavras que

em grande parte são dos nossos grandes

poetas. Por isso existe sempre aquele alerta:

“Silêncio que se vai cantar o Fado”. É um

público especial aquele que gosta e sai para

ouvir cantar o fado. É diferente estar numa

casa de fado e estar a ouvir fado numa

O Max foi – e continua

a ser - o maior

expoente e a maior

referência do fado

na Madeira e alémfronteiras

esplanada ou outro estabelecimento, com

todos os barulhos desviantes. É claro que as

pessoas têm de falar e conviver, mas no fim

de contas o fado merece o seu silêncio.

Quem é que temos atualmente na

Madeira a destacar-se no fado?

- Eugénia Maria, Rui Fernandes, Vera Lúcia;

Ricardo Miguel Freitas; Maria José Figueira,

Ricardo de Freitas, Manuel Jardim, Clotilde

Pêssego, Marta Carreira, Mariana Correia,

Leonor Freitas, Egídio Freitas, Fátima

Oliveira, Mónica Pinto, Amorim Gonçalves,

Rosa Vieira, Ângela Pimenta, Neuza Barreto,

Paulo Amaro, Helena Vasconcelos, Filipe

Passos, Jaime Ferreira, etc..

Não menos importante, o Max é a grande

referência do Fado da Madeira no Mundo?

- Sem dúvida. O Max foi – e continua a ser

- o maior expoente e a maior referência do

fado na Madeira e além-fronteiras. s

saber OUTUBRO 2022

7


madeira

Maria Freitas

É na pintura realista figurativa que tem produzido

a maior parte da sua obra plástica e que é marcada

pelo traço leve e harmonioso, no desafio constante

entre a sombra e a luz, na figura humana e nas

tradições madeirenses. A obra da pintora, já por

várias vezes premiada, está representada em

coleções particulares e públicas e em espaços

públicos, quer na Madeira, quer no continente.

Maria Freitas, que nasceu em 1965 na cidade de

Caracas, Venezuela, filha de pais madeirenses e

com quatro irmãos, começou a sua formação nas

áreas do desenho e da pintura em 1984, com o curso

de Anatomia do Mestre e Pintor Pedro Centeno

Vallenilla. Seguiram-se os cursos de desenho e

pintura com a Pintora Patrizia Rizzo, o curso de

Retrato com o Pintor Cláudio Tessari, o curso de

Aguarela com a Pintora e Professora Ildemary

Viscaya e ainda o curso de pintura sobre madeira,

“Arte Sacra,” lecionado pela professora Maria

Augusta Sousa. Residiu no Funchal onde teve o

seu atelier e lecionou cursos de artes decorativas,

desenho e pintura, colaborou com instituições,

orientou ‘workshops’ e ilustrou o livro Contos Lobo

Mata “O Gato Negro de tão preto que era”. A pintora

está atualmente a viver em Lisboa, para onde se

mudou depois de sair da Madeira, e continua a dar

aulas de desenho e de pintura.

A Madeira está presente nos seus trabalhos de que forma

e em que aspetos?

- A ilha da Madeira está sempre presente... A ilha está presente

com as suas tradições, as suas gentes, a sua natureza

exuberante... Em 1995, realizei a minha primeira exposição

na Madeira. “Cor e Tradição” foi inicialmente apresentada

na Casa do Povo da Camacha (terra de nascimento dos

meu pais) e depois na Casa da Cultura de Santa Cruz, tendo

consistido numa homenagem aos meus pais. A minha obra

está dispersa em coleções particulares e públicas e em diversos

espaços da ilha, como a Igreja do Colégio, Jesus da

Misericordia (Funchal), igreja do Imaculado Coração de Maria

(Funchal), capela de Nossa Senhora da Alegria (São Roque),

Museu Etnográfico da Madeira (Ribeira Brava), passeios públicos

do Paúl do Mar, Casa da Cultura de Santa Cruz e Hotel

Jardim do Atlântico (Prazeres). O Hotel Pestana Promenade

acolheu também uma exposição da minha autoria. No continente,

tenho obra na Galeria Artes M&M (Póvoa de Santa

Iria), entre outros locais. Estou a viver em Lisboa há alguns

anos mas visito a Madeira com regularidade. Gosto do ambiente

criativo-artístico da ilha e o que mais me emociona é

uma nova geração de jovens artistas que começou a surgir

e que é cada vez mais criativa e original. Tenho o sonho de

voltar à Madeira com uma exposição baseada nas suas tradições

porque acho que é fundamental preservar as memórias

para as futuras gerações.

Como é que começou no desenho e na pintura e o que a

caracteriza?

- Desde muito nova que gosto de pintar e de desenhar. Fiz

diversas formações que me permitiram desenvolver em diferentes

técnicas e estilos. Aos 18 anos inscrevi-me num atelier

de pintura que se dedicava ao realismo, estilo este que desde

logo me cativou e com o qual me identifiquei e a partir de aí

não parei mais. Os meu primeiros trabalhos foram a carvão e

a pastel seco, principalmente composições, e que eram com

desenho à vista. Interessei-me também pelas artes decorativas

que desenvolvi em variados materiais e composições. A

minha pintura é, sobretudo, realista figurativa, o elemento

que predomina é o ser humano - complemento importante

e relevante em grande parte do meu trabalho inspirado na

natureza e nas tradições madeirenses. A pintura, na minha

vida, representa o encontro com minha própria essência, e

adoro o que faço. Cada trabalho é um desafio cujo resultado

me surpreende em determinadas ocasiões. Sinto-me realizada

ao transmitir os meus conhecimentos aos meus alunos e

a maior recompensa é poder acompanhar a sua evolução e

assim seguirem o seu caminho.

Quem é que admira e a inspira no mundo da pintura?

- Os meus professores, porque foi através dos conhecimentos

que eles me incutiram que me permitiu fazer o que faço

hoje. Admiro o pintor José Malhoa e o retratista Henrique

Medina [pela sua espetacular obra].

O seu processo criativo acontece como?

- É difícil descrever com palavras um processo natural e espontâneo

que surge no dia a dia. s

Dulcina Branco

gentilmente cedidas por Maria Freitas

8 saber outubro 2022


1›

2› 3› 4› 5›

14›

8› 9›

6›

7› 10› 11› 12›

13› 15› 16›

Tenho o sonho

de voltar à Madeira com

uma exposição baseada

nas suas tradições

porque acho que é

fundamental preservar

as memórias para

as futuras gerações

1 › A Bisca, óleo s/tela, 1.º Prémio

CRIARTE 2009

2 › A Sida, óleo s/tela

3 › Freddy, óleo s/tela

4 › Irmã Diamantina

5 › Jesus da Misericórdia,

Igreja do Colégio (Funchal)

6 › José Peseiro, óleo s/tela

7 › Pastor Alemão, óleo s/tela

8 › Pêras

9 › Quentes e Boas, óleo s/tela

10 › Sagrada Família, óleo s/tela

11 › Santo Amaro, óleo S/tela

12 › Sapatinho, óleo s/tela

13 › Presidente da República,

Marcelo Rebelo de Sousa

14 › Vindima, óleo s/tela

15 › Presépio de escadinha, acervo

do Museu Etno. da Madeira

16 › Humberto, óleo s/tela

saber outubro 2022

9


psicologia

SOCIAL

João Miguel

Rodrigues

João Miguel Macedo Rodrigues

Psicólogo Social e das Organizações e

Orientação Profissional Jovens

joaomiguelpsicologia@gmail.com

D.R.

E as “BIRRAS?”

Podemos explicar a realidade,

ensiná-los a pensar e, deste

modo, eliminamos as birras.

NNo Porquê acontecem? São mesmo

necessárias? Como lidar eficazmente

com elas (as birras)!.

Por volta dos três, quatro ou cinco

anos, as crianças fazem as denominadas

birras, que pela intensidade, persistência,

por vezes nos colocam a nós, pais, embaraçados

e com uma cor bem vermelha no

rosto e, pior, perante o olhar perplexo dos

demais.Pois este simples artigo, pretende

exactamente esclarecer o porquê as mesmas

existirem, mas sobretudo ajudar os

pais a lidarem melhor com as ditas, bem

como as reduzirem ou eliminarem.

“Birras”, Porquê Acontecem?

As crianças desde que nascem até por volta

dos três anos, são o centro das atenções.

Atenções dos pais, dos familiares dos amigos

e de um cem número de visitas, para

os conhecerem, acariciarem e socializarem.

Por isso, desenvolvem um certo amor por si

próprios, narcisista, no conceito freudiano.

Por outro lado, desconhecem a realidade,

são viscerais, fazem tudo o que lhes apetece

e pensam que o mundo é deles mesmo.

Por isso, é tão importante impor regras e

dizer nãos desde muito cediiinho e, se possível

dizer-lhes o porquê. Isto é muitíssimo

importante e acreditem que eles percebem.

As birras acontecem por outras variáveis

ou razões, entre as quais a incapacidade

da criança pensar, ou melhor generalizar,

e poder tirar conclusões o que só acontece

por volta dos 6 anos e por aí adiante até aos

14/5, idade em que o desenvolvimento da

Inteligência atinge o auge. Outra das causas,

tem a ver exactamente com as nossas fraquezas.

Sim, as nossas, pais.

Por incrível que pareça, a criança mesmo que

não compreenda o significado das palavras,

o facto é que ela as interioriza e as aplica nos

momentos mais adequados para nosso espanto

e estupefação, não é verdade?

Quando um dos pais afirma: “Não nosso

com o choro da Criança”, pois fique sabendo

que está a dar-lhe a solução para que ele

utilize o choro e solicite, com uma birrinha

à mistura aquilo deseja. Podem Ser Úteis?.

Podem! Apesar de desagradáveis, podemos

utilizar as birras para ensinarmos aos nossos

filhotes várias coisas: regras, valores

para convivermos em sociedade, bem como

os ajudarmos a pensar como veremos logo

a seguir.

Estratégias para lidar com elas, as birras?

Não dar sempre, nem logo o que a criança

pede…

Um colega meu, psicólogo, afirmava, “…às

crianças damos amor, afecto, ensinamos valores,

convívio, diálogo, alimentação vestuário”,

pois tudo o resto é fortuito e desnecessário

e deve ser conquistado e merecido...”.

Por isto, nunca lhes dê tudo o que eles pedem,

pensando que lhes estão a fazer bem

10 saber outubro 2022


e a torná-los felizes. Nada mais incorrecto.

Mesmo quando o meu filhote acordava e esboçava

um ligeiro choro ou tocava nos sininhos

colocados na sua cama, nem eu nem a

mãe iríamos logo a correr… pois deixávamos

sempre um certo tempinho (minutos claro),

para irmos ao seu encontro. Mais, trocávamos

os papéis, por vezes ia eu, outras a mãe

e noutras vezes íamos os dois. O que é que

isto poderia ensinar? A esperar! Saber que

ora era o pai, ora a mãe ou os dois, o que reforça

o lado familiar e de apego e partilha e,

também permitia à criança entreter-se com

os adereços colocados no seu berço.

Cuidado! As crianças sabem muito bem

argumentar e manipular!

Um dia, quando estava em Lisboa, lá saímos

os dois e, como não poderia faltar, ele me

pediu se poderíamos ir ao Amoreiras. Disse

que sim, mas frisei bem que nesse dia

era só para ver e não iria adquirir nada. Ele

concordou. É muito, mas muito importante

estabelecermos regras e acordos. Pois bem,

lá entramos em várias lojas, conversamos

sobre os pr, até que ele pediu para irmos a

uma loja de brinquedos. Não fez birra! Mas

lá verbalizava que havia dois bonecos que

eram bestiais, únicos e que os desejava ter e

ainda me perguntou se eu poderia comprar

pelo menos um.

Relembrei o que tinha combinado quando

saímos de casa e fi-lo repetir, o que o fez. A

empregada da loja veio ao nosso encontro

e toda comovida se apresentou, perguntou-

-lhe pelo nome e disse: “mas que lindo que

é o seu filho! Então tem um filho tão lindo e

não lhe compra o boneco? Vá lá…”.

Tão logo ela terminou de dizer isto sabem

o que ele disse: “Eu gosto muito da minha

mãe e do meu pai mas é triste, muito triste

ter um pai forreta”.

Quase que caía na esparrela! Mas pensei,

tenho de ser coerente com aquilo que acordamos

e disse-lhe: “os bonecos não fogem

e outro dia compramos, e, se calhar até vai

ter outros novos ou melhores, está bem?”.

Concordou.

Por isso, Seja Firme! Coloque regras e, jamais

demonstre as suas fraquezas junto

dos seus filhos.

Fazê-los sair do registo mental e emocional

em que se encontram.

Na birra, a criança encontra-se quase num

estado obsessivo e, tem dificuldade em sair

desse registo. Por isso, é importante encontrarmos

meios para que ele mude o seu foco

e, deste modo, mude o seu comportamento.

Uma das formas é encontrarmos um assunto

suficientemente importante para ele e iniciarmos

uma conversa diálogo com ele.

Um dia presenciei uma avó (creio eu), cujo

neto lá choramingava e insistia para que ela

lhe desse algo. Sapiente, a avó fingia que

não ouvia e com isso lá ele foi baixando a

intensidade bem como a frequência.

Foi precisamente aí, aquela avó sábia, proferiu

o nome do neto e disse-lhe que aquilo

que ele estava a fazer era muito feio e que

todas as pessoas estavam a olhar. Depois,

mudou o foco da atenção para outro assunto

que certamente era importante para

ele, pois tratava-se de algo relacionado com

a mãe. O autocarro arrancou, e lá falaram,

conversaram, fez perguntas às quais ele respondia

e, a birrinha lá se desvaneceu.

É preciso Paciência, Improvisar e Criatividade

também.

Um dia, quando o meu filhote esteve pela

primeira vez aqui na Madeira, tinha ele 3

anos e oito meses, lá se encantou com um

trator verde e lá me fez uma birrinha na rua.

Chamei-o pelo nome, com um tom de voz

mais alto e, expliquei que o daria se ele se

portasse bem, e quando regressasse a Lisboa.

Não resultou. Então o que fiz? Comecei

a descer com passo mais largo, e mais

rápido até chegar à entradinha da TAP, e lá

fiquei à espreita. Como ele não conhecia a

cidade, notei que segundos depois lá veio

ele a correr todo aflito e disse: - “Oh! pai não

me faças mais isso”. Resolvido! Acreditem

que, até ao dia do seu regresso nunca mais

ouvi falar do dito tractor verde?

Desenvolver a Lógica e Ensiná-los a Pensar!

Podemos explicar a realidade, ensiná-los a

pensar e, deste modo, eliminamos as birras.

Um certo dia eu saí com o meu filhote em

lisboa. Ao passar pelo quiosque vermelho, a

meio da Avenida da Liberdade, lá veio uma

birrinha pois queria que lhe adquirisse um

ovo de chocolate. Afirmava que aqueles dali

eram melhores, que tinha um prémio um

boneco que ainda não tinha e, que eram

únicos e não existia em mais lugar algum.

Decidi comprar com uma condição: que ele

iria guardar até chegar a casa. Claro que a

vontade de regressar a casa foi crescendo,

mas lá aguentou toda a manhã. Mais tarde,

quando ia para casa, disse para mim que o

ia ajudar. Entrei numa pastelaria e mostrei

que ali também tinha ovos de chocolate e,

perguntei que repetisse o que tinha dito

aquando no quiosque vermelho. Relembrei

que me tinha dito que era único e ajudei-

-o a concluir que não tinha razão e, comprei

outro para mim. Antes de chegarmos a casa,

entramos para desagrado dele, pois desejava

chegar o mais cedo possível, numa barraca

que vendia fruta. Demos uma volta à loja

e lá existiam também ovos de chocolate.

