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Jornal Paraná Dezembro 2018

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OPINIÃO<br />

<strong>2018</strong>, o ano do RenovaBio<br />

Com as atuais tecnologias, podemos ampliar a produção de biocombustíveis de baixíssima pegada de carbono<br />

MIGUEL IVAN LACERDA<br />

DE OLIVEIRA (*)<br />

Ademanda por energia<br />

sustentável e de baixa<br />

pegada de carbono é<br />

gigantesca. Não há dúvidas<br />

quanto a este fato: o mundo<br />

está disposto a pagar por<br />

soluções que efetivamente contribuam<br />

para a redução das<br />

emissões de carbono. Por isso<br />

acreditamos que é chegada a<br />

hora de embalar este produto<br />

nobre que os biocombustíveis já<br />

entregam há anos: energia com<br />

menor emissão de poluentes.<br />

O RenovaBio existe precisamente<br />

para ser o instrumento<br />

que garantirá ao "cliente", leia-se<br />

"sociedade interessada em reduzir<br />

as emissões de GEE", que,<br />

de fato, se estão reduzindo<br />

emissões de gases de efeito estufa.<br />

Por isso devemos ser capazes<br />

de assegurar, sob todos<br />

os critérios científicos possíveis,<br />

que o RenovaBio entrega, de<br />

fato, a redução da intensidade<br />

de carbono na matriz energética.<br />

Com a assinatura, em março de<br />

<strong>2018</strong>, do decreto que regulamentou<br />

a Lei nº 13.576/17, da<br />

Política Nacional de Biocombustíveis<br />

(RenovaBio), os próximos<br />

passos para a implementação<br />

do Programa incluem a regulação<br />

do processo de certificação,<br />

que cabe à Agência Nacional<br />

de Petróleo (ANP), ao definir<br />

o método de cálculo da nota<br />

de eficiência energético-ambiental<br />

- que, por sua vez, influenciará<br />

na quantidade de créditos<br />

de descarbonização<br />

(CBios) que cada produtor de<br />

biocombustíveis poderá emitir.<br />

A nota de eficiência energéticoambiental<br />

será calculada por<br />

meio da RenovaCalc, ferramenta<br />

desenvolvida por pesquisadores<br />

especialistas em Avaliação<br />

de Ciclo de Vida. Entre as instituições<br />

envolvidas, estão: Empresa<br />

Brasileira de Pesquisa<br />

Agropecuária (Embrapa), Laboratório<br />

Nacional de Ciência e<br />

Tecnologia do Bioetanol (CTBE),<br />

instituição vinculada ao CNPEM,<br />

Universidade Estadual de Campinas<br />

(Unicamp) e Agroicone.<br />

Mas como o risco de aumento<br />

do desmatamento será tratado<br />

pelo RenovaBio? Os pesquisadores<br />

levantaram uma série de<br />

alternativas para consideração<br />

da mudança de uso da terra,<br />

tendo como base a literatura<br />

científica, as políticas vigentes e<br />

os diálogos com os atores do<br />

setor produtivo e de certificação.<br />

Após alguns meses de trabalho,<br />

a proposta foi submetida à ANP<br />

no último mês de março.<br />

Basicamente, os produtores de<br />

biocombustíveis terão de cumprir<br />

três critérios de elegibilidade<br />

para ingressar no programa e ter<br />

direito aos CBios: Toda a produção<br />

certificada deve ser oriunda<br />

de área sem desmatamento<br />

após a data de promulgação da<br />

lei do RenovaBio (26 de dezembro<br />

de 2017); Toda a área deve<br />

estar em conformidade com o<br />

Código Florestal, por meio da regularização<br />

do Cadastro Ambiental<br />

Rural (CAR); As áreas de<br />

produção de cana e palma devem<br />

estar em conformidade<br />

com os zoneamentos agroecológicos<br />

da cana-de-açúcar e da<br />

palma-de-óleo, definidos pelos<br />

A proposta é suficientemente<br />

robusta para garantir segurança e<br />

baixo risco de emissões de GEE e,<br />

ao mesmo tempo, simples o<br />

suficiente para ser implementada<br />

Decretos Federais 6.961 e<br />

7.172, respectivamente.<br />

Essa escolha apresenta uma<br />

série de vantagens quando<br />

comparadas com alternativas<br />

disponíveis. A principal delas é<br />

a garantia ao cliente de que a expansão<br />

dos biocombustíveis<br />

não acarretará supressão de vegetação<br />

nativa.<br />

No caso do RenovaBio, o desafio<br />

consiste em definir uma estratégia<br />

que tenha reconhecido<br />

potencial de mitigação de emissões<br />

de GEE associadas a MUT,<br />

baixo nível de complexidade<br />

para implementação na primeira<br />

fase do programa, baixos custos<br />

de certificação para as unidades<br />

produtoras, forte embasamento<br />

técnico-científico, sinergia<br />

com políticas e programas<br />

de uso da terra em vigor no<br />

Brasil e internacionais e capacidade<br />

de cumprimento e assimilação<br />

pelo setor produtivo. Além<br />

disso, resguarda o programa de<br />

críticas sobre a promoção da<br />

competição entre alimentos e<br />

combustíveis.<br />

Em resumo, a proposta é suficientemente<br />

robusta para garantir<br />

segurança e baixo risco de<br />

emissões de GEE devido à MUT<br />

e, ao mesmo tempo, simples o<br />

suficiente para ser implementada.<br />

Ela torna o RenovaBio um<br />

importante vetor para promoção<br />

do uso sustentável da terra para<br />

produção de biocombustíveis e<br />

assegura a manutenção da posição<br />

de destaque do Brasil na<br />

promoção da agricultura e matriz<br />

energética sustentáveis.<br />

O ano de <strong>2018</strong> entrará para a<br />

história dos biocombustíveis no<br />

Brasil com seu reconhecimento<br />

como instrumento eficaz para a<br />

redução das emissões de gases<br />

de efeito estufa. Estabelecemos<br />

uma meta de redução da pegada<br />

de carbono da nossa matriz<br />

de combustíveis para o<br />

período de 10 anos. De quebra,<br />

será o ano em que o Brasil terá<br />

oferecido ao mundo uma proposta<br />

de combate às mudanças<br />

climáticas por meio da utilização<br />

crescente de biocombustíveis. A<br />

realidade: com as atuais tecnologias,<br />

podemos ampliar a produção<br />

de biocombustíveis de<br />

baixíssima pegada de carbono.<br />

O sonho: ser capaz de produzir<br />

bioenergia que sequestre carbono<br />

da atmosfera!<br />

(*) Economista, diretor de Biocombustíveis<br />

do Ministério de Minas<br />

e Energia. Texto publicado originalmente<br />

na Revista Opiniões.<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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