08.12.2022 Views

RevistaAutismo009

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Presume-se que a reação ao diagnóstico do TEA é proporcional

à gravidade dos sintomas. Mas a sensação

de confusão, negação, culpa e insegurança diante da

necessidade de tomada de decisões depende, sim, da

rede de suporte envolvendo os pais. Mesmo referindo

apoio de familiares e de amigos, é frequente que responsáveis

recebam críticas pelo estilo parental. Há uma

cobrança implícita para indivíduos atípicos apresentarem

sempre postura convencionada como típica. Isso gera

julgamentos incabíveis e sensação de fracasso nos que

educam. Muitas vezes, há afastamento dos parentes

e isolamento de atividades sociais. Esse retraimento,

minoritariamente, é um desejo parental. A resposta

esperada, e mais saudável, seria a aceitação e a sensação

de pertencimento ao grupo. Porém, a sociedade

condiciona, seja por desconhecimento, seja por escassez

de mecanismo de acessibilidade em locais públicos, o

exílio. Interessante notar que, apesar de os pais relatarem

perder amigos, especialmente as mães estabelecem

novos ciclos de amizades – nos quais compartilham

experiências de ter um filho com TEA.

Os complexos desafios de cuidar cobram pedágio à saúde

dos pais. O desassossego tem início com a percepção de

“algo-diferente” no desenvolvimento do filho; peregrinando

por diversos profissionais; com recorrência da

resposta sobre “preocupação de pais” e associação dos

comportamentos rígidos e estereotipados à “dificuldade

em colocar limites”. O receio é negligenciar a janela de

oportunidades para a melhora dos filhos. Impossibilidade

de descansar; associada ao comprometimento da

qualidade de sono; dietas em decorrência de transtornos

alimentares nos filhos; necessidade de vigilância e

cuidados constantes; “efeito shopping” (impacto social

dos comportamentos inadequados e birras em locais

públicos); alta taxa de separação conjugal; desejo de

atenção aos outros filhos; recorrência de TEA na prole

ou em genitores, levam à exaustão.

Adicionalmente, com gastos até nove vezes maiores,

mães e pais de crianças com TEA têm renda,

respectivamente, 35% e 21%

menor quando comparados a

outros provedores. Cumprir

a carga horária do emprego é

um desafio, seja pelas intercorrências

comportamentais e/ou

pela demanda de intervenções.

A incerteza de acesso aos serviços

de atendimento (públicos e

privados) perpetua o sofrimento.

Além disso, múltipla jornada de

trabalho e restrição no orçamento

familiar triplicam a ocorrência

de transtornos psiquiátricos e clínicos

nesses cuidadores.

Infelizmente, os cursos superiores

nas áreas da saúde e

educação não abordam adequadamente

alterações no neurodesenvolvimento.

Desse modo, a

reformulação na grade curricular

e campanhas de conscientização

são vitais para reduzir o

intervalo entre a percepção dos

REVISTA AUTISMO 11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!