Tornei a perguntar-lhe que repetisse o que

me tinha dito no primeiro quiosque, o que o

fez, com a minha ajuda. Comprei outro para

a mãe. Quando chegamos a casa, e na presença

da mãe, afirmei que o passeio foi muito

agradável, mas que ele fez uma birrinha,

pois desejava adquirir um ovo de chocolate.

Tornei a fazer com que ele me repetisse

tudo o que referiu no quiosque vermelho:

que eram os únicos, que eram diferentes e

não existiam em mais sítio algum. Lá abriu o

primeiro e, o boneco que estava dentro era

repetido. Fi-lo refletir no que tinha dito que

era diferente e, perguntei-lhe se tinha razão?

- “Afinal é igual, tens razão!. “, disse ele.

Depois a mãe abriu o dela e no fim abri o

meu. Nada melhor, pois os bonecos eram

diferentes.

Lá relembramos que não era preciso fazer

birras ainda por cima no lugar onde teimou

e teimou o boneco era repetido e não era

preciso fazer mais birras porque havia muitos

lugares onde se vendiam ovos de chocolate.

Prometeu que não iria fazer mais.

Chamar pelo nome em voz alta, explicar a

figura ridícula e que é feio fazer birras, explicar

o porquê de não o podermos satisfazer

naquele dia, ou condicionar-lhes para o

merecerem, ou simplesmente mudar o foco

para outro assunto que lhe seja importante,

ensinarmos-lhes a pensar, constituiem forma

para lidarmos com as birrinhas e reduzi-

-las ou eliminá-las.

Espero que este artigo vos tenha ajudado.

“Afinal Educar Até Pode Ser Fácil” e o é, de

facto. s

saber outubro 2022

11


CAPRICHOS DE GOES

Diogo goes

Professor do Ensino Superior e Curador

A Literacia

Ética sobre o

Património e a

Paisagem como

instrumento

de desenvolvimento

sustentável

– Parte 3

Património e Paisagem deverão

persistir além da existência do

Turista. A transitoriedade do

usufruto e a efemeridade das

experiências são condições

requeridas para a salvaguarda da

paisagem e do património, para

que, as futuras gerações também

possam vivenciá-las.

De acordo com Alberto Vieira, os

primórdios da democratização do

lazer na Madeira remetem ao último

quartel do século XIX, com o

florescimento de um novo ciclo económico

centrado no Turismo, dirigido às elites aristocráticas

europeias, sendo que foram adaptadas

algumas infraestruturas para satisfação

das necessidades de ócio da classe. Hoje, tal

como no passado, é notória a separação/segregação

originada pelo contraste de rendimentos

nos hábitos culturais e de consumo

e em especial pela diferenciação de espaços/

territórios ocupados por estrangeiros e por

naturais nas pequenas/grandes cidades.

Albert Cossery, no seu livro “Les hommes

oubliés de Dieu” (1941/2002) convoca-nos à

reflexão. O autor propõe como novos heróis

contemporâneos, as vítimas das grandes

cidades, os pobres e desfavorecidos, e também,

todos aqueles que, apesar de letrados e

cultos, a falácia meritocrática neoliberal não

soube entronizar. A preguiça e o escárnio podem

por isso, ser uma forma de ativismo político,

de denúncia e crítica, porque, até aos

nossos dias, foram muitos aqueles que munidos

de pergaminhos atestando méritos,

fizeram mais uso do ócio do que da sua atestada

inteligência. Se Descartes fundamentava

a consciência da existência (humana)

na condição lógica de ser pensante, hoje, o

tempo preteriu o trabalho lógico e o humano

foi substituído pelas máquinas. A utopia da

libertação do homem pelas máquinas (Novaes,

2012), incessantemente ficcionada pela

cinematografia contemporânea, somente

será concretizável após a efetivação do direito

universal ao descanso e ao lazer, para todos

os seres humanos, dotando-os de reais

condições de conforto e bem-estar. Novaes

(2012), citando Paul Valéry destaca que, para

o preguiçoso,“é preciso ser distraído para viver”,

e relendo Albert Camus nota que, “são

os ociosos que transformam o mundo porque

os outros não têm tempo algum”. No ensaio

“Apologia grega à preguiça”, de Francis

Wolff (2012), o pensador considera que fazer

uma apologia à preguiça no sentido Clássico,

Platónico-Aristotélico, significava identificar

os argumentos para a condenação moral

do ato de trabalhar. De acordo com Wolff

(2012), de entre as várias críticas apontadas

por Platão e Aristóteles, destaca-se que, “o

trabalho impede que nos dediquemos à filosofia,

à política (ao serviço da Cidade) e a nós

mesmos (ao nosso corpo ou à nossa alma).

Segundo consideram, “por mais útil que pudesse

parecer - o trabalho - está na base de

toda sujeição” (Wolff, 2012). Na inevitabilida-

12 saber OUTUBRO 2022


de deste “mal” está a utopia da emancipação.

Na modernidade, o elogio ao trabalho e

à “transformação da natureza” pelo homem,

tem como objetivo legitimar a exploração e

os modelos produtivistas e a acumulação de

capital ou bens (Wolff, 2012). Como considerava

Alberto Vieira, “(...) o direito ao lazer

e ao ócio continuará, por muito tempo, a ser

um privilégio de alguns” e como refere, “(...)

tardará muito tempo até que muitos tenham

a noção do que será o merecido descanso,

assim como sentir-se, do outro lado, como

turista, não como servente, mas como usufrutuário”.

Passado quase um século desde

a consagração do “direito ao repouso e ao

lazer”, inscrito no Artigo 24º da Declaração

Universal dos Direitos Humanos (1924), naquela

que seria chamada de “revolução do

ócio” (Vieira, s.d.), a democratização do lazer

ainda está por concretizar e só será possível

efetivá-la , através da emancipação social. De

acordo com Sandel (2020/2022), passadas

quatro décadas da globalização instituída

pelo neoliberalismo, não só foram acentuadas

as desigualdades de rendimentos como

também as desigualdades culturais, agravando

os conflitos sociais em comunidades cada

vez mais heterogéneas e interdependentes

(Scheidel, 2017; Sousa, 2020; Zuboff, 2019).

A profundidade desta separação/segregação,

motivada por pretextos de dominação e

exploração hegemónica (Sandel, 2020/2022;

Scheidel, 2017; Sousa, 2020; Zuboff, 2019),

tem-nos levado, como alertava Huntington

(1996), a um choque civilizacional. A superação

desta lógica de permanente conflito,

acontecerá, necessariamente, através da

Educação Ética, onde a consciência da indissociabilidade

do Património e da Paisagem,

só existirá com a consciência de que há um

Homos efémero que habita um lugar de permanência.

Património e Paisagem deverão

persistir além da existência do turista. A transitoriedade

do usufruto e a efemeridade das

experiências são condições requeridas para

a salvaguarda da paisagem e do património,

para que, as futuras gerações também

possam vivenciá-las. Para que todos possam

fruir a mais fidelíssima experiência e o livre

usufruto do (seu/nosso) património e da

(sua/nossa) paisagem, talvez nos seja exigido

peticionar, novamente, o “Direito à Preguiça”

(Lafargue, 1880/2016; Russell, 1935/2002).

Parafraseando Dostoiévski, “todos somos

responsáveis perante todos” e por isso, além

de responsáveis somos protagonistas desta

mudança e desta construção de um mundo

mais sustentável, mais humano, socialmente

comprometido e ambientalmente mais responsável.

s

Desenho “Pós-Modernismo, Jamais”, de Diogo Goes

Referências:

Ariès, P. (1974). Essais sur l’histoire de la mort en Occident:

du Moyen Âge à nos jours. Editions Seuil

Bueno Carvajal, J. M. (2021). Espacio público e identidad.

Tres escenarios de interpretación en la ciudad contemporánea.

Estoa – Revista de la Facultad de Arquitectura y

Urbanismo de la Universidad de Cuenca, 10(19), 161–169.

https://doi.org/10.18537/est.v010.n019.a14

Cadela, I. (2007). Sombras de ciudad. Arte y transformacíon

urbana en Nueva York, 1970-1990. Alianza.

Caldas, Sandro. (2010). A pornografia da morte no jornalismo.

Recanto das Letras. https://www.recantodasletras.

com.br/artigos/2072329

Cossery. A. (2002). Os homens esquecidos de Deus (E. Sampaio,

Trad.). Antígona (Trabalho original publicado em 1941)

Foltyn, J. L. (2008). The corpse in contemporary culture:

Identifying, transacting, and recording the dead body in

the twenty-first century. Mortality, 13 (2), 99-104. https://

doi.org/10.1080/13576270801954351

Gorer, G. (1955). “The Pornography of Death”. In G. Gorer

(ed.), Death, Grief, and Mourning. Doubleday. 192–199

Huntington, S. (1996). The clash of civilizations and the remaking

of world order. Simon & Schuster.

Instituto Nacional de Estatística - INE. (2021). Objetivos de

Desenvolvimento Sustentável - Agenda 2030. Indicadores

para Portugal: 2010-2020. INE. https://www.ine.pt/xurl/

pub/280981585

Lafargue, P. (2016). O Direito à Preguiça (J. Alfaro, Trad.).

Antígona (Trabalho original publicado em 1880)

Lei n.º 83/2019, de 3 de setembro, da Assembleia da República.

(2019). Diário da República n.º 168/2019, Série

I de 2019-09-03. pp. 11-33 https://data.dre.pt/eli/

lei/83/2019/09/03/p/dre/pt/html

Lindstrom, L. (2013). “Geoffrey Gorer e Féral Benga, uma

colaboração”. In História e Antropologia. (s.n.).

Manzon Lupo, B. (2021). Patrimônio cultural e catástrofe:

Os concursos internacionais não-oficiais realizados para a

Notre Dame de Paris após o incêndio de 2019. Herança

- Revista de História, Património e Cultura, 4(2), 018–038.

https://doi.org/10.29073/heranca.v4i2.316

Mota, J. M. (2017). A Morte na Imprensa. A evolução no tratamento

mediático da morte de figuras públicas. Tese de

doutoramento. Universidade de Coimbra. http://hdl.handle.net/10316/79566

Muxi, Z. (2004). La arquitectura de la ciudad global. Editorial

Gustavo Gili

Novaes, A. (Org.) (2012). Elogio à preguiça. Edições SescSP

Russell, B. (2002). O Elogio ao Ócio (D. Cunha, Trad.). Sextante.

(Trabalho original publicado em 1935)

Sandel, M. (2022). A Tirania do Mérito. O que aconteceu ao

Bem Comum? (A. Gomes, Trad.). Editorial Presença (Trabalho

original publicado em 2020)

Scheidel, W. (2017). A violência e a história da desigualdade:

Da idade da pedra ao século XXI (J. Araújo, Trad.). Edições

70 (Trabalho original publicado em 2017)

Silva, J.; Almeida, F.; Gomes, C. (2010). Enxurradas e inundações

na Madeira. https://geomuseu.ist.utl.pt/MINGEO2010/

Documentacao%20Complementar/Madeira%20DN.pdf

Silva, J.; Almeida, F.; Gomes, C. (2006). Impactos na estabilidade

de estruturas e hidrogeologia do ambiente envolvente

a obras de construção com grande desenvolvimento

subterrâneo na baixa citadina do Funchal. 10º Congresso

Nacional de Geotecnica, Lisboa, 3, 731-740.

Sousa, V. de. (2020). A globalização disseminou-se e é

mais dissimulada e eficaz. A mudança passa por inverter

a invisibilidade dos mais desfavorecidos. Comunicação e

Sociedade, 38, 265–271. https://doi.org/10.17231/comsoc.38(2020).2525

Stavrides, S. (2021). Espaço comum - A cidade como obra

coletiva. (J. Colaço, Trad.). Orfeu Negro. (Trabalho original

publicado em 2016)

Stratton, J. (2020). Death and the Spectacle in Television

and Social Media. Television & New Media 21 (1). 3-24. https://doi.org/10.1177/1527476418810547

Tamura, C. M. (2006). A “pornografia da morte” e os contos

de Luiz Vilela. Dissertação (mestrado). Universidade Estadual

de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem.

Tercier, J. (2013). The Pornography of Death. In

Maes, H. (eds.) Pornographic Art and the Aesthetics

of Pornography. Palgrave Macmillan. https://doi.

org/10.1057/9781137367938_12

Thörn, C. (2011). Spotcity: A arte e a política do espaço público

(L. Machado, Trad.). Forum Sociológico, (21), 43–53.

https://doi.org/10.4000/sociologico.435

Vieira, A. (s.d.). Democratizar o lazer na Madeira. Nos

primórdios da democratização do lazer na Madeira

1880-1945. https://www.academia.edu/7868007/

Democratizar_o_lazer_na_Madeira

Wolff, F. (2012). Apologia grega à preguiça. Artepensamento

1996-2022. Instituto Moreira Salles. https://artepensamento.ims.com.br/item/apologia-grega-a-preguica/?_sft_

category=mutacoes

Zuboff, S. (2019). The age of surveillance capitalism. The fight

for a human future at the new frontier of power. Public

Affairs Hachette Books Group.

saber OUTUBRO 2022

13


em análise...

Francisco Gomes

Analista político

Coroa

de desafios

A monarquia é, afinal, um

exercício de continuidade.

Porém, não há dúvidas que aí

vêm tempos difíceis, que são,

eles mesmos, sinais da era

complexa e exigente em que

todos nós vivemos. Incluindo

os reis.

Carolina rodrigues

Ésimultaneamente, intrigante e inegável

o fascínio que a monarquia britânica

exerce sobre pessoas de todo

o mundo. Apesar das muitas controvérsias

em que um número dos membros

daquela família se têm visto envolvidos,

alguns dos quais violam as mais elementares

regras da cautela e do bom senso,

até o mais acérrimo republicano reconhece

que a morte de Isabel II e os acontecimentos

que a mesma colocou em marcha

comprovam, além de qualquer sombra de

dúvida, que o carácter unificador da figura

do soberano britânico tem um valor simbólico

enorme, ao qual corresponde uma assinalável

e muito respeitável força política,

social, cultural e até militar.

Aliás, num tempo em que os reis, especialmente

na Europa, não governam e são, na

essência e sobretudo, figuras representativas

da nação, existindo acima dos partidos,

dos governos e das grandes decisões

que moldam o dia-a-dia das pessoas, não

deixa de ser revelador que se fale de Isabel

II como a primeira-ministra Liz Truss o fez,

descrevendo-a como uma rocha, sempre

firme e segura, sob a qual o Reino Unido

foi sendo edificado. Por isso, e apesar de

ser claro que a realeza britânica enfrenta

o fim de uma era e o começo de uma nova

(algo que traz ansiedade, como qualquer

mudança), é também evidente que a instituição

monárquica não está em causa,

mas, pelo contrário, continuará a ser, no

futuro próximo, um sinónimo de Reino

Unido.

Dito isto, é normal, expectável e até desejável

que Carlos III procure deixar a sua

marca nas páginas da História e que o faça

inovando dentro do inato conservadorismo

que é próprio de uma monarquia. Se

pensarmos bem, um dos grandes legados

de Isabel II, fruto do seu serviço, da sua

entrega, do seu exemplo e até do seu sacrifício

pessoal, é uma instituição que, apesar

de milenar, se fez moderna e necessária.

