Rogério Carolino Feitor - Livraria Camões
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18<br />
crónica<br />
Autor de histórias para crianças<br />
Juiz, médico e cronista de sega<br />
Andarilha por mares em mudança<br />
Polifacetado até dizer chega!<br />
Jesuíta tímido e discreto<br />
Do Oriente traz bornal de vivência,<br />
Registo majestoso, semi-aberto,<br />
Como se fosse mera confidência.<br />
Em imagem e ironia dobrada<br />
Exposição de verdades bojudas<br />
Sobre gente lusitana aviltada.<br />
Maldizentes corrompem a lição,<br />
Condimento de gerações futuras,<br />
Trocando a verdade pela ficção (M.P.)<br />
OCristianismo não existiria sem Jesus.<br />
Forçado dizer que tenha sido o fundador<br />
intencional. Ao questionar a literatura<br />
cristã original, os numerosos textos, as suas contradições,<br />
ao interpretar as conclusões dos Padres<br />
da Igreja, a crítica histórica tenta compreender o<br />
que se passou no século a seguir à crucificação,<br />
quando o movimento dos partidários de Cristo<br />
estava ainda profundamente inscrito na fé judaica<br />
até à ruptura em 150 d.C., definitiva, entre o<br />
judaísmo e o cristianismo, tornando-se inimigos<br />
milenares.<br />
Assim, na origem, não havia uma verdade Cristã,<br />
mas várias. A religião deu lugar a interpretação<br />
diversas. A Igreja caucionou umas e condenou<br />
outras, tidas por heresias. As dissensões profundas<br />
recenseadas, ao longo de vinte séculos, são<br />
mais de duas centenas. Pelos tempos idos, as mais<br />
Fernão Mendes<br />
príncipe da Contra -<br />
célebres e próximas da Palestina fizeram emergir:<br />
católicos nestorianos, adamitas, coptas, ortodoxos<br />
gregos, arménios, maronitas… Na Idade Média a<br />
mais célebre heresia é a dos cátaros, habitantes das<br />
regiões de Carcassona, Tolosa e Albi, exterminados<br />
por cruzada organizada pelos barões e rei de<br />
França (1209-1221). Em pleno período do<br />
Renascimento, nova polémica rebenta quando<br />
Martinho Lutero (1483-1546) teve a coragem<br />
de afixar, em 1517, à entrada da porta da catedral<br />
de Wittenberg, 95 teses protestando contra os<br />
dogmas da Igreja e a forma de extorquir dinheiro<br />
aos fiéis pela via das indulgências. Denuncia<br />
ainda como pregador a manipulação dos textos<br />
bíblicos, as práticas sectárias e apela à interpretação<br />
da mensagem que os testemunhos de primeira<br />
mão continham.<br />
Imediatamente o fogo do protestantismo se<br />
espalha pela Europa Cristã: anglicanos, luteranos,<br />
calvinistas, huguenotes investem contra os dogmas<br />
da igreja de Roma. A Europa dilacerada entre<br />
católicos prepara-se para obra medonha. Um rio<br />
caudaloso de pérolas brancas e vermelhas enche<br />
infinito colar de dor. É em nome da purificação,<br />
tendo por pano de fundo a configuração de uma<br />
humanidade a comparecer no dia do julgamento<br />
último perante o Criador, tal como Adão e Eva<br />
viveram no Éden, espelhada algures em telas e<br />
muros e multiplicada em formas e tonalidades,<br />
para delírio de uns e o escândalo de outros, que a<br />
Igreja esgrime e julga numa luta fratricida e sem<br />
tréguas. Destruídos pela demência e intolerância<br />
humana (iconoclastia) a que nem os santos escaparam<br />
em pedestais altos ou baixinhos, varridos<br />
por guerra de religião, de um lado da barricada<br />
católicos cristãos e do outro católicos protestantes<br />
acusando-se pelos mesmos crimes, campos,