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RevistaAutismo009

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APRAXIA

DA

FALA

Ilustração: Camila Alli Chair

Matraquinha

Wagner Yamuto

é pai do Gabriel (que tem autismo)

e da Thata, casado com a Grazy

Yamuto, fundador do Adoção Brasil,

criador do app Matraquinha,

autor e um grande sonhador.

matraquinhaoficial

@matraquinhaoficial

matraquinha

matraquinha.com.br

Aposentei meu despertador!

Desde a chegada do Gabriel, minha esposa e

eu não precisamos mais de despertador. Faça

chuva ou faça sol, em domingos e feriados

despertamos entre 6h e 6h30.

Normalmente sou acordado com alguém puxando

minha cabeça do travesseiro, e quando

me dou conta, já estou sentado na cama. No

começo era difícil, mas com o passar do tempo

acabei entendendo que este era o “Bom dia”

do nosso filho, já que ele tem muita dificuldade em

pronunciar palavras por causa da apraxia da fala.

Recentemente acordei com alguém dizendo:

— Bom di

— disse, assim

mesmo, sem o “a”.

— Bom di —

respondi.

E quando abri os

olhos, era o Gabriel que

aos onze anos de idade,

conseguiu desejar bom dia com palavras.

A emoção que senti foi indescritível, minha

esposa vibrou e ele, sem entender nada do que

estava acontecendo, puxou minha cabeça do

travesseiro como faz todos os dias.

Mas acordar cedo tem seu lado bom, o dia

rende mais, o clima da manhã é mais agradável

e além disso é um bom horário para ir

ao parque.

Certo dia, o Gabriel nos acordou no horário

de sempre, abrimos a janela e o céu

de brigadeiro estava lá, implorando

para ser curtido e apreciado em um

belo parque.

Levamos as bicicletas e notamos que

os pneus estavam murchos, mas para

sorte nossa, dentro do parque havia

uma daquelas tendas que fazem reparos

simples nas bikes, como encher os

pneus, regular os freios e, de quebra,

comprar aquela buzina que as crianças

adoram.

O senhor que nos atendeu foi super gentil

e cobrou apenas o café. O Gabriel olhou para

aquele senhor que salvou o nosso passeio

e que tinha aquela famosa “barriguinha

de chopp” e não fez por menos, também

resolveu agradecê-lo.

Deu um belo de um abraço, beijou sua

“barriguinha de chopp” e disse:

— Neném.

Numa hora dessas, em que a apraxia da

fala deveria entrar em ação, não entrou.

Felizmente todos riram da situação,

desejamos um bom dia e seguimos para

nosso passeio de bike.

REVISTA AUTISMO 13

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