Ninguém como o novo rei estará tão

consciente da enorme responsabilidade

que recai sobre os seus ombros, também

neste âmbito, e é natural que, daqui para

a frente, dia após dia, procure dar continuidade

ao mesmo no contexto exigente de

14 saber outubro 2022


Internet.com

um mundo acelerado pelas forças voláteis

da globalização. Nesse processo, são, pelo

menos, cinco os desafios que o rei Carlos III

terá de enfrentar e vencer.

O primeiro desafio do rei é o de tornar o

núcleo central da família real mais curto.

Neste momento, a família real tem mais

de cinquenta membros, uma realidade inaceitável

para a maioria dos contribuintes

britânicos, ainda mais no momento presente

de grave crise económica nos países

ocidentais. Consciente disso, Carlos III deve

reduzir o cerne da realeza ao grupo que,

efectivamente, acompanhou a rainha no

Jubileu. Os outros elementos, mais seniores

e experientes em conspiração palaciana,

não deverão ser peças determinantes

do futuro próximo, a bem da própria monarquia.

O segundo desafio de Carlos III é o de manter

a coesão da Commonwealth. Hoje, do

tal império do qual, na Era Vitoriana, se dizia

que nele o sol nunca se punha, restam

apenas confetis. Mas, evitando os traumas

das descolonizações francesa e portuguesa,

os britânicos mantiveram uma presença

interessantes em vários continentes do

mundo, sendo a crença de muitos de que

o facto da monarquia britânica ser aceite

por povos tão diferentes, alguns com raízes

muito díspares das europeias, deveu-

-se muito ao carisma e excepcionalismo da

própria rainha Isabel II. Com a sua morte,

reabre-se a questão do futuro da Commowealth,

até porque a popularidade de

Carlos não é comparável à da sua mãe.

O terceiro desafio do novo rei é o de manter

a paz familiar como alicerce estruturante

da monarquia. As tensões familiares,

como a própria experiência de Carlos lhe

mostra, tem um potencial corrosivo enorme

e o novo rei não terá tarefa facilitada

neste aspecto, que exigirá muito do ser saber

e da sua atenção, a começar pela clivagem

que, por razões sobejamente conhecidas,

separa os seus filhos, William e Harry.

O quarto desafio de Carlos III é o de adaptar

a sua personalidade à natureza do cargo

que agora ocupa. Se Isabel II era serena,

Carlos é, segundo os que melhor o conhecem,

um hiperactivo, sempre com ideias,

projectos e vontade de os pôr em prática.

Porque, sem qualquer dúvida, vai estar sob

um escrutínio constitucional exponencialmente

mais apertado, terá de saber refrear

alguns desses ímpetos.

O quinto desafio do novo monarca é o de

manter a união do Reino Unido. Sobre este

assunto, os resultados eleitorais na Irlanda

do Norte e o contínuo desafio dos independentistas

escoceses constituem ameaças à

existência deste Reino Unido, cujo principal

factor de união, após a devolução de

poderes iniciada por Tony Blair, é, paradoxalmente,

a monarquia. Não estar à altura

de conservar os laços que unem um país

que é, em aspectos verdadeiramente relevantes,

heterogéneo, seria um fracasso

pessoal do sucessor da rainha Isabel II.

Certamente, a todos estes desafios, Carlos

III procurará responder com um serviço íntegro,

sério e capaz de renovar e fortalecer

o legado da sua mãe. A monarquia é, afinal,

um exercício de continuidade. Porém, não

há dúvidas que aí vêm tempos difíceis, que

são, eles mesmos, sinais da era complexa

e exigente em que todos nós vivemos. Incluindo

os reis. s

saber outubro 2022

15


MADEIRA AVES

JOSÉ FRADE

Fotógrafo

José Frade nasceu no concelho

de Cascais. Trabalha no sector

automóvel mas foi a sua paixão

pela fotografia, principalmente a

fotografia de natureza, que o fez

aprofundar os seus conhecimentos

sobre as aves e consequentemente

aderir ao grupo "Aves de Portugal

Continental", grupo esse criado

pelo Armando Caldas, mas, como

membro desde o primeiro dia,

foi convidado pelo fundador, em

conjunto com ele, administrar

o referido grupo, vendo aí uma

oportunidade para partilhar os

seus conhecimentos e incentivar as

pessoas à protecção da natureza.

Dulcina Branco

José Frade,

administrador do grupo “Aves de Portugal Continental”,

que gentilmente nos cede as fotos que ilustram

esta rubrica

www.worldmigratorybirdday.org/

Dia Mundial

das Aves Migratórias

A

poluição luminosa é o foco da

campanha do Dia Mundial das

Aves Migratórias 2022, tema este

que este ano se assinala nos dias

14 de maio e 8 de outubro. Este ano, o foco

da poluição luminosa tem a ver com o facto

de que a luz artificial está a aumentar 2%

ao ano, sendo um factor que afeta negativamente

muitas espécies de aves. A poluição

luminosa é uma ameaça para as aves

migratórias já que causa desorientação

quando voam à noite, levando a colisões

com edifícios, perturbando seus relógios

internos ou interferindo com sua capacidade

de realizar migrações de longa distância.

O Dia Mundial das Aves Migratórias é uma

campanha anual de conscientização que

destaca a necessidade de conservação das

aves migratórias e dos seus habitats e chama

a atenção global para as ameaças que

as aves migratórias enfrentam. s

16 saber outubro 2022


Goraz (Nycticorax nycticorax)

Uma ave da família Ardeidae.

Distribui-se em todos os continentes,

com excepção das zonas mais a norte

e na Australásia. Ocasional na Madeira.

Poupa (Upupa epops)

Ave da família Upupidae.

A sua distribuição vai das Ilhas Canárias

até à costa chinesa do Pacífico.

Comum na ilha da Madeira

com nidificação confirmada no Porto Santo.

saber outubro 2022

17


colecionismo

Nélio Nunes:

A história

da Aviação

Madeirense

em escala

Dulcina Branco

gentilmente cedidas pelo entrevistado

A coleção tem um

objetivo principal

que é o de contar a

história da aviação

madeirense em escala

e divide-se em duas

grandes áreas que são:

Força Aérea Portuguesa

e Companhias de Bandeira

Portuguesa

Concebeu ao longo dos anos

uma coleção que conta com

centenas de réplicas de aviões

que operaram – e operam, no

Aeroporto da Madeira.

Os pequenos aviões de várias

companhias e em várias

escalas partilham o espaço

de exposição com bilhetes de

avião, medalhas, fotografias,

fardas, entre outros objetos

que tornam este espólio único

no mundo. É um pouco da

história da aviação na Madeira

que Nélio Nunes nos convida a

conhecer nesta entrevista.

18 saber outubro 2022

É natural da freguesia de Gaula, localidade

que fica perto do aeroporto e onde trabalhararam

alguns dos seus familiares.

Mais tarde, começou a colecionar peças

relacionadas com o mundo da aviação.

Como é que o mundo dos aviões entrou

na sua vida e se interligou não apenas a

nível profissional como sentimental, nomeadamente

através da coleção?

- Sou natural da freguesia de Gaula, do concelho

de Santa Cruz, onde resido há cinquenta

anos - nasci em abril de 1972. Terminado o

ensino secundário, ingressei na Força Aérea

como voluntário na área de Técnico de Manutenção

de Aeronaves. Estive pouco tempo

nesta função. Após cumprir o serviço militar,

candidatei-me à TAP na qual ingressei em

1994, na altura como Operador de Rampa.

Passado algum tempo, passei para p setor

de TTAE - Técnico de Tráfego de Assistência

em Escala, operando na área de passageiros:

lost and found , check-in, desembarque

e embarque de passageiros. Na atualidade,

desempenho funções no terminal de carga

aérea - importação e exportação. A minha

ligação ao mundo dos aviões surge a partir

dos meus cinco anos, com visitas ao Aeroporto

da Madeira. Nessa época, a pista só

tinha 1600 metros e era com muita facilidade

que se entrava nas áreas de passageiros

e placa, coisa que hoje em dia é impensável

fazer, pois passaram a ser áreas reservadas

e restritas. O meu pai já trabalhava para a

TAP assim como outros familiares e eu, muitas

vezes, acompanhava-os nos respetivos

trabalhos, e aproveitava para visitar as instalações

onde os aviões ficavam em night-stop,

e tudo isto influenciou o meu gosto pela

aviação. O gosto pelo colecionismo surgiu

quando comecei a trabalhar na TAP.

Esta sua coleção é especial por diversas

razões, tem muitas peças, muitas das

quais feitas por si... Em que é que a sua

coleção se distingue de outras do género?

- Esta coleção representa em modelos/réplicas

os aviões que a Madeira já conheceu

e um pouco da história do Aeroporto da

Madeira, daí que, a coleção tem um objetivo

principal que é o de contar a história da

aviação madeirense em escala e divide-se

em duas grandes áreas que são: Força Aérea

Portuguesa e Companhias de Bandeira

Portuguesa. É composta por mais de 600

modelos de aviões em várias escalas, desde

1:400/ 1:200/1:100/1/72, sendo um dos

mais antigos o DC-3 da TAP, réplica que foi

construída por mim. As peças foram adquiridas

de diversas formas. Geralmente, as

companhias vendem a bordo réplicas dos

seus aviões pelo que, muitas foram adquiridas

a bordo, outras foram adquiridos nas

minhas viagens, outras são compradas nas

lojas online da especialidade como o Ebay

e OLX, muitas são feitas por mim com kits

de plástico e resina e às quais aplico os decalques

das companhias aéreas. Além dos

aviões, tem fotografias, medalhas, safetycards,

livros e revistas, uniformes, ou seja, tem

de tudo um pouco que seja relacionado com

a aviação na Madeira. Junto com os aviões

existe uma pesquisa documental que comprova

a passagens dos mesmos na nossa


ilha e não inclui aviões que não aterraram

na Madeira, o que a torna única. Não há interesse

em ter aviões que não aterraram na

Madeira, isso seria ‘estragar’ esta coleção,

que é madeirense.

A coleção apresenta factos da história

da aviação madeirense marcantes, como

por exemplo?

- Sim. Uma das referências da nossa aviação

foi o avião da FAP, o Nord N.2501-D Noratlas,

que sofreu um atentando o qual destruíu

parte interna da fuselagem. Muitos o recordarão

porque ficou muitos anos na Água de

Pena baseado, tornando-se uma referência

naquela zona. Outras duas situações foram

as quedas dos dois aviões no Aeroporto da

Madeira em 1977: o 1º foi o TAP a 19 novembro

e o Sata Suisse em dezembro.

Julgo que, muito do seu tempo é dedicado

à coleção, limpando-o, adquirindo e

construindo novas réplicas. É uma coleção

terminável ou antes pelo contrário,

nunca terá fim?

- Este espólio tem dois inimigos que são a

luz solar e o pó, o que obriga a uma limpeza

constante e com muito cuidado, pois são

peças únicas com registo de modelo a escala

de colecionador. Para mim, é uma coleção

que tem especialmente um grande valor

sentimental, apesar do valor monetário das

peças e que é alto. São muitas horas dedicadas

à coleção - quase todos os dias estou a

trabalhar a nível de pesquisas documentais,

registos, construindo e recuperando peças,

adquirindo novas peças... É uma coleção interminável.

Falta-lhe muitos aviões, alguns

mais antigos e outros mais recentes... Está

coleção não tem fim pois acredito que, no

futuro, surgirão novas companhias e consequentemente

novos aviões e, portanto, será

sempre um projeto de continuidade. Na verdade,

gostava que a coleção continuasse na

família.

Já apresentou a sua coleção ao público?

- Sim. Já tive o privilégio de ser convidado

para apresentar a coleção em escolas e na

RTP-Madeira bem como a colecionadores

madeirenses, também já estive no Canal

1 da RTP (Portugal em Direto), na Revista

MAIS do Diário de Notícias do Funchal...

O facto de trabalhar no setor da aviação

contribuiu para o melhoramento da mesma

mas também para conhecer muitas

pessoas dentro e fora da aviação e que

engrandeceram esta sua experiência...

- Sim. O facto de estar a trabalhar no sector

e a minha dedicação contribuiram para o

que é hoje esta coleção. Conheci e conheço

muito gente que não está ligada a coleções

mas que acham interessente esta coleção.

Tive um grande prazer que foi conhecer e

falar com um importante comandante da

TAP, o qual foi dos primeiros da companhia

TAPNº277 e que pilotou desde os Dakota

DC-3 até aos BOEING 747-200. Fui recibo na

casa do comandante Francisco Amado da

Cunha e que me autografou a página do livro

TAP AIR PORTUGAL ,dedicada ao mesmo.

O comandante Francisco foi um dos comandantes

que inaugurou a pista de Porto Santo,

em 1964, e também a da Madeira. Esta coleção

tem muito e deve muito ao TAPº 6421

António Jesus Fernandes, que foi um dos

grandes impulsionadores da minha dedicação

e paixão a este mundo da aviação.

Como é que vão ser os aviões do futuro?

- Sendo esta coleção de passado e presente,

será de futuro , pois já está a aguardar

pelos aviões que virão. Os aviões do futuro

serão mais eficazes, mais seguros e amigos

do ambiente. s

saber outubro 2022

19


EDUCAÇÃO

Tânia Fernandes

Tânia Fernandes

Professora especializada

Doutorada em Psicologia de Educação

A importância

da escrita

“inventada”

na educação

pré-escolar

As tarefas de escrita inventada na

educação pré-escolar contribuem

para a aquisição da literacia, fazendo

surtir repercurssões em termos

de evolução da escrita, da consciência fonológica

e até mesmo na aquisição da leitura.

Cada vez mais é evidente o interesse pela

escrita emergente, surgindo muito antes do

ensino formal da aprendizagem da leitura e

da escrita. Desde muito cedo a criança é confrontada

com a escrita, quer no seio familiar

quer no jardim de infância, uma vez que vê

as pessoas a escrever e a usarem a escrita

na sua vida diária. Logo isso faz despoletar o

interesse e a motivação para explorar a arte

de escrever.

Maioritariamente, o interesse pela escrita é

visível através da curiosidade revelada pela

criança por aprender o nome das letras e

os seus sons. Na educação pré-escolar as

crianças fazem várias tentativas de escrita de

palavras, demonstrando que já perceberam

que as letras representam os fonemas caraterísticos

da linguagem oral.

As tarefas de escrita inventada são fundamentais

para levar a criança à compreensão

do princípio alfabético, pois quando tenta

escrever é levada a refletir acerca da linguaguem

oral e acerca dos sons que constituem

a linguagem escrita. Por outro lado a criança

reflete acerca das letras/ grafemas que compõem

esses sons e nas relações estabelecidas

entre os fonemas e grafemas.

Como tal, as atividades de escrita inventada

que são desenvolvidas antes do ensino formal

ajudam a desenvolver a consciência fonológica,

assim como a consciência fonémica,

levando a criança a fazer progressos na

sua escrita.

A investigação aponta para a importância das

escritas inventadas, uma vez que se apresenta

como uma porta ou uma janela para as

competências cognitivas e linguísticas presentes

nas aquisições precoces em termos

de literacia emergente.

Por outro lado os conhecimentos que são

adquiridos pela criança, de modo informal,

nomeadamente o nome das letras, ajudam

grandemente na deteção do nome correto

dessas letras aquando da pronunciação de

muitas palavras. Obviamente que isto possibilitará

uma perceção da criança acerca

de toda a lógica em termos alfabéticos, visto

que as próprias letras servem de suporte

para uma análise acerca da sequência dos

sons nas palavras.

Também as propriedades articulatórias dos

fonemas que integram as palavras que a

criança vai escrever, acabam por influenciar

a qualidade das grafias. Obviamente que alguns

fonemas são mais fáceis de serem isolados

do que outros. Por exemplo as vogais

são mais facilmente identificadas do que as

consoantes. Contudo na língua portuguesa

com opacidade intermédia, verifica-se que

um grafema pode corresponder a vários

fonemas, tornando-se mais difícil a correspondência

de alguns fonemas às respetivas

letras.

