20% das pessoas ficam imóveis em 70% do espaço Pela ... - Assobrav
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Publicação da Associação Brasileira de Distribui<strong>do</strong>res Volkswagen<br />
Ano 34 • n• 309<br />
Nov<strong>em</strong>bro 2O12<br />
<strong>Pela</strong> d<strong>em</strong>ocracia<br />
no trânsito:<br />
<strong>20%</strong> <strong>das</strong> <strong>pessoas</strong><br />
<strong>ficam</strong> <strong>imóveis</strong><br />
<strong>em</strong> <strong>70%</strong> <strong>do</strong> <strong>espaço</strong>
Não dá mais!<br />
To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> está fican<strong>do</strong> louco com o trânsito de São<br />
Paulo. “Acho até que vocês são civiliza<strong>do</strong>s d<strong>em</strong>ais. Se<br />
morasse aqui, seria um franco-atira<strong>do</strong>r”, disse, s<strong>em</strong><br />
pestanejar, o engenheiro italiano que visitou a capital<br />
paulista durante um congresso e teve a experiência de<br />
trafegar pela Avenida 23 de Maio às 6 da tarde no senti<strong>do</strong><br />
bairro-centro pelas pistas <strong>do</strong> meio.<br />
Ao ouvir as buzinas da fila interminável de motoqueiros que passam lamben<strong>do</strong> os<br />
retrovisores e o mar de automóveis que se move <strong>em</strong> conjunto na mesma direção, vez por<br />
outra tentan<strong>do</strong> mudar de pista, s<strong>em</strong> esquecer <strong>do</strong>s ônibus, que impõ<strong>em</strong> seu tamanho sobre<br />
to<strong>do</strong>s, lamentou ter pedi<strong>do</strong> para ver o histórico e europeu centro da cidade que a mãe,<br />
brasileira, nascida <strong>em</strong> 1940, orgulhosamente lhe conta ser muito elegante. Parece mentira,<br />
mas São Paulo já foi assim. É o que revela a matéria de capa desta edição, onde mais uma vez<br />
especialistas e autoridades da indústria automobilística discut<strong>em</strong> a necessidade urgente de<br />
soluções para o trânsito, hoje um probl<strong>em</strong>a que preocupa mais os paulistanos <strong>do</strong> que a falta<br />
de segurança ou a falta de dinheiro.<br />
Só para adiantar a sua leitura, diz a nossa reportag<strong>em</strong> que nos anos 50 São Paulo era uma<br />
cidade de modelo europeu, compacta <strong>em</strong> torno <strong>do</strong> centro; a área da região metropolitana<br />
era de 200 km², havia 700 km de trilhos, menos de 100 mil carros e os 2 milhões e 500<br />
mil habitantes faziam 95% <strong>das</strong> suas viagens de bonde. De lá para cá, a frota cresceu 70<br />
vezes e a população 10 vezes. As viagens d<strong>em</strong>oravam 10 minutos e hoje, a média otimista<br />
é de 70 minutos. Até aos sába<strong>do</strong>s a capital paulista registra médias de congestionamento<br />
equivalentes às de uma segunda-feira. Mas o probl<strong>em</strong>a não se restringe só a São Paulo.<br />
Estu<strong>do</strong>s indicam que outros grandes centros urbanos como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e<br />
Porto Alegre viverão igualmente um “esta<strong>do</strong> de lentidão permanente” no tráfego. A previsão<br />
é de que isso aconteça no Rio <strong>em</strong> 2014 e <strong>em</strong> BH e Porto Alegre <strong>em</strong> 2016.<br />
E qual é a solução?<br />
Não há muito o que pensar. A tendência é seguir o modelo de cidades como Londres que<br />
com o pedágio urbano instituiu políticas restritivas <strong>do</strong> uso de <strong>espaço</strong> urbano e, por outro<br />
la<strong>do</strong>, valorizou e qualificou o transporte público. Mas – alertam os especialistas, e to<strong>do</strong>s nós<br />
que sofr<strong>em</strong>os diariamente com o apagão da mobilidade - nenhum esforço terá resulta<strong>do</strong><br />
significativo se a questão <strong>do</strong> planejamento urbano não for alterada, levan<strong>do</strong> comércio,<br />
serviços e trabalho para mais perto <strong>das</strong> moradias, otimizan<strong>do</strong> o deslocamento <strong>das</strong> <strong>pessoas</strong><br />
que, afinal, são as que produz<strong>em</strong> riqueza.<br />
S H O W R O O M<br />
RECADO<br />
3
SUMÁRIO<br />
44<br />
30 A Passeio Kansas City, metade no Missouri, metade no Kansas, cresceu numa colina que t<strong>em</strong><br />
vista para a curva onde o rio Missouri vira para o leste, <strong>em</strong> direção ao rio Mississipi. Nesta região <strong>do</strong><br />
rio os índios Kansa tiveram uma grande aldeia por séculos. O nome foi uma homenag<strong>em</strong> a eles.<br />
A região metropolitana reúne mais de 2 milhões de habitantes, que se esbaldam comen<strong>do</strong> churrasco.<br />
A cidade t<strong>em</strong> o maior número de churrascarias per capita de to<strong>do</strong> os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Mas eles<br />
também a<strong>do</strong>ram jazz, que compõe a cena musical da cidade desde os anos 20, por isso, os clubes e a<br />
vida noturna intensa deram à cidade o apeli<strong>do</strong> de “Paris da Planície”.<br />
S H O W R O O M<br />
3 Reca<strong>do</strong><br />
5 E@mail<br />
6 Qu<strong>em</strong> Passou Por Aqui<br />
8 Gente<br />
14 Aonde Eu Vou Com O Meu VW<br />
18 Tendência<br />
22 Capa<br />
26 Chairman<br />
27 TechMania<br />
30 A Passeio<br />
36 Qu<strong>em</strong> Tevê?<br />
37 Sabor Particular<br />
38 Na Varanda<br />
39 Coleção<br />
40 A um toque<br />
41 Livros & Afins<br />
42 Vinhos & Videiras<br />
E@mail<br />
VW Cross Coupé<br />
Que bárbaro o Volkswagen<br />
que vocês mostraram na<br />
última capa! Quan<strong>do</strong> v<strong>em</strong> para<br />
o Brasil? S<strong>em</strong> brincadeira,<br />
sei que se trata de um carroconceito<br />
por enquanto, mas<br />
ele é muito bonito e o mais<br />
interessante, s<strong>em</strong> dúvida,<br />
é que é um híbri<strong>do</strong> - com<br />
motores elétricos e um motor<br />
térmico. Tu<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com<br />
o que é preciso para o futuro.<br />
Minha única dúvida, olhan<strong>do</strong><br />
para a imponência <strong>do</strong> carro, é:<br />
será que ele é tão econômico<br />
quanto vocês anunciaram,<br />
mesmo sen<strong>do</strong> tão grande, tão<br />
pesa<strong>do</strong>?<br />
Paulo Affonso
Showroom repaginada<br />
Parabéns pela nova<br />
diagramação e novas seções<br />
de Showroom. A leitura<br />
ficou mais leve, mas senti<br />
falta <strong>das</strong> ótimas matérias de<br />
comportamento. Não deix<strong>em</strong><br />
de publicá-las.<br />
Sofia Maria<br />
Gostei <strong>do</strong> novo layout da<br />
revista. Ficou moderno,<br />
flui<strong>do</strong>. Agilidade é tu<strong>do</strong> hoje<br />
<strong>em</strong> dia. Até mesmo para a<br />
gente se informar.<br />
Pedrina Chutner<br />
Ficou super bonita a nova<br />
Showroom. A<strong>do</strong>rei!<br />
Marta Gonçalves<br />
22 Capa Em “esta<strong>do</strong> de lentidão permanente” ao trafegar<br />
por ruas e aveni<strong>das</strong> de São Paulo, quatro milhões de <strong>pessoas</strong><br />
gastam para ir e voltar <strong>do</strong> trabalho cerca de 3 horas por<br />
dia. Ao longo <strong>do</strong> ano perd<strong>em</strong> 12 s<strong>em</strong>anas para<strong>das</strong> <strong>em</strong><br />
congestionamentos. Poderiam estar de fato trabalhan<strong>do</strong>, se<br />
divertin<strong>do</strong>, estudan<strong>do</strong>, enfim, viven<strong>do</strong>.<br />
Levantamento realiza<strong>do</strong> pelo Núcleo de Estu<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, <strong>em</strong> 2009,<br />
apontou que grandes centros urbanos como São Paulo, Belo<br />
Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre viveriam um “esta<strong>do</strong><br />
de lentidão permanente” no tráfego. Este cenário é realidade<br />
<strong>em</strong> São Paulo no ano previsto pelo estu<strong>do</strong>: 2012. No Rio será<br />
<strong>em</strong> 2014, <strong>em</strong> BH e <strong>em</strong> Porto Alegre <strong>em</strong> 2016.<br />
Acho que já está na hora<br />
de vocês pensar<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
aumentar o número<br />
de páginas. Talento e<br />
criatividade ped<strong>em</strong> mais<br />
<strong>espaço</strong>. Continu<strong>em</strong> assim.<br />
Quer<strong>em</strong>os mais novidades!<br />
Antonio Carlos Men<strong>do</strong>nça<br />
Gostei da Showroom<br />
repaginada!<br />
Rogério Wink<br />
Clientes VW<br />
prestigia<strong>do</strong>s<br />
Ótima a ideia de<br />
prestigiar os clientes<br />
<strong>das</strong> concessionárias<br />
na coluna Aonde<br />
Eu Vou Com o<br />
Meu Volkswagen.<br />
É uma iniciativa<br />
muito simpática de<br />
aproximar a marca<br />
e principalmente o<br />
presta<strong>do</strong>r de serviços<br />
de gente como eu, que<br />
desde criança an<strong>do</strong> de<br />
VW. Parabéns.<br />
Ricar<strong>do</strong> Pereira Santos<br />
Publicação mensal da<br />
Ano 34 • Edição 309 • OUT.. • 2012<br />
Conselho Editorial<br />
Antonio Francischinelli Jr. , Juan Carlos<br />
Escorza Dominguez, Mauro I.C. Imperatori e<br />
Silvia Teresa Bella Ramunno.<br />
Editoria e Redação<br />
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São Paulo •SP • Tel (11) 5078-5427<br />
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Projeto Gráfico e Direção de Arte<br />
Marcelo Azeve<strong>do</strong><br />
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Bruno Ferreira Abib<br />
Carlos Roberto Franco de Mattos Jr.<br />
Cesar Fernan<strong>do</strong> Álvares de Moura<br />
Eral<strong>do</strong> Barbosa <strong>do</strong>s Santos<br />
Francisco Veríssimo de Souza Filho<br />
Marcelo Cyrino da Silva<br />
Marcos Ricci Goldstein<br />
Mauro Pinto de Moraes Filho<br />
Diretores Ad-hoc:<br />
Álvaro Antonio Car<strong>do</strong>so de Souza<br />
Darli Antonio Borin<br />
Eduar<strong>do</strong> Rosa Biacchi<br />
Luiz Francisco Viscardi<br />
Rodrigo André Gaspar de Faria<br />
Sergio Ribeiro Werner<br />
Walter Keiti Yaginuma<br />
Conselho de Ex-Presidentes<br />
Mauro Saddi, Elias Monteiro,<br />
Paulo Pires Simões, João Cláudio<br />
Pentagna Guimarães, Rômulo D. Queiroz<br />
Monteiro Filho, Orlan<strong>do</strong> S. Álvares de<br />
Moura, Amaury Rodrigues de Amorim,<br />
Carlos Roberto Franco de Mattos,<br />
Roberto Torres Neves Osório,<br />
Elmano Moisés Nigri e<br />
Rui Flávio Chúfalo Guião.<br />
S H O W R O O M<br />
5
QUEM<br />
pASSOU<br />
pOR AQUI<br />
6<br />
Recém chega<strong>do</strong> à Rede Volkswagen e para<br />
colocar-se a par de tu<strong>do</strong> rapidamente,<br />
Leandro Moura Alencar, diretor<br />
financeiro da VW Monvep, de Montes<br />
Claros (MG), para uma maratona intensiva<br />
de reuniões com os executivos da <strong>Assobrav</strong><br />
e <strong>do</strong> Grupo Disal...<br />
Fábio Braga, gerente de Desenvolvimento<br />
da Rede Volkswagen, <strong>em</strong> mais uma<br />
iniciativa da Monta<strong>do</strong>ra <strong>em</strong> conjunto com<br />
a <strong>Assobrav</strong> para promover a energia <strong>do</strong>s<br />
concessionários...<br />
S H O W R O O M<br />
O charme, a simpatia e a competência de<br />
Ana Paula Lobão, supervisora de<br />
Propaganda da Volkswagen <strong>do</strong> Brasil <strong>em</strong> destaque<br />
para a coluna...<br />
A graça de Cássia Reis, consultora de Ven<strong>das</strong> <strong>do</strong><br />
Escritório Regional IV – Rio de Janeiro e Espírito Santo<br />
– da Volkswagen <strong>do</strong> Brasil, <strong>em</strong> pose especial para<br />
Showroom...
