Rogério Carolino Feitor - Livraria Camões
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6<br />
comentário<br />
Conhecer e saber<br />
Em Novembro, a Organização das Nações<br />
Unidas, realizou a segunda sessão da<br />
Cimeira Mundial da Sociedade da Informação.<br />
Fê-lo na cidade de Tunis, por razões<br />
que só a ela lhe dizem respeito, apesar de fundadas<br />
críticas ao Governo tunisino, devido à<br />
ausência de liberdade de expressão e à repressão<br />
exercida sobre os opositores ao regime do<br />
país.<br />
Falar de Informação implica falar da existência<br />
das novas tecnologias, as quais põem a informação<br />
ao alcance de cada um, se para tanto<br />
houver vontade política para o fazer e equipamentos<br />
tecnológicos que o permitam. Na<br />
Cimeira de Tunis não faltaram os equipamentos<br />
tecnológicos da mais avançada inovação e<br />
as propostas mais ousadas, para levar a informação<br />
a todos os recantos do planeta. Cita-se,<br />
a título de exemplo, um pequeno computador<br />
que vai ser colocado no mercado pelo preço<br />
aproximado de 100 euros e cuja energia será<br />
fornecida através de uma manivela, manipulada<br />
pelo próprio utente! Voltamos à lousa da<br />
nossa escola primária, contemporânea da mais<br />
sofisticada base de dados.<br />
Mas mais importante do que a tecnologia são<br />
as pessoas que dela se servem e os conteúdos<br />
que lhe dão forma. Por isso mesmo, se o saber<br />
e o conhecer são os maiores e os mais caros dos<br />
produtos de mercado, eles serão, igualmente,<br />
um pilar indispensável à estruturação e reforço<br />
das sociedades contemporâneas. A emergência<br />
da sociedade do conhecimento exige novas<br />
formas de ver e de analisar o mundo que nos<br />
Benjamim Ferreira<br />
rodeia e novos paradigmas de governação. Isto<br />
implicará novos modelos e novas propostas nas<br />
relações Governo/cidadãos, dando-se uma<br />
outra visão e uma outra eficácia ao contacto e<br />
à participação dos cidadãos na vida social, cultural,<br />
educativa, académica, económica e política<br />
do país.<br />
Face a esta nova realidade, a este novo modelo<br />
de saber e de aprender, não será que a escola,<br />
por exemplo, se afunda numa crise de identidade<br />
cada vez maior e os professores se refugiam<br />
em metodologias de trabalho e de organização,<br />
dignas da revolução industrial? Não<br />
será mais oportuno que a “revolução do conhecimento”<br />
acabe com privilégios excessivos,<br />
com organizações de trabalho de outros tempos<br />
e deixe de dar ouvidos a lamúrias de outras<br />
épocas?<br />
O início de um novo ano é, sempre, uma altura<br />
oportuna para oportunas decisões. Aqui fica<br />
uma para todos aqueles que desejam mudar a<br />
vida, aceitando e integrando o que é inevitável:<br />
a sociedade reconhecidamente analógica do<br />
passado, a sociedade da lousa e do professor<br />
em cima do estrado, vai dar o lugar a uma<br />
sociedade, definitivamente, digital. Por outras<br />
palavras: num passado recente, a informação e<br />
o conhecimento ficavam ao alcance de uma<br />
minoria esclarecida que os transmitia em<br />
intermináveis horas de curso e de exames.<br />
Num futuro já presente, a informação e o<br />
conhecimento serão produtos ao alcance de<br />
quase todos, se partilhados com bom senso e<br />
transmitidos com sabedoria.