Setembro de 2011 - Vol 18 numero 3 - Sociedade Portuguesa de ...
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Terapêutica Farmacológica<br />
EME Convulsivo – Tónico-Clónico Generalizado<br />
A morbilida<strong>de</strong>/mortalida<strong>de</strong> do EME tónico<br />
clónico generalizado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
fundamentalmente <strong>de</strong> 3 factores: causa,<br />
duração, e terapêutica.<br />
No que diz respeito à causa a sua<br />
acessibilida<strong>de</strong> à terapêutica dita a evolução; a<br />
duração comporta um risco elevado <strong>de</strong> lesão<br />
neuronal secundária; e a terapêutica que é<br />
essencial para a reversão, comporta um risco<br />
significativo <strong>de</strong> efeitos adversos. Por isto, a<br />
terapêutica do EME tónico-clónico<br />
generalizado sendo necessariamente célere e<br />
agressiva <strong>de</strong>verá ser feita com as doses<br />
estritamente necessárias.<br />
Uma crise convulsiva com 5 minutos <strong>de</strong><br />
evolução tem já 5 vezes a duração média e<br />
presume-se <strong>de</strong> díficil controlo. Assim, a<br />
actuação entre os 5 e os 30 minutos tem como<br />
objectivo fundamental a cessação<br />
farmacológica rápida e segura (i.e. com os<br />
menores efeitos adversos sobre os sistemas<br />
cardiovascular e respiratório) da convulsão e a<br />
prevenção da recidiva. De forma imediata<br />
<strong>de</strong>ve-se iniciar a terapêutica com<br />
benzodiazepina IV. Embora o fármaco que,<br />
pela evidência médica, <strong>de</strong>monstrou maior<br />
eficácia no controlo imediato e prevenção da<br />
recidiva das crises epiléticas seja o lorazepam<br />
este não se encontra disponível na forma <strong>de</strong><br />
administração parentérica entre nós. Assim, os<br />
autores consi<strong>de</strong>ram a benzodiazepina <strong>de</strong><br />
eleição o diazepam ou, em opção, o<br />
midazolam. O diazepam <strong>de</strong>ve ser administrado<br />
em bólus <strong>de</strong> 2 mg (1 ampola <strong>de</strong> 10mg diluída<br />
até 10 cc) a cada minuto até cessação da crise<br />
ou dose máxima <strong>de</strong> 10 mg. Em relação ao<br />
midazolam os autores preconizam a<br />
adminstração <strong>de</strong> bólus <strong>de</strong> 1,5mg (1 ampola <strong>de</strong><br />
15mg diluída até 10 cc) a cada 2 minutos até<br />
controlo da crise (habitualmente 1,5mg até<br />
3mg no total). Aten<strong>de</strong>ndo às caracteristicas<br />
farmacocinéticas do midazolam<br />
(condicionando curta duração <strong>de</strong> acção) a<br />
restante dose não utilizada é colocada em<br />
balão <strong>de</strong> 100cc <strong>de</strong> soro fisiológico a perfundir<br />
em 60 minutos. As doses referidas <strong>de</strong><br />
diazepam ou midazolam são indicativas,<br />
po<strong>de</strong>ndo em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> ser<br />
Rev Port Med Int <strong>2011</strong>; <strong>18</strong>(3)<br />
incrementadas, aumentando contudo a<br />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efeitos adversos.<br />
A administração <strong>de</strong> benzodiazepina IV <strong>de</strong>ve<br />
ser sempre seguida ou associada,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do controlo da crise, <strong>de</strong><br />
carga IV <strong>de</strong> fenitoína 20mg/kg (ou i<strong>de</strong>almente<br />
fosfenitoína) com o objectivo <strong>de</strong> limitar a crise<br />
no tempo e prevenir recidivas. A fosfenitoína é<br />
uma pró-droga da fenitoína com menos<br />
complicações locais e sistémicas permitindo<br />
uma dose <strong>de</strong> administração igual mas num<br />
espaço <strong>de</strong> tempo mais curto. Esta droga<br />
embora farmacocineticamente mais atractiva<br />
não se encontra regularmente disponível em<br />
farmácia hospitalar, mas sempre que esteja<br />
<strong>de</strong>ve ser preferida à fenitoína. A administração<br />
IV <strong>de</strong> fenitoína <strong>de</strong>ve ser efectuada sem<br />
diluição e respeitando a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
administração que não <strong>de</strong>ve ultrapassar os<br />
50mg/min.<br />
Se o doente estiver sob terapêutica com outro<br />
antiepilético com forma <strong>de</strong> administração<br />
parentérica – fenobarbital, valproato ou<br />
levetiracetam – e com suspeita <strong>de</strong> níveis<br />
subterapêuticos consi<strong>de</strong>rar como primeira<br />
opção a optimização terapêutica <strong>de</strong>sse mesmo<br />
antiepilético. Se durante a perfusão <strong>de</strong><br />
fenitoína (fenobarbital, valproato ou<br />
levetiracetam) se mantiver convulsão<br />
consi<strong>de</strong>rar repetição da administração (ou<br />
aumento do ritmo <strong>de</strong> perfusão) da<br />
benzodiazepina IV. Na situação frequente <strong>de</strong><br />
repetição <strong>de</strong> crises sem recuperação do<br />
estado <strong>de</strong> consciência mas com intervalo livre<br />
>10 minutos consi<strong>de</strong>rar reforço da terapêutica<br />
epilética com nova carga <strong>de</strong> fenitoína<br />
(10mg/kg) seguida <strong>de</strong> fenobarbital (20mg/Kg).<br />
Em crises <strong>de</strong> duração superior a 30 minutos<br />
ou se se mantiver activida<strong>de</strong> convulsiva<br />
contínua ou muito frequentemente repetida<br />
avançar imediatamente para protocolo <strong>de</strong><br />
sedação, que po<strong>de</strong>rá ser iniciado no SU mas<br />
encaminhado rapidamente para UCI. A<br />
escolha do protocolo <strong>de</strong> sedação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
situação clínica do doente e da experiência da<br />
equipa médica com os diferentes fármacos<br />
disponíveis (midazolam, propofol e tiopental).<br />
A Tabela 3 apresenta os principais fármacos<br />
disponíveis, e o racional para a sua utilização.<br />
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