Marco Antonio Allegretti e sua<br />
enorme simpatia, atenden<strong>do</strong> com maestria aos<br />
concessionários da Região III – Paraná, Santa<br />
Catarina e Rio grande <strong>do</strong> Sul – já que está lota<strong>do</strong><br />
no Escritório Regional III da Monta<strong>do</strong>ra...<br />
Também <strong>do</strong> CRM da Volkswagen,<br />
Fábio Rabelo, para acompanhar<br />
as manifestações <strong>do</strong>s clientes e<br />
dimensionar o sucesso <strong>do</strong>s recentes<br />
lançamentos Gol e Voyage, assim como a<br />
satisfação <strong>do</strong>s titulares da Rede VW...<br />
Exibin<strong>do</strong> juventude e eficiência,<br />
Elisabete Marques, analista de<br />
Marketing e CRM da Volkswagen <strong>do</strong> Brasil,<br />
<strong>em</strong> pose especial para Showroom durante<br />
recente evento da Monta<strong>do</strong>ra...<br />
Maurício José da Silveira Júnior,<br />
gerente <strong>do</strong> Escritório Regional II da<br />
Volkswagen <strong>do</strong> Brasil, da importante região<br />
que circunda Campinas, interior de São Paulo,<br />
<strong>em</strong> árdua, porém compensa<strong>do</strong>ra missão de<br />
desbravar merca<strong>do</strong>...<br />
S H O W R O O M<br />
7
GEntE<br />
Willians Bini<br />
Vai dar praia?<br />
8<br />
S H O W R O O M
por Silvia Bella<br />
No passa<strong>do</strong>, <strong>em</strong> sitcoms norteamericanos,<br />
costumava ser a tarefa<br />
designada aos jornalistas iniciantes,<br />
especialmente <strong>em</strong> TV. A “moça <strong>do</strong><br />
t<strong>em</strong>po”, geralmente bonitinha, e de<br />
competência duvi<strong>do</strong>sa, foi largamente<br />
retratada nas comédias leves e mesmo<br />
<strong>em</strong> filmes que mostraram a desmedida<br />
ânsia por ascender na carreira de alguns<br />
célebres profissionais da imprensa<br />
estadunidense.<br />
Em qualquer <strong>das</strong> situações, porém, o noticiário meteorológico<br />
tinha grande importância dentro <strong>do</strong>s telejornais norteamericanos.<br />
Como t<strong>em</strong> até hoje, e, diga-se, cada vez ganhan<strong>do</strong><br />
mais t<strong>em</strong>po, mais recursos técnicos de apresentação e<br />
comanda<strong>do</strong>s, agora sim, por verdadeiros experts no assunto.<br />
No Brasil, havia um senhor, lá pelos anos 1965, super simpático,<br />
chama<strong>do</strong> Narciso Vernizzi, conheci<strong>do</strong> como “O Hom<strong>em</strong> <strong>do</strong><br />
T<strong>em</strong>po”, que anunciava as previsões <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> cadeia<br />
nacional. N<strong>em</strong> o seu “t<strong>em</strong>po” era longo n<strong>em</strong> suas condições<br />
técnicas ideais. É possível que as <strong>pessoas</strong> o assistiss<strong>em</strong> muito<br />
mais pela competência jornalística (Vernizzi era conheci<strong>do</strong><br />
cronista esportivo) <strong>do</strong> que pelo acerto de seus prognósticos.<br />
Naquele então, o clima também era diferente. Havia a famosa<br />
garoa da tarde na cidade de São Paulo e as estações<br />
eram defini<strong>das</strong>.<br />
Com t<strong>em</strong>peraturas agradáveis (mesmo o calorão tropical é<br />
b<strong>em</strong>-vin<strong>do</strong> para a maioria <strong>das</strong> <strong>pessoas</strong>), o “Brasil continental”<br />
t<strong>em</strong> clima bom, e também por esta razão as <strong>pessoas</strong> não<br />
ligavam muito para a previsão <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po. Mesmo com o céu<br />
nubla<strong>do</strong> na capital paulista, dava para arriscar descer a Serra.<br />
Ao passar a metade da “Muralha”, quan<strong>do</strong> os ouvi<strong>do</strong>s estavam<br />
totalmente entupi<strong>do</strong>s e a gente b<strong>em</strong> enjoada dentro <strong>do</strong> Fusca<br />
ou da Kombi, já se via o céu, lá <strong>em</strong>baixo, se abrin<strong>do</strong> to<strong>do</strong>. Era<br />
um bom motivo para parar na “biquinha”, tomar água pura da<br />
rocha e olhar para o horizonte: “Vai abrir”, diziam solen<strong>em</strong>ente<br />
pais e tios. E a gente acreditava, seja pela inabalável fé que<br />
move as crianças, pela imensa vontade de entrar no mar ou<br />
pela impensável possibilidade de contestar um adulto.<br />
S H O W R O O M<br />
9
GEntE<br />
O fato é que geralmente acontecia: dava praia no<br />
fim de s<strong>em</strong>ana. Hoje é diferente, é preciso consultar<br />
o meteorologista. Mesmo déca<strong>das</strong> depois <strong>do</strong>s<br />
norte-americanos ou <strong>do</strong>s europeus, o Brasil dedica<br />
hoje um bom t<strong>em</strong>po ao noticiário meteorológico na<br />
TV, e principalmente nas <strong>em</strong>issoras de rádio – meio<br />
de comunicação por excelência de qu<strong>em</strong> enfrenta<br />
o trânsito - e ostenta meteorologistas de grande<br />
gabarito, mesmo porque, são estes profissionais os<br />
responsáveis por dar o suporte técnico pertinente<br />
ao agronegócio, nosso melhor patrimônio.<br />
Willians Bini, 37 anos, sócio da Somar Meteorologia,<br />
uma <strong>das</strong> mais conheci<strong>das</strong> e respeita<strong>das</strong> <strong>em</strong>presas<br />
<strong>do</strong> ramo, é um deles. Gradua<strong>do</strong> e Mestre<br />
pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências<br />
Atmosféricas da USP, com larga experiência no<br />
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), que é<br />
o órgão público oficial de meteorologia <strong>do</strong> Brasil, e<br />
especializa<strong>do</strong> <strong>em</strong> Modelag<strong>em</strong> Meteorológica e Projeções<br />
Climáticas, Bini é hoje o “Cara <strong>do</strong> T<strong>em</strong>po”.<br />
Showroom: Por que parece ser mais difícil prever<br />
a t<strong>em</strong>peratura <strong>em</strong> um país tropical? T<strong>em</strong>os menos<br />
recursos técnicos ou nossa condição geográfica é<br />
um complica<strong>do</strong>r para acertar a previsão?<br />
Willians Bini: Em primeiro lugar é preciso deixar<br />
claro que o Brasil é um país com dimensões<br />
continentais, com inúmeros padrões climáticos.<br />
O extr<strong>em</strong>o norte <strong>do</strong> País - que na verdade está no<br />
h<strong>em</strong>isfério norte - t<strong>em</strong> um clima totalmente diferente<br />
<strong>do</strong> extr<strong>em</strong>o sul, que é mais sub-tropical.<br />
Junte-se a isso, a maior floresta tropical <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />
pulsan<strong>do</strong> forte, trazen<strong>do</strong> muita umidade, e que é a<br />
grande responsável pelo clima que t<strong>em</strong>os hoje <strong>em</strong><br />
to<strong>do</strong> o continente sul americano, definin<strong>do</strong> muito<br />
nosso regime de chuvas e, claro, de t<strong>em</strong>peratura.<br />
Some-se, ainda, a imensa costa, tu<strong>do</strong> isso deixa o<br />
nosso clima mais suscetível a eventos extr<strong>em</strong>os e a<br />
grandes variações <strong>em</strong> curto perío<strong>do</strong> de t<strong>em</strong>po. Daí,<br />
digamos, há certa dificuldade de ter previsões com<br />
grande confiabilidade durante eventos mais complica<strong>do</strong>s,<br />
como é o caso, justamente, da época de<br />
chuva – primavera-verão.<br />
É nesse perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> ano que as mudanças acontec<strong>em</strong><br />
mais frequent<strong>em</strong>ente e rapidamente, pegan<strong>do</strong><br />
as <strong>pessoas</strong> e os meteorologistas despreveni<strong>do</strong>s...<br />
S H O W R O O M 10<br />
Exato. É quan<strong>do</strong> começamos a ter a formação <strong>das</strong><br />
chuvas mais intensas e é quan<strong>do</strong> t<strong>em</strong>os que fazer<br />
a previsão de se a chuva intensa vai cair aqui ou<br />
ali, se a chuva prevista para a tarde vai trazer potencial<br />
para alagamento ou não... O fato de termos<br />
essas condições dinâmicas no Brasil acaba sen<strong>do</strong><br />
um certo complica<strong>do</strong>r na qualidade da previsão.<br />
Claro que a tecnologia <strong>das</strong> últimas déca<strong>das</strong> evoluiu<br />
bastante para minimizar esses erros. Na verdade,<br />
nós t<strong>em</strong>os um índice de erro de menos de 5%, mas<br />
justamente esses 5% são muito mais l<strong>em</strong>bra<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> que os 95% de acertos que a meteorologia t<strong>em</strong>.<br />
Isso acontece conosco, jornalistas, também...<br />
Imagino que sim, imagino que sim... (risos)<br />
Quer dizer então que a Floresta é mais importante,<br />
mais determinante que o mar?<br />
Não, ela é tão importante quanto. Na verdade, olha<br />
só, você disse algo importante... Recapitulan<strong>do</strong>,<br />
t<strong>em</strong>os no Brasil um país continental, t<strong>em</strong>os também<br />
relevo diferente, topografia diferente, floresta<br />
amazônica que alimenta t<strong>em</strong>porais, que alimenta<br />
com umidade o sul e o sudeste e por outro la<strong>do</strong><br />
uma extensão costeira enorme. Esse litoral t<strong>em</strong><br />
importância enorme com relação a clima no País.<br />
Por quê? O evento principal é quan<strong>do</strong> a costa <strong>do</strong><br />
Atlântico Sul – aqui próximo a São Paulo - está<br />
mais quente que o normal. Esse padrão facilita,<br />
potencializa eventos de chuva forte. Digamos que<br />
exista uma frente fria chegan<strong>do</strong> ao sudeste e as<br />
águas <strong>do</strong> Atlântico Sul estejam mais quentes que<br />
o normal, a chance de acontecer um t<strong>em</strong>poral, a<br />
chance de ter um evento de chuva extr<strong>em</strong>amente
forte, raja<strong>das</strong> de vento, formação<br />
de granizo, é grande, pelo fato de<br />
o oceano estar mais quente. Outro<br />
papel importante é des<strong>em</strong>penha<strong>do</strong><br />
pela brisa marítima, que qu<strong>em</strong> está<br />
próximo ao litoral, como nós aqui<br />
<strong>em</strong> São Paulo, perceb<strong>em</strong>os b<strong>em</strong>.<br />
A partir de determina<strong>do</strong> horário da<br />
tarde, sopra vento mais úmi<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
oceano, poden<strong>do</strong> trazer à capital<br />
acontecimentos como uma tarde<br />
mais nublada, mais umidade, pode,<br />
inclusive, potencializar chuvas<br />
fortes. Um <strong>do</strong>s motivos que chove<br />
forte na região <strong>do</strong> ABC é essa, a<br />
brisa marítima que sobe a Serra e<br />
atinge aquela região.<br />
Que país vizinho teria condições<br />
similares às nossas? Colômbia,<br />
Peru, por estar<strong>em</strong> próximos à Floresta?<br />
O Peru acaba sen<strong>do</strong> o mais pareci<strong>do</strong>,<br />
ten<strong>do</strong> a contribuição ora da<br />
floresta, ora <strong>do</strong> oceano, ten<strong>do</strong> parte<br />
<strong>do</strong> território na Floresta Amazônica<br />
e parte no Pacífico, que ajuda no regime<br />
de chuvas.<br />
Agora, os argentinos com a Patagônia<br />
é que derrubam a gente<br />
com as frentes frias, não é?<br />
De certa maneira, sim (risos). A<br />
formação da frente fria s<strong>em</strong>pre<br />
acontece <strong>das</strong> altas latitudes para<br />
as baixas latitudes. Record<strong>em</strong>os:<br />
o Equa<strong>do</strong>r está na latitude zero,<br />
tu<strong>do</strong> o que está para cima ou para<br />
baixo é uma latitude maior, assim,<br />
se você vai descen<strong>do</strong> pelo Brasil, a<br />
latitude vai aumentan<strong>do</strong>. No nosso<br />
caso, s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong>os uma frente<br />
fria vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> sul. A gente brinca e<br />
diz que a frente fria v<strong>em</strong> da Argentina,<br />
na verdade, as frentes frias se<br />
formam próximo à Antártica, ou no<br />
Pacífico, que acabam cruzan<strong>do</strong> os<br />
Andes e até pod<strong>em</strong> se formar sobre<br />
a Argentina e depois chegar até<br />
nós. Isto porque a atmosfera está<br />
s<strong>em</strong>pre buscan<strong>do</strong> um equilíbrio e,<br />
partin<strong>do</strong> <strong>do</strong> conceito de que o planeta<br />
Terra está giran<strong>do</strong> <strong>em</strong> torno<br />
ao sol, buscan<strong>do</strong> esse equilíbrio, o<br />
mesmo acontece com as perturbações<br />
climáticas, ou seja, o ar mais<br />
quente quer esquentar o ar mais<br />
frio, o ar mais frio vai para o ar mais<br />
quente, e assim, sucessivamente,<br />
s<strong>em</strong>pre buscan<strong>do</strong> o equilíbrio.<br />
Mudan<strong>do</strong> de h<strong>em</strong>isfério, os Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s têm muitos probl<strong>em</strong>as<br />
com o clima. Eles, sim, enfrentam<br />
eventos sérios, mas precisamos reconhecer<br />
que são muito bons nas<br />
previsões. Acertam na t<strong>em</strong>peratura<br />
– que varia bastante durante<br />
o dia – e no t<strong>em</strong>po. Eles são mais<br />
b<strong>em</strong> prepara<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que nós tecnicamente?<br />
Têm melhores instrumentos?<br />
Primeiro, é uma questão cultural.<br />
Eles têm anos acompanhan<strong>do</strong> o<br />
t<strong>em</strong>po. Os norte-americanos conviv<strong>em</strong><br />
muito mais com as condições<br />
meteorológicas <strong>do</strong> que nós, e eu<br />
acredito que seja justamente por<br />
causa da história deles, <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as<br />
com furacões e torna<strong>do</strong>s<br />
que têm, então, desde s<strong>em</strong>pre se<br />
habituaram a ouvir a meteorologia<br />
e a pesquisar muito essa ciência.<br />
Aqui no Brasil, lógico, como t<strong>em</strong>os<br />
um clima agradável, as <strong>pessoas</strong>, por<br />
cultura ainda – mas isso está mudan<strong>do</strong><br />
– não têm o hábito de acompanhar<br />
as condições <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po no dia a<br />
dia. Elas só se preocupam com isso<br />
quan<strong>do</strong> têm que ir à praia. Lá não,<br />
como têm invernos severos, a busca<br />
deles por equipamentos, tecnologia<br />
e melhores modelos de previsão<br />
é constante. Para eles é questão de<br />
sobrevivência ter previsões corretas.<br />
Eles têm realmente que se antecipar<br />
aos movimentos <strong>do</strong>s torna<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s<br />
furacões, saber para onde estão se<br />
deslocan<strong>do</strong> e qual a sua intensidade,<br />
mas ainda assim to<strong>do</strong>s os anos morr<strong>em</strong><br />
centenas de <strong>pessoas</strong> <strong>em</strong> consequência<br />
desses eventos.<br />
Nós, por outro la<strong>do</strong>...<br />
Nossa diferença com eles está na<br />
base da meteorologia, que é ter uma<br />
boa rede de estações meteorológicas.<br />
Comparan<strong>do</strong> o Brasil com os Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s, a diferença é enorme. A densidade<br />
de estações meteorológicas<br />
por quilômetro quadra<strong>do</strong> que eles<br />
têm e que nós t<strong>em</strong>os é gigantesca.<br />
Lá exist<strong>em</strong> estações espalha<strong>das</strong> por<br />
to<strong>do</strong> o país, toda a extensão territorial<br />
deles está coberta por estações meteorológicas,<br />
já aqui t<strong>em</strong>os grandes<br />
buracos, t<strong>em</strong>os uma densidade<br />
pequena, pecamos nessa questão. E<br />
por que é tão importante essa rede de<br />
estações? Porque é ali que se acompanha<br />
as condições climáticas <strong>em</strong><br />
t<strong>em</strong>po real. Essa informação – que<br />
nos chamamos de “inicial” – é que<br />
entra nos modelos meteorológicos e<br />
nos dá a previsão, então, se você parte<br />
de uma “condição inicial” que retrata<br />
muito b<strong>em</strong> o que está acontecen<strong>do</strong>,<br />
naturalmente consegue fazer com<br />
que o modelo, na hora de jogar as<br />
previsões para a frente, tenha uma<br />
assertividade maior. Ao contrário, se<br />
você parte de uma “condição inicial”<br />
S H O W R O O M11
GEntE<br />
S H O W R O O M 12<br />
não b<strong>em</strong> representada, - como no nosso caso, que<br />
não t<strong>em</strong>os um número satisfatório de estações meteorológicas<br />
- o modelo corre sério risco de não garantir<br />
boa previsão para as próximas horas ou para<br />
os próximos dias. Resumin<strong>do</strong>, a base é tu<strong>do</strong>. Como<br />
eu faço uma boa previsão? Eu preciso saber o que<br />
está acontecen<strong>do</strong> agora e jogar isso no modelo para<br />
prever. Se eu sei muito b<strong>em</strong> o que está acontecen<strong>do</strong><br />
agora, ótimo, o modelo vai conseguir rodar isso com<br />
um erro mínimo, se eu parto de uma condição inicial<br />
que eu não sei muito b<strong>em</strong> se está certa – por<br />
ex<strong>em</strong>plo, na região Amazônica e no Nordeste há<br />
poucas estações meteorológicas, há grandes buracos<br />
nas redes - a chance de erro é maior.<br />
B<strong>em</strong>, cada vez mais a previsão precisa é necessária,<br />
consideran<strong>do</strong> o Brasil como celeiro <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>, é necessário prever a geada e o granizo a<br />
qualquer custo, certo?<br />
Exatamente. Como antecipar-se aos eventos severos?<br />
Como prever se vai acontecer uma inundação,<br />
se vai haver granizo? É fundamental acompanhar<br />
minuto a minuto o que está acontecen<strong>do</strong>. E qual é a<br />
principal ferramenta para monitorar isso? É o radar<br />
meteorológico. E ele que nos dá uma radiografia<br />
<strong>do</strong> que está acontecen<strong>do</strong> naquele exato momento,<br />
seja com relação à intensidade, posicionamento e<br />
deslocamento da chuva, por ex<strong>em</strong>plo. Assumin<strong>do</strong><br />
que você t<strong>em</strong> essa ferramenta para saber onde está<br />
choven<strong>do</strong> forte, você precisa saber se ela está in<strong>do</strong><br />
pra cá ou pra lá, e pra isso é preciso ter uma cobertura<br />
de radares. Mais uma vez nós não pod<strong>em</strong>os nos<br />
comparar aos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Lá eles têm 100% <strong>do</strong><br />
território coberto por radares, aqui, nossos radares<br />
cobr<strong>em</strong> menos de <strong>20%</strong> <strong>do</strong> território nacional, e assim<br />
mesmo não são integra<strong>do</strong>s. Isto é, os radares<br />
da aeronáutica não são integra<strong>do</strong>s a outros e isso<br />
não deveria acontecer. Em poucas palavras, apesar<br />
de a<strong>do</strong>tarmos os mesmos modelos meteorológicos<br />
que os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, o que muda é a nossa<br />
condição inicial, a base inicial observada.<br />
Fal<strong>em</strong>os um pouco sobre as mudanças climáticas<br />
no Planeta. Sob a perspectiva da História, 50 anos<br />
são nada. Em meio século o clima mu<strong>do</strong>u sensivelmente.<br />
A cidade de São Paulo deixou de ter<br />
a sua famosa garoa à tardinha, por ex<strong>em</strong>plo. Esse<br />
fenômeno é consequência da ação <strong>do</strong> Hom<strong>em</strong><br />
ou é a evolução natural <strong>do</strong> Planeta?<br />
Esta é uma discussão bastante interessante,<br />
e dentro <strong>do</strong> meio científico da meteorologia<br />
exist<strong>em</strong> duas vertentes de pensamento, <strong>do</strong>is<br />
grupos que enxergam a realidade de maneira<br />
diferente: um grupo assume que nós estamos<br />
passan<strong>do</strong> por uma mudança climática causada<br />
basicamente pelo hom<strong>em</strong> e o outro acredita que<br />
n<strong>em</strong> tu<strong>do</strong> o que acontece <strong>em</strong> termos de mudanças<br />
climáticas decorre <strong>das</strong> ações humanas, mas<br />
de uma evolução natural. Tanto é assim, afirma<br />
esse grupo, que o hom<strong>em</strong> passou a medir as<br />
condições <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po há pouco mais de 100 anos<br />
e seguramente muito antes disso houve perío<strong>do</strong>s<br />
de aquecimento e de resfriamento global, quan<strong>do</strong><br />
o hom<strong>em</strong> desconhecia completamente como<br />
poluir o Planeta. Assim, o que estamos viven<strong>do</strong><br />
hoje <strong>em</strong> termos de t<strong>em</strong>peraturas médias mais<br />
altas estaria inseri<strong>do</strong> dentro de um perío<strong>do</strong> de<br />
aquecimento global normal da história <strong>do</strong> Planeta.<br />
E por existir<strong>em</strong> essas duas teses é que ainda<br />
há divergências com relação a qual é o real papel<br />
<strong>do</strong> hom<strong>em</strong> nesta realidade de t<strong>em</strong>peraturas<br />
mais altas. Agora, independent<strong>em</strong>ente <strong>das</strong> duas<br />
teses e de como era o clima há 50 anos, a cidade<br />
de São Paulo mu<strong>do</strong>u completamente. A estrutura<br />
urbana, a população, a área verde... tu<strong>do</strong> isso mu<strong>do</strong>u<br />
enorm<strong>em</strong>ente. Isto, independent<strong>em</strong>ente <strong>do</strong><br />
aquecimento global, alterou o microclima local.<br />
É um fato.<br />
O solo impermeabiliza<strong>do</strong>, tantos carros... (risos)<br />
Pois é, tu<strong>do</strong> isso traz maior frequência de<br />
alagamentos, porque o fato de não ter tantas<br />
áreas verdes como antes, altera toda a condição<br />
de chuva da cidade. E não é só São Paulo, outros<br />
grandes centros <strong>do</strong> País e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que passaram<br />
por essa urbanização e ocupação <strong>do</strong> solo, alteraram<br />
o microclima e esta é uma ação <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>.<br />
Que é possível reverter...<br />
S<strong>em</strong> dúvida, o ser humano t<strong>em</strong> a grande capacidade<br />
de reverter erros. Eu acredito firm<strong>em</strong>ente<br />
que, assumin<strong>do</strong> que estamos passan<strong>do</strong> por mudanças<br />
e que isto vai afetar as gerações futuras,<br />
t<strong>em</strong>os plena capacidade técnica para reverter a<br />
situação.