Mas quanto mais a criança estiver sensibilizada

para os sons da fala e estabelecer uma

correspondência com o nome das letras,

mais facilmente revelará interesse por tentar

escrever, através da reprodução de palavras

com significado para si. Desta forma,

nasce assim a “escrita inventada” no mundo

da criança, que desencadeia desde início a

compreensão das correspondências grafo-

-fonológicas e a associação das letras para

formar sílabas.

Como tal, a escrita inventada é um preditor

para a descoberta do princípio alfabético

que leva à compreensão da relação entre a

oralidade e a escrita e com forte impacto na

futura aprendizagem da leitura. s

20 saber outubro 2022


opinião

Luís Sena-Lino

Consultor de Marketing e Comunicação

luis.sena.lino@gmail.com

Uma carta,

o tempo

e a escrita

A escrita com papel e caneta

vai desaparecer? Creio que,

como o livro ou os jornais

em papel, terá sempre o seu

espaço mas que hoje ele é cada

vez mais reduzido e tende a

diminuir cada vez mais, para

mim já é um facto.

D.r. (direitos reservados)

A

vida levou-me há umas semanas

atrás a escrever uma carta, usando

papel e caneta, que enviei para o

outro lado do Atlântico. Demorou

perto de duas semanas a chegar à destinatária.

Por muito que me esforce não consigo precisar

há quantos anos não escrevia uma carta,

escrita à mão e remetida pelo correio. E isso

leva-me às duas últimas palavras do título

deste texto: o tempo e a escrita.

No tempo da monarquia, imagine-se no

século XVIII, quando um Rei morria em Portugal

a notícia só chegava ao Brasil quando

a próxima embarcação partisse e provavelmente

só alguns meses depois a notícia lá

chegaria, após o desembarque.

O tempo e a nossa perceção do tempo – hoje

bastante mais acelerado – mudou. Hoje, se

o Cristiano Ronaldo se lesiona num treino,

não dou mais do que 10 minutos para que

a notícia esteja difundida, com imagem, em

qualquer rede social e por isso disponível

em qualquer parte do globo.

O tempo mudou e a nossa “paciência” e falta

dela com o tempo também. A minha filha,

hoje com 20 anos, tem um tempo de espera

seja do que for na vida muito mais acelerado

e curto do que o meu. Por muito que para

mim seja sinónimo de falta de educação e

respeito estar a usar o telemóvel enquanto

decorre um almoço de família, há que

perceber que um jovem que já nasceu com

internet, mobilidade e 4G, consegue desempenhar

essas duas tarefas ao mesmo tempo

com a maior perfeição, por isso têm eles dificuldade

em perceber como isso pode ser

uma falta de respeito. É como se o cérebro

dos mais novos fosse “dual-sim” e por muito

que eu até acompanhe, sei – e os mais novos

não – o que é escrever uma carta e esperar

que ela chegue ao destino. São diferentes

noções de tempo e nenhuma está certa ou

errada. É o Devir a acontecer.

A escrita. Ao escrever este texto estou a teclar

no computador. Se bem notarmos deixámos

de escrever para passarmos a teclar,

não exclusivamente mas cada vez mais. Ainda

usamos papel para tomar alguma nota,

deixar um recado aqui ou ali, mas o acto de

escrever, usando a mão, a caneta, um papel

ou um outro qualquer suporte vai sendo tão

mais raro que, tendencialmente, pode desaparecer.

Lembro-me da minha infância no colégio,

onde a caneta de tinta permanente era o

instrumento para formar a letra e a caligrafia,

ao aprender a escrever. Hoje dou por

mim a teclar: no telemóvel, no tablet, no

computador, no comando da TV ou em tantos

outros suportes.

A escrita com papel e caneta vai desaparecer?

Creio que, como o livro ou os jornais em papel,

terá sempre o seu espaço mas que hoje

ele é cada vez mais reduzido e tende a diminuir

cada vez mais, para mim já é um facto.

Nos dias de hoje escrever uma carta usando

papel, caneta, um envelope, um selo postal

e ficar a torcer para que a carta não se perca

e chegue ao destinatário, pode ser um gesto

de amor?

Pode. E foi. s

saber outubro 2022

21


CONVERSAS COM SABoR

&

Entrevista António Barroso Cruz

gentilmente cedidas pelos entrevistados

Agradecimentos Hotel Meliã Mare Madeira e A Tulipa

mafalda

sérgio

Imagine-se um casal que tem a autenticidade

e a doçura de tom e o sorriso sempre a postos.

Um casal com um percurso profissional

que pede meças aos melhores.

Um casal com mundo, com valores, com princípios.

Um casal que tenta harmonizar e equilibrar

uma vida pessoal de prole alargada com uma realidade

profissional exigente.

Imagine-se um casal com projectos (quem os não

tem?), que está de bem com a vida, que se veste

de simplicidade e alegria, seja com os panos

da empatia seja com o sossego dos genuínos.

Um casal bonito, repleto e tranquilo, que alimenta

sonhos que vão para além deles.

A Mafalda e o Sérgio são a essência desse tipo

de casal, que se foi dando a conhecer em mais

uma enriquecedora conversa com sabor no espaço

do Meliã Mare.

22 saber outubro 2022


A.B.C.: Sérgio, vamos ter uma conversa

sincera e aberta ou antes uma conversa

politicamente correcta?

S.: Eu costumo ter conversas sinceras e abertas.

O politicamente correcto faz parte, mas

naturalmente acho que devemos ser verdadeiros

naquilo que dizemos, sobretudo se

andamos na política.

Comecemos por aquilo que é quase inevitável,

ou seja, a política. O que é que te fez

avançar? Ou foste empurrado?

S.: Numa determinada altura da minha carreira

tinha passado por determinadas funções

relacionadas com o turismo, com os

transportes, a experiência no Aeroporto da

Madeira, as duas passagens pela Associação

de Promoção da Madeira, também pela ACIF

(com o pelouro do Turismo), com funções

também no transporte marítimo e na gestão

hoteleira, e toda essa experiência sempre

me levou a achar que conseguimos fazer

melhor e conseguimos fazer mais com os

recursos que tínhamos à nossa disposição

– posições que assumia publicamente nas

várias funções que tive ao longo desse percurso.

A determinado momento foi-me lançado

um desafio por parte do Dr. Paulo Cafôfo

para um projecto que me entusiasmou e

que tinha o mérito de reunir várias pessoas

e que era os Estados Gerais, projeto esse que

estou a recuperar em ligação com a sociedade

civil, com várias áreas de especialização

e onde estavam identificadas várias pessoas

que tinham essa vontade de fazer mais

pela Madeira, mais pela sua terra e, de alguma

forma, melhorar aquilo que era o estado

actual das coisas. Na altura fui desafiado

para a coordenação de Economia, Transportes

e Turismo, que eram as minhas áreas de

especialidade, e achei que era o momento de

retribuir o que tinha então conseguido com

o meu trabalho, retribuir um pouco à Região

aquilo que eu tinha tido a oportunidade de

receber e poder dar assim o meu contributo

para melhorar a Região.

E porquê o Partido Socialista? Isso poderia

ter acontecido num Bloco de Esquerdo ou

num PSD, por exemplo...

S.: Poderia eventualmente ter acontecido. O

projecto com o qual me identifiquei foi com

este do Paulo Cafôfo, o projecto do Partido

Socialista, os valores e a matriz identitária

do partido, e não é de estranhar que, tempos

depois de ter sido eleito deputado, menos

de dois meses depois, assumi a militância no

Partido Socialista e, portanto, perfeitamente

identificado com os valores e com aquilo que

o partido defende.

O que é que a Região pode esperar de um

Sérgio Gonçalves que outros líderes anteriores

do PS-M ainda não conseguiram

transmitir ou fazer vingar?

S.: Todas as lideranças têm a ver com aquilo

que são as características pessoais de cada

um. Sou naturalmente diferente do Paulo

Cafôfo ou dos outros presidentes do partido

que me antecederam. Temos em comum

a vontade de mudar politicamente a Madeira.

Achamos que a alternância democrática

é positiva e é benéfico para o futuro da

Região. Aquilo que eu proponho é trabalho,

é um processo que passe por identificar

os reais problemas da região, apresentar

soluções às pessoas, soluções concretas

e exequíveis para debelarmos ou mitigarmos

esses problemas e assumir essas soluções

como compromissos para com a população.

E, portanto, é desta identificação de problemas,

apresentação de soluções e assumir

compromissos que julgo que está o segredo

da mudança da Madeira. É preciso transmitir

estas nossas ideias, estes nossos projetos

ao maior número de pessoas, é preciso que

o programa eleitoral que vamos apresentar

seja sufragado por maioria dos eleitores da

Madeira e do Porto Santo. É isso que nos propomos

fazer de forma séria, de forma coerente

e, sobretudo, credível. Aliás se há coisa

que gostaria que me acontecesse um dia ao

sair da política, é conseguir manter a mesma

credibilidade com que entrei.

Alguma preparação física ou mental para

aquilo que é o novo Sérgio Gonçalves

enquanto representante de um partido

político, com toda a carga que tal representa?

Fazes algum tipo de prática, digamos

assim?

S.: Eu sempre fui uma pessoa de trabalho

e este projecto político é mais um projeto

como os anteriores a que estive ligado profissionalmente.

Sim, é exigente como outros

projectos no passado que também foram

exigentes. Aquilo que tento fazer, sempre

que tenho disponibilidade, é descansar. Em

termos de viagens sou mais regrado do que

era no passado, confesso que passo mais

tempo na Madeira, mas temos sempre muitas

solicitações, temos muitos eventos, políticos

e não só, há algum desgaste da função,

não só decorrente desta permanente exposição

que temos na política e que acaba por

ser o mais difícil de gerir a nível pessoal e a

nível familiar. Mas tento na medida do possível

descansar, fazer algum exercício físico

porque ajuda a libertar algum stress. Tenho

tentado, de alguma forma, manter-me capaz

e disponível para o grande desafio que tenho

pela frente.

Mafalda, és militante socialista ou a tua

ideologia é outra?

S.: Diz a verdade...

M.: Tenho mesmo de responder? Nunca

tive essa coisa da militância política. A política

nunca se sentou à mesa lá em casa. Está

sentada agora, mas concordo com o que o

Sérgio acredita porque ele é a pessoa mais

honesta que conheço.

O que é que no perfil do Sérgio lhe poderá

trazer mais votos?

M.: O sorriso, o sentido de humor...

A.B.C.: (o Paulo Cafôfo tinha também o sorriso...)

M.: É a seriedade e é querer a mudança. Não

há mudança na Madeira há tantos anos e ele

está capaz de provocar essa mudança.

Alguma medida de protecção/defesa em

relação aos filhos desde a exposição pública

e mediática do Sérgio?

M.: Sim. Desde que ele entrou neste novo

projecto, uma coisa que fez desde o início foi

proteger a parte familiar [mulher e filhos].

S.: Uma regra foi expor a família ao mínimo,

por uma questão de privacidade e de respeito

por aquilo que é o núcleo duro familiar. As

minhas opções profissionais e políticas não

têm que influenciar aquilo que é a nossa vida

familiar. Naturalmente que influencia sempre,

porque estamos em exposição permanente,

mas o que tento fazer é protegê-los ao

máximo – esse foi sempre o meu objectivo.

Em casa, és mais pai ou és mais amigo?

S.: Gosto de pensar que sou mais amigo e

acho que as crianças me vêem como tal.

Quem faz mais o papel parental é a Mafalda

e eu sou mais aquele amigo que tenta aconselhar,

que não castiga e que tenta levá-los a

bem, e quando é preciso mais alguma coisa,

a mãe entra em acção.

Assumida uma posição política publicamente,

já houve pessoas que mudaram

de passeio para não te cumprimentarem?

S.: Não diria mudar de passeio. Acho que é

uma coisa que acontece naturalmente na

vida. Há sempre pessoas que se aproximam

mais e outras que se afastam sempre que

assumimos determinada posição ou opinião,

mesmo na vida profissional. É coisa que não

me preocupa. Aquilo que valorizo mais são

as amizades genuínas. São aquelas pessoas

que, independentemente daquilo que faça-

saber outubro 2022

23


mos ou das decisões que tomem estão connosco

e esses, felizmente, continuam comigo

e são meus amigos. Uns com quem estou

mais vezes e outros com menos frequência,

mas sei que no dia que precisar(em) eles

sabem que se precisarem de mim estaremos

lá. Não me preocupa sentir que haja algum

afastamento de uma pessoa ou outra, agora

o que sinto é uma certa mágoa ou desilusão

em relação a isso, mas é algo que vejo

como natural numa sociedade. Note-se que

a nossa sociedade está ainda muito presa a

um poder político de quase cinco décadas, o

que de alguma forma faz com que algumas

pessoas tenham limitações em expressar-se

livremente e em assumir posições contrárias

ao regime político vigente. Isso acaba por

influenciar a vida das pessoas, mas é, no meu

caso, um dos motivos pelos quais este projecto

político me motiva e a mudança política

na Madeira me faz trabalhar todos os dias

para a concretizar.

No caso de uma hipotética vitória, para

quem vão os primeiros agradecimentos?

S.: Os agradecimentos vão para todos os

madeirenses e todos os porto-santenses

que confiaram no projecto e o reconheceram

em termos de propostas e soluções, vão

para todas as pessoas que me acompanham,

desde familiares a militantes do partido, os

meus camaradas, e para todas aquelas pessoas

que desde o primeiro dia acreditaram

que é um projecto vencedor e que pode efectivamente

mudar a Madeira e construir a

Madeira melhor que nós preconizamos.

[Estás politicamente correcto] E no caso

de uma hipotética derrota, onde é que se

lambem as feridas?

S.: O processo democrático passa por vitórias

e por derrotas. Qualquer resultado tem

de ser visto com naturalidade e ser aceite.

Acima de tudo, temos de o aceitar. É a decisão

das pessoas é a decisão da população

e tudo aquilo que seja o resultado, ou qualquer

que seja o resultado, dependerá sempre

da decisão das pessoas, mas tal dependerá

sempre da nossa capacidade de transmitir

a mensagem. Se falharmos, é porque

não soubemos transmitir a mensagem da

melhor forma, se vencermos é porque o conseguimos

fazer. Há uma coisa da qual não

tenho dúvidas: é que nós temos o melhor

projecto para a Madeira, temos as melhores

soluções e conseguimos, efectivamente,

fazer melhor do que que tem sido feito

até agora.

Mais Madeira e melhor Madeira?

S.: Sobretudo, melhor Madeira.

Têm ambos o Turismo enquanto trajecto

muito importante e presente nas vossas

vidas. E conhecem-se em contexto de

turismo. Contem-nos como é que tudo

aconteceu. Como é que o Turismo entra

nas vossas vidas e como é que depois

vocês entram na vida um do outro?

M.: É assim: trabalho no turismo desde os

meus 19 anos, na MTS, que é uma empresa

alemã sedeada em Faro e que tem escritórios

em Lisboa, Porto, Açores, Cabo Verde,

Madeira. Sempre ligada à MTS, já fiz representação

no aeroporto, incoming e incentivos,

agora estou mais na parte comercial e

das viagens. Nós conhecemo-nos no âmbito

das feiras de turismo, estava eu na altura na

Top Atlântico, conhecemo-nos “salvo erro”

num workshop da New Castle...

Essas viagens profissionais são um perigo

[risos]...

