Rogério Carolino Feitor - Livraria Camões
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42<br />
roteiros<br />
ASuíça é considerada o château d’eau da<br />
Europa devido à maior parte dos grandes<br />
rios europeus nascerem nas suas montanhas.<br />
Com as alterações climatéricas, talvez nem o<br />
“empacotamento” dos glaciares venha evitar a<br />
diminuição dos caudais, de qualquer modo<br />
o Aare continuará a desenhar meandros<br />
caprichosos no Oberland<br />
Bernois.<br />
É num deste meandros mais<br />
pronunciados, outrora densa<br />
floresta, que se amontoa uma<br />
cidade velha, de graníticas<br />
construções, afogando contorcidas<br />
ruelas que teimam em<br />
irromper entre o casario. Desde<br />
1983, a Unesco inseriu este local<br />
no património universal.<br />
Outrora, um tal duque Bertthold V de<br />
Zähringen, a conselho dos súbditos, elegeu o local<br />
para a construção do novo bourg uma vez que ficava<br />
perto do seu castelo de Nydegg. O nome de<br />
baptismo para a nova cidade seria o do primeiro<br />
animal abatido na caçada. Foi um urso (bär), dizem<br />
crónicas do séc. XV, daí Bern. Não seria este a primeira<br />
peça abatida, dizem que muitos coelhos e<br />
aves o foram antes, mas, um urso sempre dava mais<br />
nobreza e, segundo consta o plantígrado retrata<br />
bem o carácter dos bernois “bourrus, têtus, parfois<br />
patauds, mais également puissants, solides et terriblement<br />
gourmands”.<br />
O território de Berna expande-se entre os séculos<br />
XIV e XVI e hegemonicamente impõe-se porque<br />
domina as duas regiões mais férteis que o Aare<br />
bordeja. No séc. XV conquista a Argovie, anexa<br />
a Gruyère e o Pays de Vaud. E foi esta contínua<br />
expansão que levaram os bernois a<br />
impôr (século XVI) as garras do urso<br />
do Reuss até ao Léman.<br />
A primeira Constituição do Cantão<br />
aparece em 1831. Em 1848, Berna<br />
fica a sede do Governo Federal da<br />
Bern<br />
Confederação Helvética e 1874, 22 países, reuniram-se<br />
no edifício, hoje património da cidade –<br />
Zum Äusseren Stand (Zeughausgasse) – para formarem<br />
a União Postal Universal. Também é sede dos<br />
Caminhos de Ferro Federais. Escapa-lhe o resto da<br />
Administração. O Sistema Federalista Suíço não<br />
permite que numa só cidade se concentrem todos<br />
os poderes decisórios.<br />
Berna tem cerca de 124.4000 habitantes que<br />
orgulhosamente adoptaram a efígie de um urso na<br />
bandeira do cantão.<br />
Voltando-nos para a Berne típica, com o<br />
Novembro a despedir-se encontramo-nos<br />
no Zwiebelmar (mercado das cebolas) que<br />
acontece, anualmente, na quarta segunda<br />
– feira de Novembro. Ao amanhecer<br />
já há brincadeiras pelas ruas. Os vendedores<br />
expõem as cebolas em artísticas<br />
restas. Os restaurantes preparam sopas e<br />
bolos de cebola. Parece incrível mas as<br />
cebolas legram um pouco a sisudez do<br />
bernense. Como o Inverno veio para ficar,<br />
aprovisionam-se delas para os röstis. Se se perguntar<br />
a um suíço alemão qual é o prato típico da<br />
Suíça, responde, sem hesitar, que é o röstis e sem<br />
delongas passam-nos a receita “peler les pommes<br />
de terre légèrement farineuses, cuites une première<br />
fois et les émincer oules râper. Les faire dorer dans<br />
une poêle, avec de la graisse chaud. Y ajouter des<br />
oignons frits, lardons grillés, voire du fromage ou<br />
des champignons et les servir avec un œuf sur le<br />
plat”. E com isto estamos mais fortalecidos para<br />
o nosso passeio. O Inverno com ele milhões de<br />
luzes que tornam a cidade irreal atingindo o<br />
máximo encanto em Münsterplatz.<br />
Em épocas natalícias, este local<br />
torna-se ponto de visita<br />
obrigatório. É célebre pelo<br />
templo gótico suíço de<br />
São Vicente a que todos<br />
chamam Catedral.<br />
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