De interferir no processo de urbanização<br />
descontrola<strong>do</strong>...<br />
O hom<strong>em</strong> t<strong>em</strong> o poder de destruir,<br />
mas de reconstruir também, veja<br />
o que foi feito na Serra <strong>do</strong> Mar há<br />
algumas déca<strong>das</strong>. Um reflorestamento!<br />
Eu era criança, mas me<br />
l<strong>em</strong>bro. Jogaram de helicóptero mu<strong>das</strong><br />
de árvores nativas envoltas <strong>em</strong><br />
cápsulas de gelatina para reflorestar<br />
a Serra. O resulta<strong>do</strong> está aí. Outro<br />
ex<strong>em</strong>plo muito interessante é de<br />
como era Cubatão 20 anos atrás,<br />
uma <strong>das</strong> cidades mais poluí<strong>das</strong> <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>. Espécies estavam ameaça<strong>das</strong>.<br />
Hoje voltam pra lá. Então, o<br />
hom<strong>em</strong> reverteu o processo no qual<br />
foi o principal causa<strong>do</strong>r.<br />
Que região brasileira está mais<br />
parecida ao que era originalmente?<br />
Qual é a região mais preservada?<br />
Justamente onde houve menor urbanização.<br />
Cidades <strong>do</strong> interior <strong>do</strong><br />
País, a própria região da Floresta<br />
Amazônica. Lá não se ve<strong>em</strong> tantas<br />
mudanças com relação a fatores<br />
climáticos.<br />
Apesar de o mun<strong>do</strong> inteiro nos crucificar...<br />
E o sertão, também continua<br />
seco...<br />
Eu diria mais o agreste. O agreste <strong>do</strong><br />
sertão já era seco quan<strong>do</strong> nossos ancestrais<br />
chegaram e continua seco.<br />
Igualzinho, não? (risos)<br />
Felizmente, porque observe, a Terra<br />
evolui e os ecossist<strong>em</strong>as evolu<strong>em</strong><br />
buscan<strong>do</strong> o equilíbrio. O nordeste,<br />
muito seco, é perto da Floresta<br />
Amazônica, muito úmida. A evolução<br />
da natureza chegou a esse equilíbrio.<br />
A partir <strong>do</strong> momento <strong>em</strong> que<br />
interferimos nesse ambiente, afetamos<br />
o equilíbrio natural, que acaba<br />
refletin<strong>do</strong> nas condições meteorológicas.<br />
E se uma região começa a<br />
entrar <strong>em</strong> desequilíbrio, to<strong>do</strong> o Planeta<br />
segue essa toada <strong>em</strong> maior ou<br />
menor grau. Por isso é importante<br />
manter os ecossist<strong>em</strong>as.<br />
E no globo, que área está mais<br />
preservada?<br />
Difícil dizer isso porque to<strong>do</strong>s os<br />
continentes passaram por essa<br />
condição de urbanização, mas eu<br />
diria que onde houve menos ação<br />
urbanística foi na África, apesar<br />
de lá ter havi<strong>do</strong> grande exploração<br />
de solo... Os Polos ficaram praticamente<br />
fora da urbanização, mas<br />
n<strong>em</strong> por isso estão isentos de sofrer<br />
o impacto <strong>das</strong> ações climáticas. Os<br />
Polos vêm sofren<strong>do</strong> um constante<br />
processo de degelo; a taxa de derretimento<br />
<strong>das</strong> calotas polares, cada<br />
vez maior por conta <strong>do</strong> aquecimento,<br />
seja ele causa<strong>do</strong> pelo hom<strong>em</strong>, seja<br />
causa<strong>do</strong> pela evolução natural <strong>do</strong><br />
Planeta é um fato. Embora não haja<br />
interferência direta <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>, é um<br />
local que está sofren<strong>do</strong> uma mudança<br />
grande.<br />
E essa mudança nós não vamos<br />
poder conter, não é? Esse degelo,<br />
essa elevação <strong>do</strong>s mares vai ocorrer<br />
de qualquer jeito...<br />
Assim como hoje achamos conchas<br />
no meio <strong>do</strong> sertão, porque já houve<br />
um oceano ali, muito antes de termos<br />
pisa<strong>do</strong> neste Planeta.<br />
S H O W R O O M13
AOnDE EU vOU<br />
COM O MEU<br />
vW<br />
Corri<strong>das</strong>, trilhas, ciclismo, vida saudável. <strong>Pela</strong> serra de Nova Friburgo, então, tu<strong>do</strong> isso é ainda muito mais<br />
convidativo. Este é o estilo de vida <strong>do</strong> <strong>em</strong>presário Carlos José Yeker <strong>do</strong>s Santos que junto com<br />
o pai e os irmãos administra uma <strong>das</strong> mais tradicionais <strong>em</strong>presas de Nova<br />
Friburgo (RJ) a Hak Aviamentos , fornece<strong>do</strong>ra de matéria prima para confecções de moda íntima, há<br />
mais de meio século lideran<strong>do</strong> um segmento, que por sua vez é o maior produtor da América Latina. Este orgulho<br />
se traduz também na escolha de seus carros: robustos, com personalidade e, naturalmente, esportivos. Para ele,<br />
a Amarok, para a esposa, o Tiguan, ambos compra<strong>do</strong>s na VW FRIVEL, de Nova Friburgo (RJ) assim como a sua<br />
<strong>em</strong>presa, tradicional na história e moderna na atitude.<br />
Por força da profissão, o médico anestesista, Milton Brandão, é criteriosamente<br />
preciso.Por contingência, o fazendeiro, Milton Brandão, é precisamente criterioso. Para ele, não existe mais ou menos,<br />
por isso escolheu a Amarok, um carro completo, <strong>do</strong> campo e da cidade, para curtir sozinho ou para toda a família.<br />
Cliente da VW MARCAS FAMOSAS, de São Paulo (SP) há mais de 15 anos, “o Dr. Milton é desses clientes que experimenta,<br />
testa e gosta de saber exatamente o que está adquirin<strong>do</strong>. Apesar de sua precisão cirúrgica até na hora de comprar um<br />
veículo, desta vez o Dr. Milton foi surpreendi<strong>do</strong> positivamente ao levar sua família para a fazenda <strong>em</strong> Cássia <strong>do</strong>s Coqueiros,<br />
próximo a Ribeirão Preto, na sua Nova Amarok Automática. A viag<strong>em</strong> foi extr<strong>em</strong>amente confortável”, revelou Antonio Carlos<br />
Nazar, o Cacau, titular da concessionária paulistana, garantin<strong>do</strong> que a mulher, os filhos e até a sogra <strong>do</strong> médico (risos)<br />
elogiaram sua mais recente compra. “O Dr. Milton ficou encanta<strong>do</strong> com a tecnologia, o conforto e<br />
S H O W R O O M com o des<strong>em</strong>penho da Amarok.“<br />
14
Quan<strong>do</strong> o industrial José Vicente Vieira comprou seu primeiro carro na VW<br />
BELCAR de Goiânia (GO) um Gol Bolinha, há 16 anos -, ele não poderia imaginar que <strong>do</strong>is anos<br />
depois teria filhos gêmeos e que ambos foss<strong>em</strong> apaixona<strong>do</strong>s por carros. Mais ainda: que os <strong>do</strong>is o fizess<strong>em</strong><br />
prometer que teriam, quan<strong>do</strong> adultos, uma concessionária Volkswagen, tamanha é a paixão <strong>do</strong>s meninos pela<br />
marca. Também, pudera, desde o primeiro Gol, compra<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1996, já foram 12 Volkswagen, to<strong>do</strong>s adquiri<strong>do</strong>s na<br />
BELCAR, “que não economiza atenção aos clientes”, diz Vicente, aos 41 anos, feliz da vida com o seu Jetta.<br />
Talento to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> t<strong>em</strong>, mas poucos acabam descobrin<strong>do</strong> o próprio talento. Qu<strong>em</strong> consegue essa proeza<br />
é muito feliz. É o caso de José Marcos, cliente da VW DISNOVE, <strong>do</strong> Recife (PE).<br />
Como profissão, taxista na cidade de Camaragibe, e talentoso que é, músico e<br />
cantor de forró! Não é d<strong>em</strong>ais? Para dar conta de tu<strong>do</strong> isso, só mesmo um Volkswagen. Modelo? Uma<br />
Parati, é claro. “E já é a segunda”, diz ele, “porque t<strong>em</strong> um super motor. Além <strong>do</strong> mais, é no porta-malas<br />
que coloco to<strong>do</strong>s os equipamentos da minha banda, a “Sabor de Forró”. O pessoal da DISNOVE que já ouviu<br />
a Banda garante: “Pod<strong>em</strong> contratar de olhos fecha<strong>do</strong>s. Interessa<strong>do</strong>s? Fal<strong>em</strong> com a gente! titular.disnove@<br />
assobrav.com.br<br />
S H O W R O O M17
tEnDênCIA<br />
Boas perspectivas para o comércio<br />
global e exportação entre <strong>em</strong>presas de<br />
tecnologia<br />
S H O W R O O M 18<br />
Apesar da incerteza<br />
econômica nos países<br />
ricos, a confiança <strong>do</strong>s<br />
executivos de tecnologia<br />
norte-americanos no<br />
futuro <strong>do</strong> comércio mundial<br />
e <strong>das</strong> exportações t<strong>em</strong><br />
cresci<strong>do</strong> significant<strong>em</strong>ente<br />
ao longo <strong>do</strong>s últimos <strong>do</strong>is<br />
anos. Citan<strong>do</strong> mudanças<br />
legislativas e aumento<br />
de taxas trabalhistas no<br />
exterior como fatores,<br />
85% <strong>do</strong>s executivos<br />
de tecnologia <strong>do</strong>s EUA<br />
acreditam que a meta de<br />
<strong>do</strong>brar as exportações até<br />
2014 - que faz parte da<br />
Iniciativa de Exportação<br />
Nacional da administração<br />
de Barack Obama - seja<br />
“muito provável” ou<br />
“algo provável” de se<br />
atingir, versus os 40%<br />
que acreditava nisso logo<br />
depois que a meta foi<br />
estabelecida há <strong>do</strong>is anos.<br />
A força <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s<br />
<strong>em</strong>ergentes<br />
Os resulta<strong>do</strong>s foram<br />
aponta<strong>do</strong>s pela pesquisa<br />
anual da UPS (<strong>em</strong>presa<br />
líder global <strong>em</strong> logística,<br />
com sede <strong>em</strong> Atlanta),<br />
“Change in the (Supply)<br />
Chain”, realizada pela IDC<br />
Manufacturing Insights com<br />
foco <strong>em</strong> decisores seniores<br />
da cadeia de suprimentos<br />
na indústria de tecnologia<br />
e eletrônicos <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s. A pesquisa foi<br />
projetada para apontar as<br />
principais tendências da<br />
cadeia de suprimentos que<br />
impulsionam mudanças<br />
nessa indústria. O<br />
estu<strong>do</strong> de 2012 foi foca<strong>do</strong><br />
especi<strong>ficam</strong>ente na<br />
exportação, e realiza<strong>do</strong> de<br />
maio a julho de 2012.<br />
Entre os executivos que<br />
acreditam que a meta de
exportação é viável, quase um<br />
<strong>em</strong> cada três atribu<strong>em</strong> isso ao<br />
constante aumento <strong>do</strong> rendimento<br />
<strong>em</strong> merca<strong>do</strong>s <strong>em</strong>ergentes. Outro<br />
terço cita as taxas trabalhistas<br />
<strong>em</strong> ascensão nos países que<br />
tradicionalmente têm baixo custo<br />
de fabricação como um fator<br />
primordial, e cerca de um <strong>em</strong> cada<br />
cinco cita alterações legislativas,<br />
tais como os recentes acor<strong>do</strong>s de<br />
livre comércio na Ásia. A grande<br />
maioria, 81% <strong>do</strong>s executivos,<br />
antecipa que os recentes acor<strong>do</strong>s<br />
de livre comércio na Ásia irão<br />
aumentar as importações e<br />
exportações de e para a região.<br />
Brasil será um <strong>do</strong>s grandes<br />
consumi<strong>do</strong>res de tecnologia<br />
Embora a América <strong>do</strong> Norte esteja<br />
prevista para continuar a ser o<br />
maior merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r de<br />
tecnologia durante os próximos<br />
três a cinco anos, a d<strong>em</strong>anda por<br />
produtos <strong>do</strong> tipo deve diminuir <strong>em</strong><br />
sete por cento na região, enquanto<br />
a d<strong>em</strong>anda <strong>em</strong> outros merca<strong>do</strong>s<br />
deverá aumentar <strong>em</strong> algumas<br />
regiões <strong>em</strong> percentuais de <strong>do</strong>is<br />
dígitos.<br />
Especi<strong>ficam</strong>ente, executivos<br />
planejam aumentar ven<strong>das</strong> e<br />
atendimentos na Índia, Oriente<br />
Médio e África <strong>em</strong> 22% cada, e no<br />
Brasil <strong>em</strong> 18%. Para as ven<strong>das</strong> e<br />
atendimentos <strong>em</strong> outras regiões<br />
da América <strong>do</strong> Sul, é espera<strong>do</strong><br />
um aumento de 19%. Europa<br />
Oriental (15%), Coreia (13%), China<br />
(8 %) e outras nações asiáticas<br />
(8%) também figuram na lista de<br />
principais merca<strong>do</strong>s de consumo<br />
de tecnologia.<br />
“A mudança esperada na d<strong>em</strong>anda<br />
<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r por<br />
produtos de alta tecnologia traz<br />
oportunidades e desafios para<br />
<strong>em</strong>presas”, disse Ken Rankin,<br />
diretor de marketing de tecnologia<br />
da UPS. “A d<strong>em</strong>anda global<br />
continuará a crescer <strong>em</strong> merca<strong>do</strong>s<br />
novos e existentes, fazen<strong>do</strong> com<br />
que os executivos da cadeia de<br />
suprimentos mud<strong>em</strong> não só as<br />
suas operações de atendimento,<br />
mas também suas estratégias de<br />
terceirização para atender a esses<br />
merca<strong>do</strong>s. Nós já começamos a<br />
ver essa mudança no mo<strong>do</strong> como<br />
as <strong>em</strong>presas olham para a Índia e<br />
Brasil como merca<strong>do</strong>s-chave, não<br />
só para atendimento, mas para<br />
produção também. “<br />
Os entrevista<strong>do</strong>s citam as<br />
economias <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s<br />
<strong>em</strong>ergentes e sua crescente<br />
classe média com apetite<br />
cada vez maior por produtos<br />
de tecnologia<br />
O mais surpreendente é o aumento<br />
considerável <strong>do</strong> otimismo <strong>em</strong><br />
torno da meta de exportação<br />
de 2014 <strong>do</strong>s EUA. Não só 85%<br />
acreditam que o objetivo é, <strong>em</strong><br />
