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ViraVida, um projeto em defesa da juventude

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Publicação mensal | Edição 82 Ano X DEZ | 2012<br />

<strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>, <strong>um</strong> <strong>projeto</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>defesa</strong> <strong>da</strong> <strong>juventude</strong><br />

A história de Jair Antônio Meneguelli é conheci<strong>da</strong><br />

pelos brasileiros. Como Deputado Federal, sindicalista<br />

e metalúrgico lutou com determinação pelos<br />

direitos dos trabalhadores e pela igual<strong>da</strong>de social no<br />

Brasil. Agora, como presidente do Conselho Nacional<br />

do SESI, Meneguelli conta sobre alg<strong>um</strong>as ações<br />

que serão desenvolvi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> 2013, com destaque<br />

para o <strong>projeto</strong> <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>, iniciativa que oferece oportuni<strong>da</strong>des<br />

a jovens que sofreram abuso ou exploração<br />

sexual. Página 24<br />

GABEIRA:<br />

AS CHANCES<br />

DOM PV EM<br />

2014<br />

Página 38<br />

GDF: NOVA CARA PARA<br />

TRANSPORTE COLETIVO<br />

Página 13<br />

RICARDO ROLIM: O COMBATE AO USO INDEVIDO DO ÁLCOOL. Página 5


Editorial<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 2<br />

O novo ano que começa, para os brasileiros,<br />

não traz até agora nenh<strong>um</strong>a novi<strong>da</strong>de, na<strong>da</strong> que<br />

o País ain<strong>da</strong> não conheça. Norte, Sul, Sudeste,<br />

Nordeste e Centro-Oeste entram 2013 enfrentando<br />

os mesmos probl<strong>em</strong>as que déca<strong>da</strong>s atrás<br />

também eram as mesmas preocupações. Incrível<br />

a nossa capaci<strong>da</strong>de de saber repetir, com a mesma<br />

incompetência, as providências erra<strong>da</strong>s que<br />

nunca traz<strong>em</strong> para a comuni<strong>da</strong>de as respostas<br />

espera<strong>da</strong>s. O mês de janeiro, nos últimos dez<br />

ou vinte anos, traz para as populações dos Estados<br />

do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas<br />

Gerais, Espírito Santo e vizinhos chuvas e trovoa<strong>da</strong>s<br />

e to<strong>da</strong> sorte de probl<strong>em</strong>as que se possa<br />

imaginar. Os jornais, revistas e as TVs mostram<br />

o t<strong>em</strong>po todo fotos e imagens desalentadoras<br />

de bairros inteiros tragados pelas águas, rios<br />

transbor<strong>da</strong>ndo, casas inun<strong>da</strong><strong>da</strong>s e centenas de<br />

pessoas desabriga<strong>da</strong>s e s<strong>em</strong> ter onde ficar. Cenas<br />

de muita tristeza, retratos <strong>em</strong> branco e preto de<br />

comuni<strong>da</strong>des inteiras joga<strong>da</strong>s a mercê <strong>da</strong> sorte,<br />

n<strong>um</strong> triste cenário que envergonha <strong>um</strong> País. O<br />

mesmo Brasil, que nunca encontra <strong>um</strong>a forma<br />

adequa<strong>da</strong> para estancar e parar tanta água que<br />

invade o que encontra pela frente nessas regiões,<br />

também não consegue sequer anunciar <strong>um</strong>a só<br />

medi<strong>da</strong> que amenize o drama dos nordestinos<br />

s<strong>em</strong> água <strong>em</strong> quatro ou cinco estados, os mesmos<br />

que entra ano sai ano lá vão eles, com a lata<br />

d’água na cabeça na busca do líquido que mata a<br />

sede e alimenta o corpo.<br />

Defesa civil, Ministério <strong>da</strong> Integração,<br />

Ministério <strong>da</strong> Justiça, enti<strong>da</strong>des sociais e governos<br />

estaduais anunciam todos os anos as mesmas<br />

providências para os mesmos probl<strong>em</strong>as,<br />

e eles se repet<strong>em</strong> com na mesma frequência,<br />

mesma intensi<strong>da</strong>de. Se há água <strong>em</strong> excesso no<br />

Sudeste, e as carências regionais não consegu<strong>em</strong><br />

<strong>da</strong>r <strong>um</strong> r<strong>um</strong>o certo a essas enxurra<strong>da</strong>s que<br />

surg<strong>em</strong> a ca<strong>da</strong> chuva, a escassez do Nordeste<br />

<strong>em</strong>agrece os reservatórios, e o eterno fantasma<br />

do racionamento assusta as autori<strong>da</strong>de <strong>em</strong> to<strong>da</strong>s<br />

as escalas. É falta de planejamento, esbraveja<br />

<strong>um</strong> crítico ambientalista que nunca saiu de<br />

sua casa na praia. Que na<strong>da</strong>, o que há é falta de<br />

vontade política, de determinação de governo,<br />

esbraveja a oposição, encastela<strong>da</strong> <strong>em</strong> Brasília<br />

curtindo o ar condicionado. Da discussão desordena<strong>da</strong><br />

também participam técnicos e teóricos<br />

que nunca se entend<strong>em</strong> sobre o que fazer, fiscais<br />

do dinheiro público que nunca sab<strong>em</strong> explicar o<br />

que liberam e o que proib<strong>em</strong> e ain<strong>da</strong> os abnegados<br />

e voluntários que, estes sim, atolam seus pés<br />

na lama e no barro e vão socorrer vítimas que<br />

não sab<strong>em</strong> o que fazer, para onde ir e <strong>em</strong> qu<strong>em</strong><br />

acreditar. A repetição dessas cenas, que acabam<br />

ilustrando o roteiro de <strong>um</strong> repetitivo filme macabro,<br />

onde poucos mocinhos consegu<strong>em</strong> salvar<br />

pobres e desvalidos, tornam todo começo de ano<br />

o Brasil previsível e desanimador. As tragédias<br />

se repet<strong>em</strong>, as medi<strong>da</strong>s anuncia<strong>da</strong>s não sa<strong>em</strong><br />

do papel e os prejudicados são s<strong>em</strong>pre os mesmos,<br />

as vítimas t<strong>em</strong> como recompensa apenas<br />

lágrimas. Alguém, de alg<strong>um</strong>a forma, <strong>em</strong> alg<strong>um</strong><br />

lugar, alg<strong>um</strong> dia vai ter que achar <strong>um</strong>a solução<br />

para amenizar o drama dessas famílias. Acionar<br />

botões que faz<strong>em</strong> soar sirenes pode ser até <strong>um</strong>a<br />

solução provisória, <strong>um</strong> aviso para que as pessoas<br />

corram. Mas, na ver<strong>da</strong>de, elas precisam de qu<strong>em</strong><br />

as socorram. De ver<strong>da</strong>de.<br />

Expediente<br />

Diretor Responsável:<br />

José Natal<br />

Edição:<br />

Kátia Maia<br />

Projeto gráfico e diagramação:<br />

Evaldo Gomes de Abreu<br />

Impressão:<br />

Gráfica e Editora Ideal<br />

Colaboradores:<br />

Alexandre Garcia, Luís Natal,<br />

Ricardo Noblat, José Fonseca,<br />

Sheila D´Amorim, Wilson Ibiapina,<br />

Milton Seligman, MônicaWaldvolgel,<br />

Mayrluce Vilella, Paulo Pestana,<br />

Silvestre Gorgulho, Heraldo Pereira,<br />

Gilnei Rampazzo, Fernando Guedes,<br />

Christiane Samarco, Greicy Pessoa,<br />

Fernando Isoppo e Silvia Caetano.<br />

ChRIS NASCIMENTO/SÃO PAULO<br />

FABIANA FERNANDES/CURITIBA<br />

ENTRE LAGOS/RIO<br />

Editora: Cecilia Brant<br />

Colaboradores: Carlos Sampaio, Cássia<br />

Olival, Ronsangela Alvarenga, Paulo César<br />

Feital, Daisy Nascimento e Luis Augusto Gollo.<br />

www.revistaentrelagos.com.br<br />

Rio Grande Comunicação S/S Lt<strong>da</strong><br />

SHCN CL quadra 211 Bloco A<br />

Nº 10 - Sala 218 - Brasília - DF.<br />

CNPJ: 33.459.231/0001-17<br />

Tel.: (61) 8170.3702 - 3366.2393<br />

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A Revista Entre Lagos possui 10 anos de tradição. É distribuí<strong>da</strong> gratuitamente <strong>em</strong> pontos comerciais e órgãos públicos.


André Gustavo<br />

Jornalista<br />

Apocalipse<br />

Vi a perspectiva de fim do mundo,<br />

na época <strong>da</strong> guerra fria, quando<br />

viajei aos Estados Unidos a convite<br />

do governo <strong>da</strong>quele país. Estive no<br />

Instituto hudson e ouvi <strong>um</strong> dos<br />

pesquisadores dizer que trabalhavam<br />

com a seguinte hipótese de guerra.<br />

Se ao final do conflito, restass<strong>em</strong> dois<br />

americanos vivos e <strong>um</strong> russo, eles<br />

teriam vencido. É bom l<strong>em</strong>brar que <strong>um</strong><br />

e outro estado beligerante alardeava<br />

ter capaci<strong>da</strong>de para destruir o planeta<br />

cinquenta ou sessenta vezes. Nunca<br />

entendi essa conta. Achei que bastava<br />

<strong>um</strong>a única e decisiva ro<strong>da</strong><strong>da</strong> de<br />

bombardeios nucleares.<br />

Depois visitei instalações estratégicas.<br />

Lá foi exibido <strong>um</strong> enorme painel que<br />

mostrava a possível localização, <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po<br />

real ou perto disso, de três submarinos<br />

soviéticos na costa leste. Um ao norte,<br />

perto de Boston, outro <strong>em</strong> frente a<br />

Washington e Nova Iorque e o terceiro no<br />

sul. Na costa oeste o cenário se repetia.<br />

Outros três submarinos nucleares. Ca<strong>da</strong><br />

submarino tinha 14 tubos lançadores de<br />

mísseis e <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> <strong>um</strong> deles haveria cinco<br />

ogivas nucleares. Total: setentas bombas<br />

atômicas por <strong>em</strong>barcação. 210 de <strong>um</strong><br />

lado, 210 de outro. Seriam 420 artefatos<br />

nucleares. Para completar o cenário de<br />

horror me foi dito que se o ataque partisse<br />

de <strong>um</strong> dos submarinos levaria entre três e<br />

quatro minutos para atingir Washington.<br />

Apocalipse - Não haveria t<strong>em</strong>po para<br />

defender a população. Mas, sim, para<br />

promover <strong>um</strong> contra-ataque fulminante<br />

que arrasaria a União Soviética <strong>em</strong> questão<br />

de minutos. Os mísseis partiriam <strong>da</strong><br />

Europa e do território continental dos<br />

Estados Unidos. A segun<strong>da</strong> hipótese de<br />

guerra mostrava o ataque dos comunistas<br />

partindo <strong>da</strong> União Soviética com mísseis<br />

intercontinentais. Neste caso, levaria<br />

cerca de trinta minutos para arrasar o<br />

adversário. Mas o t<strong>em</strong>po era suficiente<br />

para organizar contra-ataque ain<strong>da</strong> mais<br />

devastador. Não haveria t<strong>em</strong>po n<strong>em</strong> para<br />

se despedir <strong>da</strong> família. Mas o assunto era<br />

tratado com naturali<strong>da</strong>de pelos militares.<br />

Depois dessa d<strong>em</strong>onstração de<br />

insani<strong>da</strong>de nunca mais me incomodei<br />

com a perspectiva de fim de mundo. Se<br />

o mundo não acabou naquele momento,<br />

quando bastava <strong>um</strong> militar ensandecido<br />

apertar o botão fatídico (l<strong>em</strong>bram-se do<br />

filme Dr. Strangelove, com Peter Sellers,<br />

direção de Stanley Kubrick?), tornou-se<br />

mais fácil exterminar a vi<strong>da</strong> h<strong>um</strong>ana por<br />

ação natural do t<strong>em</strong>po. É ver<strong>da</strong>de que<br />

a natureza é incompleta, faz correções<br />

periódicas de r<strong>um</strong>o, de t<strong>em</strong>peratura, e<br />

o hom<strong>em</strong> colabora com poluição para<br />

destruir o seu meio-ambiente. Não sou<br />

especialista na matéria e não pretendo<br />

me aventurar nesta seara. Mas, enfim, o<br />

mundo não acabou.<br />

O que preocupa neste início de 2013<br />

é o Brasil perder oportuni<strong>da</strong>des. Vai deixar<br />

a posição de sexta maior economia do<br />

mundo para os ingleses. Os resultados<br />

econômicos são frágeis e o crescimento<br />

do PIB ficará <strong>em</strong> 1% ou menos. Os norteamericanos,<br />

que estão vivendo <strong>um</strong>a<br />

recessão, vão <strong>em</strong>placar expansão de três<br />

por cento. Vizinhos como Chile, Peru e<br />

Colômbia terão resultados melhores. Eles<br />

estão submetidos aos mesmos probl<strong>em</strong>as<br />

internacionais. Recessão por todos os lados,<br />

desaquecimento no mercado europeu e<br />

sérios probl<strong>em</strong>as políticos na China. No<br />

momento <strong>em</strong> que escrevo essas mal traça<strong>da</strong>s<br />

