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Selfie service: one shot
Editorial
A “selfie”, enquanto se conduz automóvel, já se tornou uma
doença. As modalidades são várias e, tal como num buffet,
cada um serve-se como quer. As pessoas filmam-se enquanto
conduzem, a falarem dos mais variados temas, inclusive a
nível profissional. As suas empresas divulgam e promovem
esses vídeos, onde ninguém contesta. Nem a autoridade para
a segurança rodoviária.
As ditas “celebridades” fazem gravações ao vivo enquanto
conduzem e está tudo bem, até porque essas “lives” são
reproduzidas em canais, onde a falta do profissionalismo
jornalístico legitima uma infração.
A doença das “selfies” ao volante já contaminou empresas
do setor automóvel, justamente aquelas que deveriam dar o
exemplo. Mas vale tudo para se divulgar. Mesmo que não se
saiba bem o que se quer divulgar. Publicar nas redes sociais
tornou-se um ato impulsivo, impensado, dispensado de
qualquer sensatez, segurança e moralidade.
A intenção subjacente é cortar a ligação dos meios com o
público. Direto, como um tiro, impensado nas consequências,
legitimação da força sobre a fraca disponibilidade de
algumas pessoas. À semelhança de algumas marcas de
peças para automóveis que só vendem online: dispensam
os distribuidores e as lojas de peças. Tanta “ingenuidade” só
pode ser sinónimo de falta de conhecimento, despreparo e
muitas horas perdidas em videojogos de gestão.
Essa é uma das razões que nos faz acompanhar os nossos
pontos de distribuição da Revista Automotive, falar com os
profissionais, ver a organização da loja, o tipo de cliente,
etc. Nesta edição, publicamos alguns desses pontos com
os profissionais que todos os dias lidam com o público, e
fazem-no com gosto e mestria. São eles que leem a Revista
Automotive e a disponibilizam para os seus clientes.
Os primeiros meses do ano, são de expectativa para uns,
ação e dinamização para outros, e é por essa razão que a
Revista Automotive está a realizar a sua Conferência no mês
de abril. Queremos estar sempre do lado da solução e do
conhecimento.
A conjugação de vários setores, com diferentes perspetivas
e formas de atuação; mas sempre dentro do conceito de
moralidade, respeito mútuo e valorização do setor, são a
nossa meta para esta conferência. A divulgação faz-se nos
momentos certos, pensados e ponderados para ter a maior
eficácia; por essa razão na próxima edição terá uma publicação
mais focada do que foi a Conferência Automotive. Que
durante um dia inteiro, pretende promover um ambiente livre
de autopromoções, mas repleto de reconhecimento mútuo.
Eduardo Gaspar, Diretor da Automotive.
Com apenas um tiro, eliminam as agências criativas, as de
planeamento de meios, as de comunicação, os meios de
divulgação credenciados, os distribuidores, as lojas e assim
por diante. Sentados na frente de um computador, conseguem
atingir vários alvos; como se a vida fosse um videojogo. Mas
ao ignorar os passos que os antecessores deram, leva à
ganância e como “não há almoços grátis” a “fatura” já chegou
a muitas empresas. Para além das suas “publicações” pagas
e autopromocionais serem ridicularizadas e vexatórias; a
clientela só cai uma vez porque exige garantias, precisa
de manusear o produto para se certificar da verdadeira
qualidade, partilha opiniões e experiências, esclarece dúvidas
e faz uma opção informada e adequada.
Este setor faz-se com pessoas, constrói-se com trabalho,
permanência, solidez, partilha, confiança e garantias. Cada
um na sua área, mas todos em articulação, para dar e garantir
a dignidade do trabalho e não o louvor ao ócio. Trabalhar com
as pessoas tem as suas vicissitudes, não é fácil lidar com as
idiossincrasias de cada um. Por isso chama-se trabalho, lidar
diretamente com o público é uma arte complexa, que leva
muitos anos a aprimorar.
Revista Automotive Março 2024 3