última análise atingível, mas 21%<br />
acreditam que é “muito provável”<br />
de ser alcança<strong>do</strong>. Além disso, um<br />
total de 74% de executivos esperam<br />
ver um crescimento da exportação<br />
individual de produtos de sua<br />
<strong>em</strong>presa nos próximos <strong>do</strong>is anos.<br />
Quan<strong>do</strong> pergunta<strong>do</strong>s sobre por<br />
que preve<strong>em</strong> o crescimento <strong>do</strong><br />
comércio global, 81% <strong>do</strong>s executivos<br />
americanos citam os acor<strong>do</strong>s<br />
de livre comércio na Ásia como<br />
um fator chave. Os entrevista<strong>do</strong>s<br />
também citam as economias<br />
<strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s <strong>em</strong>ergentes e sua<br />
crescente classe média com apetite<br />
cada vez maior por produtos de<br />
tecnologia.<br />
Avalian<strong>do</strong> oportunidades individuais<br />
para o crescimento <strong>do</strong> comércio<br />
internacional, apenas cerca de<br />
um <strong>em</strong> quatro <strong>do</strong>s <strong>em</strong>presários de<br />
tecnologia acredita que a capacidade<br />
de sua companhia de importar/<br />
exportar está entre as melhores da<br />
categoria, e 72% relata que exist<strong>em</strong><br />
oportunidades de melhoria. Desse<br />
grupo, 22% diz que há oportunidades<br />
significantes para suas <strong>em</strong>presas<br />
de melhorias de sua capacidade de<br />
importação/exportação.<br />
Olhan<strong>do</strong> para o futuro:<br />
mudanças na Cadeia de<br />
Suprimentos de Tecnologia<br />
Custos da cadeia (72%), prazos de<br />
entrega (4%) e capacidade de resposta<br />
(18%), foram aponta<strong>das</strong> como as três<br />
principais causas da mudança na<br />
cadeia de fornecimento de tecnologia<br />
nos próximos três a cinco anos. Quase<br />
a metade <strong>do</strong>s executivos de tecnologia,<br />
48%, cita prazos de entrega<br />
estendi<strong>do</strong>s como um <strong>do</strong>s três pontos<br />
críticos no processo de importação/<br />
exportação, além de gestão de<br />
inventário (42%) e visibilidade de ponta<br />
a ponta (38%). Fornece<strong>do</strong>res instáveis<br />
e proteção da propriedade intelectual<br />
segu<strong>em</strong> logo atrás nessa lista, com<br />
37 % e 30% <strong>do</strong>s executivos citan<strong>do</strong>-os<br />
como probl<strong>em</strong>as.<br />
“Para <strong>em</strong>presas de tecnologia,<br />
a d<strong>em</strong>anda muda rapidamente e<br />
inovação rápida é uma necessidade”,<br />
disse Rankin. “Os vence<strong>do</strong>res serão<br />
as <strong>em</strong>presas que conseguir<strong>em</strong><br />
alavancar o crescimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
<strong>em</strong>ergente com produtos fortes e<br />
executar importação e exportação<br />
com excelência.”<br />
A pesquisa da UPS “Change in the (Supply) Chain” foi conduzida<br />
às cegas, com profundidade por telefone pela IDC Manufacturing<br />
Insights <strong>em</strong> nome da UPS com aproximadamente 125 fabricantes<br />
de tecnologia nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Os entrevista<strong>do</strong>s qualifica<strong>do</strong>s<br />
eram decisores de nível sênior responsáveis pela cadeia de<br />
suprimentos e logística nas indústrias de s<strong>em</strong>icondutores,<br />
eletrônica de consumo, componentes eletrônicos/acessórios e de<br />
equipamentos de comunicação. As pesquisas foram realiza<strong>das</strong> de<br />
maio a julho de 2012.<br />
Fonte: Edelman Significa<br />
S H O W R O O M19
CApA<br />
Apagão na mobili<br />
“Nos anos 50, São Paulo era uma cidade de modelo<br />
europeu, era compacta <strong>em</strong> torno <strong>do</strong> centro, a área da<br />
região metropolitana era de 200 km², havia 700 km de<br />
trilhos, menos de 100 mil carros e os 2 milhões e 500 mil<br />
habitantes faziam 95% <strong>das</strong> suas viagens de bonde. De lá<br />
para cá, a frota cresceu 70 vezes e a população 10 vezes.<br />
As viagens d<strong>em</strong>oravam 10 minutos e hoje a média otimista<br />
é de 70 minutos.”<br />
Em “esta<strong>do</strong> de lentidão permanente” ao trafegar por<br />
ruas e aveni<strong>das</strong> de São Paulo, quatro milhões de <strong>pessoas</strong><br />
gastam para ir e voltar <strong>do</strong> trabalho cerca de 3 horas por<br />
dia. Ao longo <strong>do</strong> ano perd<strong>em</strong> 12 s<strong>em</strong>anas para<strong>das</strong> <strong>em</strong><br />
congestionamentos. Poderiam estar de fato trabalhan<strong>do</strong>, se<br />
divertin<strong>do</strong>, estudan<strong>do</strong>, enfim, viven<strong>do</strong>.<br />
E isso acontece seis dias por s<strong>em</strong>ana, porque aos sába<strong>do</strong>s,<br />
a capital paulista registra médias de congestionamento<br />
equivalentes às de uma segunda-feira.<br />
Levantamento realiza<strong>do</strong><br />
pelo Núcleo de Estu<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
Infraestrutura e Logística<br />
da Fundação Dom Cabral,<br />
<strong>em</strong> 2009, apontou que<br />
grandes centros urbanos<br />
como São Paulo, Belo<br />
Horizonte, Rio de Janeiro<br />
e Porto Alegre viveriam<br />
um “esta<strong>do</strong> de lentidão<br />
permanente” no tráfego.<br />
As aveni<strong>das</strong> não parariam<br />
por completo, mas haveria<br />
permanente de lentidão,<br />
provocan<strong>do</strong> efeito <strong>do</strong>minó<br />
que atingiria não só os<br />
maiores corre<strong>do</strong>res viários,<br />
mas aveni<strong>das</strong> menores<br />
e ruas adjacentes. Este<br />
S H O W R O O M 22<br />
cenário é realidade <strong>em</strong><br />
São Paulo no ano previsto<br />
pelo estu<strong>do</strong>: 2012. No<br />
Rio será <strong>em</strong> 2014, <strong>em</strong><br />
BH e Porto Alegre <strong>em</strong><br />
2016, ou antes. Isso<br />
porque, o transporte<br />
individual avança mais<br />
<strong>do</strong> que o coletivo, <strong>do</strong><br />
que a infraestrutura,<br />
s<strong>em</strong> falar nas questões<br />
de planejamento e<br />
zoneamento urbano,<br />
investimentos<br />
insuficientes <strong>em</strong> outros<br />
modais de transporte,<br />
educação formal da<br />
população, treinamento<br />
e qualificação <strong>do</strong>s<br />
motoristas profissionais<br />
(ou não) e muitas<br />
outras questões que<br />
faz<strong>em</strong> parecer que<br />
não há solução ao<br />
longo <strong>do</strong> caminho.<br />
“Melhorar a<br />
mobilidade não vai<br />
contra os interesses<br />
da indústria<br />
automobilística”<br />
“No Brasil, o transporte<br />
ro<strong>do</strong>viário é o mais<br />
intenso modal de<br />
transporte de carga e<br />
passageiros. De to<strong>do</strong>s<br />
os bens transporta<strong>do</strong>s<br />
60% são por caminhão.<br />
A ferrovia v<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
segun<strong>do</strong> lugar, com<br />
percentual transporta<strong>do</strong><br />
b<strong>em</strong> menor. Nos Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s, 26% <strong>do</strong>s bens<br />
transporta<strong>do</strong>s são<br />
pelo modal ro<strong>do</strong>viário,<br />
na Austrália 24%. O<br />
modelo ideal é ro<strong>do</strong>via<br />
e ferrovia. Precisamos<br />
diminuir a dependência<br />
<strong>do</strong> transporte ro<strong>do</strong>viário”,<br />
disse Roberto Cortes,<br />
presidente da MAN Latin<br />
America, <strong>em</strong>presa al<strong>em</strong>ã<br />
que lidera o merca<strong>do</strong> de<br />
caminhões leves, médios<br />
e pesa<strong>do</strong>s (veículos<br />
Volkswagen). Melhorar a<br />
mobilidade não vai contra<br />
os interesses da indústria<br />
automobilística apontada<br />
como vilã e promotora<br />
<strong>do</strong> transporte individual,
dade<br />
por roSÂNGela loTFi e Silvia Bella<br />
ao contrário. Segun<strong>do</strong> Cortes, a melhora<br />
da mobilidade traria maior eficiência<br />
no transporte, o que, naturalmente,<br />
d<strong>em</strong>andaria mais caminhões.<br />
Roberto Cortes e outros<br />
especialistas se reuniram<br />
<strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro, <strong>em</strong> São Paulo<br />
no SIMEA 2012 (XX Simpósio<br />
Internacional de Engenharia Automotiva)<br />
promovi<strong>do</strong> pela AEA - Associação<br />
Brasileira de Engenharia Automotiva,<br />
para discutir o t<strong>em</strong>a e tentar encontrar<br />
um caminho alternativo. Os veículos são<br />
parte <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a. “Nos últimos 10 anos,<br />
o PIB brasileiro cresceu <strong>em</strong> média 4% ao<br />
ano, as ven<strong>das</strong> de automóveis cresceram,<br />
<strong>em</strong> média, 7% ao ano no mesmo perío<strong>do</strong><br />
e as de motocicletas 12%. A ven<strong>das</strong> de<br />
carros cresceram quase duas vezes<br />
mais <strong>do</strong> que o PIB”, afirmou Carlos<br />
Henrique Ribeiro de Carvalho,<br />
técnico de planejamento e pesquisa<br />
da diretoria de estu<strong>do</strong>s e políticas<br />
regionais <strong>do</strong> IPEA. “Consequência<br />
<strong>do</strong> aumento de renda <strong>das</strong> classes<br />
mais baixas”, explicou, citan<strong>do</strong> a<br />
Pesquisa de Orçamento Familiar <strong>do</strong><br />
IBGE, que identificou um aumento<br />
no gasto com transporte priva<strong>do</strong> da<br />
ord<strong>em</strong> de cinco vezes. “À medida<br />
que aumenta a renda, aumenta a<br />
proporção de famílias que usam o<br />
transporte individual”, disse.<br />
A infraestrutura, o modelo<br />
de desenvolvimento e<br />
planejamento urbano<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no Brasil compõ<strong>em</strong><br />
as outras variáveis <strong>do</strong><br />
probl<strong>em</strong>a que começou nos<br />
anos 1950. A partir daquela<br />
década, com a industrialização,<br />
o modelo de desenvolvimento<br />
priorizou o setor automobilístico,<br />
polo de riqueza e geração de<br />
<strong>em</strong>prego e deixou os trilhos de<br />
la<strong>do</strong>. “Nos últimos 50 anos, as<br />
cidades saíram <strong>do</strong> bonde elétrico<br />
para o carro. Deixaram de ser sobre<br />
trilhos, eletrifica<strong>das</strong> e coletivas para<br />
ser<strong>em</strong> sobre ro<strong>das</strong>, carboniza<strong>das</strong><br />
e individuais”, lamentou Carvalho<br />
<strong>do</strong> IPEA. São Paulo ilustra b<strong>em</strong><br />
isso. Nos anos 1950, contou<br />
Ailton Brasiliense, presidente da<br />
Roberto<br />
Cortes<br />
“Nos últimos 50<br />
anos, as cidades<br />
saíram <strong>do</strong><br />
bonde elétrico<br />
para o carro.<br />
Deixaram de<br />
ser sobre trilhos,<br />
eletrifica<strong>das</strong><br />
e coletivas<br />
para ser<strong>em</strong><br />
sobre ro<strong>das</strong>,<br />
carboniza<strong>das</strong> e<br />
individuais.”<br />
ANTP (Associação Nacional<br />
de Transportes Públicos), São<br />
Paulo era uma cidade de modelo<br />
europeu, era compacta <strong>em</strong><br />
torno <strong>do</strong> centro, a área da região<br />
metropolitana era de 200 km²,<br />
havia 700 km de trilhos, menos<br />
de 100 mil carros e os 2 milhões<br />
e 500 mil habitantes faziam 95%<br />
<strong>das</strong> suas viagens de bonde. De<br />
lá para cá, a frota cresceu 70<br />
vezes e a população 10 vezes. As<br />
viagens d<strong>em</strong>oravam 10 minutos<br />
e hoje a média otimista é de 70<br />
minutos. As cidades seguiram<br />
o modelo norte-americano e<br />
se expandiram <strong>do</strong> centro para<br />
a periferia. “Não é possível<br />
compactar a cidade, mas dá para<br />
S H O W R O O M23
CApA<br />
mudar de uma cidade<br />
congestionada, poluída e<br />
que perde dinheiro, para<br />
uma cidade que combina<br />
uma rede de pneus<br />
(corre<strong>do</strong>res de ônibus) e<br />
uma rede de trilhos.”<br />
A indústria<br />
automobilística<br />
faz a sua parte.<br />
Os caminhões novos<br />
que rodam no Brasil,<br />
segu<strong>em</strong> a legislação de<br />
<strong>em</strong>issões de poluentes<br />
EURO 5, eles são<br />
iguais aos europeus.<br />
Em pouco anos, to<strong>do</strong>s<br />
terão ABS e outros itens<br />
de segurança. Seguir<br />
o padrão europeu e<br />
norte-americano <strong>em</strong><br />
caminhões e ônibus é<br />
fácil, mas a infraestrutura<br />
é muito diferente,<br />
d<strong>em</strong>onstrou Roberto<br />
Cortes com números: a<br />
área territorial <strong>do</strong> Brasil<br />
equivale a 24 Al<strong>em</strong>anhas;<br />
o PIB per capita é quatro<br />
vezes menor. Há no<br />
Brasil 1 milhão, 730 mil<br />
km de estra<strong>das</strong>, sen<strong>do</strong><br />
que apenas 220 mil<br />
km são pavimenta<strong>do</strong>s,<br />
13% da malha total. Na<br />
Índia, 51% <strong>das</strong> estra<strong>das</strong><br />
são pavimenta<strong>das</strong>.<br />
Apesar de o trânsito ser<br />
caótico e os motoristas<br />
terríveis, a Índia v<strong>em</strong><br />
cumprin<strong>do</strong> o seu<br />
papel <strong>em</strong> investimento<br />
tecnológico e “nos<br />
S H O W R O O M 24<br />
Shrikant Marathe, Stefan Pischinger e Mauro Moraes de Sousa, especialistas<br />
que participaram <strong>do</strong> Congresso 2012 SAE Brasil.<br />
últimos seis anos muita<br />
coisa foi conquistada”,<br />
garantiu o presidente<br />
da SAE Índia e diretor<br />
da ARAI (Associação de<br />
Pesquisa Automobilística<br />
daquele país), Shrikant<br />
Marathe, durante o<br />