linhas, caíram raios, n<strong>um</strong>a t<strong>em</strong>pestade<br />

forte, e a energia foi corta<strong>da</strong>.<br />

3 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />

Mundo afora<br />

Saliva - Final de ano serve para<br />

essas reflexões. Os políticos brasileiros<br />

que já foram considerados de primeira<br />

linha estão, agora, se revelando de baixo<br />

extrato. S<strong>em</strong> soluções razoáveis, part<strong>em</strong><br />

para conflitos desnecessários e esquec<strong>em</strong><br />

a arte de negociar. Os desgastes de final<br />

<strong>da</strong> legislatura poderiam ter sido evitados<br />

se houvesse mais saliva, que, como dizia<br />

Dr. Ulysses, é o combustível <strong>da</strong> política.<br />

E os interlocutores do governo não<br />

compreenderam a extensão <strong>da</strong> crise <strong>em</strong><br />

torno dos royalties. Além <strong>da</strong> potencial<br />

crise federativa, o desentendimento t<strong>em</strong> o<br />

poder de paralisar a prospecção de petróleo<br />

no país.<br />

O Partido dos Trabalhadores está<br />

vivendo seu inferno astral, <strong>em</strong>bora esteja<br />

há dez anos no poder. O julgamento<br />

do mensalão foi sinal claro de que as<br />

campanhas políticas no Brasil vão mu<strong>da</strong>r de<br />

quali<strong>da</strong>de. Será mais difícil praticar o caixa<br />

dois e ain<strong>da</strong> mais complexo usar verbas de<br />

publici<strong>da</strong>de para outros fins. Não esquecer<br />

que na crise do governo Arru<strong>da</strong>, aqui <strong>em</strong><br />

Brasília, o pessoal dessa área foi preso e<br />

passou <strong>um</strong>a t<strong>em</strong>pora<strong>da</strong> na Papu<strong>da</strong>. No<br />

nível federal, os articuladores <strong>da</strong>s agências<br />

de publici<strong>da</strong>de receberam penas pesa<strong>da</strong>s.<br />

Deverão passar <strong>um</strong> bom t<strong>em</strong>po atrás <strong>da</strong>s<br />

grades. Algo mudou e os políticos precisam<br />

abrir seus olhos.<br />

A chama<strong>da</strong> judicialização <strong>da</strong> política,<br />

aliás, decorre de alg<strong>um</strong>a preguiça<br />

parlamentar. Na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que não<br />

consegu<strong>em</strong> solucionar seus probl<strong>em</strong>as,<br />

deputados e senadores jogam o assunto para<br />

debaixo do tapete. Alguém, inconformado,<br />

recorre ao Supr<strong>em</strong>o Tribunal Federal e<br />

ocorre o que aconteceu com a decisão do<br />

ministro Fux. O regimento interno é claro<br />

<strong>em</strong> afirmar que ca<strong>da</strong> veto deve ser apreciado<br />

<strong>em</strong> separado. Ele não tinha alternativa a não<br />

ser conceder a segurança para suspender a<br />

votação. Em retaliação, os parlamentares<br />

não votaram o orçamento. O governo vai ter<br />

que liberar dinheiro por medi<strong>da</strong> provisória.<br />

Talvez seja necessário conhecer o<br />

fundo do poço para <strong>em</strong>ergir com mais<br />

vitali<strong>da</strong>de nos próximos t<strong>em</strong>pos. O expresidente<br />

Lula ameaça ser candi<strong>da</strong>to<br />

novamente. Não disse a que. Mas pode ser<br />

ao governo de São Paulo ou à presidência<br />

<strong>da</strong> República. Tudo é risco neste 2013. Há


O t<strong>em</strong>po não para<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 4<br />

L<strong>em</strong>bro-me, quando menina, que<br />

meus pais deixavam na prateleira<br />

<strong>da</strong> estante, dois livros educativos a<br />

respeito de sexuali<strong>da</strong>de indicativos<br />

para diferentes faixas etárias. A<br />

mim , era permitido ler o primeiro<br />

deles. Minha irmã, mais velha, tinha<br />

autorização para ler os dois.<br />

Pais cui<strong>da</strong>dosos usualmente<br />

selecionam os programas e as leituras<br />

que os filhos pod<strong>em</strong> ter acesso. Esse<br />

procedimento ocorre porque acreditam<br />

que alg<strong>um</strong>as informações não serão<br />

saudáveis à prole.<br />

O t<strong>em</strong>po passa e começamos a nos<br />

julgar espertos d<strong>em</strong>ais, maduros. Nesse<br />

momento, acreditamos que dev<strong>em</strong>os<br />

ter livre acesso a todos os tipos de<br />

informações. Ledo engano. Ouvimos<br />

com frequência que estamos na era <strong>da</strong><br />

informação. Isso soa como algo esplêndido.<br />

Em certo sentido, é realmente magnífico.<br />

Mas viv<strong>em</strong>os <strong>um</strong>a situação dúbia: ao<br />

mesmo t<strong>em</strong>po que dev<strong>em</strong>os adquirir<br />

conhecimento, informações; também<br />

dev<strong>em</strong>os filtrar essas informações.<br />

Basicamente por dois motivos: primeiro,<br />

porque o que importa é o que você vai<br />

fazer com os <strong>da</strong>dos armazenados no seu<br />

cérebro. Informações pod<strong>em</strong> capacitar-nos<br />

a adquirir competências, que se aplica<strong>da</strong>s<br />

com atitude adequa<strong>da</strong> gerarão habili<strong>da</strong>des,<br />

que poderão gerar hábitos - que irão<br />

mol<strong>da</strong>r-nos.<br />

De fato, escolh<strong>em</strong>os nossos hábitos<br />

depois, com o passar dos anos, eles nos<br />

escolh<strong>em</strong>. Porque eles nos rotulam.<br />

O segundo motivo é que somos o<br />

resultado <strong>da</strong> soma <strong>da</strong>s informações que<br />

ac<strong>um</strong>ulamos.<br />

Adquirimos conhecimento durante<br />

to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>. Desde o ventre materno, o<br />

bebê sente o amor <strong>da</strong> mamãe, escuta e<br />

procura a voz do pai. Sente se é amado,<br />

desejado. Ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, absorv<strong>em</strong>os<br />

várias mensagens por meio de conversas,<br />

filmes, leituras, ex<strong>em</strong>plos.<br />

O fato é que passamos a replicar essas<br />

vivências. Você pode imaginar como esta<br />

história termina, não? Reproduzimos<br />

aquilo que vivenciamos, que aprend<strong>em</strong>os.<br />

Nossa percepção do mundo se baseia<br />

Escolha seus<br />

pensamentos<br />

nas nossas crenças. Advinha como essas<br />

crenças são forma<strong>da</strong>s!? Claro, por meio<br />

<strong>da</strong>s nossas experiências de vi<strong>da</strong>, e de<br />

ensinamentos que absorv<strong>em</strong>os e que muitas<br />

vezes passamos a aceitar como ver<strong>da</strong>des<br />

absolutas. Alguns valores, conseguimos<br />

negociar, porém, exist<strong>em</strong> princípios que<br />

são inegociáveis. Não admitimos negociálos.<br />

São pr<strong>em</strong>issas enraiza<strong>da</strong>s. Crenças<br />

fun<strong>da</strong>mentais. A religião trabalha muito<br />

com elas.<br />

Essas crenças governam nossas vi<strong>da</strong>s<br />

e determinam nossos resultados.<br />

Ac<strong>um</strong>ulamos, com o passar dos anos,<br />

várias crenças. Muitas delas pod<strong>em</strong> ter<br />

poder destruidor sobre nossas expectativas<br />

de <strong>um</strong>a vi<strong>da</strong> promissora. Levam-nos a<br />

pensar de <strong>um</strong> jeito que compromete <strong>um</strong>a<br />

boa performance.<br />

Carla Ribeiro<br />

Mestre <strong>em</strong> Sociologia, advoga<strong>da</strong>, tetracampeã mundial<br />

de karate, campeã mundial de kickboxing.<br />

Se você acreditar que nunca vai<br />

conseguir ser organizado, nunca será rico,<br />

nunca vai conseguir falar com desenvoltura<br />

<strong>em</strong> público, está, provavelmente, muito<br />

certo. Seu subconsciente t<strong>em</strong> to<strong>da</strong>s as<br />

mensagens negativas e positivas que você<br />

ouviu ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Quanto mais<br />

repete para si pensamentos negativos, mais<br />

reforça essas crenças no seu subconsciente.<br />

Resultado: terá <strong>um</strong> inimigo dentro de si,<br />

trabalhando contra, boicotando seus sonhos,<br />

suas metas.<br />

A dica de ouro é: tenha o subconsciente<br />

como <strong>um</strong> aliado. Deixe-o ser seu melhor<br />

amigo. Afastar os pensamentos negativos<br />

deve ser <strong>um</strong> trabalho contínuo, diário, até<br />

que passe a acreditar na nova referência<br />

que deseja <strong>da</strong>r a ele. Creia: pensamentos<br />

pod<strong>em</strong> ser mu<strong>da</strong>dos, mas requer dedicação<br />

e reprogramação mental.


Ricardo Rolim<br />

5 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />

Diretor de Relações Socioambientais e<br />

Comunicação <strong>da</strong> Ambev Todos somos responsáveis<br />

A importância do trabalho <strong>em</strong> rede<br />

no combate ao uso indevido de álcool<br />

Desde os anos 1970, a<br />

Organização Mundial <strong>da</strong> Saúde<br />

(OMS) t<strong>em</strong> produzido doc<strong>um</strong>entos e<br />

organizado reuniões para debater as<br />

consequências do cons<strong>um</strong>o indevido de<br />

bebi<strong>da</strong>s alcoólicas. Entre os principais<br />

consensos obtidos nestes encontros<br />

está a certeza de que to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de<br />

deve se envolver na discussão e no<br />

combate a práticas como o acesso de<br />

menores de i<strong>da</strong>de a esses produtos,<br />

o uso excessivo e/ou associado à<br />

direção. Isso porque estamos tratase<br />

de <strong>um</strong>a questão multifatorial e<br />

requer <strong>um</strong> <strong>em</strong>penho conjunto para<br />

ser combati<strong>da</strong>. Em res<strong>um</strong>o: todos têm<br />

seu papel. E, nós, na Ambev estamos<br />

comprometidos com o nosso.<br />

A indústria de bebi<strong>da</strong>s é considera<strong>da</strong><br />

parte <strong>da</strong> solução, pois pode ser <strong>um</strong>a<br />

importante força na diss<strong>em</strong>inação de<br />

mensagens de cons<strong>um</strong>o responsável e na<br />

conscientização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, de nossos<br />

fornecedores e clientes. Ou seja, nós, como<br />

fabricantes de bebi<strong>da</strong>s alcoólicas pod<strong>em</strong>os<br />

(e dev<strong>em</strong>os) atuar, auxiliar na prevenção,<br />

rejeitando o lucro proveniente do cons<strong>um</strong>o<br />

inadequado de nossos produtos.<br />

Em linha com essa pr<strong>em</strong>issa,<br />

celebrar<strong>em</strong>os este ano <strong>um</strong>a déca<strong>da</strong> de<br />

atuação <strong>da</strong> Plataforma Ambev de Cons<strong>um</strong>o<br />

Responsável. Nesse período de trabalho<br />

pioneiro, houve inúmeras conquistas. E, a<br />

principal delas é o engajamento de parceiros<br />

na causa, o trabalho <strong>em</strong> rede. As pesquisas<br />

mostram que 87% <strong>da</strong> população brasileira<br />

consom<strong>em</strong> bebi<strong>da</strong> alcoólica de forma<br />

adequa<strong>da</strong>, responsável. No entanto, o<br />

<strong>em</strong>penho para evitar o uso indevido deve ser<br />

constante e contar com o envolvimento de<br />

diversos atores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Afinal, muitas<br />

vezes trata-se de mu<strong>da</strong>r comportamentos<br />

arraigados, como o de donos de bares<br />

que ain<strong>da</strong> vend<strong>em</strong> bebi<strong>da</strong> s<strong>em</strong> pedir <strong>um</strong><br />

doc<strong>um</strong>ento para atestar a maiori<strong>da</strong>de do<br />

cliente.<br />

Esse trabalho <strong>em</strong> rede, com<br />

agentes sociais como organizações não<br />

governamentais, especialistas, instituições<br />

de ensino, acadêmicos, governos, outras<br />

<strong>em</strong>presas, atletas e artistas t<strong>em</strong> garantido<br />

importantes resultados. Como os obtidos<br />

com o <strong>projeto</strong> Jovens de Responsa. Criado<br />

há quase três anos, o programa reúne 18<br />

ONGs <strong>em</strong> cinco estados do país e visa<br />

inibir o cons<strong>um</strong>o por menores de 18 anos<br />

nas comuni<strong>da</strong>des onde as organizações<br />

atuam. Assim como encontrar iniciativas<br />

de prevenção simples e eficazes para ser<strong>em</strong><br />

reaplica<strong>da</strong>s, as chama<strong>da</strong>s tecnologias<br />

sociais. A iniciativa já conseguiu impactar<br />

mais de 2.4 milhões pessoas <strong>em</strong> ações<br />

de comunicação, como programas e<br />

spots <strong>em</strong> rádio, mais de 7 mil jovens já<br />

participaram de ativi<strong>da</strong>des diretas, 960<br />

educadores e lideranças comunitárias<br />

foram capacitados, 500 bares foram<br />

sensibilizados com os <strong>projeto</strong>s e outras 44<br />

mil pessoas participaram dos eventos que<br />

integram o programa (festas, concursos,<br />

campeonatos e caminha<strong>da</strong>s solidárias).<br />

Em Heliópolis, na zona sul de São<br />

Paulo, o Jovens de Responsa atua <strong>em</strong><br />

parceria com a associação de moradores<br />

(UNAS) e começa a apresentar resultados<br />

importantes. A proporção de jovens que<br />

já compraram bebi<strong>da</strong>s caiu de 67% para<br />

46%. Outro ex<strong>em</strong>plo é que 98% dos jovens<br />

consideram importante ter <strong>projeto</strong>s que<br />

fal<strong>em</strong> sobre os efeitos do cons<strong>um</strong>o de<br />

bebi<strong>da</strong>s alcoólicas. Um ponto também<br />

interessante é que a quanti<strong>da</strong>de de doses<br />

cons<strong>um</strong>i<strong>da</strong>s pelos jovens passou de nove<br />

para sete nos bares, de sete para cinco<br />

doses <strong>em</strong> festas na comuni<strong>da</strong>de e de seis<br />

para quatro na casa de amigos. Dados que<br />

revelam <strong>um</strong> avanço positivo na percepção<br />

de que cons<strong>um</strong>ir bebi<strong>da</strong> alcoólica antes dos<br />

