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Setembro de 2011 - Vol 18 numero 3 - Sociedade Portuguesa de ...

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De referir que na evolução do EME tónicoclónico<br />

generalizado não tratatado ou<br />

insuficientemente tratado, à fase aberta com<br />

crises tónico-clónicas generalizadas po<strong>de</strong><br />

seguir-se uma fase subtil. Nesta fase<br />

mantém-se a <strong>de</strong>pressão da consciência mas<br />

as manifestações motoras a ocorrerem não<br />

são tão óbvias, havendo lugar a semiologia<br />

motora variada (clonias oculares, buco-linguais<br />

ou distais dos membros bilaterais síncronas ou<br />

assíncronas).<br />

O protocolo <strong>de</strong> sedação escolhido <strong>de</strong>verá ser<br />

mantido por período <strong>de</strong> 12 a 24 horas seguido<br />

<strong>de</strong> “<strong>de</strong>smame” lento por outras 12 horas. A<br />

avaliação da eficácia do protocolo <strong>de</strong> sedação<br />

<strong>de</strong>ve ser monitorizada através <strong>de</strong> métodos<br />

neurofisiológicos. Estão amplamente<br />

disponíveis em ambiente <strong>de</strong> UCI dois que<br />

<strong>de</strong>vem ser utilizados <strong>de</strong> forma complementar:<br />

(1) monitorização contínua através <strong>de</strong> 2 a 4<br />

canais <strong>de</strong> EEG (nos monitores multimodais), e<br />

(2) monitorização intermitente com EEG<br />

clássico (>1x/dia). A titulação da dose faz-se<br />

pela monitorização electroencefalográfica<br />

sendo o o objectivo primário um padrão <strong>de</strong><br />

surto-supressão; se no padrão surtosupressão<br />

a activida<strong>de</strong> eléctrica cerebral em<br />

surto for <strong>de</strong> tipo epilético <strong>de</strong>verá ser<br />

pon<strong>de</strong>rada a supressão completa da<br />

activida<strong>de</strong> eléctrica cerebral. Se durante o<br />

<strong>de</strong>smame existir recidiva <strong>de</strong> activida<strong>de</strong><br />

convulsiva <strong>de</strong>verá ser retomado o protocolo <strong>de</strong><br />

sedação. Neste período <strong>de</strong>ve ser feita a<br />

avaliação das doses <strong>de</strong> antiepiléticos<br />

(realizando doseamento <strong>de</strong> níveis séricos<br />

sempre que possível) e equacionada a<br />

escalação <strong>de</strong> anti-epiléticos. Usualmente a<br />

escolha recaí sobre o topiramato, pelo seu<br />

largo espectro <strong>de</strong> acção e experiência com<br />

doses elevadas neste contexto. No entanto, o<br />

uso <strong>de</strong> levetiracetam ou valproato po<strong>de</strong> ser<br />

igualmente válida. A cetamina <strong>de</strong>verá ser<br />

equacionada em situações refractárias, e a<br />

<strong>de</strong>xametasona (e outras terapêuticas<br />

imunomo<strong>de</strong>ladoras) em situações refractárias<br />

potencialmente associadas a encefalites<br />

imunomediadas. Por fim, é <strong>de</strong> referir a<br />

crescente utilização da hipotermia terapêutica<br />

no EME refractário.<br />

Outras formas <strong>de</strong> EME<br />

Nas outras formas <strong>de</strong> EME (Tabela 1), os efeitos<br />

cerebrais não são tão dramáticos mas o tratamento<br />

<strong>de</strong>ve ser iniciado <strong>de</strong> forma precoce. A terapêutica<br />

<strong>de</strong> primeira linha são as benzodiazepinas, e a<br />

consolidação <strong>de</strong>verá ser feita com valproato <strong>de</strong><br />

sódio nas ausências e com fenitoína nos estados<br />

parciais. De referir que o levetiracetam é uma boa<br />

alternativa em casos <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> EME não<br />

convulsivo pela sua segurança e largo espectro.<br />

Rev Port Med Int <strong>2011</strong>; <strong>18</strong>(3)<br />

Marcha diagnóstica<br />

A marcha diagnóstica é útil, mas é crucial que<br />

a farmacoterapia não seja atrasada, enquanto<br />

a anamese é obtida ou exames<br />

complementares <strong>de</strong> diagnóstico são<br />

realizados. No entanto, <strong>de</strong>ve ser feito junto <strong>de</strong><br />

familiares o levantamento <strong>de</strong> informações<br />

especialmente no que diz respeito a: contexto<br />

da crise, antece<strong>de</strong>ntes médicos e neurológicos<br />

relevantes, hábitos farmacológicos (incluindo<br />

abandono do tratamento anterior com<br />

medicamentos antiepilépticos), hábitos<br />

alcoólicos e toxicofílicos.<br />

O exame físico é difícil em situação <strong>de</strong><br />

convulsão mas será importante i<strong>de</strong>ntificar<br />

sinais <strong>de</strong> trauma, sinais <strong>de</strong> infecção sistémica<br />

e um exame neurológico i<strong>de</strong>almente<br />

complementado com fundoscopia.<br />

Os exames complementares <strong>de</strong> diagnóstico<br />

<strong>de</strong>vem <strong>de</strong> ser obtidos durante a estabilização<br />

do doente. Avaliações bedsi<strong>de</strong> como a<br />

glicémia capilar e a gasimetria arterial (que<br />

permite igualmente um rastreio rápido <strong>de</strong><br />

alterações electrolíticas) <strong>de</strong>vem <strong>de</strong> ser<br />

precocemente obtidas. Colheita <strong>de</strong> sangue<br />

venoso [para hemograma com plaquetas,<br />

estudo da coagulação (INR, aPTT), glicémia,<br />

electrólitos (sódio, potássio, cloro, cáclio e<br />

magnésio), função renal (ureia, creatinina),<br />

função hepática (AST, ALT, amónia), CK,<br />

PCR, doseamento <strong>de</strong> antiepiléticos e<br />

screening toxicológico no sangue e urina] <strong>de</strong>ve<br />

ser efectuada i<strong>de</strong>almente no momento da<br />

obtenção do acesso venoso e prontamente<br />

transportada ao Laboratório, no entanto este<br />

resultados, na melhor das hipóteses, só<br />

estarão disponiveis 30 minutos após. Outros<br />

exames complementares <strong>de</strong> diagnóstico<br />

nomeadamente os exames <strong>de</strong> neuroimagem<br />

(tomografia computadorizada e ressonância<br />

magnética nuclear crâneo encefálicas) e a<br />

punção lombar, se clinicamente justificáveis,<br />

só <strong>de</strong>vem ser obtidos <strong>de</strong>pois do controlo<br />

clínico das convulsões. Uma referência prática<br />

para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, ao efectuar a punção<br />

lombar no EME refractário, retirar líquor<br />

suficiente para o exame citoquímico (e<br />

eventual estudo microbiológico) e para mais 2<br />

tubos que <strong>de</strong>verão ser refrigerados para outros<br />

estudos complementares.<br />

Está fora do âmbito <strong>de</strong>ste protocolo a<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> todas as causas <strong>de</strong> EME<br />

refractário, alerta-se no entanto o clínico para<br />

a frequência <strong>de</strong> encefalites imunomediadas<br />

(paraneoplásicas e auto-imunes)<br />

potencialmente susceptíveis à terapêutica<br />

imunomo<strong>de</strong>ladora, suspeitáveis pela presença<br />

<strong>de</strong> pleiocitose e bandas oligoclonais no<br />

contexto <strong>de</strong> estudos virais negativos.<br />

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