painel internacional <strong>do</strong><br />
Congresso 2012 SAE<br />
Brasil, realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
São Paulo, no início de<br />
outubro.<br />
O ex<strong>em</strong>plo indiano<br />
Na verdade, desde 2001,<br />
Nova Délhi começou a<br />
converter os motores<br />
de to<strong>do</strong>s os ônibus que<br />
faz<strong>em</strong> o transporte<br />
público para gás natural<br />
e hoje t<strong>em</strong> a maior<br />
frota <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> de<br />
ônibus e outros veículos<br />
comerciais rodan<strong>do</strong> com<br />
gás natural. O melhor é<br />
que n<strong>em</strong> precisou investir<br />
muito, apenas adaptou<br />
os motores. Essa atitude<br />
também colaborou para o<br />
Plano de Ação <strong>do</strong> Clima,<br />
lança<strong>do</strong> anos mais tarde<br />
(2008), que priorizou o<br />
investimento <strong>em</strong> energia<br />
solar e <strong>em</strong> outras fontes<br />
renováveis.<br />
O governo, que t<strong>em</strong><br />
d<strong>em</strong>onstra<strong>do</strong> grande<br />
interesse nesse plano,<br />
investin<strong>do</strong> inclusive <strong>em</strong><br />
moradias sustentáveis, na<br />
conservação da água e <strong>do</strong><br />
ecossist<strong>em</strong>a <strong>do</strong> Himalaia,<br />
no aumento da cobertura<br />
florestal e maior proteção<br />
à biodiversidade, à<br />
agricultura sustentável<br />
e à criação de uma<br />
plataforma de<br />
conhecimento estratégico<br />
sobre as mudanças<br />
climáticas, também<br />
preven<strong>do</strong> um plano de<br />
redução de <strong>em</strong>issões de<br />
dióxi<strong>do</strong> de carbono, com<br />
regras que envolv<strong>em</strong> a<br />
criação de impostos e<br />
legislação para que as<br />
<strong>em</strong>presas efetivamente<br />
desenvolvam tecnologia e<br />
programas de redução de<br />
<strong>em</strong>issões de gases. “Há<br />
ainda muito o que fazer<br />
e o merca<strong>do</strong> é grande,<br />
desde que respeita<strong>das</strong><br />
as particularidades da<br />
Índia”, salientou Marathe,<br />
indican<strong>do</strong> tecnologias<br />
a gás e a hidrogênio<br />
como as alternativas<br />
para aquele país, que<br />
diferent<strong>em</strong>ente da<br />
China, até por questões<br />
religiosas, é sensível à<br />
conservação <strong>do</strong> planeta.<br />
Já no Brasil<br />
tropical, <strong>das</strong><br />
ro<strong>do</strong>vias brasileiras<br />
pavimenta<strong>das</strong>,<br />
entre 60% e <strong>70%</strong> não<br />
t<strong>em</strong> boas condições de<br />
uso, nas regiões sul e<br />
sudeste as estra<strong>das</strong><br />
são melhores. Na região<br />
centro-oeste - que têm<br />
grande importância<br />
econômica por causa <strong>do</strong><br />
transporte de grãos - as<br />
estra<strong>das</strong> são precárias e<br />
a situação só piora; nas<br />
regiões norte-nordeste são<br />
impraticáveis. Esse cenário<br />
faz <strong>do</strong> Brasil centro de<br />
expertise <strong>em</strong> suspensão de<br />
veículos! Quase a totalidade<br />
<strong>das</strong> monta<strong>do</strong>ras t<strong>em</strong> no<br />
Brasil seu centro mundial<br />
de desenvolvimento de<br />
suspensões. E mais: a<br />
MAN trouxe para o Brasil<br />
um modelo de caminhão<br />
europeu e teve que fazer<br />
204 modificações para que<br />
ele pudesse circular no<br />
Brasil. “To<strong>do</strong> esse esforço<br />
de engenharia automotiva<br />
deveria ser aplica<strong>do</strong> na<br />
infraestrutura”, afirma<br />
Roberto Cortes.<br />
A saída é tecnológica<br />
Pesquisa<strong>do</strong>res,<br />
engenheiros,<br />
fabricantes de<br />
autopeças, sist<strong>em</strong>istas<br />
e monta<strong>do</strong>ras. To<strong>do</strong><br />
este universo está <strong>em</strong><br />
busca de soluções técnicas<br />
para reduzir custos, seja<br />
por meio de plataformas<br />
globais ou estratégias<br />
de modularização. A<br />
economia de combustível,<br />
através da tecnologia da<br />
redução de CO 2 com a
utilização de veículos<br />
elétricos ou híbri<strong>do</strong>s,<br />
mas principalmente o<br />
<strong>em</strong>prego de materiais<br />
nobres à engenharia e<br />
ao design sofistica<strong>do</strong>s<br />
e criteriosamente<br />
pensa<strong>do</strong>s para conter<br />
gastos e poluir menos<br />
também foram os<br />
propósitos <strong>do</strong>s trabalhos<br />
apresenta<strong>do</strong>s pelos<br />
colegas engenheiros <strong>do</strong><br />
indiano Shrikant Marathe<br />
no painel internacional<br />
“Oportunidades e<br />
Desafios da Indústria<br />
Automobilística com<br />
a Nova Economia e<br />
Cenários Energéticos” <strong>do</strong><br />
Congresso SAE Brasil.<br />
Foi o caso <strong>das</strong> notáveis<br />
apresentações de Stefan<br />
Pischinger, presidente<br />
e CEO da FEV GmbH<br />
e presidente da VKA –<br />
Aach<strong>em</strong> University e <strong>do</strong><br />
brasileiro Mauro Moraes<br />
de Sousa, engenheiro<br />
chefe da Neumayer<br />
Tekfor Brazil. O primeiro<br />
abor<strong>do</strong>u o t<strong>em</strong>a “A<br />
redução de CO 2 através<br />
da taxa de compressão<br />
variável:o status <strong>do</strong><br />
desenvolvimento da<br />
produção e potencial<br />
de aplicação <strong>em</strong> to<strong>do</strong><br />
o mun<strong>do</strong>” e o segun<strong>do</strong><br />
colocou a questão:<br />
“O aço pesa menos<br />
<strong>do</strong> que o alumínio?”,<br />
d<strong>em</strong>onstran<strong>do</strong><br />
justamente que n<strong>em</strong><br />
s<strong>em</strong>pre a utilização de<br />
materiais leves é a única<br />
solução para reduzir<br />
CO 2 e obter a mesma<br />
funcionalidade e o<br />
mesmo torque.<br />
“O trânsito não é<br />
d<strong>em</strong>ocrático: to<strong>do</strong>s<br />
<strong>ficam</strong> para<strong>do</strong>s, mas<br />
<strong>20%</strong> <strong>das</strong> <strong>pessoas</strong><br />
<strong>ficam</strong> <strong>imóveis</strong> <strong>em</strong><br />
<strong>70%</strong> <strong>do</strong> <strong>espaço</strong>”<br />
Interestadual ou nas<br />
cidades, o consenso geral<br />
é combinar ro<strong>das</strong> e<br />
trilhos. Nas cidades<br />
corre<strong>do</strong>res de ônibus<br />
desde que tivess<strong>em</strong><br />
qualidade. “Ponto de<br />
ônibus no Brasil é um<br />
pau finca<strong>do</strong> na rua.<br />
Qu<strong>em</strong> chega ali não<br />
sabe quais ônibus<br />
passam, para onde vão<br />
e muito menos quanto<br />
t<strong>em</strong>po vão d<strong>em</strong>orar,<br />
mas há tecnologia<br />
de tel<strong>em</strong>etria que<br />
poderia dar essas<br />
informações”, diz<br />
Ailton Brasiliense<br />
que também defende<br />
mudança nas políticas<br />
que dev<strong>em</strong> ser<br />
volta<strong>das</strong> para o uso<br />
racional <strong>do</strong> carro.<br />
Opinião compartilhada<br />
com Carvalho: “A<br />
tendência é seguir o<br />
modelo de cidades<br />
como Londres que<br />
com o pedágio urbano,<br />
institui políticas<br />
restritivas <strong>do</strong> uso de<br />
<strong>espaço</strong> urbano e, por<br />
outro la<strong>do</strong>, valorizar e<br />
qualificar o transporte<br />
público.” Mas<br />
nenhum esforço terá<br />
resulta<strong>do</strong> significativo<br />
para a mobilidade<br />
se a questão <strong>do</strong><br />
planejamento urbano<br />
não for alterada,<br />
levan<strong>do</strong> comércio,<br />
serviços e trabalho<br />
para mais perto <strong>das</strong><br />
moradias, otimizan<strong>do</strong><br />
o deslocamento <strong>das</strong><br />
<strong>pessoas</strong> que produz<strong>em</strong><br />
riqueza. Soluções<br />
como o pedágio<br />
urbano elitizaria ainda<br />
mais as ruas. Ao<br />
contrário <strong>do</strong> consenso<br />
geral o trânsito não<br />
é d<strong>em</strong>ocrático: to<strong>do</strong>s<br />
<strong>ficam</strong> para<strong>do</strong>s, mas<br />
<strong>20%</strong> <strong>das</strong> <strong>pessoas</strong> <strong>ficam</strong><br />
<strong>imóveis</strong> <strong>em</strong> <strong>70%</strong> <strong>do</strong><br />
<strong>espaço</strong>.<br />
S H O W R O O M25
ChAIRMAn<br />
Edson<br />
Oura<br />
Aos 40 anos, é o<br />
novo diretor <strong>do</strong><br />
Departamento de<br />
Assuntos Econômicos<br />
da <strong>Assobrav</strong>, coração<br />
da entidade.<br />
por S.B.<br />
Ex- executivo da GM <strong>do</strong><br />
Brasil, o “jov<strong>em</strong> financista<br />
prodígio”, não relutou<br />
- ou não resistiu ao grande poder<br />
de persuasão de Sergio Reze, presidente<br />
da Entidade que foi convidá-lo<br />
pessoalmente para assumir o posto<br />
“deixa<strong>do</strong> por outro grande negocia<strong>do</strong>r,<br />
conheci<strong>do</strong> no meio como ´duro<br />
na queda`, Eval<strong>do</strong> Ouriques, hoje um<br />
<strong>do</strong>s consultores da Casa e foca<strong>do</strong><br />
boa parte <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po na sua atividade<br />
hoteleira <strong>em</strong> Salesópolis no interior<br />
de São Paulo.<br />
Oura dedicou sua vida profissional<br />
à GM. Deixou a prestigiada Faculdade<br />
de Administração de Empresas<br />
na Fundação Getúlio Vargas para<br />
ingressar, como estagiário, diretamente<br />
no departamento de Finanças<br />
da poderosa companhia norteamericana.<br />
E lá permaneceu por 19<br />
anos.<br />
S H O W R O O M 26<br />
“- Incrível” – surpreende-se a<br />
repórter de Showroom, perguntan<strong>do</strong><br />
logo o que to<strong>do</strong>s quer<strong>em</strong><br />
saber: “E o que fez o jov<strong>em</strong> executivo<br />
com um futuro super promissor<br />
<strong>em</strong> uma <strong>das</strong> mais importantes<br />
companhias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> mudar radicalmente<br />
o destino praticamente<br />
traça<strong>do</strong> de sua vida”?<br />
“Algumas razões, diz Edson, envergan<strong>do</strong><br />
os traços e a concentração<br />
orientais, mas logo abrin<strong>do</strong><br />
o sorriso que caminha fácil, fácil<br />
para a gargalhada b<strong>em</strong> brasileira.<br />
“O primeiro motivo que me<br />
trouxe para a maior e mais b<strong>em</strong><br />
estruturada associação de classe<br />
<strong>do</strong> setor automobilístico (a <strong>Assobrav</strong>)<br />
foi a necessidade de viver<br />
<strong>em</strong> primeira pessoa a experiência<br />
´venda ao consumi<strong>do</strong>r`. Na indústria<br />
a gente aprende muito b<strong>em</strong> o<br />
quanto custa produzir, como se faz<br />
para produzir, para desenvolver<br />
e lançar um produto no merca<strong>do</strong>,<br />
mas o gol mesmo a gente marca<br />
quan<strong>do</strong> coloca esse produto nas<br />
mãos <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, isto é, quan<strong>do</strong><br />
efetivamente vend<strong>em</strong>os o produto.<br />
É a tal história, de nada adianta ter<br />
um produto maravilhoso, se ele não<br />
agrada ao público; se ele não vende.<br />
Então, acho que estar aqui e conviver<br />
com os melhores vende<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong> Brasil é um aprendiza<strong>do</strong> equivalente<br />
a três MBAs <strong>em</strong> curto <strong>espaço</strong><br />
de t<strong>em</strong>po”.<br />
T<strong>em</strong>po que esperamos não seja<br />
breve como o que o inquieto Edson<br />
traçou entre um posto e outro dentro<br />
da GM – não mais <strong>do</strong> que 1 ano e<br />
8 meses <strong>em</strong> cada função, passan<strong>do</strong><br />
por to<strong>das</strong> as áreas de Finanças –<br />
porque <strong>em</strong>bora seja exímio <strong>em</strong> cálculos<br />
mat<strong>em</strong>áticos, gosta mesmo<br />
é da análise, de comparar da<strong>do</strong>s,<br />
estu<strong>do</strong>s, de avaliar os números<br />
<strong>em</strong> relação às circunstâncias, aos<br />
cenários e de fazer o link com a realidade,<br />
com a situação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>,<br />
da concorrência. É, <strong>em</strong> síntese, um<br />
analista, um articula<strong>do</strong>r para a estratégia<br />
de merca<strong>do</strong>.<br />
A outra razão que diz ter si<strong>do</strong> decisiva<br />
para sua vinda para a <strong>Assobrav</strong><br />
– por mais surpreendente<br />
que possa parecer para um jov<strong>em</strong><br />
financista talentoso e disputa<strong>do</strong><br />
como ele – foi o aspecto político da<br />
associação. “O hom<strong>em</strong> é um ser<br />
político por definição, mas uma pessoa<br />
de finanças normalmente não<br />
é alguém muito forte nesse senti<strong>do</strong><br />
(risos), então, eu acho que conviver<br />
nesse meio – <strong>em</strong> parte político, <strong>em</strong><br />
parte técnico – será, s<strong>em</strong> dúvida<br />
alguma, um grande aprendiza<strong>do</strong>”,<br />
diz, lamentan<strong>do</strong> o curso de Direito<br />
no Largo São Francisco que deixou<br />
pelo meio e hoje ensaia retomar,<br />
para justamente aperfeiçoar esse<br />
la<strong>do</strong> político, que soma<strong>do</strong> à sua formação<br />
humanista e grande determinação<br />
pode ser mesmo decisivo<br />
para colocá-lo muito <strong>em</strong> breve no rol<br />
<strong>do</strong>s executivos cota<strong>do</strong>s para ocupar<br />
a presidência <strong>das</strong> mais importantes<br />
instituições e organizações <strong>do</strong> País.