18 anos é proibido por lei e causa <strong>da</strong>nos<br />

à saúde do jov<strong>em</strong>. Uma vitória que pode<br />

parecer tími<strong>da</strong>, mas que para qu<strong>em</strong>, como<br />

nós, trabalha constant<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> prol do<br />

cons<strong>um</strong>o responsável é motivo de grande<br />

com<strong>em</strong>oração. Mostra a importância do<br />

trabalho <strong>em</strong> rede e também que prevenção,


Comunicação<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 6 Fernando Barros*<br />

Para o b<strong>em</strong>, ou para o mal,<br />

faz<strong>em</strong>os parte de <strong>um</strong> momento<br />

novo na história <strong>da</strong> h<strong>um</strong>ani<strong>da</strong>de.<br />

Pela primeira vez, a transição entre<br />

gerações está sendo marca<strong>da</strong> por <strong>um</strong><br />

importante e involuntário processo<br />

de transferência de poder, dos mais<br />

velhos para os mais jovens, nas áreas<br />

social e comportamental, com fortes<br />

reflexos na política e na economia.<br />

James Carville diria: “é a tecnologia,<br />

estúpido”...<br />

A nossa admirável Marieta Severo<br />

l<strong>em</strong>brou recent<strong>em</strong>ente que, quando jov<strong>em</strong>,<br />

era <strong>um</strong>a honra poder participar, fascina<strong>da</strong>,<br />

<strong>da</strong> conversa dos adultos. Hoje, o conteúdo<br />

não perdeu o seu valor intrínseco, mas o<br />

fato é que a palavra “fascinação” agora está<br />

exclusivamente associa<strong>da</strong> a conteúdos com<br />

imagens de alta resolução, processados por<br />

meios ca<strong>da</strong> vez mais escan<strong>da</strong>losamente<br />

ágeis e encantadores.<br />

Você acha que é ca<strong>da</strong> vez mais<br />

difícil conversar com os filhos, que sua<br />

influência de pai/mãe perdeu relevância,<br />

que simplesmente vocês não coabitam no<br />

mesmo planeta/veículos de comunicação?<br />

E percebe que na sua <strong>em</strong>presa gente ca<strong>da</strong><br />

vez mais jov<strong>em</strong> ocupa espaços gerenciais<br />

mesmo não tendo experiência, apenas<br />

porque domina a tecnologia? Se a resposta<br />

for “sim”, relaxe...<br />

A boa notícia é que você continua muito<br />

importante para seus filhos e sua vivência é<br />

indispensável para o país. A má notícia é que<br />

é preciso fazer alg<strong>um</strong>a coisa, porque esse<br />

quadro só vai piorar. A regra será o caos.<br />

Não dá para parar o mundo e<br />

reorganizar, mas muito pode ser feito. Já<br />

que a comunicação ganhou tal dimensão<br />

na socie<strong>da</strong>de, precisamos trabalhar<br />

com ferramentas de gestão capazes de<br />

aproximar pessoas e conteúdos; tecnologias<br />

e experiências de vi<strong>da</strong>; máquina e gente.<br />

Um trabalho nas duas pontas do<br />

Jornalista e Diretor de Comunicação do Fór<strong>um</strong> do Futuro<br />

ffbarros@gmail.com<br />

Qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong> medo <strong>da</strong> tecnologia?<br />

Se você faz parte desta grande maioria, prepare-se: a ver<strong>da</strong>deira<br />

revolução <strong>da</strong> Web, a Internet <strong>da</strong>s Coisas, ain<strong>da</strong> n<strong>em</strong> começou...<br />

probl<strong>em</strong>a...<br />

De <strong>um</strong> lado, o processo tecnológico<br />

amplifica a produtivi<strong>da</strong>de, <strong>em</strong> todos os<br />

níveis, mas não substitui o conteúdo. E este<br />

é espaço natural a ser ocupado pela nossa<br />

geração. O meu amigo, o agrônomo Mário<br />

Ramos Vilela, Secretário Executivo do<br />

Fór<strong>um</strong> do Futuro - <strong>um</strong> craque na percepção<br />

desses fenômenos -, doc<strong>em</strong>ente instalado<br />

na valiosa casa dos 70 anos, é cirúrgico,<br />

citando T S Eliot: “<strong>um</strong>a coisa é informação;<br />

outra é o conhecimento; já sabedoria é algo<br />

b<strong>em</strong> diferente”.<br />

No outro lado, nos cabe <strong>um</strong> esforço<br />

superlativo para tentar acompanhar.<br />

O pessoal de 15 anos, por ex<strong>em</strong>plo, já<br />

decretou a morte do <strong>em</strong>ail. E com razão:<br />

é limitado, não incorpora imagens, não<br />

compartilha <strong>em</strong> rede. Nessa veloci<strong>da</strong>de,<br />

acho mesmo que urge criar nas <strong>em</strong>presas<br />

a função de “Gestor de Comunicação e<br />

Tecnologias”, para casar ferramentas e<br />

propósitos. E também evitar per<strong>da</strong> de<br />

t<strong>em</strong>po e gastos com “gadjets” caros e s<strong>em</strong><br />

uso prático.<br />

Um magnífico desafio, na perspectiva<br />

do desenvolvimento <strong>da</strong> h<strong>um</strong>ani<strong>da</strong>de. Do<br />

ponto de vista do indivíduo que não nasceu<br />

digital, <strong>um</strong> gigantesco probl<strong>em</strong>a: corra que<br />

a Internet <strong>da</strong>s Coisas v<strong>em</strong> aí...<br />

Esse conceito foi desenvolvido no<br />

MIT, ain<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1999, pelo britânico Kevin<br />

Ashton. Parte <strong>da</strong> constatação de que os<br />

computadores até hoje são basicamente<br />

movidos a ideias e <strong>da</strong>dos fornecidos pelo<br />

hom<strong>em</strong>. Mais de 90% <strong>da</strong>s informações t<strong>em</strong><br />

orig<strong>em</strong> no input h<strong>um</strong>ano. A Internet <strong>da</strong>s<br />

Coisas é o sist<strong>em</strong>a através do qual ca<strong>da</strong><br />

“coisa” t<strong>em</strong> a sua codificação (código de<br />

barras, por ex<strong>em</strong>plo) e, dessa forma, pode<br />

ter sua aplicação na vi<strong>da</strong> real gerencia<strong>da</strong><br />

por sist<strong>em</strong>as informatizados.<br />

Pasm<strong>em</strong>: estamos apenas no começo<br />

do começo. A Internet <strong>da</strong>s Coisas vai<br />

mu<strong>da</strong>r dramaticamente o cotidiano.<br />

Os negócios vão eliminar probl<strong>em</strong>as de<br />

“Há <strong>um</strong>a excelente razão<br />

pela qual a maioria <strong>da</strong>s<br />

pessoas prefere viver<br />

na era imediatamente<br />

anterior a elas: é<br />

mais seguro. Viver na<br />

vanguar<strong>da</strong> <strong>da</strong>s coisas, na<br />

fronteira <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças,<br />

é algo apavorante.<br />

McLuhan<br />

estoque... As máquinas, os carros terão<br />

menos defeitos... Ashton diz:<br />

- Hoje, a informação tecnológica é<br />

tão dependente dos <strong>da</strong>dos originados pelas<br />

pessoas que os computadores sab<strong>em</strong> muito<br />

mais sobre ideias do que sobre as coisas.<br />

Tivéss<strong>em</strong>os computadores <strong>em</strong> condições de<br />

usar informações captura<strong>da</strong>s por eles próprios,<br />

s<strong>em</strong> a nossa aju<strong>da</strong>, teríamos condições de<br />

acompanhar e contar to<strong>da</strong>s as coisas, de<br />

reduzir dramaticamente desperdício, per<strong>da</strong>s<br />

e custos. Saberíamos quando as coisas<br />

precisariam ser substituí<strong>da</strong>s, conserta<strong>da</strong>s,<br />

ou quando estão frescas, ou já passaram do<br />

ponto ideal. Viv<strong>em</strong>os n<strong>um</strong> mundo físico. Não<br />

com<strong>em</strong>os bits, tampouco os colocamos no<br />

tanque de gasolina do carro. A Internet <strong>da</strong>s<br />

Coisas t<strong>em</strong> o potencial de mu<strong>da</strong>r o mundo,<br />

como a Internet o fez. E, talvez, de maneira<br />

ain<strong>da</strong> mais profun<strong>da</strong> e consistente.<br />

Dois comentários do Blog do Dave<br />

Evans, o Executivo Futurista <strong>da</strong> Cisco<br />

a respeito <strong>da</strong> Internet <strong>da</strong>s Coisas, são<br />

res<strong>um</strong>os definitivos:<br />

*O poder <strong>da</strong> Rede é maior do que a soma<br />

de suas partes e ain<strong>da</strong> não está corretamente<br />

avaliado...<br />

*Não existe t<strong>em</strong>po melhor para se<br />

viver do que o agora, face a capaci<strong>da</strong>de de<br />

transformação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de para melhor que a<br />

Internet <strong>da</strong>s Coisas é capaz de prover.<br />

Ou seja, Senhoras e Senhores, b<strong>em</strong>-


DA REDAçÃO<br />

A Polícia Militar recebeu do<br />

governador Agnelo Queiroz, novos<br />

instr<strong>um</strong>entos para intensificar o<br />

combate à criminali<strong>da</strong>de no Distrito<br />

Federal. A corporação conta agora com<br />

mais 383 viaturas, sete micro-ônibus,<br />

além de 3,5 mil armas de baixo poder<br />

letal. O investimento para a aquisição<br />

dos veículos, que deverão ser somados<br />

a mais 75 carros no próximo mês, foi<br />

de R$ 45 milhões. Em dois anos, foram<br />

entregues 1.200 viaturas à PM.<br />

“Isso significa dotar a nossa polícia<br />

de estrutura e equipamentos técnicos<br />

para c<strong>um</strong>prir sua missão de proteger a<br />

socie<strong>da</strong>de. Vamos ain<strong>da</strong> contratar, por<br />

meio de concurso público, mil policiais<br />

militares”, detalhou o governador.<br />

O governador fez <strong>um</strong> res<strong>um</strong>o dos<br />

investimentos na área de Segurança<br />

7 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />

A ci<strong>da</strong>de agradece<br />

Reforço na Segurança Pública do DF<br />

PMDF ganha 383 viaturas,<br />

sete micro-ônibus e 3,5 mil<br />

armas. Veículos estarão<br />

nas ruas ain<strong>da</strong> este mês<br />

Pública nos dois primeiros anos de<br />

governo.Segundo ele os investimentos na<br />

Polícia Militar somam R$ 150 milhões,<br />

<strong>em</strong>pregados na aquisição de viaturas,<br />

equipamentos e armas e <strong>em</strong> melhorias nos<br />

quarteis. “Estamos preparando a nossa<br />

polícia à altura dos desafios <strong>da</strong> capital<br />

do Brasil, para a segurança dos grandes<br />

eventos e para a proteção <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de”,<br />

completou.<br />

Os veículos entregues são <strong>da</strong> marca<br />

Mitsubishi Pajero, com tração 4x4 <strong>em</strong> três<br />

estágios, freio ABS, motor turbo de 180<br />

cavalos de potência, piloto automático e<br />

airbag. Todos estão equipados com adesivos<br />

refletivos, o que facilita a identificação dos<br />

carros.<br />

Cerca de 350 policiais militares<br />

receb<strong>em</strong> noções teóricas e conhecimentos<br />

práticos sobre os carros. No início de<br />

janeiro eles começam a atuar nas ruas,<br />

afirmou o coman<strong>da</strong>nte-geral <strong>da</strong> PMDF,<br />

Suamy Santana.<br />

Reforço no patrulhamento – Para o<br />

próximo ano, o governador Agnelo Queiroz<br />

autorizou concurso para a contratação de<br />

mil policiais militares. Outras medi<strong>da</strong>s<br />

para reforçar a segurança do DF serão:<br />

r<strong>em</strong>anejar oficiais que operam <strong>em</strong> áreas<br />

administrativas <strong>da</strong> corporação para as ruas<br />

e instalar quase mil câmeras até 2014 – 40<br />

delas no Setor Comercial Sul. As imagens


Roteiro de Sampa<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 8 Chris Nascimento<br />

