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A CIDADE E AS SERRAS

Untitled - Luso Livros

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— Sale maure! Ergui o meu tremendo punho serrano, — e o desgraçado,numa confusão de melenas, com sangue por toda a face, aluiu, como ummontão de trapos moles, ganindo desesperadamente, — enquanto o furacãode uivos e cacarejos, e guinchos e silvos, envolvia o Professor, que cruzara osbraços, esperando, com uma, serenidade, simples.Desde esse momento decidi abandonar a fastidiosa Cidade — e o único diaalegre e divertido que nela passei, foi o derradeiro, comprando para os meusqueridinhos de Tormes brinquedos consideráveis, tremendamentecomplicados pela Civilização, — vapores de aço e cobre, providos de caldeiraspara viajar em tanques; leões de pele verídica rugindo pavorosamente; bonecasvestidas pela Laferrière, com fonógrafos no ventre...E enfim abalei uma tarde, depois de lançar da minha janela, sobre oBoulevard, um adeus à Cidade:— Pois adeuzinho, até nunca mais! Na lama — do teu vício e na poeira datua vaidade, outra vez, não me pilhas. E o que tens de bom, que é o teu génio,elegante e claro, lá o receberei na Serra pelo correio!Enfim numa tarde de domingo, debruçado da janela do comboio, quevagarosamente deslizava pela borda do rio lento, num silêncio todo feito deazul e sol, avistei na plataforma da quieta estação, os Senhores de Tormes,com a minha afilhada Teresa, muito vermelha, arregalando os seus soberbosolhos, e o bravo Jacintinho, que empunhava na mão uma bandeira branca. O

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