Novas pesquisas<br />
continuam a direcionar para o<br />
trânsito s<strong>em</strong> acidentes. por<br />
Um <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s mais<br />
recentes foi divulga<strong>do</strong><br />
pelo Departamento<br />
de Infraestrutura e<br />
Transporte da Austrália,<br />
<strong>em</strong> parceria com o esta<strong>do</strong><br />
de Queensland.<br />
As tecnologias para evitar colisões,<br />
que monitoram usuários de ruas e<br />
estra<strong>das</strong> e intervêm quan<strong>do</strong> um<br />
acidente é iminente, mostram<br />
grande potencial. Mesmo admitin<strong>do</strong><br />
um grau modera<strong>do</strong><br />
de confiabilidade,<br />
até 30% de mortes e<br />
40% de feri<strong>do</strong>s pod<strong>em</strong><br />
ser evita<strong>do</strong>s <strong>em</strong> veículos<br />
equipa<strong>do</strong>s com esses<br />
sist<strong>em</strong>as. Essa previsão<br />
baseia-se <strong>em</strong> uma série de 104<br />
colisões <strong>do</strong>cumenta<strong>das</strong> <strong>em</strong> programas<br />
de investigações profun<strong>das</strong><br />
de acidentes e <strong>em</strong> análises de<br />
padrões típicos de choques entre<br />
veículos, na Austrália. Os méto<strong>do</strong>s<br />
estuda<strong>do</strong>s permitiram um equilíbrio<br />
entre área de abrangência,<br />
respostas e efetividade, visan<strong>do</strong> o<br />
sist<strong>em</strong>a mais confiável. Um obstáculo<br />
potencial para aprovação e<br />
introdução <strong>em</strong> larga escala mais<br />
uma vez esbarra no preço, <strong>em</strong> especial<br />
ao considerar que veículos<br />
caros e baratos conviv<strong>em</strong> no trânsito<br />
diário. Essa dificuldade desaparece<br />
no caso de veículos pesa<strong>do</strong>s,<br />
<strong>em</strong> geral de alto preço, mas<br />
que <strong>em</strong> caso de acidente causam<br />
grandes estragos materiais e humanos.<br />
A relação custo-benefício<br />
é indubitavelmente positiva nesse<br />
caso.<br />
O custo não é exatamente uma<br />
pechincha, mas o apelo é forte<br />
Alguns dispositivos <strong>do</strong> naipe <strong>do</strong> controle<br />
adaptativo de velocidade de cruzeiro<br />
ou de alerta de aproximação de<br />
carros <strong>em</strong> ultrapassag<strong>em</strong> aumentam<br />
não apenas a segurança, mas o conforto<br />
ao dirigir. Já existe neles o potencial<br />
de evitar acidentes. Sob a pr<strong>em</strong>issa,<br />
o refinamento e maior abrangência<br />
desses sist<strong>em</strong>as significaria um custo<br />
quase marginal para ampliar as possibilidades<br />
de impedir colisões simples<br />
ou múltiplas, segun<strong>do</strong> pensam os pesquisa<strong>do</strong>res<br />
da Austrália. O probl<strong>em</strong>a<br />
é que o custo estima<strong>do</strong>, no relatório,<br />
situou-se <strong>em</strong> torno de US$ 800 (R$<br />
1.600) a US$ 2.000 (R$ 4.000). Se <strong>em</strong><br />
países de maior poder aquisitivo não<br />
se trata exatamente de uma pechincha,<br />
<strong>em</strong> outros foge bastante <strong>do</strong> alcance<br />
<strong>das</strong> <strong>pessoas</strong>. A solução proposta<br />
para atrair fabricantes e motoristas<br />
é um sist<strong>em</strong>a de curto alcance, porém<br />
com forte possibilidade de intervenção<br />
<strong>em</strong> cruzamentos (como na ilustração),<br />
o que já significaria benefícios substanciais.<br />
Fernan<strong>do</strong> Calmon é jornalista, engenheiro,<br />
e consultor <strong>em</strong> assuntos técnicos e de merca<strong>do</strong><br />
fernan<strong>do</strong>@calmon.jor.br<br />
tEChMAnIA<br />
FerNaNDo CalmoN<br />
S H O W R O O M27
A pASSEIO<br />
O coração<br />
da América<br />
S H O W R O O M 30
Muita gente escolhe os<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s como<br />
seu primeiro destino<br />
internacional. A maioria vai à<br />
Flórida, Nova York, Califórnia...<br />
Se você já repetiu esta rota<br />
muitas vezes, tente ir ao<br />
“coração da América”:<br />
Kansas City, metade no<br />
Missouri, metade no<br />
Kansas. A “state line”<br />
passa b<strong>em</strong> no meio da<br />
cidade.<br />
por CaroliNa GoNçalveS<br />
S H O W R O O M31
A pASSEIO<br />
S H O W R O O M 32<br />
O Missouri tornou-se um esta<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1821. Kansas City cresceu <strong>em</strong> uma colina<br />
que t<strong>em</strong> vista para a curva onde o rio Missouri vira para o leste, <strong>em</strong> direção ao<br />
rio Mississipi. Nesta região <strong>do</strong> rio os índios Kansa tiveram uma grande aldeia por<br />
séculos. O nome foi uma homenag<strong>em</strong> a eles. Em 1861, quarenta anos depois, o<br />
território a oeste <strong>do</strong> Missouri tornou-se um esta<strong>do</strong> e recebeu o nome de Kansas,<br />
também <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> aos índios. A cidade cresceu <strong>em</strong> to<strong>das</strong> as direções e hoje<br />
t<strong>em</strong> uma parte <strong>em</strong> cada esta<strong>do</strong>.<br />
A região metropolitana reúne mais de 2 milhões de habitantes, que se esbaldam<br />
comen<strong>do</strong> churrasco. A cidade t<strong>em</strong> o maior número de churrascarias per capita de<br />
to<strong>do</strong> os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Existe até uma Kansas City Barbecue Society. O conceito<br />
de churrasco é um pouco diferente, mas nós faz<strong>em</strong>os bonito lá com uma típica<br />
churrascaria gaúcha figuran<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> <strong>das</strong> americanas.<br />
Mas também a<strong>do</strong>ram jazz, que compõe a cena musical da cidade<br />
desde os anos 20, com artistas como Count Basie, Moton Bennie e Jay<br />
McShann.<br />
Charlie “Bird” Parker nasceu <strong>em</strong> KC, KS. Os clubes e a vida noturna intensa deram à<br />
cidade o apeli<strong>do</strong> de “Paris da Planície”. Ali, lar <strong>do</strong> swing e <strong>do</strong> bebop, começaram as<br />
jam sessions. Os músicos encontravam-se depois <strong>do</strong>s shows e tocavam juntos até de<br />
madrugada.<br />
Desde o aeroporto, já t<strong>em</strong> muito para ser visto. Você está na região onde o legendário<br />
ladrão e assassino Jesse James foi morto. O Museu Jesse James Bank <strong>em</strong> Liberty<br />
atrai turistas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>.<br />
Explore a região de Platte County. Você pode jantar e fazer compras nas áreas<br />
históricas de Parkville e Weston, perto <strong>do</strong> rio. Também pode conhecer a nova área de<br />
entretenimento, Zona Rosa, ideal para compras e jantares. Qu<strong>em</strong> sabe não dá sorte<br />
no Riverside’s Argosy Casino? Museus, vinícolas, pubs, hotéis. A região t<strong>em</strong> tu<strong>do</strong>!
Mas você vai<br />
a<strong>do</strong>rar fazer um<br />
tour gratuito pela<br />
fábrica da Harley-<br />
Davidson...Para<br />
completar o ritmo de<br />
aventura, pense que<br />
a pioneira avia<strong>do</strong>ra<br />
Amelia Earhart nasceu<br />
na região! A casa onde<br />
ela nasceu e passou sua<br />
infância, construída por<br />
seu avô no início <strong>do</strong>s<br />
anos 1860, foi restaurada<br />
e transformada <strong>em</strong><br />
museu, com objetos<br />
e recordações de sua<br />
família.<br />
Pegue a Estrada 169 que<br />
margeia o rio Missouri.<br />
Tente imaginar como<br />
era chegar de barco<br />
num lugar desconheci<strong>do</strong><br />
para fundar um esta<strong>do</strong> e<br />
começar uma vida!<br />
Cruzan<strong>do</strong> a ponte<br />
Broadway e toman<strong>do</strong> à<br />
esquerda, você chega no<br />
The Steamboat Arabia<br />
Museum. O museu é<br />
como uma cápsula <strong>do</strong><br />
t<strong>em</strong>po! O Arábia era um<br />
barco a vapor subin<strong>do</strong> o<br />
rio Missouri no outono<br />
de 1865 quan<strong>do</strong> bateu<br />
numa árvore submersa<br />
gigante e afun<strong>do</strong>u ao<br />
norte de Kansas City.<br />
Levava 130 passageiros<br />
e 200 tonela<strong>das</strong> de<br />
suprimentos para os<br />
armazéns gerais e os<br />
assentamentos <strong>do</strong>s<br />
pioneiros. Os passageiros<br />
escaparam, mas o barco<br />
afun<strong>do</strong>u muito rápi<strong>do</strong>!<br />
Na região <strong>do</strong><br />
presidente Truman,<br />
um <strong>do</strong>s mais<br />
respeita<strong>do</strong>s pelos<br />
norte-americanos<br />
Com o passar <strong>do</strong>s<br />
anos, o rio mu<strong>do</strong>u seu<br />
curso e o Arábia ficou<br />
enterra<strong>do</strong> sob uma<br />
plantação de milho no<br />
Kansas. Em 1988 o barco<br />
foi encontra<strong>do</strong> por um<br />
grupo de modernos<br />
aventureiros, que<br />
pagaram <strong>do</strong> próprio bolso<br />
a complexa operação<br />
para localizar, escavar,<br />
retirar a água e resgatar<br />
sua carga. Foram<br />
encontra<strong>das</strong> louças finas,<br />
roupas e até mesmo<br />
comida <strong>em</strong>balada <strong>em</strong><br />
excelentes condições.<br />
Seu acha<strong>do</strong> foi chama<strong>do</strong><br />
de Túmulo <strong>do</strong> Rei Tut<br />
<strong>do</strong> rio Missouri. A visita<br />
ao Arábia é programa<br />
obrigatório e diversão<br />
garantida!<br />
Almoce no The Savoy<br />
Grill. É um endereço<br />
clássico na cidade.<br />
Desde 1903 <strong>pessoas</strong><br />
interessantes e de<br />
prestígio frequentam o<br />
endereço que oferece<br />
comida excelente, que<br />
vai de lagosta a carne.<br />
O Savoy era o favorito<br />
<strong>do</strong> Presidente Harry<br />
Truman, um <strong>do</strong>s mais<br />
respeita<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s EUA,<br />
que era da região. Dá até<br />
para pedir para sentar na<br />
mesa favorita dele.<br />
É bom estar<br />
prepara<strong>do</strong> para ver<br />
to<strong>das</strong> as atrações <strong>do</strong><br />
Corre<strong>do</strong>r Central. O<br />
Kansas City Convention<br />
Center surge <strong>em</strong> meio a<br />
edifícios altos e prédios<br />
<strong>em</strong> estilo Art Deco. Esta<br />
região fervilha com<br />
teatros, restaurantes<br />
e hotéis. Também no<br />
centro está o novo<br />
Entertainment District:<br />
Kansas City Power &<br />
Light. São cerca de 150<br />
mil metros quadra<strong>do</strong>s,<br />
que abrigam mais de<br />
50 restaurantes, bares,<br />
lojas e <strong>espaço</strong>s de<br />
entretenimento. Além<br />
<strong>do</strong> Sprint Center, arena<br />
dedicada a esportes,<br />
grandes concertos e<br />
eventos.<br />
Seguin<strong>do</strong> para o sul,<br />
você chega na Union<br />
Station. Kansas City<br />
era a grande parada<br />
no meio <strong>do</strong> continente,<br />
quan<strong>do</strong> as ferrovias<br />
eram a vida <strong>das</strong> grandes<br />
cidades. Construída <strong>em</strong><br />
1914, com mais de 250<br />
metros quadra<strong>do</strong>s e 900<br />
quartos. Em seu auge<br />
como estação de tr<strong>em</strong>,<br />
acomo<strong>do</strong>u milhares de<br />
passageiros. Durante<br />
a Segunda Guerra,<br />
mais de um milhão de<br />
viajantes passaram por<br />
lá. Sua North Waiting<br />
Room podia acomodar<br />
10 mil <strong>pessoas</strong>, com<br />
restaurantes, loja de<br />
charutos, barbearia,<br />
escritórios e uma casa<br />
de força que produzia<br />
vapor e energia. Fechada<br />
<strong>em</strong> 1980, esteve à beira<br />
de ser d<strong>em</strong>olida várias<br />
vezes. Em 1996, os <strong>do</strong>is<br />
esta<strong>do</strong>s uniram-se para<br />
financiar a restauração,<br />
que ficou pronta <strong>em</strong><br />
1999. De novo a estação<br />
ganhou vida!<br />
As <strong>pessoas</strong> vão<br />
para almoçar,<br />
usar os correios.<br />
Já os turistas vão<br />
observar o lin<strong>do</strong><br />
teto de quase 30<br />
metros, com lustres<br />
maravilhosos e um<br />
relógio de 1.80m de<br />
largura pendura<strong>do</strong> no<br />
arco central.<br />
A estação hoje abriga<br />
bons restaurantes e lojas<br />
exclusivas. E você até<br />
pode pegar um tr<strong>em</strong> na<br />
parada Union Station<br />
da Amtrak, National<br />
Railroad Passenger<br />
Corporation.<br />
Preservan<strong>do</strong> a m<strong>em</strong>ória,<br />
a Union Station abriga<br />
permanent<strong>em</strong>ente<br />
coleções e arquivos.<br />
Além de uma exposição<br />
permanente chamada<br />
KC Rail Experience, com<br />
<strong>espaço</strong>s para exposições<br />
sobre viagens produzi<strong>das</strong><br />
S H O W R O O M33
A pASSEIO<br />
pelo Smithsonian, entre<br />
outras organizações.<br />
O planetário, o centro<br />
de ciências interativo,<br />
Science City e o Theater<br />
District com tela gigante<br />
para filmes e teatro<br />
completam as opções de<br />
lazer.<br />
Cidade <strong>das</strong> fontes<br />
B<strong>em</strong> perto está o<br />
Crown Center, com<br />
lojas, restaurantes e a<br />
sede internacional da<br />
Hallmark Cards. O Crown<br />
Center é um grande<br />
complexo com múltiplas<br />
funções, que recebe<br />
mais de cinco milhões<br />
de visitantes por ano.<br />
Foi cria<strong>do</strong> pelo funda<strong>do</strong>r<br />
da Hallmark Cards, Inc.,<br />
Joyce C Hall e seu filho<br />
Donald J. Hall. São cinco<br />
edifícios de sete andares<br />
interliga<strong>do</strong>s, mais centro<br />
de compras e <strong>do</strong>is hotéis.<br />
T<strong>em</strong> ainda mais de 230<br />
con<strong>do</strong>mínios. Ergui<strong>do</strong><br />
numa área aban<strong>do</strong>nada,<br />
revitalizou a região.<br />
Kansas City é conhecida<br />
como a Cidade <strong>das</strong><br />
S H O W R O O M<br />
34<br />
Fontes. O Crown Center<br />
contribui para isso.<br />
Dentre as muitas fontes,<br />
destaca-se a Crown<br />
Center Fontain Square.<br />
Quase 100 jatos e bicas<br />
de água que alcançam<br />
mais de 18 metros de<br />
altura são alimenta<strong>do</strong>s<br />
por um reservatório de<br />
mais de 140 mil litros de<br />
água. A água é reciclada<br />
a uma velocidade de<br />
mais de 8 mil litros por<br />
minuto. Tanta água cria<br />
shows aquáticos de<br />
dança muito bonitos. São<br />
vários, começan<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />
torno de meio-dia, to<strong>do</strong>s<br />
os dias.<br />
Mas se quiser<br />
fazer um programa<br />
realmente<br />
charmoso, para não<br />
esquecer, vá jantar<br />
no The American<br />
Restaurant. É o<br />
restaurante mais<br />
“estrela<strong>do</strong>” da cidade,<br />
Ele fica no topo da Hall’s<br />
Department Store. A<br />
vista é de tirar o fôlego.<br />
O serviço, impecável,<br />
e a comida, muito boa.<br />
É tu<strong>do</strong> muito elegante.<br />
Como eles abr<strong>em</strong> para<br />
o jantar às 5 da tarde,<br />
convém chegar ce<strong>do</strong> para<br />
aproveitar o maravilhoso<br />
pôr <strong>do</strong> sol. L<strong>em</strong>bran<strong>do</strong><br />
que nos EUA é muito<br />
comum jantar ce<strong>do</strong>. Se<br />
os brasileiros praticam<br />
horários de São Paulo,<br />
por ex<strong>em</strong>plo, corr<strong>em</strong> o<br />
risco de encontrar os<br />
restaurantes fechan<strong>do</strong>...<br />
Uma visita ao<br />
Nelson-Atkins<br />
Museum of Art é<br />
obrigatória para<br />
qu<strong>em</strong> gosta de arte.<br />
O museu expõe coleções<br />
e oferece programas que<br />
permit<strong>em</strong> um desfrute e<br />
compreensão <strong>das</strong> artes<br />
visuais e as culturas que<br />
elas representam. Teve<br />
s<strong>em</strong>pre uma postura<br />
diferenciada. Durante<br />
os anos 1930, quan<strong>do</strong><br />
os coleciona<strong>do</strong>res<br />
estavam venden<strong>do</strong>, a<br />
fundação <strong>do</strong> museu<br />
seguiu compran<strong>do</strong><br />
obras de relevância. O<br />
resulta<strong>do</strong> disso é que<br />
Kansas City t<strong>em</strong> hoje um<br />
museu que está entre<br />
os melhores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>!<br />
A visita é <strong>em</strong>ocionante<br />
desde os jardins, com<br />
as famosas instalações<br />
que reproduz<strong>em</strong> petecas.<br />
O prédio neoclássico<br />
imponente abriga mais<br />
de 30 mil objetos. Dentre<br />
eles, telas de Caravaggio,<br />
El Greco, R<strong>em</strong>brandt,<br />
Monet, Degas e van Gogh<br />
dentre muitos outros.<br />
Mas se a sua<br />
“arte” preferida é<br />
comprar, vá para<br />
o Country Club<br />
Plaza. É conheci<strong>do</strong><br />
por ser o primeiro<br />
centro comercial <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>. Ele é muito<br />
diferente. Parece uma<br />
cidade independente!<br />
A arquitetura é <strong>do</strong> sul<br />
da Espanha. As torres<br />
mouriscas e os prédios<br />
andaluzes, que parec<strong>em</strong><br />
com a Catedral de<br />
Cór<strong>do</strong>ba, dão ao Plaza<br />
uma atmosfera de sonho<br />
e aventura. É um lugar<br />
exótico, diferente de<br />
tu<strong>do</strong> o que se vê nos<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. T<strong>em</strong> de<br />
tu<strong>do</strong>. Lojas maravilhosas<br />
<strong>das</strong> melhores grifes <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>, restaurantes,<br />
cafés, bares. Um<br />
fervilhante calendário<br />
oferece shows, desfiles,<br />
feiras de arte e outras<br />
atrações. S<strong>em</strong> falar<br />
<strong>em</strong> to<strong>do</strong> tipo de lojas<br />
de conveniência,<br />
cabeleireiros, bancos<br />
e cin<strong>em</strong>a. Vale a pena<br />
passear observan<strong>do</strong> a<br />
arquitetura e a elegância<br />
<strong>das</strong> <strong>pessoas</strong>.