Jornalista<br />

Mais que <strong>um</strong> pãozinho gostoso…<br />

BISTRO+BALADA<br />

E para qu<strong>em</strong> quer experimentar <strong>um</strong> novo<br />

roteiro <strong>em</strong> São Paulo, pode conferir o Restaurante<br />

Bagatelle nos Jardins. Inaugura<strong>da</strong> há poucos meses,<br />

t<strong>em</strong> filiais <strong>em</strong> várias capitais ba<strong>da</strong>la<strong>da</strong>s do<br />

mundo, como Nova Iorque, Los Angeles, Las Vegas,<br />

Miami e St. Barth.<br />

Ponto de encontro para <strong>um</strong> almoço informal,<br />

t<strong>em</strong> ambiente interno e externo moderno e<br />

aconchegante, e a noite <strong>em</strong>barca na combinação<br />

de deliciosas comidinhas e renomados DJs. O público,<br />

de espírito jov<strong>em</strong> e descolado, aproveita a<br />

bala<strong>da</strong> entre copas e trufas, ingredientes presentes<br />

<strong>em</strong> seu menu. Vale conferir!<br />

Rua Padre João Manuel, 950 - Jardins -<br />

Tel. 11.30625870.<br />

Café ou cappuccino, servidos <strong>em</strong> charmosas taças ao estilo<br />

francês, tartelettes e saborosos doces na vitrine… pãozinho<br />

artesanal e quentinho, assados lentamente <strong>em</strong> fornos de pedra!<br />

É neste ambiente, rústico e de rico aroma, que a rede belga<br />

de pa<strong>da</strong>rias artesanais Le Pain Quotidien, reina com seus quitutes<br />

artesanais e orgânicos. São 170 lojas no mundo e agora<br />

São Paulo recebe sua quarta loja, na Rua Oscar Freire.<br />

Mel, geléias, blends de grãos, <strong>um</strong>a grande varie<strong>da</strong>de de<br />

produtos orgânicos. Ainauguração será entre março e abril.<br />

Rua Oscar Freie, 1832 - Jardins - Tel. 11.30316977.<br />

DESIGN<br />

E mais inspiração para os aficcionados por design de interiores!<br />

Com lojas <strong>em</strong> Lisboa, Maputo/Moçambique e Rio de<br />

Janeiro, a loja POEIRA <strong>da</strong> designer de interiores portuguesa<br />

Monica Penaguião, abre suas portas no bairro dos Jardins <strong>em</strong><br />

São Paulo. A loja reúne peças de artistas nacionais e internacionais,<br />

além <strong>da</strong>s produzi<strong>da</strong>s pela própriamarca.<br />

Pura inspiração.<br />

Rua Melo Alves, 276 - Jardins


Valéria Campos<br />

Mulher brasileira gosta de se bronzear:<br />

isto é fato. Aproveitar o verão para<br />

mostrar as marquinhas do biquíni pode ser<br />

bonito, mas ao mesmo t<strong>em</strong>po perigoso. O<br />

câncer de pele é o tipo mais incidente no<br />

Brasil, a estimativa mais recente no país<br />

são de mais de 120 mil casos, só no ano de<br />

2008. O motivo? “O brasileiro não foi educado<br />

para se proteger <strong>da</strong> luz solar”, é o que<br />

afirma a dermatologista Valéria Campos,<br />

especialista pela Socie<strong>da</strong>de Brasileira de<br />

Dermatologia. Ela fala sobre a importância<br />

do uso do filtro solar e destaca os cui<strong>da</strong>dos<br />

que são necessários para manter a pele<br />

saudável.<br />

Em sua opinião, a que se deve <strong>um</strong><br />

número tão alto de casos <strong>em</strong> nosso<br />

país?<br />

Valéria Campos: Este <strong>da</strong>do está<br />

diretamente relacionado à exposição ao<br />

sol. Além disse, existe o agravante de que os<br />

raios solares estão sendo <strong>em</strong>itidos ca<strong>da</strong> vez<br />

com mais intensi<strong>da</strong>de, devido à destruição<br />

<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de ozônio. Na Austrália, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, o câncer de pele é o t<strong>um</strong>or que<br />

mais mata e já se transformou n<strong>um</strong> caso<br />

de calami<strong>da</strong>de pública.<br />

Outro <strong>da</strong>do importante quando o assunto<br />

é câncer de pele é que não são apenas<br />

os idosos suas vítimas - ao contrário<br />

do que muita gente pensa, já que o efeito<br />

do excesso de exposição à radiação é c<strong>um</strong>ulativo.<br />

Ca<strong>da</strong> vez mais, jovens de ambos os<br />

sexos estão sendo acometidos pela doença,<br />

devido ao excesso de exposição ao sol e a<br />

hábitos que não inclu<strong>em</strong> a proteção.<br />

O uso do filtro solar é essencial?<br />

VC: Sim, s<strong>em</strong>pre! O filtro solar deve<br />

ser usado diariamente, independente <strong>da</strong><br />

exposição ao sol. Se possível, aplique-o entre<br />

15 e 30 minutos antes de sair e reaplique<br />

o protetor solar pelo menos a ca<strong>da</strong> 2<br />

Dermatologista<br />

9 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />

Saúde<br />

De olho na proteção solar!<br />

A dermatologista Valéria Campos destaca a importância do uso do filtro solar<br />

diariamente, <strong>um</strong> cui<strong>da</strong>do indispensável contra o câncer de pele<br />

horas. Atenção particular deve ser <strong>da</strong><strong>da</strong> à<br />

proteção <strong>da</strong>s mãos, ombros, orelhas, pescoço,<br />

nariz, pés, lábios e a área <strong>em</strong> volta<br />

dos olhos.<br />

Existe alg<strong>um</strong>a parte do corpo <strong>em</strong><br />

que o câncer de pele cost<strong>um</strong>a aparecer<br />

com maior incidência?<br />

VC: O câncer de pele cost<strong>um</strong>a ser mais<br />

frequente no rosto, ombros, mãos e colo.<br />

Vale l<strong>em</strong>brar que as orelhas e o couro cabeludo<br />

<strong>em</strong> calvos são áreas de alta incidência,<br />

por isso é bom também usar chapéu e boné<br />

para proteger essas áreas.<br />

Quer <strong>um</strong>a pele saudável? Siga estas dicas!<br />

• O bronzeado é <strong>um</strong>a <strong>defesa</strong>, portanto deve ser adquirido gradualmente para durar,<br />

se você se exceder vai matar a sua pele e essa vai ficar vermelha e descascará.<br />

• Coloque na balança a importância do bronzeado na sua face e colo, talvez <strong>um</strong>a<br />

decisão sábia seja evitar expor essas áreas ao sol, o que pode ser conseguido com<br />

o uso de bloqueadores e chapéu.<br />

• Mesmo <strong>em</strong> baixo do guar<strong>da</strong>-sol, há <strong>um</strong>a exposição de 50% <strong>da</strong> radiação solar,<br />

portanto não se descuide do filtro solar.<br />

• A água reflete a luz, portanto quando você está no barco ou no jet-ski l<strong>em</strong>bre-se<br />

que a radiação solar é dobra<strong>da</strong>.<br />

• O uso de autobronzeador (cr<strong>em</strong>e com substâncias corantes, geralmente dihidroxiacetona)<br />

não prejudica a saúde de sua pele, mas aplique-o <strong>da</strong> forma mais<br />

homogênea possível, pois ele pode manchar a sua pele se não for b<strong>em</strong> aplicado.<br />

Evite o uso exagerado se sua pele for muito branca, pois você pode ficar cor de<br />

laranja!<br />

• A vitamina A é muito importante para o organismo, mas seu excesso é prejudicial<br />

à saúde e não trará <strong>um</strong> bronzeado melhor, pelo contrário, você ficará<br />

amarela.<br />

• Após a exposição solar é importante hidratar a sua pele, tanto por fora (usando<br />

<strong>um</strong> bom hidratante), como por dentro (ingerindo muita água). Os banhos<br />

quentes, d<strong>em</strong>orados e com muito sabonete também dev<strong>em</strong> ser evitados, pois<br />

ressecam e agrid<strong>em</strong> mais a pele.


Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 10 DA REDAçÃO<br />

A Copa está chegando<br />

Primeira etapa <strong>da</strong> cobertura do Estádio<br />

Nacional de Brasília Mané Garrincha é<br />

concluí<strong>da</strong> <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po recorde<br />

O som de sirenes anunciou a<br />

conclusão do içamento dos cabos de<br />

sustentação <strong>da</strong> cobertura do Estádio<br />

Nacional de Brasília Mané Garrincha.<br />

Operários festejaram mais essa etapa<br />

ao lado do governador do Distrito<br />

Federal, Agnelo Queiroz. Ele encaixou<br />

o último pino que une o conector<br />

do cabo à placa-base, afixa<strong>da</strong> ao<br />

anel de compressão. Acompanhado<br />

<strong>da</strong> primeira-<strong>da</strong>ma, Ilza Queiroz, o<br />

governador subiu 64 metros para<br />

finalizar essa fase, inicia<strong>da</strong> no dia 11.<br />

O processo de içamento, chamado<br />

de big lifting, é <strong>um</strong> dos principais desafios<br />

na instalação <strong>da</strong> cobertura, pois todos os<br />

48 cabos precisam ser erguidos ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po. Em Brasília, o procedimento foi<br />

feito <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po recorde: 7 dias. Em outras<br />

ci<strong>da</strong>des-sede, que também contam com a<br />

estrutura, o mesmo trabalho foi concluído<br />

<strong>em</strong> até 60 dias.<br />

Para garantir geometria circular e<br />

precisão, o içamento foi realizado com<br />

auxílio de 48 macacos hidráulicos. Ca<strong>da</strong><br />

passo foi coordenado a partir do próprio<br />

anel de compressão, por meio de <strong>um</strong>a<br />

central de controle que o governador fez<br />

questão de conhecer. “A estrutura de cabos<br />

e o procedimento adotado para erguê-la<br />

foram feitos com tecnologia de alto nível.<br />

Esse é o maior anel de compressão do<br />

mundo, o que mostra a força <strong>da</strong> engenharia<br />

brasileira e nos coloca como referência<br />

internacional”, destacou Agnelo Queiroz.<br />

Em apenas sete dias, todos os 48 cabos de sustentação foram<br />

içados e afixados ao anel de compressão. Governador foi o<br />

responsável por encaixar os pinos <strong>da</strong> última estrutura<br />

Posicionados ao longo de todo o<br />

anel, feito de concreto e com cerca de<br />

1km de diâmetro, os macacos hidráulicos<br />

ergueram os cabos de forma automatiza<strong>da</strong>.<br />

Em segui<strong>da</strong>, eles foram fixados nas 48<br />

placas-base presas à circunferência. A<br />

próxima etapa será a montag<strong>em</strong> <strong>da</strong>s<br />

treliças metálicas, que sustentarão a<br />

m<strong>em</strong>brana de 90 mil m². Após apertar o<br />

pino, o governador deixou sua assinatura<br />

no conector do cabo de sustentação.<br />

COBERTURA SUSTENTÁVEL<br />

A cobertura do Estádio Nacional<br />

de Brasília Mané Garrincha é <strong>um</strong>a <strong>da</strong>s<br />

inovações tecnológicas que o <strong>projeto</strong><br />

apresenta. Funcionando como sist<strong>em</strong>a<br />

de «ro<strong>da</strong> de bicicleta inverti<strong>da</strong>», ela é<br />

composta por <strong>um</strong>a estrutura tensiona<strong>da</strong><br />

com cabos e treliças metálicas, revesti<strong>da</strong><br />

por <strong>um</strong>a m<strong>em</strong>brana de 90 mil m².<br />

A m<strong>em</strong>brana, que cobrirá os cerca<br />

de 71 mil assentos <strong>da</strong> Ecoarena, possui<br />

funções sustentáveis. Seu revestimento,<br />

composto por fibra de vidro e material de<br />

politetrafluoretileno com proprie<strong>da</strong>des<br />

fotocatalíticas, é autolimpante. Ao<br />

entrar <strong>em</strong> contato com o sol, a estrutura<br />

decompõe a sujeira do ar: por hora, a<br />

cobertura é capaz de filtrar o equivalente à<br />

poluição produzi<strong>da</strong> por 100 veículos.<br />

Além de resistente, a m<strong>em</strong>brana<br />

reflete os raios ultravioletas e retém<br />

15% <strong>da</strong> luz amarela, isolando o calor e<br />

permitindo a passag<strong>em</strong> de luz natural,<br />

s<strong>em</strong> a exposição nociva à luz solar. “Além<br />

de contribuir para melhorar a quali<strong>da</strong>de<br />

do ar e o conforto dos espectadores,<br />

essas tecnologias favorec<strong>em</strong> a estética<br />

do estádio, já que eliminarão a sujeira”,<br />

avaliou o secretário Extraordinário <strong>da</strong><br />

Copa <strong>em</strong> Brasília, Claudio Monteiro.<br />

O anel de compressão também terá<br />

importante papel na sustentabili<strong>da</strong>de.<br />

Construído <strong>em</strong> concreto, facilitará a<br />

instalação <strong>da</strong>s placas fotovoltaicas,<br />

responsáveis por captar a energia solar.<br />

Serão dispostas 9,6 mil placas, com<br />

capaci<strong>da</strong>de para gerar 2,5 megawatts<br />

de energia, o que corresponde ao<br />

abastecimento de cerca de 2 mil residências<br />

por dia. “Além de atender aos megaeventos,<br />

essa obra será <strong>um</strong> instr<strong>um</strong>ento de<br />

desenvolvimento econômico e social. Será<br />

<strong>um</strong> dos grandes legados para a população<br />

de Brasília”, finalizou Agnelo Queiroz.