M.: Temos muita coisa em comum e a parte

das viagens faz parte.

E como é que acontece o clique, ou seja,

o que é que há no Sérgio que faz com que

a Mafalda olhe para ele e resolva passar

para um patamar de casal?

M.: Começou pela simpatia, pelo sorriso...

Há quanto tempo é que vocês estão numa

relação?

M.: É uma pergunta difícil...

S.: Tivemos um período em que não vivíamos

juntos. Agora, a morar juntos, já são

seis anos.

Há filhos de uma parte e há filhos de outra

parte. Como é que se faz a gestão de quatro

adolescentes e pré-adolescentes? De

chicote na mão?

M.: De vez em quando é preciso o chicote

mas não é sempre [risos]. É assim: estive

sozinha com os miúdos durante alguns anos,

a minha filha tinha 2 anos e já está com 10

anos, pelo que, antes de morarmos juntos eu

já tinha o papel de mãe, não digo de pai porque

eles têm o pai e lidam muito com o pai e

têm um bom relacionamento com o pai, mas

já os tinha em casa comigo, por isso, essa

gestão já a tinha em casa.

O que é que a filha do Sérgio puxa mais

ao pai e o que é que os teus filhos puxam

mais a ti? Aquela característica que foram

buscar a vocês.

M.: A filha do Sérgio é fisicamente mais parecida

com ele do que em termos de feitio.

S.: É uma boa menina – tem bom coração,

gosta de crianças, eu também gosto, tem coisas

minhas.

M.: É verdade. Digo-lhe que ela devia seguir

a carreira de Educadora de Infância porque

tem muito jeito com crianças.

E por parte dos filhos mais velhos já existe

alguma vontade, vocação, para um projeto

profissional?

M.: A minha pequenina, desde os 3 anos diz

que quer ser médica, neste momento tem 12.

M.: Em relação aos rapazes, o Rodrigo, que

tem 15 anos e foi agora para o 10. º ano,

tinha uma ideia mas o Sérgio falou com ele

e está na área de Economia. Ele fez uns testes

e tudo indicava Economia e Gestão e está

nessa área. Eu até pensava que seria Desporto

- treinou hóquei em patins durante muitos

anos e tem jeito para o futebol. O mais

velho não sabe ainda o que quer - está com

20 anos - mas temos umas ideias para ele e

veremos o que vai dar.

Devido a serem 4 adolescentes e pré-adolescentes

na casa, ainda consegues arranjar

tempo para ti, em que te consegues

pôr sozinha e fazer aquelas coisas que

gostas de fazer?

M.: Sim, nomeadamente o desporto. Tento

fazer desporto cinco vezes por semana,

gosto de correr na rua e isso alivia-me um

bocado.

Pergunta para ambos: o Turismo sempre

foi o que vocês quiseram fazer nas vossas

vidas ou caem por acaso nessa realidade?

M.: No meu caso, por incrível por pareça, ia

seguir Matemática. Entrei no curso de Gestão,

e por coincidência, uma tia minha que

sempre esteve ligada ao Turismo convenceu-

-me a mudar de curso, mudei de curso, gostei

muito e dei-me bem. Gosto desta parte

comercial, das viagens. Gosto muito.

S.: No meu caso fiz a formação académica

de Economia e comecei a trabalhar em Lisboa,

na área da auditoria (área que considerava

ser muito cinzenta e desinteressan-

24 saber outubro 2022


te). Depois vim para a Madeira para uma

empresa de representação de negócios onde

também tinha funções de controlo financeiro.

Depois destas duas experiências achei

que aquilo não era vida para mim, o mundo

exclusivamente financeiro não era para mim.

Sentia-me uma pessoa comercial, gostava de

estratégia empresarial e decidi interromper

a atividade profissional ao segundo emprego.

Fiz um mestrado em Gestão Internacional

num ambiente internacional em Lisboa que

me levou à Eslovénia, à Universidade de Ljubljana.

Depois tive uma oportunidade numa

área com que a qual me identificava que era

o marketing nos aeroportos da Madeira e

desenvolvimento de novas rotas. Foi este o

meu primeiro contacto com o Turismo. Trabalhando

no aeroporto e desenvolvendo

rotas, sobretudo turísticas, acabamos por

conhecer o trade regional, conhecer muita

gente e fazer muitos amigos e novos contactos.

Tive um convite na altura do Grupo

Sousa para ser Diretor Geral da Porto Santo

Line, também para ser administrador dos

hotéis no Porto Santo. Sempre senti muito

interesse, sobretudo pelos aeroportos. Gostava

muito de aeroportos, gostava muito de

aviação e essa entrada no Turismo por via

do transporte aéreo foi uma área que desde

sempre me entusiasmou. Acabei por entrar

na política por via do Turismo e como especialista

de Turismo. É uma área que é muito

interessante, é o nosso principal setor de atividade

e qualquer pessoa que tenha a ambição

e a vontade de governar a Região tem,

naturalmente, que dar a importância devida

ao setor do Turismo.

Alguma rota que tu tenhas ido buscar e

que tenhas estreado na Região?

S.: Sim. Várias.

Podes mencionar uma ou outra?

S.: Sim. Eu estava no aeroporto na altura em

que houve a liberalização do mercado, algo

que acho que foi muito importante para a

Madeira, nomeadamente com a entrada da

Easyjet. Numa primeira fase houve as rotas

(inicialmente foram as rotas de Inglaterra

para a Madeira) e depois com a entrada das

rotas domésticas. Houve um projecto que na

altura levou muito tempo a concretizar, mas

que nos deu muita satisfação, a mim e a toda

a equipa do aeroporto, e que hoje é uma

das companhias de referência na Madeira: a

Jet2 (este projeto foi trabalhado nessa altura).

Algumas deixaram um amargo de boca

dado que as conquistámos e depois deixaram

de existir. Estou a lembrar a Aer Lingus

de Dublin para a Madeira, em que tínhamos

2 voos semanais, operações para o Porto

Santo. Houve uma altura em que tivemos

um foco muito grande no Porto Santo, abrimos

várias rotas, chegamos a ter rotas de

Bruxelas, de Amesterdão, de Santiago Compostela,

de Madrid, e muitas delas acabaram

por não continuar porque veio um período

de crise profunda o que fez com que algumas

delas fossem descontinuadas. Mas foi

um período muito engraçado de democratização

do transporte aéreo para a Madeira. É

um meio muito entusiasmante de desenvolver

trabalho.

O Turismo na Madeira está assim tão bom

como nos fazem crer?

M.: Neste momento, sim. Está com uma boa

estabilidade, não só na Madeira como também

em outros países. Com a pandemia as

pessoas deixaram de viajar, tiveram mais disponibilidade

a nível monetário para viajar de

depois da pandemia e decidiram fazê-lo este

ano. E foi um ‘boom’ aqui como está a ser em

muitos sítios.

Na posição de novo presidente da Região

Autónoma da Madeira, a primeira coisa

que mudarias no Turismo da Madeira?

PUB

saber outubro 2022

25


S.: Acho que temos de regressar – não gosto

da expressão «regressar ao passado» –

mas temos de respeitar o legado que temos

a nível da excelência de serviço, algo que

tem vindo a perder-se por alguma inércia,

por decisões estratégias (a Escola Hoteleira

é um desses exemplos, a situação em que

se encontra atualmente é preocupante). Um

destino turístico como a Madeira nunca será

competitivo pelo preço ou pelo volume, mas

será sempre pela diferenciação. Temos de

apostar no que é autêntico e genuíno e, portanto,

a preocupação pela excelência de serviço

por um lado e, por outro, a requalificação

do serviço. São as duas grandes prioridades.

Se não cuidarmos daquilo que é autêntico

e genuíno vamos ser iguais a qualquer

outro destino e isso não nos serve.

Tempo a dois, ou a seis, neste momento é

um bocadinho mais difícil devido às funções

do Sérgio, mas mesmo assim consegue-se

um “buraquinho” na agenda para

escaparem?

M.: Sim, conseguimos, de vez em quando...

Como é que se harmoniza este tipo de

situação, harmonizar e equilibrar, de

alguma forma, esta indisponibilidade do

Sérgio com a disponibilidade do resto da

família?

M.: Com compreensão.

Se amanhã vieres a ser a primeira-dama

da Região, como é que vais olhar para essa

possibilidade ou novo papel?

M.: Vou continuar a ser a pessoa que sou e

como sou. Se poder ajudar o Sérgio a governar,

terei todo o gosto.

Mas o Sérgio não é apenas este rosto político

que conhecemos. Quem é o Sérgio

‘não político’?

S.: O Sérgio ‘não político’ é alguém que nasceu

e cresceu na Madeira, que gosta muito

da Madeira e da sua terra, daquilo que é

nosso - e isto também me faz andar na política.

Razões familiares e profissionais levaram-me

a conhecer o mundo, o que faz com

que tenha uma perspetiva daquilo que é a

Madeira, o seu potencial e do que esta terra

pode ser. Apesar de ter trabalhado, estudado

e estado algum tempo fora, sempre que

regressa à Madeira acha que é, de facto, o

sítio ideal para viver, para constituir família e

para ter cá negócios - para toda e qualquer

atividade que se possa imaginar. Sou genuinamente

apaixonado pela Madeira e pela

minha terra. De resto, sou uma pessoa que

gosta de viver bem, que gosta de experienciar

a vida, gosto de viagens, gosto de estar

com os meus amigos, gosto muito de sorrir –

não é um sorriso de cartaz mas é um sorriso

genuíno e que faço o dia todo - acordo sempre

bem disposto e adoro falar, que é uma

coisa que a Mafalda não aprecia assim tanto

de manhã que é quando acordo e ponho-

-me a falar e sorrio muito [risos]. Sou bem

disposto.

És um bom garfo?

S.: Também.

És tu quem usa o avental em casa?

S.: É a Mafalda, mas quando posso gosto de

cozinhar. Não cozinho muitas vezes, mas é

algo que gosto de fazer como antisstress.

Gosto de estar na cozinha, gosto de meter

as mãos na massa e de fazer qualquer coisa

mas, infelizmente, é uma tarefa que não

acontece com muita frequência.

Tenho uma boa notícia para ti: vai ser

sempre a piorar [risos]

S.: Provavelmente [risos]

A memória mais antiga que tens contigo

(aquela memória bonita que trazes sempre

contigo) qual é?

M.: …

ABC: Tenho uma: com dois anos e meio estar

ao colo do meu avô à janela da casa onde

morávamos, a falar com um vizinho...

M.: Os sábados... todos os fins de semana

o meu pai levava-me. Não sou de cá, nasci

na Inglaterra, e na cidadezinha onde morávamos

todos os sábados o meu pai fazia

questão de me levar à cidade e comprava-

-me sempre uma boneca ou um livro, e isso

é uma boa memória.

E em termos de valores, quais os valores

que achas que são mais importantes

para transmitires aos teus ou aos vossos

filhos?

M.: Gostarem das pessoas, compreenderem

e ouvirem as outras pessoas, empatia, tolerância,

terem bom coração. Acima de tudo,

que sejam boas pessoas.

Aquele sonho ou projecto que ainda queres

realizar na tua vida?

M.: Eu ainda não fiz as minhas viagens todas.

Ainda tenho uma bucket list muito grande. A

Islândia, por exemplo.

Qual é o teu topo de viagem que está na

tua bucket list?

S.: Tenho uma grande falha, não é a minha

viagem de sonho mas acho que é imperdoável.

Costumo dizer que já fui duas vezes à

China e ainda não fui aos Estados Unidos, e

então gostava muito de visitar os EUA, várias

cidades desse país, desde Nova Iorque e Los

Angeles. Já tive oportunidades para conhecer

muitos destinos, uns mais exóticos do

que outros, mas acho que os Estados Unidos

é uma falha grande. Gostava de conhecer

melhor a América do Sul - Argentina, Chile

- e também Austrália.

Tens o Paulo Cafôfo nas Comunidades e

apanhas boleia dele…

S.: Ele está neste momento na Califórnia

[risos]

Para quando prevês o teu homicídio político

interno no partido?

S.: Nesta fase, temos um projecto que está

a iniciar-se e que é a afirmação do PS-M

como a melhor alternativa para o governo da

Região e, como tal, não é o momento de pensar

como é que vai terminar. Estamos no início

de um percurso no qual acredito, em que

há muitas pessoas envolvidas e que também

acreditam neste projecto, e tenho a certeza

que a maioria dos madeirenses vão também

acreditar em 2023.

É uma boa resposta, até porque sabemos

que o PS é perito em golpes palacianos...

Uma frase que neste momento gostasses

de deixar para o eleitorado madeirense e

porto-santense.

S.: Que acreditem que é possível termos a

Madeira melhor e que os políticos não são

todos iguais. Por mais que tentem transmitir

essa ideia, acreditem que há pessoas -

não estou a falar de mim mas de um grupo

de pessoas que tive o privilégio de conhecer

ao longo destes últimos três anos - que

estão motivadas, que estão na política de forma

desinteressada e querem efectivamente

construir esta Madeira melhor. Portanto que

acreditem que é possível!

A última pergunta é para ti: nas próximas

regionais em que é que vais votar?

M.: [risos] Essa pergunta não é difícil! É claro

que irei votar no Sérgio, mas não é porque

vive comigo, mas sim porque o Sérgio acha

que vai mudar o mundo. É claro que o Sérgio

não vai conseguir mudar o mundo, mas

tenho a certeza que vai conseguir mudar a

Região para melhor. s

26 saber outubro 2022


Cantinho da poesia

Rosa Mendonça

Escritora

facebook.com/rosa.6823mendonca/

[rosa mendonça autora]

CALÇADA

PORTUGUESA

Inscrita no Inventário como Património Cultural Imaterial português

A calçada portuguesa começa em meados do séc. XIX com pedras irregulares

Em Lisboa, em1842 é executada a primeira calçada a preto e branco

com calcário e basalto

Trabalho realizado por presidiários chamados “grilhetas”

O desenho utilizado no pavimento foi o mar num traçado simples em ziguezague

Sempre foi bem recebido pela sociedade e motiva os cronistas a escreverem

sobre este património singular e único

Ex-libris na porta de entrada em território português

Encontramos principalmente em países lusófonos

Somos herdeiros da calçada portuguesa com excelsas decorações

Onde se espalha em todo o país, nas colónias e pelo mundo

A mesa pronta e bem adornada com pedrinhas e mais pedrinhas

São tradicionais as cores; preto e branco

E ainda: o castanho, vermelho, azul cinza e amarelo

Com as rochas: mármore e xisto no Alentejo ou o granito no norte

A rocha mais comum para o contraste com o calcário branco é o basalto

Onde está presente na “calçada à portuguesa” com pedras usadas

nas calçadas mais antigas

O mosaico português é pedra chave no revestimento das pavimentações

Assenta no solo de forma irregular ou regular, consoante a técnica utilizada

Conservando-se inúmeros tapetes de pedra de rocha sedimentar e vulcânica

O basalto continua a ser a pedra mais utilizada na Madeira e Açores

Utilizada no calcetamento de áreas pedonais, em passeios, praças, parques, pátios,

Os pavimentos calcetados remontam à antiguidade

Os calceteiros tiram partido do calcário e com o auxílio de um martelo,

fazem pequenos ajustes na forma da pedra

Utilizam moldes para marcar as zonas com diferentes cores

Repetem em sequência linear chamado frisos ou em duas dimensões

chamados padrões

Geometricamente, existe limite de simetrias do plano:

Sete aos frisos e dezassete aos padrões

Destacam-se técnicas de aplicação e talhe nas calçadas mais comuns:

A antiga calçada à portuguesa pelo talhe e aplicação de pedras irregulares;

O malhete com talhe da pedra irregular formando polígonos pentagonais;

Ao quadrado ou em diagonal, alinhamento de 45 graus nos muros ou lancis;

A calçada à fiada, com as pedras alinhadas em filas paralelas;

A calçada circular e sextavada

A calçada artística com formatos específicos ou pelo contraste de cores

O mar largo, motivo mais emblemático da calçada portuguesa

e mais reproduzido em vários países

Os leques: segmentado, florentino e o rabo de pavão

Originando autênticas obras-primas nas zonas pedonais

Diversas cidades substituem suas calçadas históricas com passeios

mais práticos e seguros.