Para uma<br />
experiência<br />
tipicamente<br />
americana, vá<br />
ao Arrowhead<br />
Stadium assistir<br />
a uma partida de<br />
futebol americano<br />
estrelada pelos<br />
KC Chiefs. Ou<br />
ainda uma partida de<br />
beisebol no Kauffman<br />
Stadium, quan<strong>do</strong> os<br />
Royals jogar<strong>em</strong>. Mesmo<br />
que você não entenda<br />
estes esportes, a<br />
torcida é contagiante! A<br />
t<strong>em</strong>porada de futebol vai<br />
de set<strong>em</strong>bro a dez<strong>em</strong>bro<br />
e a de beisebol acontece<br />
entre março e outubro.<br />
Estan<strong>do</strong> no clima, depois<br />
<strong>do</strong> jogo, ou antes, vá ao<br />
Winstead. À primeira<br />
vista você vai pensar<br />
que se trata de uma<br />
dessas lanchonetes<br />
moderninhas que<br />
reproduz<strong>em</strong> os anos 50.<br />
Mas não é! Ela é assim<br />
desde os anos 50. Nunca<br />
mu<strong>do</strong>u.<br />
Até o Wall Street<br />
Journal disse<br />
que é o melhor<br />
hambúrguer <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong>. Tu<strong>do</strong>, desde as<br />
mesas croma<strong>das</strong> com<br />
curvas de um Cadillac<br />
1959, até os uniformes<br />
<strong>das</strong> garçonetes, <strong>em</strong><br />
rosa e turquesa, tu<strong>do</strong><br />
mesmo é autêntico<br />
desde aqueles dias.<br />
Peça um hambúrguer<br />
Winstead meio a meio.<br />
Virá batatas fritas e<br />
onion rings. O<br />
acompanhamento<br />
perfeito é<br />
uma limeade<br />
clássica. Para<br />
a sobr<strong>em</strong>esa,<br />
chocolate malt.<br />
É tão grosso que<br />
precisa tomar de<br />
colher.<br />
Em Kansas o<br />
churrasco pode ser<br />
feito de qualquer<br />
coisa<br />
O melhor para o fim!<br />
Kansas City é a barbecue<br />
capitol of the USA.<br />
Enquanto no Texas o<br />
churrasco é s<strong>em</strong>pre<br />
de carne e na Carolina<br />
<strong>do</strong> Norte é s<strong>em</strong>pre de<br />
porco, <strong>em</strong> Kansas City o<br />
churrasco pode ser feito<br />
de qualquer coisa. É uma<br />
piada local dizer que t<strong>em</strong><br />
que tomar cuida<strong>do</strong> com<br />
seu chapéu ou casaco<br />
durante um churrasco,<br />
porque senão eles<br />
acabam na grelha!<br />
Os méto<strong>do</strong>s e as receitas<br />
são segre<strong>do</strong>s de família,<br />
mas to<strong>do</strong>s concordam<br />
que low and slow is the<br />
way to go – alguma coisa<br />
como fogo baixo e lento<br />
é o jeito certo. A carne<br />
é assada entre 71º e<br />
82º C, para manter-se<br />
úmida, por horas e horas,<br />
de forma que a fumaça<br />
<strong>das</strong> brasas rodeie toda<br />
a carne. É trabalhoso e<br />
precisa ter paciência.<br />
Os americanos faz<strong>em</strong><br />
o seu barbecue desde<br />
os t<strong>em</strong>pos coloniais e<br />
alguns endereços <strong>em</strong><br />
Kansas City resist<strong>em</strong>,<br />
oferecen<strong>do</strong> esta arte cada<br />
vez melhor.<br />
Desde os anos<br />
30 <strong>do</strong> século<br />
passa<strong>do</strong>, Arthur<br />
Bryant oferece um<br />
restaurante simples<br />
e autêntico na<br />
Brooklyn Avenue.<br />
Por lá passaram<br />
celebridades e to<strong>do</strong>s os<br />
candidatos à Presidência<br />
<strong>do</strong> país desde Truman.<br />
O molho de Bryant é<br />
único. N<strong>em</strong> tão <strong>do</strong>ce,<br />
com a medida certa de<br />
vinagre e mostarda.<br />
Picante, apimenta<strong>do</strong>,<br />
como a cozinha colonial<br />
espanhola. Os visitantes<br />
sent<strong>em</strong> que reencontram<br />
o sabor <strong>do</strong>s primeiros<br />
t<strong>em</strong>pos da colonização<br />
no molho. S<strong>em</strong> dúvida, é<br />
o primeiro endereço de<br />
churrasco a ser visita<strong>do</strong>.<br />
Mas há outros. Gates<br />
Barbecue t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> um os<br />
favoritos desde 1946. Seu<br />
molho rico, vermelho,<br />
combinan<strong>do</strong> <strong>do</strong>ce e<br />
salga<strong>do</strong> é talvez o mais<br />
típico da cidade.<br />
Já o Jack Stack é o<br />
mais completo de to<strong>do</strong>s.<br />
Começou há mais de 50<br />
anos e oferece o melhor<br />
serviço e os melhores<br />
acompanhamentos.<br />
Experimente a salada cole<br />
slaw e o feijão! As costelas<br />
também são muito boas!<br />
Você pode ir no Jack no<br />
Country Club Plaza.<br />
Uma casa não tradicional,<br />
mas que se firma a cada<br />
dia é Oklahoma Joe.<br />
Praticamente um recém<br />
chega<strong>do</strong>, porque começou<br />
<strong>em</strong> 1991, o restaurante já<br />
participa <strong>das</strong> competições de<br />
churrasco da cidade e briga<br />
de igual para igual com os<br />
mais tradicionais. A própria<br />
localização já diz muito: está<br />
entre um posto de gasolina<br />
e uma loja de bebi<strong>das</strong>. Ele<br />
chegou por último, mas já faz<br />
parte <strong>do</strong> clube. Aliás, muitos<br />
mora<strong>do</strong>res juram que é a<br />
melhor batata frita <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>!<br />
Para queimar tantas<br />
calorias, saia para dançar. A<br />
cidade t<strong>em</strong> muitos bares e<br />
clubes. A cena noturna ferve!<br />
Brasileiros ainda precisam<br />
de visto para visitar os<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />
S H O W R O O M35
QUEM tevê?<br />
36<br />
Desceu o pau <strong>em</strong> Maomé?<br />
Agora guenta!<br />
É o preço da liberdade de<br />
expressão. Diante <strong>das</strong> manifestações de<br />
muçulmanos <strong>em</strong> nove países contra um filme feito<br />
nos EUA escrachan<strong>do</strong> com o profeta Maomé, a secretária<br />
de Esta<strong>do</strong> estadunidense, Hillary Clinton, disse<br />
que “a Casa Branca não pode interferir na liberdade<br />
de expressão <strong>do</strong> país”. Ora, a liberdade de expressão<br />
é ilimitada? Não pode ter controle? Então por que reclamar<br />
<strong>do</strong>s muçulmanos que estão expressan<strong>do</strong> o seu<br />
descontentamento com o vídeo que foi distribuí<strong>do</strong> na<br />
internet? O mais sensato seria fazer como o diretor<br />
<strong>do</strong> jornal El Diário, de Ciudad Juarez, no México, que<br />
publicou editorial dirigin<strong>do</strong>-se aos traficantes perguntan<strong>do</strong><br />
a eles o que pode ou não ser publica<strong>do</strong> sobre<br />
o conflito entre eles e o governo.<br />
A decisão de usar o editorial <strong>do</strong> jornal para falar com<br />
os traficantes foi tomada depois <strong>do</strong> assassinato de<br />
<strong>do</strong>is jornalistas. O editorial descreve os chefes <strong>do</strong> tráfico<br />
como “autoridades de fato” <strong>em</strong> Ciudad Juarez. O<br />
diretor Osval<strong>do</strong> Rodriguez disse que o veículo “busca<br />
a verdade”, mas pode considerar o fim da cobertura<br />
da guerra contra o tráfico para proteger os seus<br />
repórteres.<br />
S H O W R O O M<br />
Joel Leite é jornalista e diretor da<br />
Agência AutoInforme<br />
por Joel leiTe<br />
A rainha pode<br />
A família real inglesa censurou os jornais<br />
britânicos para que não publicass<strong>em</strong> as fotos<br />
<strong>do</strong> príncipe herdeiro Harry pela<strong>do</strong>, num strip<br />
bilhar <strong>em</strong> Las Vegas, com uma garota também<br />
nua. Se o episódio ocorresse por aqui seria<br />
truculência, cerceamento à liberdade de<br />
expressão, mas lá na Inglaterra, a pedi<strong>do</strong> da<br />
rainha, pode! Cá entre nós, censurar as fotos<br />
<strong>do</strong> príncipe nu eu concor<strong>do</strong>, mas impedir a<br />
publicação <strong>do</strong> topless da princesa eu acho uma<br />
bobag<strong>em</strong>.<br />
A não entrevista da não revista<br />
foi uma verdadeira aula de não<br />
jornalismo.<br />
O que parecia impossível aconteceu: a<br />
Veja se superou e deu mais uma aula de<br />
como não fazer jornalismo.<br />
A não revista publicou uma não entrevista<br />
de Marcos Valério, onde o réu <strong>do</strong><br />
Mensalão denuncia que o ex- presidente<br />
Lula é o chefe da quadrilha e que o<br />
volume de dinheiro envolvi<strong>do</strong> é de R$ 350<br />
milhões e não R$ 50 milhões.<br />
Ao repercutir a “entrevista”, os jornalões<br />
descobriram, através <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
publicitário, que faz cinco anos que<br />
Valério não dá entrevista a nenhum órgão<br />
de imprensa, que não recebeu telefon<strong>em</strong>a<br />
de nenhum repórter da Veja ou de<br />
nenhum outro. Enfim, nada aconteceu<br />
fora da redação da revista de Policarpo<br />
Júnior, o repórter que t<strong>em</strong> ligações com<br />
Carlinhos Cachoeira.
HASHI<br />
Art Cuisine<br />
FoToS e TexTo De <strong>em</strong>erSoN HaaS<br />
Pelo quarto ano consecutivo o Hashi Art<br />
Cuisine foi eleito o “Melhor Restaurante Cont<strong>em</strong>porâneo de Porto<br />
Alegre” pela Revista Veja Comer e Beber 2012. O restaurante foi<br />
aberto <strong>em</strong> 2005 e de lá para cá o <strong>espaço</strong> já se tornou pequeno para<br />
acumular as pr<strong>em</strong>iações e menções ao seu cardápio, que revela<br />
criações estampa<strong>das</strong> na cozinha oriental-brasileira com destaque<br />
para Vieira com Figos e Foie Gras; Magret de Pato ao molho de<br />
Laraja Kinkan e Cordeiro no Pesto de Hortelã. Também uma ótima<br />
dica é o Menu Degustação Harmoniza<strong>do</strong>, composto por seis pratos,<br />
sobr<strong>em</strong>esa, vinhos e espumantes, escolhi<strong>do</strong>s a de<strong>do</strong>.<br />
Ir ao Hashi é quase um programa cultural obrigatório para aqueles<br />
que apreciam a boa mesa. Sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> mais badala<strong>do</strong> chef<br />
gaúcho <strong>do</strong>s últimos t<strong>em</strong>pos e um <strong>do</strong>s darlings cont<strong>em</strong>porâneos<br />
brasileiros, Carlos Kristensen, que começou a tomar gosto pela<br />
culinária observan<strong>do</strong> o pai preparan<strong>do</strong> “gnocchi” e se aprimorou<br />
após várias passagens por cozinhas da Australia, Tailandia, Nepal<br />
e India, o chef acabou definin<strong>do</strong> sua proposta gastronômica:<br />
uma grande mescla destas culturas somada ao seu chão com<br />
ingredientes tipicamente brasileiros. Junte-se a isso uma decoração<br />
minimalista, uma iluminação intimista, localização privilegiada e<br />
um serviço impecável.<br />
O HasHi art Cuisine fiCa na<br />
Des<strong>em</strong>bargaDOr augustO mOreira Lima,<br />
151, bairrO beLa Vista – POrtO aLegre /<br />
rs, fOne 51. 3328.0005.<br />
A RECEITA:<br />
Camarão com<br />
Legumes ao<br />
Leite de Coco<br />
e Gengibre<br />
S A b O R<br />
pARtICUlAR<br />
Ingredientes (para 4 <strong>pessoas</strong>):<br />
500g de camarão • Duas<br />
mandioquinhas pré-cozi<strong>das</strong> e descasca<strong>das</strong> • Uma<br />
abobrinha italiana cortada <strong>em</strong> fatias finas • 3<br />
colheres de sopa de amên<strong>do</strong>as fatia<strong>das</strong> e tosta<strong>das</strong><br />
Uma cenoura cortada <strong>em</strong> fatias finas<br />
Duas xícaras de brócolis • 150ml de leite de coco<br />
• Uma colher de sopa de gengibre descasca<strong>do</strong> e<br />
pica<strong>do</strong><br />
Um dente de alho picadinho e uma cebola média<br />
cortada <strong>em</strong> pétalas<br />
12 vagens de ervilhas tortas e suco de um limão<br />
• Pitada de açafrão <strong>em</strong> pó, pimenta branca e sal<br />
a gosto • Azeite de oliva extra virg<strong>em</strong> • Salsinha<br />
verde picadinha e s<strong>em</strong>ente de gergelim negro<br />
Preparo:<br />
Aqueça um fio de azeite, preferencialmente<br />
<strong>em</strong> uma panela wok e refogue o gengibre<br />
e o alho rapidamente. Logo após junte a<br />
cenoura, a abobrinha e misture b<strong>em</strong>. Em<br />
seguida – s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> fogo alto – adicione<br />
a mandioquinha, a cebola e as amên<strong>do</strong>as<br />
refogan<strong>do</strong> rapidamente. Junte o leite de coco,<br />
o brócolis e a ervilha torta (esta previamente<br />
branqueada, ou seja, escaldada por um<br />
minuto <strong>em</strong> água fervente e <strong>em</strong> seguida<br />
mergulhada <strong>em</strong> água gelada). Assim que os<br />
legumes estiver<strong>em</strong> ligeiramente refoga<strong>do</strong>s,<br />
adicione o camarão e o gergelim e t<strong>em</strong>pere<br />
tu<strong>do</strong> com o suco de limão, sal e pimenta e<br />
ainda com a pitada de açafrão. Sirva a seguir,<br />
acompanha<strong>do</strong> de arroz branco normal ou thai<br />
jasmim.<br />
<strong>em</strong>ersonhaas@viavale.com.br<br />
www.eu-gourmet.com<br />
S H O W R O O M37
nA vARAnDA<br />
Se a varanda da minha mente está aberta sobre as coisas<br />
boas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que eu tive a sorte de ver, uma delas é o Bar<br />
Centro <strong>em</strong> Beijing.<br />
Voltan<strong>do</strong> para os<br />
prazeres prosaicos<br />
<strong>do</strong> dia a dia, a<strong>do</strong>ro<br />
quan<strong>do</strong> entra um post <strong>do</strong><br />
Balacobaco no Facebook.<br />
Até onde eu entendi, eles são uma<br />
loja <strong>em</strong> Taubaté que repagina<br />
móveis. As fotos são sensacionais!<br />
N<strong>em</strong> tu<strong>do</strong> é feito por eles. Muita<br />
coisa é só para inspirar... E como<br />
inspira. T<strong>em</strong> soluções geniais com<br />
coisas que a gente olha e não dá<br />
um centavo por elas. Pois os danadinhos<br />
inventam algum uso, alguma<br />
coisa bonita que encanta os<br />
nossos olhos.<br />
S H O W R O O M 38<br />
Maria Regina Cyrino Corrêa,<br />
é jornalista e publicitária<br />
regina.cyrino@uol.com.br<br />
por maria reGiNa CyriNo Corrêa<br />
Kerry Hotel, 1 Guanghua<br />
Rd. Choayang District.<br />
O lugar é chique, a brigada de<br />
serviço é bonita e eficiente, os coquetéis<br />
são impecáveis. Turistas e<br />
locais misturam-se nos ambientes<br />
decora<strong>do</strong>s com muita sofisticação.<br />
Poderia estar <strong>em</strong> qualquer metrópole<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. O bar ferve! Parece<br />
que toda Beijing vai lá para a happy<br />
hour ou o “esquenta”! Mas a Beijing<br />
que vai no Centro sai de casa<br />
dressed to impress, com um bom<br />
cartão de crédito no bolso... É um<br />
grande contraste com a China <strong>do</strong><br />
nosso imaginário.<br />
Minha varanda ficou escura no fim de<br />
set<strong>em</strong>bro. Morreu a Hebe Camargo.<br />
Eu não via o programa já há muito t<strong>em</strong>po, mas era fã da pessoa. Uma vida<br />
tão longa deu t<strong>em</strong>po de firmá-la como ícone de várias coisas. Ícone da TV,<br />