Reconstrução<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 12 Ugo Braga<br />

Dois anos adentro do man<strong>da</strong>to e<br />

noves fora a ain<strong>da</strong> grande ansie<strong>da</strong>de<br />

sobre vários outros t<strong>em</strong>as, é justo<br />

reinvidicar para o governador<br />

Agnelo Queiroz o mérito intrínseco e<br />

pessoal de haver restaurado o Estado<br />

destruído a partir <strong>da</strong> Operação Caixa<br />

de Pandora. Sim, foi o t<strong>em</strong>peramento<br />

ameno, paciente, devoto à composição,<br />

aliado à paciência e a perspicácia,<br />

que permitiram às forças políticas<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de se reacomo<strong>da</strong>r<strong>em</strong> depois<br />

do cataclisma de 2010 -- <strong>em</strong> que<br />

<strong>um</strong> governante foi levado às grades<br />

<strong>em</strong> pleno exercício do man<strong>da</strong>to,<br />

arrastando para a crise quase todo<br />

o Poder Legislativo e até mesmo a<br />

cúpula do Ministério Público.<br />

Não há analista que minimize<br />

o estrago institucional causado pela<br />

derroca<strong>da</strong> <strong>da</strong> gestão Arru<strong>da</strong> no início de<br />

2010 e ao longo <strong>da</strong>quele ano fatídico.<br />

Assim como, parodoxalmente, não há<br />

como negar o engenho extraordinário de<br />

reconstrução promovido desde 2011. Tal<br />

ver<strong>da</strong>de abrange desde a máquina estatal<br />

propriamente dita, como o relacionamento<br />

dos políticos entre sí e com os partidos e a<br />

socie<strong>da</strong>de.<br />

Hoje é com<strong>um</strong> arredon<strong>da</strong>r-se para<br />

baixo, mas não custa l<strong>em</strong>brar que, ao<br />

ass<strong>um</strong>ir o governo, Agnelo encontrou todos<br />

os serviços públicos paralizados por falta<br />

de pagamento. Mais. Encontrou todos os<br />

Jornalista<br />

Ao vencedor, as batatas<br />

órgãos do governo impedidos de contratar<br />

com a União pela ausência generaliza<strong>da</strong><br />

de prestação de contas. Mais ain<strong>da</strong>.<br />

Encontrou a companhia de energia à beira<br />

<strong>da</strong> falência. Mais, mais e mais. Encontrou<br />

194 obras interrompi<strong>da</strong>s, suspensas ou<br />

cancela<strong>da</strong>s a mando <strong>da</strong>s justiças com<strong>um</strong><br />

e de contas pelo mais diversificado<br />

cabe<strong>da</strong>l de irregulari<strong>da</strong>des jamais visto<br />

na administração pública nacional. Como<br />

desgraça pouca é bobag<strong>em</strong>, encontrou ain<strong>da</strong><br />

as contas do Tesouro Distrital a caminho<br />

<strong>da</strong> mais irrestrita ilegali<strong>da</strong>de fiscal. Isso<br />

tudo sob ataque especulativo de <strong>um</strong>a máfia<br />

sedenta de poder.<br />

Diferente <strong>da</strong> construção civil,<br />

palpável, a obra política é mais <strong>da</strong><strong>da</strong> ao<br />

conhecimento <strong>da</strong> história. De forma que<br />

é difícil descrever e mensurar, até mesmo<br />

entre os aliados e auxiliares do governador,<br />

como realmente transcorreu a engenharia<br />

que pôs novamente de pé as instituições<br />

do Distrito Federal.<br />

De imediato, contam aqueles que<br />

o acompanharam à época <strong>da</strong> posse, ele<br />

resolveu romper com duas práticas de todos<br />

os governadores até então: 1) Sancionou<br />

os acordos fimados com o funcionalismo<br />

pelos antecessores. 2) Fundou <strong>um</strong>a<br />

nova base de aliança política, <strong>em</strong> que os<br />

apoiadores ganhariam exclusivamente<br />

o compartilhamento <strong>da</strong> gestão -- no DF,<br />

e Pandora é a maior prova, isso foi e está<br />

sendo <strong>um</strong>a ver<strong>da</strong>deira revolução política.<br />

Paralelamente, concentrou o poder<br />

<strong>da</strong> gestão nas mãos <strong>da</strong> Secretaria de<br />

Governo. Recebeu muitas e inconti<strong>da</strong>s<br />

críticas, sobretudo dos aliados, por conta<br />

disso. Mas, conscient<strong>em</strong>ente ou não, abriu<br />

espaço para que todo o resto do governo<br />

se concentrasse naquilo que era óbvio:<br />

a auditoria e a revisão dos contratos, a<br />

regularização <strong>da</strong>s contas e a recuperação<br />

<strong>da</strong> máquina pública. No GDF, conta-se com<br />

espanto que o último CNPJ “limpo” pela<br />

nova gestão <strong>da</strong>ta de nov<strong>em</strong>bro de 2011,<br />

quase <strong>um</strong> ano portanto, depois <strong>da</strong> posse.<br />

Só então restabeleceu-se o relacionamento<br />

com o governo federal, com os organismos<br />

internacionais, com os bancos públicos.<br />

Da retoma<strong>da</strong> dos serviços públicos<br />

essenciais ao desmascaramento <strong>da</strong><br />

trama para derrubá-lo, o governador<br />

pôde des<strong>em</strong>baraçar 193 <strong>da</strong>s 194 obras<br />

para<strong>da</strong>s do governo Arru<strong>da</strong> -- só faltou<br />

o VLT. Lançou <strong>um</strong> plano duro de ajuste<br />

nas contas públicas, amargando diversas<br />

greves por conta disso. Mas promoveu<br />

<strong>um</strong>a série respeitável de melhorias na<br />

rede de saúde pública (entre as quais se<br />

orgulha especialmente pela criação do<br />

Hospital <strong>da</strong> Criança) e visl<strong>um</strong>bra, a partir<br />

<strong>da</strong> imensa exposição a ser consegui<strong>da</strong> com<br />

as copas <strong>da</strong>s Confederações e do Mundo,<br />

iniciar a transformação do Distrito Federal<br />

de centro administrativo <strong>em</strong> pólo global<br />

exportador de serviços n<strong>um</strong> prazo de 50<br />

anos.<br />

Talvez n<strong>em</strong> ele mesmo se dê conta de<br />

que a reconstrução institucional do DF <strong>em</strong><br />

prazo tão curto e de forma tão transparente<br />

seja <strong>um</strong>a obra tão admirável quanto aquele<br />

imenso estádio que projetará Brasília para<br />

o mundo a partir do próximo ano. Tenho cá<br />

minhas dúvi<strong>da</strong>s sobre onde estaríamos se,<br />

<strong>em</strong> vez do paciente articulador, tivéss<strong>em</strong>os<br />

* Ugo Braga é jornalista com especialização <strong>em</strong><br />

análise de conjuntura econômica. Venceu por<br />

dua vezes o Prêmio Imprensa Embratel e, <strong>em</strong><br />

2006, recebeu <strong>da</strong> Transparência Internacional<br />

e do Instituto Prensa e Socie<strong>da</strong>d o prêmio de<br />

melhor investigação jornalística de <strong>um</strong> caso de<br />

corrupção na América Latina e Caribe. Exerce<br />

atualmente a função de porta voz do Governo<br />

do Distrito Federal.


DA REDAçÃO<br />

Empresas interessa<strong>da</strong>s <strong>em</strong><br />

concorrer às bacias 3, 4 e 1 terão<br />

prazo de 30 dias para apresentar a<br />

doc<strong>um</strong>entação exigi<strong>da</strong> no edital, já<br />

disponível no site <strong>da</strong> Secretaria de<br />

Transporte<br />

O edital de licitação do Novo Sist<strong>em</strong>a<br />

de Transporte Público Coletivo (STPC)<br />

foi reaberto e está disponível no site <strong>da</strong><br />

Secretaria de Transporte desde 14h de<br />

hoje. O objetivo é garantir a concorrência<br />

pelas bacias 3, 4 e 1, já que não houve<br />

<strong>em</strong>presas habilita<strong>da</strong>s para ass<strong>um</strong>ir<br />

a operação dos lotes. A abertura <strong>da</strong>s<br />

propostas está prevista para 4 de fevereiro,<br />

às 10h, no auditório do Departamento de<br />

Estra<strong>da</strong>s de Ro<strong>da</strong>g<strong>em</strong> do DF.<br />

O edital também poderá ser retirado<br />

no 5º an<strong>da</strong>r do Anexo do Palácio do Buriti,<br />

sala 1501. Os candi<strong>da</strong>tos têm prazo de 30<br />

dias para apresentar to<strong>da</strong> a doc<strong>um</strong>entação<br />

exigi<strong>da</strong>. Em segui<strong>da</strong>, a Comissão de<br />

Licitação avaliará as propostas. “Os novos<br />

ônibus deverão atender vários critérios e<br />

exigências, principalmente no que se refere<br />

à segurança, acessibili<strong>da</strong>de e conforto. No<br />

edital está claro que a nova frota terá de ser<br />

acessível para as pessoas com deficiência<br />

ou probl<strong>em</strong>a de mobili<strong>da</strong>de”, destacou o<br />

governador Agnelo Queiroz.<br />

Os contratos <strong>da</strong>s bacias 2 e 5<br />

foram assinados na sexta-feira (30),<br />

com a Viação Pioneira e a Expresso São<br />

José, respectivamente. A partir <strong>da</strong>í, os<br />

ônibus têm até seis meses para começar<br />

a circular. As duas <strong>em</strong>presas foram as<br />

13 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />

Compr<strong>em</strong> seus bilhetes<br />

GDF reabre<br />

edital para<br />

licitação do<br />

transporte<br />

únicas habilita<strong>da</strong>s na fase de apresentação<br />

de doc<strong>um</strong>entos e propostas financeiras.<br />

“Fechamos o ano de 2012 assinando os<br />

dois primeiros contratos de duas bacias,<br />

que representam 40% de todo o transporte<br />

público do DF”, afirmou o governador <strong>em</strong><br />

exercício, Tadeu Filippelli.<br />

BACIAS CONTRATADAS<br />

A Viação Pioneira foi a escolhi<strong>da</strong> para<br />

operar a Bacia 2, que atenderá, com 640<br />

ônibus, as regiões do Gama, Paranoá, Santa<br />

Maria, São Sebastião, Can<strong>da</strong>ngolândia,<br />

Lago Sul, Jardim Botânico, Itapoã e<br />

parte do Park Way. A Expresso São José<br />

também já foi habilita<strong>da</strong> pela licitação.<br />

Ela venceu a concorrência pela Bacia 5 e<br />

terá que disponibilizar <strong>um</strong>a frota de 576<br />

veículos para as regiões de Brazlândia,<br />

A abertura dos próximos envelopes seguirá a seguinte ord<strong>em</strong>:<br />

BACIA 3: Núcleo Bandeirante, Samambaia, Recanto <strong>da</strong>s Emas, Riacho Fundo I e<br />

II – Frota: 483<br />

BACIA 4: Taguatinga (parte), Ceilândia, Guará, Águas Claras e Park Way (parte) –<br />

Frota: 464<br />

BACIA 1: Brasília, Sobradinho, Planaltina, Cruzeiro, Sobradinho II, Lago Norte,<br />

Sudoeste/Octogonal, Varjão e Fercal – Frota: 417<br />

Os investimentos desta gestão para renovar o Sist<strong>em</strong>a de Transporte Público<br />

do Distrito Federal foi o t<strong>em</strong>a principal do programa de rádio Conversa com o<br />

Governador desta s<strong>em</strong>ana. Confira a íntegra do programa aqui.<br />

Saiba mais:<br />

Concorrência: edital de licitação do Novo Sist<strong>em</strong>a de Transporte Público<br />

Coletivo (STPC)<br />

Objetos: bacias 3, 4 e 1<br />

Disponível a partir <strong>da</strong>s 14h <strong>em</strong>: site www.st.df.gov.br e 5º an<strong>da</strong>r do Anexo do<br />

Palácio do Buriti, sala 1501.<br />

Pod<strong>em</strong> participar: <strong>em</strong>presas ou consórcios s<strong>em</strong> débitos com a Receita<br />

Federal; com certidões e doc<strong>um</strong>entos <strong>em</strong> dia; atestado técnico homologado; e <strong>em</strong><br />

conformi<strong>da</strong>de com as exigências do processo licitatório.<br />

Prazo para envio <strong>da</strong>s propostas: 30 dias.<br />

Previsão para abertura dos envelopes: 4 de fevereiro, às 10h, no auditório<br />

do Departamento de Estra<strong>da</strong>s de Ro<strong>da</strong>g<strong>em</strong> do DF.


Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 14<br />

Às margens do Lago... ou na beira <strong>da</strong> Praia<br />

José Natal<br />

jnatal@uol.com.br<br />

Inframerica<br />

O AEROPORTO DE Brasília já está sendo administrado por <strong>um</strong>a<br />

<strong>em</strong>presa. Foi privatizado. Qu<strong>em</strong> está cui<strong>da</strong>ndo <strong>da</strong> casa é a Inframerica,<br />

que já deu os primeiros sinais <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças que pretende<br />

implantar no aeroporto. Ao que tudo indica o usuário , finalmente,<br />

vai ser b<strong>em</strong> atendido e a ci<strong>da</strong>de cria <strong>em</strong> torno do assunto <strong>um</strong>a<br />

enorme expectativa. As mu<strong>da</strong>nças até agora expostas agra<strong>da</strong>m<br />

pelo bom gosto e funcionali<strong>da</strong>de. A <strong>em</strong>presa é do ramo, sabe o que<br />

faz. Bom pra todos nós.<br />

Rio moderno<br />

AS OBRAS QUE a prefeitura do Rio já iniciou nas imediações do<br />

porto <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de pod<strong>em</strong> até incomo<strong>da</strong>r a população. O trânsito <strong>da</strong><br />

região vai ficar ain<strong>da</strong> mais difícil e vai aborrecer. Mas a população<br />

deve ter calma e paciência. Quando prontas essa obras vão <strong>em</strong>belezar<br />

o Rio, melhorar a paisag<strong>em</strong> do local e tornar aquele setor<br />

b<strong>em</strong> mais agradável e funcional. O <strong>projeto</strong> é antigo, mas foi concebido<br />

com <strong>um</strong>a mentali<strong>da</strong>de futurista e moderna.<br />

Saúde doente<br />

NO RIO UM médico que nunca foi a <strong>um</strong> plantão contribuiu com<br />

sua ausência para que a morte de <strong>um</strong>a garotinha inocente fosse<br />

antecipa<strong>da</strong>, depois de receber <strong>um</strong>a bala na cabeça. Em Brasília<br />

plantonistas <strong>da</strong> rede pública vão fazer provas de concurso e dão<br />

bananas para as escalas de trabalho. Os doentes, na fila, se queixam,<br />

choram, reclamam e lamentam. Dia seguinte v<strong>em</strong> <strong>um</strong>a autori<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> Secretaria de Saúde e bate no peito: vamos abrir <strong>um</strong><br />

inquérito e apurar as causas dessa falha. Qu<strong>em</strong> conseguir mostrar<br />

alg<strong>um</strong>a punição aplica<strong>da</strong> a esses médicos ganha <strong>um</strong> milhão.<br />

Se é líder, é alvo<br />

O FUTURO PRESIDENTE <strong>da</strong> Câmara dos Deputados, ao que<br />

tudo indica será mesmo Henrique Eduardo Alves, deputado pelo<br />

Rio Grande do Norte e atual líder do PMDB. Esse favoritismo t<strong>em</strong><br />

custado caro ao deputado, a ca<strong>da</strong> dia que passa mais atacado e<br />

criticado pelos adversários. O líder t<strong>em</strong> competência para chegar<br />

onde chegou, e esse tiroteio que enfrenta já era esperado. Vai se<br />

eleger.<br />

Gama, a torci<strong>da</strong> espera<br />

O FUTEBOL DE Brasília, que nunca foi nenh<strong>um</strong>a<br />

Brast<strong>em</strong>p, agora respira por aparelhos.<br />

Justo agora, que a ci<strong>da</strong>de se prepara para<br />

inaugurar <strong>um</strong> dos estádios mais bonitos do<br />

Brasil. Um grupo, que parece b<strong>em</strong> intencionado<br />

e cheio de energia, ass<strong>um</strong>iu a direção <strong>da</strong><br />

Socie<strong>da</strong>de Esportiva do Gama e promete levar<br />

a equipe a disputar competições que a leve a<br />

alg<strong>um</strong>a categoria oficial <strong>da</strong> CBF. Hoje, Brasília<br />

não t<strong>em</strong> equipes nas séries A, B, C e D.<br />

Dilma, Lula e o futuro<br />

O ANO DE 2012 não foi dos melhores para o governo Dilma, que<br />

apostou n<strong>um</strong> crescimento que não aconteceu e viu a economia do<br />

País capengar <strong>em</strong> todos os sentidos. É engraçado como o governo<br />

Dilma não se desliga e não se afasta do ex-presidente Lula, haja o<br />

que houver. Ao primeiro sinal de qualquer coisa que se pareça com<br />

crise o governo corre atrás dele, e pede aju<strong>da</strong>. Ha qu<strong>em</strong> diga no<br />

PT que, qualquer que seja a avaliação <strong>da</strong>s pesquisas sobre Dilma o<br />

partido vai optar pela volta de Lula ao Planalto. Faz sentido.<br />

Reguffe moderado<br />

EM ENTREVISTA à coluna Eixo Capital, assina<strong>da</strong> pelas competentes<br />

Ana Maria Campos e Lilian Tahan no Correio Braziliense o<br />

Deputado José Antonio Reguffe mais <strong>um</strong>a vez negou sua candi<strong>da</strong>tura<br />

ao Governo de Brasília. E, para a surpresa de alguns e tristeza<br />

de outro até insinuou que pode deixar a política mais cedo que<br />

imaginavana. Segundo ele, a política cansa e faz mal a saúde. Mas,<br />

afirma, receia não se canditar e depois se arrepender. E vai.<br />

Parque <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

ENTRA ANO E sai ano e o pessoal que administra o Parque <strong>da</strong><br />

Ci<strong>da</strong>de não consegue melhorar a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas<br />

que frequentam o local. Há <strong>um</strong> esforço para que isso aconteça,<br />

sejamos justos. Mas ain<strong>da</strong> há muita coisa a ser feita, e que deve ser<br />

b<strong>em</strong> feita. Já não dá mais para entender por que a insistência <strong>em</strong><br />

dividir a pista que as pessoas caminham com a pista dos ciclistas.<br />

As bicicletas têm que ter <strong>um</strong>a pista somente pra elas, longe <strong>da</strong><br />

pista por onde as pessoas corr<strong>em</strong> ou caminham. O Parque é imenso,<br />

há espaço pra todos. Por que não fazer caminhos alternativos,<br />

oferecendo segurança a adultos e crianças que passam por lá?<br />

Parque 2<br />

PORQUE NÃO INSTALAR telefones <strong>em</strong> pontos estratégicos para<br />

os usuários <strong>em</strong> caso de acidentes? Por que não estabelecer <strong>um</strong>a taxa<br />

simbólica para o uso dos banheiros, permitindo que assim eles sejam<br />

cui<strong>da</strong>dos, limpos e conservados? Hoje os banheiros são imundos, os<br />

equipamentos não funcionam e o aspecto de higiene é o pior possível.<br />

Todos esses melhoramentos poderiam ser feitos, com a participação<br />

<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de. Falta vontade política, interesse, boa vontade, competência<br />

e espírito público para executar essas medi<strong>da</strong>s. Dinheiro há, s<strong>em</strong><br />

nenh<strong>um</strong>a interferência ou prejuízo <strong>da</strong>s chama<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s prioritárias<br />

como segurança, saúde e educação. Basta querer.


Chiquinho Dornas<br />

Jornalista<br />

Projeto de Ni<strong>em</strong>eyer<br />

e Lúcio Costa define<br />

local para eventos<br />

na Esplana<strong>da</strong> dos<br />

Ministérios<br />

Concebi<strong>da</strong> sob o olhar sonhador<br />

do ex-presidente Juscelino Kubitschek,<br />

Brasília acaba de completar os<br />

25 anos <strong>da</strong> conquista do título de Patrimônio<br />

Cultural <strong>da</strong> H<strong>um</strong>ani<strong>da</strong>de,<br />

concedido pela Organização <strong>da</strong>s Nações<br />

Uni<strong>da</strong>s para a Educação, Ciência e<br />

a Cultura (Unesco), <strong>em</strong> 1987.<br />

Tenho criticado, ao longo dos anos, a<br />

destinação <strong>da</strong> Esplana<strong>da</strong> dos Ministérios<br />

para a realização de eventos. Ela é utiliza<strong>da</strong><br />

indiscrimina<strong>da</strong>mente como palco para os<br />

mais diversos tipos de festas, manifestações<br />

e exposições. Por <strong>um</strong> lado, há os que<br />

defen<strong>da</strong>m a utilização do espaço como<br />

fomento à cultura, mas, particularmente,<br />

acredito que os malefícios são inúmeras<br />

vezes maiores do que o simples fato de trazermos<br />

mais lazer à socie<strong>da</strong>de.<br />

Na última vira<strong>da</strong> do ano, não poderia<br />

ser diferente. Uma grande festa foi<br />

proporciona<strong>da</strong>, com várias atrações e os<br />

moradores do Plano Piloto e do entorno<br />

compareceram <strong>em</strong> peso. Apesar <strong>da</strong> grande<br />

alegria trazi<strong>da</strong> pela festa aos brasilienses,<br />

fiz questão de registrar, no dia seguinte, a<br />

total depre<strong>da</strong>ção, praticamente <strong>em</strong> todos<br />

passeios, meios fios, gramados e placas de<br />

sinalizações.<br />

Moradores e turistas, que ali passaram<br />

nos dias que procederam o evento,<br />

sentiam de longe o mau cheiro deixado por<br />

to<strong>da</strong> sujeira e pelos banheiros químicos.<br />

Os canteiros e arbustos completamente<br />

destruídos. Um van<strong>da</strong>lismo total.<br />

Cartão postal conhecido mundialmente,<br />

a Esplana<strong>da</strong> dos Ministérios definitivamente<br />

não foi planeja<strong>da</strong> para servir<br />

de palco para qualquer tipo de evento.<br />

O IPHAN- Instituto do Patrimônio Histórico<br />

e Artístico Nacional - quer <strong>da</strong>r “ord<strong>em</strong>”<br />

na Esplana<strong>da</strong>, impedir que lá se façam<br />

eventos, mas encontra <strong>um</strong>a curiosa<br />

resistência por parte do GDF e Promotores<br />

de eventos que se preocupam somente <strong>em</strong><br />

chamar atenção para a populari<strong>da</strong>de pessoal<br />

e financeira.<br />

Pretendo com esta matéria chamar<br />

atenção <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des responsáveis para<br />

que cuid<strong>em</strong> melhor de nosso patrimônio.<br />

L<strong>em</strong>brá-los de que Brasília foi e é <strong>um</strong>a ci<strong>da</strong>de<br />

planeja<strong>da</strong>, com espaço suficiente<br />

para todos os tipos de eventos, sejam eles<br />

religiosos, cívicos ou com<strong>em</strong>orativos. A Esplana<strong>da</strong><br />

é nosso cartão postal, guardiã <strong>da</strong>s<br />

sedes mais importantes do país, e não deve<br />

ser disponibiliza<strong>da</strong> tão facilmente para sua<br />

15 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />

depre<strong>da</strong>ção.<br />

Para animar a festa<br />

Além de outros locais vagos e disponíveis,<br />

como o estacionamento do Estádio<br />

Mané Garrincha, existe <strong>um</strong> belíssimo<br />

<strong>projeto</strong> de Oscar Ni<strong>em</strong>eyer e Lúcio Costa<br />

para a construção de <strong>um</strong> local apropriado e<br />

destinado exclusivamente para eventos de<br />

grande vulto, ao lado do Teatro Nacional.<br />

Estamos diante de <strong>um</strong>a solução perfeita<br />

para que a Esplana<strong>da</strong> seja devi<strong>da</strong>mente<br />

preserva<strong>da</strong>, s<strong>em</strong> a necessi<strong>da</strong>de de se proibir<br />

os eventos. Mas, agora, cabe apenas<br />

ao Governo do Distrito Federal a tarefa<br />

de se concluir tal <strong>projeto</strong> e seguir com a<br />

preservação <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />

Copas de futebol chegando, turistas<br />

do mundo inteiro, é <strong>um</strong>a boa oportuni<strong>da</strong>de<br />

para deixar Brasília lin<strong>da</strong> e com sua Esplana<strong>da</strong><br />

exuberante!


Qu<strong>em</strong> sabe, conta<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 16 Sebastião Nery<br />

Os gigolôs <strong>da</strong> História <strong>em</strong> todos os<br />

t<strong>em</strong>pos são iguais. Hitler matou milhões<br />

porque achava que a Al<strong>em</strong>anha era ele<br />

e só ele poderia falar por ela. Mussolini<br />

prendeu Silvio Pellico, Antonio Gramsci,<br />

todo o Partido Socialista Italiano, porque<br />

queria que a Itália só falasse pela sua boca.<br />

Stalin cortou Leon Trotski <strong>da</strong> foto de 1917<br />

para ficar sozinho com Lenin.<br />

No “Estado de S. Paulo”, <strong>um</strong><br />

<strong>em</strong>busteiro, Eugenio Bucci, <strong>em</strong>pregado de<br />

Lula e do PT, vomitou <strong>em</strong> cima <strong>da</strong> História:<br />

1.-“O PT é <strong>um</strong> dos construtores, senão<br />

o principal, do Estado de Direito que hoje<br />

viv<strong>em</strong>os aqui. A começar pela derruba<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> ditadura”.<br />