Orgulho da nação o ofício do calceteiro com a sua enigmática arte intemporal

Constroem instalações artísticas com elevado reconhecimento

Pisamos emblemáticos chãos carregados de história

s

D.R.

saber outubro 2022

27


viajar coM saber

ANTÓNIO CRUZ

AUTOR E VIAJANTE › antonio.cruz@abreu.pt

Islândia

Viajar pela Islândia é uma prova de esforço que

vale a pena. Dar a volta a um país em 10 dias,

deixando mais dois para a capital, é ir mudando de

realidades visuais a todo o instante, pois a sucessão

e/ou alternância de vulcões, glaciares, cidades, vilas

piscatórias, prados sem fim, planaltos, cascatas,

cataratas, praias de areia bem preta, é de tal forma,

que somos compelidos a entrar numa dimensão

ao mesmo tempo avassaladora e imensamente

improvável.

António cruz › António Cruz escreve de acordo com a antiga ortografia

1] Comecei o meu périplo por Keflavik, encostada ao aeroporto e de

onde me seria mais fácil e lógico dar início a uma viagem de quase

2000 quilómetros. O primeiro dia seria dedicado a parte da costa sul

do país, sendo que as cataratas de Skogafoss e Seljandsfoss são das

primeiras paragens obrigatórias. O dia não estava por aí além, mas

mesmo assim a grandiosidade do lugar faz jus às expectativas.

1]

28 saber outubro 2022


2]

3]

2] A caminho, logo em seguida, dos fiordes orientais, não

deixando de passar por Vík, sem antes fazer uma passagem/

paragem em Dyrhólaey e Reynisfjara, para ir dormir a essa

cidade cujo nome é maior que a própria…Kirkjubaejarklaustur…

3] A noite seguinte seria em Hofn, a partir da qual visitaria a não

menos famosa formação rochosa/montanhosa, de Vestrahorn,

imensa em arquitectura, em beleza e em elementos bravios à sombra

dos quais se acolha uma réplica de aldeia viking.

4] 5]

4] Depois foi entrar no rendilhar fiórdico da zona leste do

país, bordejando mar, esgueirando-me por entre montanhas,

salpicando a vista com o colorido das aldeias ou o fascínio que as

quintas isoladas em mim provocam.

6] Uma das minhas prioridades de coisas a ver na Islândia, era uma

comunidade dos engraçados puffins, que por aqui nidificam nos seus

trajectos migratórios entre Maio e finais de Agosto. Não são fáceis de

encontrar, muito menos de fotografar. Mas com alguma insistência

de falta de jeito fotográfico, foi o que consegui…

5] Uma sucessão de paisagens arrebatadoras e depois a serenidade

dos lugares mais macios ao olhar, como a região do lago Myvatn com

as suas fumarolas, os seus banhos naturais (a 35 ou 40 graus), a sua

energia telúrica que fornece um país inteiro.

7]

6]

7] Depois viria a costa norte do país, bem como lugares como

Akureyri, uma das duas cidades do país onde há semáforos…para

então continuar a outras paragens que aqui virão em edições mais

adiante.

saber outubro 2022

29


IMAGE consulting

Marisa Faria

Dulcina Branco

gentilmente cedidas pela entrevistada

Não se considera uma

influenciadora mas certo é que

se tornou uma profissional

com relevante importância na

área que abraçou para a vida.

Formada em Consultadoria de

Imagem, a madeirense Marisa

Faria, que com regularidade

colabora na revista Saber Saber

com artigos apreciados por

muitos dos nossos leitores,

explica o que a levou a ir

pelo caminho da Imagem em

termos profissionais e no

qual tem vindo a desenvolver

diversos projetos, quer para

particulares, quer para

empresas e instituições. Os

universos da comunicação

pessoal e empresarial

alteraram-se e os consultores

de imagem têm contribuido

para a revolução cultural e

social que o mundo conhece e

que confirma que a Imagem é

uma poderosa ferramenta de

comunicação.

30 saber outubro 2022

O meu objetivo é

sensibilizar as pessoas

para a importância de

trabalhar a sua imagem

e ajudar a quem quer

chegar mais longe

O que a levou a investir na área da Imagem?

- Esta área sempre foi uma paixão para

mim, desde criança. Ao longo da minha

vida fui me apercebendo que a imagem,

de uma perspectiva geral, era um factor

determinante no tipo de oportunidades e

pessoas que atraimos para a nossa vida.

Tive inclusive um blog em 2013, chamado

“QVestir”, onde dava conselhos e dicas de

imagem. Contudo, só em 2019 tirei o curso

na Blossom - Image Consultant e pouco

depois decidi juntar a minha paixão e as

minhas competências e ajudar outras mulheres

a poderem melhorar as suas vidas,

utilizando esta poderosa ferramenta de comunicação.

O que tem de desafiante, ou de mais desafiante,

esta área [Imagem]?

- O que noto, e é ainda um desafio, é o facto

de uma grande parte das pessoas ainda

encararem isto como uma futilidade. Acho

que, ainda não entenderam o verdadeiro

impacto desta área nas suas vidas, pois

muitas vezes investem em cursos que ficam

guardados na gaveta e não nesta ferramenta

que é responsável por 93% da comunicação.

Esta [Imagem] é uma das áreas do

futuro, por isso, acho que é apenas uma

questão de mudança de mentalidade que


vem com o tempo. Em muitos países desenvolvidos

é uma profissão tão comum

como outra qualquer.

Quem são as pessoas que a procuram e

que ajudas procuram estas?

- Trabalho essencialmente com mulheres,

na sua maioria empresárias (nas faixas

etárias entre os 30 e 50, normalmente casadas

e com filhos) e mulheres que pretendem

iniciar projeto por conta própria.

Tenho um programa de consultoria de imagem

online, onde durante 1 ano, as alunas

aprendem a saber vestir-se, a entender o

seu estilo, a melhorar a sua comunicação

e a saber posicionar-se para atingir os seus

objetivos. Também faço consultoria individual,

presencial ou online. Neste momento,

quem tem interesse em trabalhar a sua

imagem tem de contratar os serviços de um

A pandemia veio,

a meu ver, trazer uma

maior preocupação

para a questão da imagem,

por causa do crescimento

da presença online,

quer através das redes

sociais, mas também do

teletrabalho

consultor de imagem. O que mais ouço é

“uso sempre a mesma coisa, não sei vestir

com outras peças” ou “quero perceber

qual é o meu estilo e o que me fica bem”.

Tenho trabalhado com clientes individuais

maioritariamente, mas também gostaria de

passar a colaborar mais com as empresas,

onde através de workshops possa sensibilizar

e orientar os seus colaboradores nesta

questão, fazendo com que usem esta ferramenta

para criar maior impacto, notoriedade

e reconhecimento da empresa no mercado

e consequentemente gerar melhores

resultados.

Qual é a realidade desta área no sentido

de se perceber se empresas ou instituições

estão conscientes ou sensibilizados

para o poder que a imagem da pessoa/

produto/instituição tem?

- Já existem algumas empresas que já começam

a ter alguma preocupação com os

seus colaboradores. Contudo, é algo que

não é abordado nas escolas e que considero

que deveria ser incluido. Neste momento,

quem tem interesse em trabalhar a sua

imagem tem de contratar os serviços de um

consultor de imagem.

As redes sociais acentuaram o poder da

imagem e de que forma é que este se

tem manifestado?

- As redes sociais neste momento proporcionam

uma facilidade e rapidez muito

grande para se chegar às pessoas e isso

é bom. Mas torna-se fundamental cuidar

da imagem nestas plataformas, pois nunca

deixámos tantas primeiras impressões

como agora. Se a imagem que estiver a ser

apresentada para o usuário estiver a comunicar

bem suscita o interesse para saber

mais, caso contrário, no meio de tanta oferta

e diversidade de informação dificilmente

se consegue destacar.

Considera-se uma influenciadora na sua

área?

- Não me considero uma influenciadora. O

meu objetivo é sensibilizar as pessoas para

a importância de trabalhar a sua imagem e

ajudar a quem quer chegar mais longe.

A pandemia alterou a forma de comunicar

a imagem?

- A pandemia veio, a meu ver, trazer uma

maior preocupação para a questão da imagem,

por causa do crescimento da presença

online, quer através das redes sociais,

mas também do teletrabalho. Conseguimos

chegar, hoje em dia, a um número

muito maior de pessoas, pela facilidade

que temos em adquirir produtos e serviços

online, cursos, fazer reuniões online, etc. A

distância deixou de ser um problema, mas

a exposição é maior. s

Tenho um programa

de consultoria de imagem

online, onde durante 1

ano, as alunas aprendem

a saber vestir-se,

a entender o seu estilo,

a melhorar a sua

comunicação e a saber

posicionar-se para atingir

os seus objetivos

instagram.com/qvestir.marisafaria/

facebook.com/QvestirConsultoriaImagem/

www.q-vestir.com/

info@q-vestir.com

saber outubro 2022

31


DECORAÇÃO

Preparar a casa

para o outono

Overão terminou. É hora de voltar ao trabalho, à escola,

às atividades extracurriculares...Este é também o momento

de organizar a casa para o outono. Se a ideia

é fazer uma renovação do espaço, o melhor mesmo é

começar já, isto porque o frio pode chegar a qualquer momento

e pode surpreender quando se está a meio de uma tarefa. Se

deixou alguma pequena reparação por fazer antes de ir de férias,

como mudar aquela torneira que não fecha ou arranjar aquela

porta ligeiramente arqueada, é altura para o fazer. Ter a casa em

ordem é o primeiro passo para enfrentar a rotina de forma tranquila.

E, ao mesmo tempo que trata da arrumação e limpeza da

casa, aproveite para se livrar de coisas sem utilidade que guarda

há anos. O espaço que fica será útil para guardar coisas que vai

usar quando voltar à rotina, ou até para pôr aquelas roupas de inverno

que ocupam muito mais espaço do que as roupas de verão.

Se já tem um espaço para estudar ou trabalhar em casa, verifique

que está tudo em perfeito estado e pronto a usar: a secretária,

cadeira, prateleiras, iluminação, etc. Mas se até agora estava a

trabalhar remotamente na mesa da sala de estar ou da cozinha,

este pode ser o momento para pensar em fazer um pequeno espaço

de trabalho em casa. Uma boa maneira de voltar à rotina

com um novo espírito é renovar a decoração da casa, mudando a

disposição dos móveis para dar lugar a uma secretária, por exemplo.

Mas é também uma boa ideia mudar a decoração da sala

de estar ou do quarto para que pareçam diferentes. Acrescente

acessórios de outono como uma nova cobertura no sofá ou um

tapete. Começa a ser tempo de deixar à mão as roupas de cama

mais quentes para quando as noites se tornarem mais frias. Ou

aquelas cortinas mais grossas no quarto que dão uma atmosfera

mais quente quando as temperaturas descem. s

Dulcina Branco

www.idealista.pt/news

32 saber outubro 2022


MARCAS ICÓNICAS

Desde 1895, a mestria do

fundador Daniel Swarovski

no corte de cristais definiu

a empresa austríaca. A sua

permanente paixão pela

inovação e pelo design

tornou a Swarovski numa

das principais marcas de

joias e acessórios do mundo.

Atualmente, a família

continua com a tradição de

proporcionar estilo extraordinário todos os dias a

mulheres em todo o mundo. Foi em 1891 que Daniel

Swarovski se propôs-se criar “um diamante para

todos”. Inventou então um aparelho elétrico com

uma precisão de corte inédita, assinalando o início

de uma nova era do cristal. Desde os salões de jazz

norte-americanos às casas parisienses de altacostura,

os vestidos adornados com contas e cristais

da Swarovski refletiam o entusiasmo reluzente da

década de 1920.

A Swarovski abriu a sua primeira boutique na

década de 1980, despertando o fascínio global pela

nova marca de joias e peças decorativas em cristal.

Com o lançamento da decoração de Natal de edição

anual limitada, nasceu uma nova tradição para os

colecionadores de todo o mundo.

Ao longo de mais de 35 anos, a Swarovski

deslumbrou o mundo com peças únicas, como o

anel cocktail Nirvana, a pulseira Slake e os seus

emblemáticos relógios de movimento suíço. Em

2008, o design de interiores mágico “Floresta

de cristal” foi implementado em lojas de todo o

mundo, para acolher os visitantes numa maravilha

arquitetónica em cristal.

O processo criativo da Swarovski é extraordinariamente

prolífico. Centrando-se na curadoria de

tendências, no design e no branding significativo,

cada peça conta uma história e revela mais de 125

anos de perícia artística. A evolução contínua dos

materiais e das técnicas faz da Swarovski a líder

das criações em cristal cortado. Novos cortes,

tonalidades e tamanhos são imaginados e realizados

diariamente na sua sede histórica de Wattens. Além

de incidir sobre o apuramento do cristal, o knowhow

da Swarovski também explora métodos que lhe

permitem criar peças extraordinárias. A aplicação

de contas, pavé, bisel e a configuração dos pinos são

algumas das técnicas utilizadas para maximizar o

brilho e criar peças primorosamente requintadas.

Os contextos de cristal da Swarovski ganham vida

através de técnicas patenteadas como a Pointiage®,

que confere uma qualidade de precisão máxima ao

trabalho feito à mão. s

Maria Camacho

mundodasmarcas.com e wikipédia

saber outubro 2022

33


DICAS DE MODA

Lúcia Sousa

WWW.luciasousa.com

luciasousainfo@gmail.com

FACEBOOK › LUCIA SOUSA-Fashion Designer estilista

Francisca Viveiros - HMP Fashion Agency

Cabelo › Hulli Baxtter

Pedro Faria

Evento › Madeira Flower Collection

Pintado à mão

Nesta rubrica, apresento-vos um lindo

vestido desenhado para a coleção

apresentada na Festa da Flor. Os motivos

florais pintados à mão são o destaque

principal. O vestido foi desenhado com

inspiração na planta endémica, ‘Massaroco’,

que está representada no painel de tecido fluido

sobre a saia, sendo que, por cima do tecido

lilás está pintado a flor do Massaroco. O vestido

na parte de cima é trespassado com pregas e

mangas pequenas estilo kimono.

Um lindo vestido original e elegante! Faça a sua

encomenda!. s

34 saber outubro 2022


saber outubro 2022

35


MAKEOVER

Mary Correia de Carfora

Maquilhadora Profissional › Facebook Carfora Mary Makeup

Um dia com...

A noiva romantica

^

Cabelos longos, elaborados com um

toque de elegância e inocência...

A maquilhagem suave complementa

a vestimenta e os acessórios

conjugam com a imagem na perfeição.

Para este que deve ser o seu dia memorável,

a noiva tem de sentir-se confortável em

todos os pormenores.

Um dia memorável que, sem dúvida, expõe a

personalidade ao máximo e o sonho do casamento

romântico da noiva.