estava lá desde o começo. Ícone de alegria, s<strong>em</strong>pre saborean<strong>do</strong> a vida.<br />
Ícone de joias com seus diamantes, rubis e esmeral<strong>das</strong>. Hebe tinha essa<br />
capacidade de mostrar que viver b<strong>em</strong> era possível. A gente se projetava<br />
nela e ficava feliz. Mas t<strong>em</strong> um outro aspecto pouco fala<strong>do</strong> que foi sua representatividade<br />
como mulher numa época <strong>em</strong> que to<strong>das</strong> as outras eram<br />
apêndices <strong>do</strong>s mari<strong>do</strong>s. A Hebe, não. A Hebe teve brilho próprio e contra<br />
tu<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s os preconceitos conquistou respeito numa área masculina.<br />
A Hebe não enfeitava o palco. Ela reinava sobre ele. Por seu sofá, desde<br />
os primórdios esqueci<strong>do</strong>s da TV Record nos anos 60, passaram to<strong>das</strong> as<br />
<strong>pessoas</strong> que contavam neste País. Aliás, se não passass<strong>em</strong>, contariam<br />
menos... Minha varanda ficou triste, mas o céu – ou onde quer que se vá –<br />
deve estar uma gargalhada só. A Hebe reencontrou a Nair Belo... Imagine!<br />
Elas dev<strong>em</strong> estar rolan<strong>do</strong> de tanto rir!<br />
Lionel Falcon
Gente que<br />
colecionava, antes,<br />
coisas <strong>do</strong> lixo<br />
Cidade de Arcoverde, Pernambuco.<br />
Quase 300 km de Recife. Se for, não espere<br />
achar praias, areia branca, sombra e água fresca. Mas<br />
encontrará a Fundação Terra, entidade criada <strong>em</strong><br />
1984 para atender a população local de um antigo e<br />
desativa<strong>do</strong> lixão. O responsável é o padre Airton, que<br />
classifica esta ação como um grande mutirão a favor<br />
<strong>do</strong>s que realmente precisam de ajuda. Mais de 10 mil<br />
beneficia<strong>do</strong>s, entre crianças, a<strong>do</strong>lescentes e adultos.<br />
Vale a pena conhecer e, se possível, ajudar. N<strong>em</strong> que<br />
seja a distância www.fundacaoterra.org.br<br />
Responda rápi<strong>do</strong>: qual é o<br />
dia da s<strong>em</strong>ana preferi<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
brasileiro?<br />
Não sei qu<strong>em</strong> investiria t<strong>em</strong>po e dinheiro para saber<br />
uma coisa dessas, mas alguém se propôs a descobrir qual é<br />
o dia preferi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s brasileiros. Foi essa pergunta que respondi<br />
a um grupo de jovens com pranchetas quan<strong>do</strong> eu cruzava a<br />
pé uma movimentada avenida de São Paulo. A questão era<br />
simples e direta. Minha resposta d<strong>em</strong>orou um pouco. Cravar<br />
no sába<strong>do</strong> seria o natural. N<strong>em</strong> sei se sába<strong>do</strong> é meu dia<br />
preferi<strong>do</strong>. O trânsito é insuportável. Sexta? Não... Optei pela<br />
quinta-feira. Por quê? Na minha juventude s<strong>em</strong>pre tive aula<br />
dupla de educação artística após o recreio. E a professora<br />
s<strong>em</strong>pre faltava. Era o suficiente para as pela<strong>das</strong> nos campinhos<br />
de terra. Agora, o que o instituto de pesquisa fará com uma<br />
resposta dessas não sei!<br />
por marCelo alleNDeS<br />
COlEçãO<br />
Diversão X<br />
Inverossimilhanças<br />
Que novela é diversão, já sab<strong>em</strong>os.<br />
Que o escritor t<strong>em</strong> liberdade<br />
poética para tornar o enre<strong>do</strong> ágil<br />
e diverti<strong>do</strong>, também. Mas serão<br />
necessárias tantas incoerências e<br />
inverossimilhanças como as que<br />
v<strong>em</strong>os atualmente no tal horário<br />
nobre da televisão? Os autores e<br />
diretores estão confundin<strong>do</strong> ficção<br />
com farsa. Pelo jeito, acreditam<br />
que diversão não combina com<br />
educação e instrução. Uma<br />
pena. A casta de ótimos atores<br />
fica resumida a histórias s<strong>em</strong> pé<br />
n<strong>em</strong> cabeça, apenas para criar<br />
<strong>em</strong>oção e garantir a audiência<br />
<strong>do</strong> dia seguinte. Os filmes <strong>do</strong>s<br />
Trapalhões eram mais autênticos.<br />
Ao menos não se levavam tão a<br />
sério.<br />
Marcelo Allendes é jornalista<br />
e colabora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Banco Volkswagen<br />
allendes@yahoo.com<br />
S H O W R O O M39
A UM tOQUE<br />
Novo tablet da Sony<br />
A Sony exibiu na IFA 2012,<br />
maior feira de eletrônicos<br />
europeia, o Sony Xperia<br />
Tablet S. O novo Sony tablet<br />
é resistente à água e t<strong>em</strong><br />
um design de corpo fininho.<br />
A acessibilidade é total com<br />
conexões Wi-Fi e 3G. Outra<br />
tecnologia que irá agradar<br />
ao consumi<strong>do</strong>r é a TruBlack,<br />
que controla o reflexo de luz<br />
ambiente, garantin<strong>do</strong> cores<br />
mais vivas. Junto com o<br />
tablet foi lançada uma linha<br />
de acessórios como capas<br />
protetoras, tecla<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>ck<br />
speakers e <strong>do</strong>ck stands.<br />
Previsto para chegar ao Brasil <strong>em</strong><br />
março de 2013, com especificações<br />
técnicas e preços a ser<strong>em</strong> defini<strong>do</strong>s.<br />
S H O W R O O M 40<br />
Câmera com Wi-Fi<br />
Redes sociais, smartphones,<br />
aplicativos como o Instagram,<br />
mais <strong>do</strong> que nunca, web é<br />
imag<strong>em</strong> e compartilhamento<br />
de fotos. A Samsung coloca<br />
no merca<strong>do</strong> uma nova linha<br />
de câmeras fotográficas<br />
compactas com conexão<br />
Wi-Fi que possibilitam enviar<br />
as fotos para um serviço de<br />
“nuv<strong>em</strong>” (armazenamento<br />
de 7GB grátis), compartilhar<br />
e fazer upload de vídeos no<br />
YouTube. Outra funcionalidade<br />
é o GPS que permite mapear<br />
a localização e acessar <strong>em</strong><br />
t<strong>em</strong>po real às informações<br />
basea<strong>das</strong> na localização. A<br />
linha de câmeras SMART<br />
t<strong>em</strong> três modelos e três<br />
cores disponíveis (branca,<br />
preta e vermelha), to<strong>das</strong> com<br />
vários recursos de edição de<br />
imagens e lentes com zoom<br />
óptico.<br />
Os modelos SMART WB150F, DV300F,<br />
ST200F t<strong>em</strong> preço sugeri<strong>do</strong> entre R$<br />
599,00 e R$ 799,00.<br />
Câmera<br />
smartphone<br />
Outra câmera compacta<br />
com Wi-Fi e sist<strong>em</strong>a<br />
operacional Android,<br />
lançamento da Nikon.<br />
São três modelos da linha<br />
COOLPIX, a COOLPIX S800c<br />
também t<strong>em</strong> funções de<br />
um smartphone (exceto a<br />
de telefone) é compatível<br />
com Wi-Fi, AndroidTM<br />
com vários aplicativos<br />
<strong>do</strong> Google, possibilitan<strong>do</strong><br />
o compartilhamento de<br />
imagens e comentários<br />
<strong>em</strong> redes sociais e GPS<br />
<strong>em</strong>buti<strong>do</strong>, que grava as<br />
informações <strong>do</strong> local <strong>em</strong><br />
que as fotos e os vídeos<br />
foram registra<strong>do</strong>s. A outra<br />
da linha, a COOLPIX S01, é<br />
a menor e mais leve câmera<br />
produzida pela Nikon,<br />
com aproximadamente<br />
5 centímetros e 96g. A<br />
terceira, a COOLPIX P7700,<br />
é uma compacta com<br />
recursos similar a uma<br />
câmera DSLR.<br />
Preços não foram divulga<strong>do</strong>s.
Elenco: Richard Gere, Susan Saran<strong>do</strong>n,<br />
Tim Roth, Brit Marling, Jennifer Butler,<br />
William Friedkin, Monica Raymund,<br />
Laetitia Casta, Nate Parker.<br />
Direção: Nicholas Jarecki<br />
JK e a ditadura por Carlos<br />
Heitor Cony ( Editora Objetiva,<br />
240 páginas)<br />
Preço sugeri<strong>do</strong>: R$ 39,90<br />
Dois bons motivos para<br />
ler “JK e a ditadura”:<br />
é a biografia Juscelino<br />
Kubitschek,<br />
um <strong>do</strong>s presidentes<br />
mais queri<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
século XX,escrita por<br />
Carlos Heitor Cony. Redigida<br />
entre 1961- quan<strong>do</strong> deixou o<br />
governo - e 1976, ano <strong>em</strong> que JK<br />
morreu <strong>em</strong> um acidente, nunca<br />
inteiramente esclareci<strong>do</strong>, relata a<br />
luta <strong>do</strong> ex-presidente para evitar o<br />
golpe político-militar, a cassação,<br />
exílios e prisão. Cony auxiliava o<br />
ex-presidente <strong>em</strong> suas m<strong>em</strong>órias<br />
e, apoian<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> <strong>do</strong>cumentos<br />
e depoimentos que recebera<br />
pessoalmente dele, faz um retrato<br />
da história cont<strong>em</strong>porânea <strong>do</strong><br />
Brasil. Um texto brilhante.<br />
lIvROS &<br />
AFInS<br />
A negociação<br />
Um thriller com <strong>do</strong>is astros<br />
veteranos de Hollywood -<br />
Richard Gere e Susan Saran<strong>do</strong>n<br />
protagonizam “A negociação”<br />
(Arbitrage). Gere é o magnata nova-iorquino<br />
Robert Miller, inspira<strong>do</strong> <strong>em</strong> figuras<br />
como Bernard Ma<strong>do</strong>ff. O personag<strong>em</strong> está<br />
envolvi<strong>do</strong> <strong>em</strong> milionárias per<strong>das</strong> financeiras,<br />
fraudes e outros crimes. Ele tenta<br />
vender sua <strong>em</strong>presa para acobertar uma<br />
transação ilegal e se livrar da cadeia, mas<br />
as coisas não sa<strong>em</strong> exatamente como o<br />
planeja<strong>do</strong> e ele tenta de to<strong>do</strong>s os mo<strong>do</strong>s<br />
continuar jogan<strong>do</strong> e vencen<strong>do</strong> a to<strong>do</strong> custo.<br />
O filme é o primeiro longa-metrag<strong>em</strong> de<br />
Nicholas Jarecki e teve ótima repercussão<br />
nos EUA, e depois, quan<strong>do</strong> abriu o Festival<br />
de San Sebastián, na Espanha. Interessante<br />
ver o galã sessentão <strong>em</strong> um papel<br />
totalmente diferente daqueles mocinhos<br />
românticos que marcaram sua carreira.<br />
Um sociopata s<strong>em</strong> limites.<br />
S H O W R O O M41
vInhOS<br />
&vIDEIRAS<br />
Vinhos de<br />
Washington<br />
State<br />
Situa<strong>do</strong> no extr<strong>em</strong>o noroeste<br />
<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, vizinho<br />
à British Columbia no<br />
Canadá, Washington State<br />
(não confundir com Washington DC,<br />
capital <strong>do</strong>s EUA e situada na<br />
Costa Leste), é mais conheci<strong>do</strong><br />
pela belíssima cidade de<br />
Seattle e por ser a sede de<br />
duas <strong>das</strong> maiores <strong>em</strong>presas<br />
americanas, a Microsoft e a<br />
Boing. No entanto, não t<strong>em</strong><br />
escapa<strong>do</strong> aos observa<strong>do</strong>res<br />
mais atentos e aos enófilos<br />
melhor informa<strong>do</strong>s,<br />
a chegada, ainda que<br />
tímida, de vinhos de<br />
altíssima qualidade,<br />
produzi<strong>do</strong>s na<br />
região leste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />
mais especi<strong>ficam</strong>ente<br />
nas AVAs<br />
(American Viticultural<br />
Areas) <strong>do</strong> Columbia<br />
Valley, Walla-Walla<br />
(região <strong>das</strong><br />
vinícolas butique),<br />
Yakima Valley e Red<br />
Mountain, áreas<br />
que só recent<strong>em</strong>ente<br />
começaram a<br />
aparecer no mapa vitivinícola<br />
mundial.<br />
S H O W R O O M 42<br />
por arTHur azeveDo Syrah<br />
Conta a história que as<br />
primeiras videiras foram<br />
planta<strong>das</strong> <strong>em</strong> Washington<br />
State <strong>em</strong> 1852, mas pouco<br />
aconteceu na indústria vitivinícola<br />
até os anos 1970, quan<strong>do</strong> se assistiu<br />
a uma explosiva e consistente<br />
expansão da produção de vinhos,<br />
com a abertura de inúmeras vinícolas.<br />
Pode parecer estranho que<br />
uma região tão ao norte <strong>do</strong>s EUA, e<br />
que deveria ter um clima muito frio<br />
e inadequa<strong>do</strong> para o cultivo de uvas,<br />
<strong>em</strong> particular as tintas, como Merlot<br />
e Cabernet Sauvignon, possa ser a<br />
orig<strong>em</strong> de vinhos extr<strong>em</strong>amente expressivos<br />
e elegantes, plenos de frutas<br />
e com taninos de impressionante<br />
maciez, de fina textura. A explicação<br />
está na presença <strong>das</strong> imponentes<br />
Cascade Mountains, um maciço<br />
granítico que corta o esta<strong>do</strong> de leste<br />
a oeste, servin<strong>do</strong> de ante-paro para<br />
a brisa fria e úmida que sopra <strong>do</strong><br />
Oceano Pacífico, delimitan<strong>do</strong> duas<br />
regiões muito diferentes. As principais<br />
áreas vinícolas se situam a leste<br />
<strong>das</strong> Cascades Mountains, uma região<br />
moderadamente quente e bastante<br />
seca, com altitudes que variam de<br />
20 a 300 metros e que desfrutam de<br />
duas horas a mais de sol que a Califórnia,<br />
porém com clima t<strong>em</strong>pera<strong>do</strong><br />
e noites frescas, o que contribui para<br />
o lento, gradual e perfeito amadurecimento<br />
<strong>das</strong> uvas.<br />
Arthur Azeve<strong>do</strong> é diretor-executivo da Associação<br />
Brasileira de Sommeliers-SP e editor <strong>do</strong> website Artwine<br />
(www.artwine.com.br)<br />
Estrela desde o início da década<br />
de 1990, a Syrah, é uma uva de<br />
grande personalidade e que parece<br />
ter encontra<strong>do</strong> na região<br />
as condições ideais para se expressar<br />
com grande qualidade.<br />
Ali, a Syrah aparece, como <strong>em</strong><br />
sua região francesa de orig<strong>em</strong>,<br />
o Vale <strong>do</strong> Rhône, na companhia<br />
da branca Viognier, dan<strong>do</strong> orig<strong>em</strong><br />
a vinhos que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> aos<br />
lendários vinhos de Côte-Rôtie,<br />
muito aprecia<strong>do</strong>s <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o<br />
mun<strong>do</strong>.<br />
Um excelente produtor de Washington<br />
State, cujos vinhos<br />
estão fazen<strong>do</strong> muito sucesso<br />
no Brasil, é o Ste Michele Wine<br />
Estates, representa<strong>do</strong> por duas<br />
vinícolas, Château Ste Michele e<br />
Columbia Crest, importa<strong>do</strong>s com<br />
exclusividade para o Brasil pela<br />
Winebrands (www.winebrands.<br />
com.br). Dentre os vinhos que<br />
estão disponíveis, destacamos o<br />
Château Ste Michelle Syrah 2009,<br />
um tinto elegante, fruta<strong>do</strong>, delicioso,<br />
acessível e de imbatível<br />
relação preço/qualidade, e o Columbia<br />
Crest Horse Heaven Hills<br />
Cabernet Sauvignon 2009, uma<br />
amostra impecável <strong>do</strong> alto nível<br />
que a varietal atinge na região,<br />
com seus sofistica<strong>do</strong>s aromas<br />
de cassis, alcaçuz e fino tosta<strong>do</strong>,<br />
fruto de seu estágio por barricas<br />
de carvalho francês (40% novas).<br />
Vale a pena conhecê-los.