2.-. “Foram as greves do Sindicato dos<br />

Metalúrgicos de São Bernardo do Campo,<br />

lidera<strong>da</strong>s por Lula, que puseram contra<br />

a parede o aparato repressivo do regime<br />

militar, forçando o recuo definitivo.”<br />

3. – “A campanha pelas Diretas-Já,<br />

que levou milhões às ruas <strong>em</strong> 1984, tinha<br />

Jornalista<br />

Gigolôs <strong>da</strong> história<br />

José Dirceu na organização logística de<br />

todo o movimento”.<br />

ULYSSES<br />

O economista, professor,<br />

três vezes deputado federal pelo<br />

MDB e PMDB do Paraná e ex-dirigente<br />

nacional do partido, Hélio Duque, não<br />

resistiu à fraude. Escreveu <strong>um</strong>a resposta<br />

que teve a maior repercussão:<br />

1.-“As três afirmações são<br />

mistificadoras, onde os ver<strong>da</strong>deiros<br />

personagens <strong>da</strong> luta para red<strong>em</strong>ocratizar<br />

o Brasil são executados s<strong>em</strong> nenh<strong>um</strong>a<br />

pie<strong>da</strong>de. A ampla frente d<strong>em</strong>ocrática reuniu<br />

no MDB a sua fun<strong>da</strong>mental estrutura.<br />

Prisões, perseguições, cassações, exílios<br />

e mortes, ao longo de déca<strong>da</strong> e meia,<br />

marcaram a vi<strong>da</strong> dos seus militantes”.<br />

2. - “Líderes na Câmara como Mário<br />

Covas (1969) e Alencar Furtado (1977)<br />

foram s<strong>um</strong>ariamente cassados pelo Ato<br />

Institucional nº 5. Parlamentares como<br />

Márcio Moreira Alves, Lisâneas Maciel,<br />

Hermano Alv es, tantos outros, para<br />

sobreviver buscaram o exílio. O saudoso<br />

Ulysses, a ca<strong>da</strong> revés reagia:“O MDB<br />

é como clara,quanto mais bat<strong>em</strong> mais<br />

cresce”<br />

3. – “Em 1970, a criação, pelo valente<br />

Francisco Pinto, do grupo dos “Autênticos”,<br />

levou ao enfrentamento direto com a<br />

ditadura. Em 1974, o MDB elegeu 16<br />

senadores e mais de 180 deputados<br />

federais. O grito de liber<strong>da</strong>de, que estava<br />

preso na garganta, se manifestava pela<br />

via eleitoral. O governo Geisel, após<br />

patrocinar centenas de prisões, entendeu<br />

o recado <strong>da</strong>s urnas e anunciou a transição<br />

“lenta e segura”.<br />

No final do seu governo revogou<br />

o draconiano Ato Institucional nº 5.<br />

Chico Buarque e Gil, na música “Cálice”,<br />

proclamavam: “De tão gor<strong>da</strong> a porca já não<br />

an<strong>da</strong>/ de tão usa<strong>da</strong> a faca já não corta”. O<br />

enfraquecimento <strong>da</strong> ditadura era real”.<br />

LULA<br />

4. – “Em 1979, o Congresso Nacional<br />

aprovou a Anistia e restabeleceu as<br />

eleições diretas para os Estados. Afirmar<br />

que as greves, lidera<strong>da</strong>s por Lula, é que<br />

forçaram o recuo definitivo é ficção <strong>da</strong><br />

pior espécie. O PT só foi criado <strong>em</strong> 1980,<br />

quando a marcha para a red<strong>em</strong>ocratização<br />

já era <strong>um</strong> fato. Afirmar ser o PT o principal<br />

responsável pelo Estado de Direito chega<br />

a ser risível. Em 1982, o MDB elegeu<br />

os governadores Franco Montoro, São<br />

Paulo; Tancredo Neves, Minas; José Richa,<br />

Paraná; Gerson Camata, Espírito Santo;<br />

Iris Rezende, Goiás; Jader Barbalho, Pará;<br />

Gilberto Mestrinho; Amazonas. E o PDT<br />

Leonel Brizola”.<br />

5. – “Em 1984, quando as Diretas<br />

seriam vota<strong>da</strong>s no Congresso, teve início<br />

a extraordinária mobilização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

brasileira. Aqueles governadores eleitos<br />

pela oposição ass<strong>um</strong>iram a linha de frente.<br />

O primeiro grande comício foi <strong>em</strong> Curitiba<br />

<strong>em</strong> janeiro de 1984. Logo depois, São Paulo<br />

e Rio de Janeiro levaram às ruas milhões<br />

de brasileir os. O PT havia eleito <strong>em</strong> todo<br />

o Brasil, seis parlamentares, liderados pelo<br />

extraordinário deputado Airton Soares,<br />

que tanta falta faz à vi<strong>da</strong> política brasileira<br />

e foi expulso do PT por votar <strong>em</strong> Tancredo<br />

Neves no colégio eleitoral”.<br />

DIRCEU<br />

6. – “Diz Bucci que “a campanha <strong>da</strong>s<br />

Diretas-Já teve José Dirceu na organização<br />

logística de todo o movimento”.<br />

Parlamentar, vice-líder e dirigente do<br />

PMDB, atesto a falsi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> afirmação.<br />

Ulysses Guimarães foi o principal<br />

condutor <strong>da</strong>quela epopeia histórica, sendo<br />

chamado pelo povo de “Senhor Diretas”,<br />

tendo <strong>em</strong> Montoro, Tancredo, Richa e<br />

Brizola, lideranças responsáveis pelo êxito


Luiz Gonzaga Bertelli<br />

17 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />

Presidente Executivo do Centro de Integração<br />

Empresa-Escola (CIEE), <strong>da</strong> Acad<strong>em</strong>ia Paulista de<br />

História (APH) e diretor <strong>da</strong> Fiesp.<br />

Superando a média<br />

Tome <strong>um</strong> grupo de c<strong>em</strong> brasileiros<br />

entre 15 e 64 anos. Desses, apenas 26%<br />

dominam plenamente o uso <strong>da</strong> língua<br />

portuguesa – capazes de ler e interpretar<br />

textos mais complexos – e a realização<br />

de cálculos mat<strong>em</strong>áticos básicos. O<br />

restante do grupo se divide entre<br />

aqueles que possu<strong>em</strong> conhecimentos<br />

básicos (47%), rudimentares (21%)<br />

e analfabetos (6%). A preocupante<br />

constatação do baixo percentual de<br />

brasileiros plenamente aptos surge do<br />

Indicador de Analfabetismo Funcional<br />

(Inaf), publicado pelo Instituto<br />

Paulo Montenegro e pela ONG Ação<br />

Educativa.<br />

De acordo com os técnicos que<br />

coordenaram a pesquisa, apenas qu<strong>em</strong> t<strong>em</strong><br />

o pleno domínio dessas duas habili<strong>da</strong>des<br />

atende a condição imprescindível para a<br />

inserção plena na socie<strong>da</strong>de letra<strong>da</strong>. Ou seja,<br />

<strong>da</strong> população brasileira, na<strong>da</strong> menos do que<br />

145 milhões de pessoas não têm condições<br />

de participar como ci<strong>da</strong>dãos ativos. Isso<br />

porque a falta <strong>da</strong> educação básica é o motor<br />

de <strong>um</strong> círculo vicioso de exclusão social e<br />

baixa qualificação profissional. Somente<br />

qu<strong>em</strong> está preso nele sabe o quão frustrante<br />

é a vi<strong>da</strong> de <strong>um</strong> analfabeto. Os outros pod<strong>em</strong><br />

apenas imaginar...<br />

Nos últimos 15 anos, o CIEE fez parte<br />

<strong>da</strong> história de vi<strong>da</strong> de 52 mil brasileiros que<br />

conseguiram entrar para aquele grupo dos<br />

alfabetizados, beneficiados pelo Programa<br />

de Alfabetização e Suplência Gratuita para<br />

Adultos – iniciativa que integra a ampla<br />

série de ações de assistência social, de<br />

cunho educacional e formação integral,<br />

desenvolvi<strong>da</strong> pela instituição. Aliás, na<br />

última quarta-feira, realizou a última<br />

formatura de 2012, quando diplomou<br />

mais <strong>um</strong>a nova turma de alunos dos cursos<br />

de alfabetização e suplência dos ensinos<br />

fun<strong>da</strong>mental e médio, na capital paulista.<br />

Desse seleto grupo v<strong>em</strong> a história de<br />

Aparecido Andrade <strong>da</strong> Silva, de 38 anos,<br />

Educação é tudo<br />

que perdeu o pai cedo e a mãe não podia<br />

sustentar sozinha seus sete irmãos: teve<br />

de abrir mão <strong>da</strong> escola para garantir o<br />

sustento <strong>da</strong> casa. Migrante <strong>em</strong> São Paulo,<br />

somente notou o que estava perdendo<br />

por não saber ler e n<strong>em</strong> escrever quando<br />

certa vez, des<strong>em</strong>pregado, acertou todos os<br />

detalhes com <strong>um</strong> encarregado para ass<strong>um</strong>ir<br />

<strong>um</strong> trabalho <strong>em</strong> Barueri. Somente ao<br />

chegar lá descobriu que parte do processo<br />

de admissão consistia no preenchimento de<br />

<strong>um</strong>a ficha. Atualmente cursa o 2º e 3º ano<br />

do ensino fun<strong>da</strong>mental no programa do<br />

CIEE e diz ter força de vontade de seguir até<br />

o fim do ensino médio.<br />

Como se percebe, trata-se de pessoas<br />

que, mesmo com vontade de mu<strong>da</strong>r de vi<strong>da</strong>,<br />

não consegu<strong>em</strong> combater as desigual<strong>da</strong>des<br />

sociais por já sair <strong>em</strong> desvantag<strong>em</strong> até<br />

mesmo quando buscam <strong>um</strong>a vaga de menor<br />

qualificação no mercado de trabalho. Para<br />

elas, a experiência mostra, muitas vezes <strong>um</strong><br />

apoio adicional basta para que comec<strong>em</strong>


Navegando<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 18 João Ricardo<br />

A internet t<strong>em</strong> se tornado com<br />

frequência importante alia<strong>da</strong> dos<br />

concurseiros. Nesse início de ano, as<br />

previsões de abertura de 75 mil vagas<br />

no serviço público dão a larga<strong>da</strong> à<br />

corri<strong>da</strong> de preparação para as provas.<br />

Inúmeros são os candi<strong>da</strong>tos que<br />

se planejam, nesse período, para a<br />

maratona que exige além de estudo,<br />

dedicação e boa dose de sacrifício.<br />

O ambiente web v<strong>em</strong> justamente se<br />

tornar <strong>um</strong> aliado à essa preparação.<br />

Todo concurseiro que se preze conhece<br />

alg<strong>um</strong> site sobre o assunto. Uma busca<br />

rápi<strong>da</strong> pelo Google, descobrimos inúmeros<br />

cursinhos voltados às mais varia<strong>da</strong>s<br />

áreas e especifici<strong>da</strong>des. Porém, os blogs<br />

são ain<strong>da</strong> os maiores diss<strong>em</strong>inadores de<br />

informações. Neles, pessoas comuns com<br />

os mesmos objetivos trocam ideias e se<br />

atualizam. Por ser <strong>um</strong> ambiente informal e<br />

de fácil interação, os blogs t<strong>em</strong> se tornado<br />

importante ferramenta de estudo e<br />

avaliação, onde os usuários compartilham<br />

métodos de estudo, avaliação de conteúdo,<br />

e não raro, disponibilizam material de<br />

estudo, muitas vezes, gratuitamente.<br />

O grande erro de qu<strong>em</strong> se prepara<br />

para concursos é pensar que a internet<br />

ou as mídias sociais atrapalham ou<br />

Jornalista<br />

Concurseiros tiram<br />

proveito <strong>da</strong>s mídias sociais<br />

inviabilizam o rendimento nos estudos.<br />

O compartilhamento de informações são<br />

agregadores fun<strong>da</strong>mentais ao processo de<br />

fixação. Assim, como todo planejamento de<br />

estudo sugere <strong>um</strong> t<strong>em</strong>po determinado para<br />

ca<strong>da</strong> disciplina, não pod<strong>em</strong>os esquecer de<br />

incluir o t<strong>em</strong>po para busca de subsídios. É<br />

aí que entram as mídias sociais.<br />

Mas como o Twitter, o Facebook e o<br />

YouTube pod<strong>em</strong> auxiliar nos estudos? Voce<br />

já pensou que além de entretenimento<br />

e compartilhamento de fotos e vídeos,<br />

essas mídias digitais pod<strong>em</strong> também ser<br />

importantes instr<strong>um</strong>entos de estudo?<br />

Com o twitter, o concurseiro pode<br />

se informar através do que acontece<br />

no mundo dos concursos, s<strong>em</strong> precisar<br />

ficar vasculhando de site <strong>em</strong> site, basta<br />

seguir escolas preparatórias, professores,<br />

organizadoras. Com frequência, sua<br />

timeline será abasteci<strong>da</strong> com links para os<br />

assuntos desejados. Simples e rápido.<br />

É com<strong>um</strong> você encontrar promoção<br />

de alg<strong>um</strong> livro ou evento sobre concursos<br />

no Facebook. No caso, você poderá ain<strong>da</strong><br />

criar grupos de estudos, compartilhando<br />

informações apenas para eles. Ali você t<strong>em</strong><br />

a possibili<strong>da</strong>de de formar grupos, seja de<br />

amigos, familiares ou de estudo.<br />

Qu<strong>em</strong> acredita que o YouTube é<br />

apenas <strong>um</strong>a mídia para veiculação de<br />

vídeos musicais ou videocasseta<strong>da</strong>s, precisa<br />

urgent<strong>em</strong>ente mu<strong>da</strong>r sua visão. O YouTube<br />

t<strong>em</strong> se tornado <strong>um</strong> poderoso instr<strong>um</strong>ento<br />

de estudo para os concurseiros. Inúmeros<br />

são os vídeos com os principais analistas<br />

do mundo dos concursos, que dão dicas<br />

preciosas para qu<strong>em</strong> está no início ou na<br />

fase final <strong>da</strong> maratona, assim como com<br />

vídeo-aulas que, de certo modo, auxiliam na<br />

preparação.<br />

Claro que a utilização <strong>da</strong>s mídias<br />

sociais nesse processo t<strong>em</strong> dois pesos e<br />

duas medi<strong>da</strong>s. O estu<strong>da</strong>nte t<strong>em</strong> que avaliar<br />

a sua utilização e a autentici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

informações. Não adianta assistir a <strong>um</strong>a<br />

video-aula defasa<strong>da</strong> e compartilhar para<br />

os colegas. Assim, volto a afirmar que os<br />

blogs são importantes ferramentas para a<br />

diss<strong>em</strong>inação do conhecimento. Ali você<br />

poderá ain<strong>da</strong> pegar <strong>um</strong> atalho para as d<strong>em</strong>ais<br />

mídias sociais.<br />

Se usado para atingir <strong>um</strong> objetivo,<br />

as mídias sociais pod<strong>em</strong> se tornar <strong>um</strong><br />

importante aliado ao processo de estudo.<br />

Aliado ao t<strong>em</strong>po destinado ao lazer, pode<br />

se tornar <strong>um</strong> poderoso instr<strong>um</strong>ento de<br />

aprendizado e de socialização. Então, se<br />

você quer mesmo <strong>um</strong>a <strong>da</strong>s 75 mil vagas


Perspectivas<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 20 Marcos Morita*<br />