By Mary Carfora! Espero que gostem tanto

como eu gosto!. s

Mary de Carfora

36 saber outubro 2022


Produção/Fotos Mary Carfora

Agradecimento/Imagem Noiva Alexandra Sabino

saber outubro 2022

37


FASHION ADVISOR

JORGE LUZ

www.facebook.com/jorgeluz83/

Tendência meia-estação outono:

vestidos e sandálias

O

lá, Amigas!. O verão está a terminar

mas o calor ainda aí está, e

com a moda a acompanhar em

novas tendências e reinvenções.

Os vestidos boho chic combinam com sandálias

cheias de estilo que dão glamour a

qualquer ocasião. A meia-estação de outono

2022 vem com cores intensas e tecidos

esvoaçantes, costas e ombros destapados

que finalizam com versáteis e confortáveis

sandálias, exaltando a sensualidade da mulher

de qualquer idade e personalidade.

Uma regra que nunca passa de moda: a

mulher faz a sua própria moda. As senhoras

vestem de acordo com o seu gosto pessoal,

corpo e personalidade. Os vestidos e

sandálias combinam com colares e pulseiras

que acentuam o toque moderno e de

bom gosto que define a personalidade da

mulher. Acompanhe-me em Jorge Luz-Blogger

de Moda, onde poderá encontrar estas

e outras sugestões. Divirtam-se e sejam

felizes!. s

Jorge Luz Jorge Luz Matilde Vasconcelos

38 saber outubro 2022


saber outubro 2022

39


MOTORES

Rota do Vinho

da Madeira em

Todo Terreno

Nélio Olim

Mateus Santos

Uma região, enquanto espaço físico,

é o produto de um ato jurídico de

delimitação. No caso da Madeira,

a identidade regional é feita não

só do espaço, mas, também, do tempo e

da História. A própria paisagem é, também

ela, um produto histórico de determinações

sociais. Neste contexto, o enoturismo representa

um excelente veículo para quem quiser

descobrir a Madeira através do vinho e

conhecer todos os seus aspetos culturais e

turísticos.

Foi precisamente este o principal objetivo

pelo qual a Associação da Madeira de Todo

Terreno Turístico promoveu, em parceria

com a Associação de Motociclismo da Madeira

e o Motor Clube da Madeira, a edição

de 2022 da Rota do Vinho da Madeira, um

instrumento privilegiado de organização e

divulgação do enoturismo, de promoção do

Vinho Madeira e dos vinhos tranquilos da

Madeira e do Porto Santo, iniciativa apoiada

pela Secretaria Regional de Agricultura e

Desenvolvimento Rural e pelo Instituto do

Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira.

Ao descobrir-se o vinho no seu meio natural,

compreende-se que este não é uma bebida

qualquer, mas sim um produto tradicional,

cheio de história. A Madeira é, todo ela, uma

mancha vitícola pelo que o enoturismo representa

um veículo para que as pessoas

que visitam uma região possam descobrir,

através do vinho, todos os aspetos culturais

da mesma.

Com esta iniciativa, pretendeu-se contribuir

para a preservação da autenticidade da região

através da divulgação do seu artesanato,

do património paisagístico, arquitetónico

e museológico e da gastronomia, contribuindo

para a divulgação dos nossos produtos e

das marcas associadas ao Vinho da Madeira,

cuidando de toda a história associada às

marcas e aos produtos.

Deram-se assim a conhecer alguns dos vinhos

tranquilos da Madeira, numa degustação

promovida pelo IVBAM, que, a par das

pitorescas paisagens naturais percorridas,

deram a conhecer uma Madeira desconhecida

de muitos. E, apesar da chuva que se

fez sentir no passado fim de semana, todos

os participantes do evento ficaram satisfeitos,

quer pelo almoço tradicional à base de

espetada, quer pelos aromas e sabores dos

nossos vinhos, num evento que terminou

com um Madeira de Honra. s

40 saber outubro 2022


saber outubro 2022

41


agenda cultural

Agenda

Cultural

da Madeira –

outubro 2022

SECRETARIA REGIONAL De TURISMO E CULTURA

EXPOSIÇÕES

“HARMONIUM”

ATÉ 18 OUTUBRO

No Museu de Arte Sacra do Funchal (MASF)

Desenho, Pintura e Música em relação

De Eduardo Freitas

Inspirada no livro/inventário, “Cem Anos de

Música Sacra na Madeira”, de Arnaldo Rufino

da Silva, que contou com a interpretação

de Eduardo de Freitas na ilustração dos

principais temas da liturgia e da devoção,

então recolhidos, esta mostra dá a conhecer

o trabalho recente do Museu ao nível da

inventariação de um instrumento musical

em esquecimento na Diocese do Funchal,

o harmónio, ao mesmo tempo que propõe

uma nova leitura do trabalho de Eduardo de

Freitas no quadro da relação com o universo

do sagrado e do religioso.

“Tetrápoda – origem e evolução”

Até 29 outubro

No Museu de História Natural do Funchal

De Ricardo Barbeito

Em “Tetrapoda: Origem e Evolução”, Ricardo

Barbeito propõe através de um ensaio visual

em contexto site-specific, um exercício de

reflexão crítica, especulativa que tem como

ponto de partida a aluvião de 20 de fevereiro

de 2010.

42 saber outubro 2022

Facebook Festival de Orgão da Madeira 2019

“Museu de Arte Contemporânea:

a fundação”

ATÉ 31 OUTUBRO

No Museu Quinta das Cruzes

Projeto com organização conjunta do MU-

DAS. Museu de Arte Contemporânea da Madeira

e do Museu da Quinta das Cruzes.

Esta mostra marca o arranque das comemorações

do trigésimo aniversário da fundação

do Museu de Arte Contemporânea da Madeira

e evoca o espírito que norteou as exposições

de arte moderna realizadas no Museu

da Quinta das Cruzes durante a década

de 60 do século XX. Nesta mostra é apresentada

uma seleção de obras de arte parte do

Núcleo de Arte Contemporânea resultante

das aquisições e prémios decorrentes da I e

II Exposição de Arte Moderna e do Prémio

Cidade do Funchal (1966-1967).

“NO FEMININO: navetas, agulhas e

afins”

Até 12 novembro

Na Sala de exposições temporárias do Museu

Etnográfico da Madeira

No passado, a prática do enxoval era essencial

para a realização do casamento e

constituía um dos principais “objetivos de

vida”, de muitas raparigas. Estes preparativos

começavam com muita antecedência,

na adolescência, ou após a entrada na fase

do noivado.

Em tempos recuados, as peças que faziam

parte do enxoval da noiva eram especiais.

Decoradas com bordado Madeira e rendas,

como as que estão expostas nesta exposição,

constituíam um bem inestimável que,

hoje enriquecem o nosso património cultural.

Algumas eram usadas apenas no dia do

casamento e em ocasiões importantes, pelo

que se mantinham, em bom estado de conservação,

passando de geração em geração,

possuindo um grande valor afetivo e simbólico.

“Luís da Conceição Teixeira: uma

obra em suspenso”

Até 26 NOVEMBRO

Na Casa da Cultura de Santa Cruz - Quinta

do Revoredo

Trata-se de uma exposição evocativa e documental

sobre a obra do arquiteto do Movimento

Moderno, Luís da Conceição Teixeira,

nascido em 1913 e falecido em 1984.

A exposição centra-se no seu trabalho desenvolvido

para o Concelho de Santa Cruz,

entre projetos públicos, privados e planos

de urbanização, alguns levados à execução

e outros que não passaram do papel. Dos

trabalhos executados destacamos a ampliação

dos Paços do Concelho de Santa Cruz,

classificado como Monumento Nacional,

o Mercado Municipal de Santa Cruz, as Casas

de Função do Tribunal Judicial de Santa

Cruz, etc.


“Memória Postal do Funchal: O Palácio

de São Lourenço, a Avenida do

Mar, e os Vapores”

Até 26 de novembro

No Palácio de São Lourenço

Exposição de postais ilustrados da coleção

do Eng.º José Manuel Melim Mendes.

“Comércio e indústrias tradicionais

na Ribeira Brava - O legado comercial

de Francisco António dos Reis”

Até 3 dezembro

No Átrio do Museu Etnográfico da Madeira

Com o objetivo de proporcionar uma maior

rotatividade das coleções, o Museu Etnográfico

da Madeira dá continuidade ao projeto

denominado “Acesso às Coleções em Reserva”,

sendo apresentada, semestralmente

uma nova temática. Neste semestre, damos

a conhecer o legado comercial de Francisco

António dos Reis, um comerciante natural da

Ribeira Brava que, durante o século XX destacou-se

em várias áreas de negócio, tornando-

-se uma figura ilustre deste concelho. O seu

espírito inovador e empreendedor, tornou-o

pioneiro, com a criação da primeira fábrica de

telhas, em 1936 e mais tarde, uma fábrica de

refrigerantes, negócios que serviram de âncora

para o seu primeiro grande investimento,

o edifício Miramar, em 1944. Em 1959, ergue

o seu segundo grande espaço comercial,

a Casa Reis, um bazar de grandes dimensões,

com várias lojas, onde instalou um moderno

sistema de pagamento denominado, popularmente,

por: carrinhos voadores e que se

tornou a grande atração deste bazar.

“Campos de rodólitos no arquipélago

da Madeira – um habitat em descoberta”

Até 31 dezembro

No Museu de História Natural do Funchal

Esta mostra pretende dar a conhecer o trabalho

desenvolvido pela AMACO – Associação

Madeirense para a Conservação Marinha,

no âmbito do projeto M3C (Madeira

Maërl Mapping & Conservation), no sentido

não só de dar a conhecer como também de

sensibilizar o público para a importância dos

campos de rodólitos. Algas que parecem pedras…

Os rodólitos (do grego «pedras vermelhas»)

são algas coralinas ramificadas que

vivem soltas sobre fundos de rocha ou areia,

formando extensos habitats («campos»). Estes

campos de rodólitos são habitats muito

importantes do ponto de vista ecológico,

pela biodiversidade que albergam, e constituem

um dos maiores depósitos marinhos

de carbono de origem biológica, desempenhando

um papel fundamental no ciclo de

carbono dos oceanos.

“À descoberta dos ROVs”

Até 31 dezembro

No Museu de História Natural do Funchal

Exposição organizada pelo Observatório

Oceânico da Madeira dá a conhecer os ROVs

(do inglês, Remotely Operated Vehicles) e faz

parte do projeto “ROV4ALL – Construção de

robôs submarinos em contexto escolar”, um

projeto de literacia do oceano desenvolvido,

durante os últimos dois anos letivos, em escolas

dos Açores, Algarve, Lisboa e Madeira.

O projeto consistiu na criação de kits educativos

que foram fornecidos a grupos escolares

que com eles construíram os seus próprios

ROVs. Nesta exposição, para além de roll-ups

com conteúdos informativos sobre estes veículos,

também estarão expostos ROVs construídos

por alunos de escolas da Madeira.

“Matéria e Espírito”

Até 31 janeiro 2023

Na Quinta Magnólia - Centro Cultural

Da autoria de Sarah Frances Dias

Com a curadoria de Ana Teresa Klut

Esta exposição é constituída por 30 desenhos

em formato A4 e A3 a grafite sobre papel

francês, telas de grandes e pequenas dimensões

todas executadas a óleo sobre tela.

Nesta exposição, a artista pretende que cada

obra recrie um momento em que o espírito

tivesse mais presente, em que este se sobrepôs

à matéria de alguma forma. Momentos

fugazes, fragmentos retirados no tempo ou

roubados de sonhos, instantes irrepetíveis

que de algum modo, captassem estas pontes

com a vida, com a essência indizível que sustenta

a matéria. Falar de matéria e espírito,

é falar sobre as duas forças que compõem e

movem o universo; matéria, o corpo (a densidade

do sangue) e espírito a energia e o fator

animador (a força da vida, ou a alma, dependendo

da palavra que preferirmos).

“TRAVESSIA”

Até 31 janeiro 2023

Na Quinta Magnólia - Centro Cultural

Da autoria de Guilherme Parente

A mostra reúne um conjunto de trabalhos

de pintura de diferentes fases do artista,

conjunto de obras elaboradas em técnica

mista sobre tela, técnica mista sobre madeira,

pastel e aguarelas.

OUTROS EVENTOS

MARIOFA - Festival de Marionetas e

Outras Formas Animadas

De 6 a 8 outubro

No Teatro Municipal Baltazar Dias

O Festival MARIOFA regressa ao Teatro Municipal

Baltazar Dias e às ruas do Funchal, numa

quarta edição que aposta fortemente no potencial

turístico-cultural do seu cartaz. A programação

do MARIOFA oferece um conjunto

de cerca de duas dezenas de performances

de teatro de marionetas, desde o teatro de

sombras, teatro de formas animadas, teatro

de marionetas tradicional a espetáculos de

teatro de marionetas contemporâneo, procura

uma vez mais provocar o deslumbramento,

as gargalhadas e por outro lado também

a introspeção através da arte da marioneta

junto dos vários públicos (infantil, famílias,

adulto e visitantes), contribuindo assim para

o enriquecimento e inovação da oferta turístico-cultural

para residentes e visitantes.

7.ª EDIÇÃO DO FESTIVAL INTERNACIONAL

DE BANDOLINS DA MADEIRA

De 14 a 16 outubro

No Teatro Municipal Baltazar Dias

Já na sua sétima edição, o Festival Internacional

de Bandolins da Madeira, proporciona

um encontro único do público com as

mais variadas linguagens que o bandolim

internacionalmente apresenta, num evento

que já se tornou uma referência como um

dos maiores no mundo no género. Estão

programados concertos a cargo de orquestras

e tunas madeirenses com projetos de

artistas de renome mundial numa única

celebração ao bandolim, para além de dois

concertos a cargo dos professores António

Vieira, Rui Gama e Norberto Cruz.

XI FESTIVAL DE ÓRGÃO DA MADEIRA

14 a 23 de outubro

14 de outubro | 21h30

Funchal, Igreja de S. J. Evangelista (Colégio)

15 de outubro | 21h30

Funchal, Sé

16 de outubro | 11h00

Funchal, Sé

16 de outubro | 18h00

Ponta do Sol, Igreja de N. Senhora da Luz

17 de outubro | 21h30

Funchal, Igreja do Recolhimento do Bom Jesus

18 de outubro | 21h30

Funchal, Igreja de S. J. Evangelista (Colégio)

19 de outubro | 21h30

Funchal, Igreja de São Pedro

20 de outubro | 21h30

Funchal, Igreja de S. J. Evangelista (Colégio)

21 de outubro | 21h30

Funchal, Igreja de São Martinho

22 de outubro | 21h30

Machico, Igreja de N. Senhora da Conceição

23 de outubro | 18h00

Funchal, Igreja do Convento de S. Clara s

saber outubro 2022

43


Instantâneo

os parcómetros

pintados...

Surgiram em 2015, no âmbito do projeto Urban

Impact, promovido pela empresa municipal Frente

MarFunchal, então administrada por Carlos Jardim,

os parcómetros da cidade do Funchal pintados por

artistas plásticos. Existiam na cidade 116 parcómetros ao

dispor de 116 artistas, sendo que, foram pintados seis em

diferentes pontos da cidade por Pedro Silva, Fátima Spínola,

Olga Drak (Polónia), Carina Mendonça, Dina Cró e

Marcos Milewski (Argentina). A iniciativa surgiu da necessidade

de renovar a imagem dos parcómetros, “máquina

que impõe às pessoas uma reação geralmente negativa.

