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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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— Oh Zé Fernandes! Então mete também uma esponja... E um frasco deágua-de-colónia!— Água de alfazema, excelente, feita pela tia Vicência... O meu Príncipesuspirou, impressionado com a sua miséria esquálida, e esta dádiva de roupas:— Bem, então vamos dormir, que estou esfalfado de emoções e deastros... Justamente Melchior entreabria a pesada porta, com timidez, a avisarque «estavam preparadinhas as camas de Suas Incelências». E seguindo o bomcaseiro, que erguia uma candeia, que avistámos nós, o meu Príncipe e eu,ainda há pouco irmanados com os astros? Em duas saletas, que uma aberturaem arco, lôbrego arco de pedra, separava — duas enxergas sobre o soalho.junto à cabeceira da mais larga, que pertencia ao senhor de Tormes, umcastiçal de latão sobre um alqueire; aos pés, como lavatório, um alguidarvidrado em cima de — uma tripeça. Paramim, serrano daquelas serras, nemalguidar nem alqueire.Lentamente, com o pé o meu supercivilizado amigo palpou a enxerga. Edecerto lhe sentiu uma dureza intransigente, porque ficou pendido sobre ela, acorrer desoladamente os dedos pela face desmaiada.— E o pior não é ainda a enxerga — murmurou enfim com um suspiro.— É que não tenho camisa de dormir, nem chinelas!... E não me posso deitarde camisa engomada.

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