Não gostamos nada daquelas máquinas, mas elas têm

de existir”, explicou então o mentor do projeto. Pintado

ou não, e no meu último estacionamento, tive de meter a

moeda na máquina e pagar o estacionamento que a arte

é bela mas também se paga. O parcómetro da imagem

foi pintado por Marcos Milewski e encontra-se na rua do

Aljube, junto à Sé do Funchal. s

Dulcina branco

Dulcina branco

44 saber outubro 2022


SOCIAL

Festa do Vinho Madeira

no Funchal e no Estreito

de Câmara de Lobos

› Rali Vinho Madeira 2022 assinalou a 63.ª edição

› ‘Mail Art 4 Seniors’ no Centro de São José de Câmara de Lobos

› Funchal recebeu a cimeira intergovernamental Madeira/Açores

› Conferência ‘Ilhas Selvagens – Área Marinha Protegida...’ no Funchal

› Festival de Cocktails Vinho da Madeira na Festa do Vinho

› Alunos do ISAL celebraram Queima das Fitas na Igreja do Monte

saber outubro 2022

45


social

Festa do Vinho 2022

Decorreu entre os dias 25 de agosto a 11 de setembro a Festa

do Vinho, um dos grandes cartazes turísticos do destino Madeira

que presta tributo ao precioso néctar e à sua incontestável importância

socioeconómica. Por altura das vindimas, que acontece

em finais de agosto e inícios de setembro, este evento procura

recriar velhos hábitos da população madeirense associados aos

seculares preceitos das lides vitícolas. Os festejos iniciaram-se

no Funchal, com exposições, quadros vivos alusivos ao vinho e

às suas lides, e espetáculos diversos de música ligeira, tradicional

e filarmónica, onde se incluiu também a Semana Europeia

de Folclore, organizada pelo Grupo de Folclore e Etnográfico da

Boa Nova. A encerrar esta “festa”, realizaram-se as tradicionais

vindimas no Estreito de Câmara de Lobos e o respetivo cortejo

alegórico com a participação de diversos grupos etnográficos. s

DB

O.L.C. (Cicero Castro)

46 saber outubro 2022


Rali Vinho Madeira 2022

Depois de dois anos de pandemia, marcados pelas restrições,

máscaras e distanciamentos, a 63ª edição do Rali Vinho Madeira

teve tudo para ser uma grande festa. E foi quase até ao último

momento, quando se deu o acidente mortal na descida da Encumeada.

Num Rali de algumas reviravoltas, Alexandre Camacho

venceu a prova rainha do automobilismo madeirense pela quinta

vez, tornando-se no recordista absoluto de triunfos na prova.

O público voltou a se deslocar em massa para acompanhar o rali

nos habituais pontos de passagem e com muitas homenagens

ao piloto Pedro Paixão, recentemente falecido vítima de acidente

rodoviário. Nas últimas duas provas especiais de classificação, os

lugares do topo mantiveram-se inalterados, apesar do ‘forcing’

final de Miguel Nunes, que também chegara a estar a mais de

20 segundos de Alexandre Camacho, mas que, mesmo assim,

fechou o rali com uma desvantagem de apenas 11,5 segundos.

No último lugar do pódio ficou José Pedro Fontes mas, mesmo

assim, saiu da Madeira a comandar o Campeonato de Portugal

de Ralis. Armindo Araújo ficou em quarto lugar, seguido de Bernardo

Sousa. Miguel Correia (6.º), Ricardo Teodósio (7.º), Simone

Campedelli (8.º), Paulo Meireles (9.º) e Paulo Neto (10.º) completaram

os 10 primeiros lugares. s

DB

Nelson Martins e D.R. (direitos reservados)

PUB

ARRENDA-SE

Espaço de armazém - Áreas de 350 m 2 a 1000 m 2 - Bons acessos - ZONA InDUSTRIAL

CONTACTO MAIL comercial@oliberal.pt - Telf. 291 911 300 / 914 567 555

saber outubro 2022

47


social

Exposição “Mail Art 4 Seniors”

Na data em que se celebrou o Dia Internacional da Literacia (8

de setembro), decorreu na Biblioteca Municipal de Câmara de

Lobos a inauguração da exposição coletiva internacional “Mail

Art 4 Seniors” e a entrega dos certificados da formação realizada

no âmbito da “Week of Learning, Teaching and Training

Activities - Madeira’22” que decorreu na Casa de São José, em

Câmara de Lobos. Esta é uma iniciativa com a coordenação regional

da ACSS Raquel Lombardi realizada em parceria com a

Casa de São José, estando integrada no projeto europeu “Mail

Art 4 Seniors”, co-financiado pelo programa Erasmus+. Além

dos artistas e das utentes seniores da Casa de São José, marcaram

presença nesta ocasião, várias personalidades, nomeadamente:

Micaela Freitas, Presidente do Instituto de Segurança

Social da Madeira; várias representantes da Câmara Municipal

de Câmara de Lobos; Raquel Lombardi, Presidente e Fundadora

da ACSS Raquel Lombardi; Adílio Câmara, Diretor da Casa de

São José; e Diogo Goes, Formador do Projeto. s

DB Designer Liliana Andrade,

Cortesia do ISSM - Instituto de Segurança Social da Madeira e Raquel Lombardi

48 saber outubro 2022


Cimeira Madeira-Açores

A Casa das Mudas, no concelho da Calheta, recebeu a primeira

reunião da Cimeira Madeira-Açores, evento que juntou os

vários membros dos governos insulares. Foram debatidas

várias matérias de interesse às duas Regiões, no sentido de

estreitar a já existente colaboração e unir esforços na prossecução

de interesses comuns. Ainda no local, os líderes das Regiões

Autónomas visitaram uma das exposições patentes no

Museu de Arte Contemporânea. O evento contemplou ainda

uma visita à nova Lota do Funchal. s

DB

Governo Regional da Madeira (Facebook)

Conferência “Ilhas Selvagens...”

O Funchal foi palco da conferência internacional “Ilhas Selvagens

- Área Marinha Protegida: Um catalisador para a Economia

Azul Sustentável nacional”, que trouxe à Madeira diversas

personalidades nacionas e internacionais, a exemplo do Embaixador

Peter Thomson, enviado especial do Secretário-geral

da ONU para os oceanos e que foi homenageado neste evento.

Marcaram ainda presença a Ministra da Defesa Nacional e o Secretário

de Estado do Mar. Com o apoio da Marinha Portuguesa,

as entidades e oradores deslocaram-se às Ilhas Selvagens e

visitaram alguns locais das ilhas portuguesas. s

DB

Governo Regional da Madeira (Facebook)

saber outubro 2022

49


social

Festival de Cocktails

Vinho da Madeira

No âmbito da Festa do Vinho, realizou-se o habitual Festival de

Cocktails Vinho da Madeira que contou com a presença de vários

Barmen e muito público, especialmente turistas. O objetivo foi

promover os produtos regionais nos cocktails que serão ser promovidos

em futuras cartas de bares, explicou uma nota informativa

da Asssociação de Barmen da Madeira, presidida por Alberto

Silva. Este festival, que contou com o apoio do Turismo da Madeira,

teve como primeiro vencedor Eusébio Silva (Nos Copos Cocktail

Bar), seguido de Márcio Rodrigues (Casa Madeirense) e Maria José

(Hotel Savoy). Com Melhor Decoração, Carlos Franca (Hotel Vila

Porto Mar) e Melhor Técnica Diogo Ferraz (Hotel Porto Mar). s

DB

Júlio Silva Castro

50 saber outubro 2022


“Queima das Fitas”

Finalistas ISAL

PUB

Os alunos finalistas do ano letivo

2021/2022 do ISAL realizaram a tradicional

cerimónia da Queima das Fitas,

cerimónia esta que se realizou na Igreja

Paroquial do Monte e contou com a

presença de distintas personalidades e

representantes institucionais. Além da

comunidade académica e da Vice-Diretora

Geral do ISAL, Sancha de Campanella,

marcaram presença na cerimónia

Secretário o Regional da Educação, Jorge

Carvalho, a Vice-Presidente da Câmara

Municipal do Funchal, Cristina Pedra, e

ainda os Diretores Regionais de Educação,

de Juventude e de Turismo, Marco

Gomes, João Rodrigues, Dorita Mendonça,

respetivamente, entre outras individualidades.

s

DB

cortesia ISAL

saber outubro 2022

51


À MESA COM...

As sugestões de

FERNANDO OLIM

C

om o fim do verão e o início do outono, a mesa

também se adapta à época. As cores, muito dentro

dos verdes secos, laranjas e castanhos, as texturas,

mais secas e menos delicadas, tal como as folhas

das árvores que caem e ‘pintam’ as ruas com a tonalidade

típica da época. Aposte nos tons da estação. Funciona na

paisagem e funciona também à mesa. s

PRODUÇÃO FERNANDO OLIM

DULCINA BRANCO

FERNANDO OLIM

internet

52 saber outubro 2022


entrada

Presunto ibérico ou

presunto de pata negra

O presunto ibérico ou presunto de pata negra é um

tipo de presunto curado produzido principalmente

em Portugal ou em Espanha, baseado no porco preto

ibérico ou porco de raça alentejana. Presunto de

qualidade superior, o ‘pata negra’ serve como entrada e

acompanha, neste caso, com tomate cherry, uvas, fatia

melão e queijos diversos.

prato

principal

Atum de cebolada

Posta de atum grelhado, ou frito, acompanha com

a tradicional cebolada, pimentão vermelho e verde

e azeitonas verdes. Acompanhe com legumes

cozidos a gosto.

sobremesa

Tarte de Limão

com doce de framboesa

Fatia de tarte de limão sobreposta em lascas de massa

folhada com doce de ovos. Complemente e decore a

gosto com framboesa caramelizada e doce de framboesa,

acúcar em pó e lasca de chocolate negro e branco.

saber outubro 2022

53


ESTATUTO EDITORIAL

Estatuto Editorial

A Revista Saber Madeira é uma revista mensal

de informação geral que dá, através do texto

e da imagem, uma ampla cobertura dos mais

importantes e significativos acontecimentos

regionais, em todos os domínios de interesse,

não esquecendo temáticas que, embora saindo

do âmbito regional, sejam de interesse geral,

nomeadamente para os conterrâneos espalhados

pelo mundo.

É um projeto jornalístico e dirige-se essencialmente

aos quadros médios e de topo, gestores,

empresários, professores, estudantes, técnicos

superiores, profissionais liberais, comerciantes,

industriais, recursos humanos e marketing.

Identifica-se com os valores da autonomia, da

democracia pluralista e solidária, defendendo

o pluralismo de opinião, sem prejuízo de poder

assumir as suas próprias posições.

Mais do que a mera descrição dos factos, tenta

descortinar as razões por detrás dos acontecimentos,

antecipando tendências, oportunidades

informativas.

Pauta-se pelo princípio de que os factos e

as opiniões devem ser claramente separadas:

os primeiros são intocáveis e as segundas são

livres.

Como iniciativa privada, tem como objetivo o

lucro, pois só assim assegura a sua independência

editorial e económico-financeira face aos

grupos de pressão.

Através dos seus acionistas, direção, jornalistas

e fotógrafos, rege-se, no exercício da sua

atividade, pelo cumprimento rigoroso das normas

éticas e deontológicas do jornalismo.

A Revista Saber Madeira respeita os princípios

deontológicos da imprensa e a ética profissional,

de modo a não poder prosseguir apenas fins

comerciais, nem abusar da boa fé dos leitores,

encobrindo ou deturpando a informação.

www.sabermadeira.pt

Revista Saber Madeira

saber.fiesta.madeira

sabermadeira@yahoo.com

291 911 300

Propriedade:

O.L.C. Unipessoal Lda.

Sociedade por Quotas; Capital Social:

€500.000,00 Contribuinte: 509865720

Matriculado na Conservatória Registo

Comercial de Lisboa

Sede: Parque Empresarial Zona Oeste - PEZO,

Lote 7, 9304-006 Câmara de Lobos

Sócio-gerente com mais de 10% do capital:

Helena Sofia Sousa Aguiar de Mello Carvalho

Sede do Editor

Edgar R. de Aguiar

Parque Empresarial Zona Oeste - PEZO,

Lote 7, 9304-006 Câmara de Lobos

Director

Edgar Rodrigues de Aguiar

Redação

Dulcina Branco Miguens

Secretária de Redação

Maria Camacho

2022 CUPÃO DE ASSINATURA

Nova Assinatura Renovação Assinatura

Nome

Empresa

Morada

Código Postal

Comunicações, Limitada

UMA EMPRESA GRÁFICA REGIONAL,

COM VOCAÇAO INTERNACIONAL.

ESTAMOS PRESENTES NO MERCADO HÁ MAIS DE 25 ANOS.

Parque Empresarial Zona Oeste, lote 7 › 9304-006 Câmara de Lobos

291 911 300

comercial@oliberal.pt

Localidade

Concelho Contribuinte Nº

Data de nascimento

Telem.

Fax

Telefone

E-mail

Assinatura Data / /

OS NOSSOS SERVIÇOS:

execução de todos os tipos de material administrativo

» cartão comercial » papel timbrado » envelope » calendário (parede - mesa) » risca-rabisca » factura » recibo » guia...

... material informativo e promocional

» postal » convite » flyer » díptico » tríptico » desdobráveis » jornais » revistas...

editamos livros

Não fique na sombra, publique as suas obras [mediante acordo e condições entre a editora e o autor]

serviço de plotter

Comunicação social

São várias empresas que têm, ao longo dos anos, anunciando na nossa comunicação social [física e online]

e através de mupis no Porto Santo, mostrando satisfação com o resultado.

Torne a sua empresa mais visível, convidamos-lo a divulgar a sua marca nas revistas Saber

e Fiesta!; e no semanário Tribuna da Madeira. O nosso contéudo é exclusivo e de qualidade.

Anos

SIM, quero assinar e escolho as seguintes modalidades:

Cheque

à ordem de ‘’O Liberal Comunicações, Lda’’

Pago por transferência Bancária/Multibanco

MPG NIB nº 0036.0130.99100037568.29

“O Liberal”

Parque Emp.da Zona Oeste, Lote 7, Socorridos,

9304-006 Câmara de Lobos • Madeira / Portugal

291 911 300

sabermadeira@yahoo.com

assinaturas@tribunadamadeira.pt

www.sabermadeira.pt

Revista Saber Madeira

saber.fiesta.madeira

ASSINATURA

Ligue já!

EXPRESSO 291 911 300

PREÇOS ESPECIAIS!

TABELA DE ASSINATURA - 1 ANO

MADEIRA € 24,00

EUROPA € 48,00

RESTO DO MUNDO € 111,00

Os valores indicados incluem os portes do correio e I.V.A. à taxa em vigor

PUB

Colunistas

António Barroso Cruz,

Rosa Mendonça, Alison Jesus, Marisa Faria,

Diogo Goes, Francisco Gomes,

Nélio Olim, Mary de Carfora, Lúcia Sousa, Jorge Luz

Depart. Imagem

O Liberal, Lda.

Design Gráfico

O Liberal, Lda.

Departamento Comercial

O Liberal, Lda.

Serviço de Assinaturas

O Liberal, Lda.

Administração, Redação,

Secretariado, Publicidade,

Composição e Impressão

Ed. “O Liberal”, Parque Empresarial

Zona Oeste, Lote 7,

9304-006 Câmara de Lobos

Madeira / Portugal

Telefones: 291 911 300

Fax: 291 911 309

Email: preimpressao@oliberal.pt

Depósito Legal nº 109138/97

Registo de Marca Nacional nº 376915

ISSN 0873-7290

Registado no Instituto da Comunicação

Social com o nº 120732

Membro da Associação da Imprensa

Não Diária - Sócio P-881

Tiragem

7.000 exemplares

[Escrita de acordo com

Novo Acordo Ortográfico]

54 saber outubro 2022


PUB


PUB

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!