Depois de alguns dias de folga, é<br />

hora de retornar ao trabalho. Centenas<br />

de <strong>em</strong>presas voltam com a sensação<br />

de dever c<strong>um</strong>prido e cheias de<br />

planos para o ano que se inicia. Praticamente<br />

to<strong>da</strong>s as <strong>em</strong>presas utilizam<br />

metas para medir o des<strong>em</strong>penho de<br />

departamentos e colaboradores, independent<strong>em</strong>ente<br />

do nível hierárquico<br />

e função. Ao topo <strong>da</strong> pirâmide t<strong>em</strong>as<br />

mais abrangentes, estratégicos e de<br />

longo prazo. Já para a base, ações táticas<br />

e de curto prazo. Operacionalizá-<br />

-las é função do corpo gerencial, localizados<br />

no meio <strong>da</strong> figura.<br />

Apesar de simples, estabelecê-las esconde<br />

alguns segredos. Objetivos inalcançáveis,<br />

prazos exíguos, escopo amplo ou<br />

impossibili<strong>da</strong>de de medi-las pod<strong>em</strong> desmotivar<br />

os colaboradores. Aprecio a técnica<br />

SMART, a qual menciona que as metas<br />

dev<strong>em</strong> ser específicas, mensuráveis, atingíveis,<br />

realistas e tangíveis, já traduzi<strong>da</strong>s<br />

para o português. Vejamos.<br />

Específicas: a<strong>um</strong>entar o market share,<br />

reduzir a inadimplência ou penetrar <strong>um</strong><br />

novo mercado são metas interessantes,<br />

Jornalsta<br />

www.marcosmorita.com.br<br />

hora de planejar 2013<br />

porém muito gerais. Para torná-las menos<br />

genéricas é necessário <strong>um</strong> maior nível de<br />

detalhamento. Conquistar dois pontos de<br />

marketshare no mercado carioca, através<br />

<strong>da</strong> penetração na classe A <strong>da</strong> zona sul, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, seria algo b<strong>em</strong> mais específico.<br />

Mensurável: ain<strong>da</strong> na mesma linha, é<br />

necessário medir os dois pontos de market<br />

share obtidos, sejam eles <strong>em</strong> uni<strong>da</strong>des físicas,<br />

monetárias ou margens de contribuição.<br />

Caso contrário, <strong>um</strong> vendedor poderia<br />

conquistá-lo oferecendo grandes descontos,<br />

comprometendo a lucrativi<strong>da</strong>de.<br />

Atingível: imagine <strong>um</strong> novo entrante<br />

no setor de bebi<strong>da</strong>s, cuja meta seja obter<br />

metade do mercado <strong>da</strong> Coca-Cola. Apesar<br />

de desafiadora é na prática inatingível,<br />

mesmo que pertença a <strong>um</strong> grupo com<br />

grande poderio financeiro. O feitiço neste<br />

caso virará contra o feiticeiro, arrefecendo<br />

os ânimos dos envolvidos n<strong>um</strong> curto período<br />

de t<strong>em</strong>po.<br />

Realista: com os mercados maduros<br />

<strong>em</strong> que<strong>da</strong>, executivos globais recorr<strong>em</strong> aos<br />

<strong>em</strong>ergentes para cobri-los. É com<strong>um</strong> aplicar<br />

taxas de crescimento chinesas a filiais<br />

brasileiras, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se<br />

solicitam margens de lucro ca<strong>da</strong> vez mais<br />

eleva<strong>da</strong>s. São as conheci<strong>da</strong>s metas para inglês<br />

ver.<br />

Tangíveis: aqui entra o critério t<strong>em</strong>po,<br />

<strong>em</strong> meu ponto de vista o corolário de todos<br />

os anteriores. Um prazo muito curto pode<br />

desmotivar os envolvidos pela impossibili<strong>da</strong>de<br />

de c<strong>um</strong>primento, enquanto sua falta<br />

pode levar a acomo<strong>da</strong>ção. O governo brasileiro<br />

é mestre neste quesito, aplicando-os<br />

<strong>em</strong> suas duas vertentes.<br />

Em minha experiência pude verificar<br />

que alguns gestores têm dificul<strong>da</strong>de <strong>em</strong><br />

utilizar o critério SMART, criando metas<br />

muito amplas, fracas ou inatingíveis, as<br />

quais não contribu<strong>em</strong> para o resultado <strong>da</strong><br />

<strong>em</strong>presa. Está aí <strong>um</strong>a boa lição para aprender<br />

neste início de ano.<br />

*Marcos Morita é mestre <strong>em</strong> Administração<br />

de Empresas, professor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />

Mackenzie e professor tutor <strong>da</strong> FGV-RJ.<br />

Especialista <strong>em</strong> estratégias <strong>em</strong>presariais,<br />

é colunista, palestrante e consultor de<br />

negócios. Há mais de quinze anos atua como<br />

executivo <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas multinacionais.


Fabiana Fernandes<br />

E o mundo não acabou. A vi<strong>da</strong><br />

seguiu. Muitos <strong>em</strong> festa pelo Natal e<br />

Ano Novo. Tantos cheios de esperança.<br />

Outros serenos e <strong>em</strong> silêncio. Alguns<br />

<strong>em</strong> profun<strong>da</strong> tristeza. A vi<strong>da</strong> não para<br />

só porque é Natal. Chegar ao final<br />

de mais <strong>um</strong> ano é o primeiro passo<br />

para começar tudo de novo. Com o<br />

ano <strong>em</strong> branco, vêm as chuvas, raios,<br />

acidentes nas estra<strong>da</strong>s, violência nas<br />

ruas. Se o mundo acabasse, na<strong>da</strong> disso<br />

seria notícia. N<strong>em</strong> haveria notícia.<br />

O fim de <strong>um</strong> ano velho se parece com<br />

<strong>um</strong>a corri<strong>da</strong> de rua, <strong>da</strong>quelas que não<br />

é necessário ser o primeiro colocado. O<br />

objetivo do corredor é não interromper a<br />

corri<strong>da</strong> no meio do caminho, mas apenas<br />

chegar ao final <strong>da</strong> competição.<br />

E como o mundo não acabou e nós<br />

seguimos aqui, é t<strong>em</strong>po de tomar decisões.<br />

Alguns chamam resoluções, sonhos para<br />

o ano novo. Uma vez fiz <strong>um</strong>a lista, n<strong>um</strong>a<br />

lanchonete, ao lado de alguém especial.<br />

Devo tê-la guar<strong>da</strong>do. (Que medo de<br />

encontrá-la!) Faço listas o ano todo, mas,<br />

não cost<strong>um</strong>o fazer listas de resoluções para<br />

<strong>um</strong> ano inteiro. Imagine o tamanho que ela<br />

teria! Minhas listas de ano novo cost<strong>um</strong>am<br />

ser mentais. Assim, posso apagar o que<br />

quiser se perceber que não vou realizar.<br />

Jornalista<br />

21 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />

Matutando<br />

Quanto t<strong>em</strong>po o t<strong>em</strong>po t<strong>em</strong>?<br />

Minha filha faz listas há alguns anos.<br />

Com ela aprendi que, para en<strong>um</strong>erarmos<br />

essas metas, t<strong>em</strong>os que observar alg<strong>um</strong>as<br />

coisas importantes, que divido aqui<br />

com você, leitor. Na<strong>da</strong> de listas longas,<br />

intermináveis. Faz sentido. E isso me<br />

l<strong>em</strong>bra <strong>um</strong>a entrevista que fiz <strong>em</strong> 2012<br />

com <strong>um</strong>a organizadora profissional. “Se<br />

vai arr<strong>um</strong>ar <strong>um</strong> armário inteiro, não dá<br />

pra tirar tudo do lugar. É provável que<br />

você vá parar no meio. Eleja <strong>um</strong>a parte<br />

e faça aquele pe<strong>da</strong>ço que você escolheu.<br />

Depois, faça outro. Possivelmente, isso<br />

não acontecerá no mesmo dia”, ensinou a<br />

especialista aos ouvintes.<br />

Reformular a vi<strong>da</strong> inteira e alcançar<br />

todos os nossos objetivos n<strong>um</strong> único<br />

ano parece improvável. Por isso, a dica é<br />

fazer listas curtas, que são mais fáceis de<br />

realizar. E não precisa ser algo complicado<br />

– pod<strong>em</strong>os incluir coisas simples, que até<br />

já poderíamos ter feito, mas que ain<strong>da</strong><br />

não fiz<strong>em</strong>os, não conseguimos fazer,<br />

não alcançamos. Uma amiga colocou <strong>em</strong><br />

sua lista <strong>um</strong>a posição de ioga, difícil de<br />

executar. Tomara que ela realize.<br />

A lista é pessoal, só serve para qu<strong>em</strong><br />

a fez. E é fun<strong>da</strong>mental guardá-la. Isso<br />

significa não esconder a lista de você<br />

mesmo. É necessário consultá-la de vez<br />

<strong>em</strong> quando para l<strong>em</strong>brarmos o que <strong>um</strong> dia<br />

desejamos conquistar, o que colocamos na<br />

lista. Acredito que muitas coisas pod<strong>em</strong><br />

ser a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s a <strong>um</strong>a nova reali<strong>da</strong>de, a<br />

<strong>um</strong> novo momento, no meio do ano. Um<br />

probl<strong>em</strong>a de saúde, por ex<strong>em</strong>plo, pode nos<br />

impedir de alcançar algo que quer<strong>em</strong>os.<br />

Uma mu<strong>da</strong>nça de ci<strong>da</strong>de ou de trabalho<br />

pode nos obrigar a mu<strong>da</strong>r alg<strong>um</strong> objetivo.<br />

Por que não a<strong>da</strong>ptar a lista a esta nova<br />

condição?<br />

De uns t<strong>em</strong>pos pra cá parece que os<br />

anos passam mais rápido do que antes.<br />

Acabamos de viver o Natal e <strong>da</strong>qui a pouco<br />

ele vai chegar de novo. Parece que foi ont<strong>em</strong><br />

o Carnaval e a Páscoa do ano passado, mas<br />

eles já estão à nossa porta outra vez. Tudo<br />

gira rápido d<strong>em</strong>ais. Conheço alguém que<br />

diz que isso é sinal de que o mundo está<br />

acabando. Mas eu não acredito no fim do<br />

mundo.<br />

Se vai fazer a sua lista para 2013, é hora<br />

de colocar <strong>em</strong> prática. Pequena, possível de<br />

realizar, sincera. Enquanto tenta fazer a<br />

sua lista acontecer, que tal viver ca<strong>da</strong> <strong>um</strong><br />

dos dias que anteced<strong>em</strong> o 31 de dez<strong>em</strong>bro<br />

de 2013 como se fosse a sua primeira vez,<br />

o primeiro dia, o primeiro encontro, a<br />

primeira palavra, a primeira gargalha<strong>da</strong>, a<br />

primeira respiração. A primeira ou a última,


Turismo e algo mais<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 22 Isabel Raupp<br />

Entre tapas,<br />

A Espanha t<strong>em</strong> frequentado as<br />

manchetes dos jornais por motivos<br />

b<strong>em</strong> distintos. Fala-se muito <strong>da</strong>s conquistas<br />

esportivas, com o des<strong>em</strong>penho<br />

dos times de futebol no campeonato<br />

nacional conhecido como La Liga e,<br />

é claro, o futebol encantador <strong>da</strong> seleção<br />

nacional. Por outro lado, também<br />

é destaque por conta <strong>da</strong> crise que v<strong>em</strong><br />

assolando o país não é de hoje e que<br />

<strong>em</strong>purra to<strong>da</strong> a Europa <strong>em</strong> direção a<br />

negociações econômicas mirabolantes.<br />

É quase inevitável observar que<br />

enquanto o Brasil engatou <strong>um</strong>a primeira<br />

na economia e deu marcha a ré<br />

no futebol, a Espanha fez o contrário.<br />

Está de mal a pior na economia, mas<br />

não pára de encantar no futebol.<br />

Para a Espanha, é urgente explorar o<br />

que t<strong>em</strong> de melhor para sair <strong>da</strong> crise. E o<br />

turismo é <strong>um</strong> dos maiores trunfos que o<br />

país t<strong>em</strong> para voltar a crescer e criar <strong>em</strong>pregos.<br />

A infraestrutura é soberba. A Espanha<br />

encanta por sua história, pelas belas<br />

paisagens e museus famosos, como o<br />

Prado, tudo pronto para receber visitantes<br />

de todo o mundo. Agora, os espanhóis se<br />

<strong>em</strong>penham para atrair mais brasileiros.<br />

E parece que está <strong>da</strong>ndo certo. De janeiro<br />

a agosto de 2012, houve <strong>um</strong> crescimento<br />

do número de turistas brasileiros<br />

na Espanha <strong>da</strong> ord<strong>em</strong> de oito por cento:<br />

283 mil brasileiros ao todo. A oferta de<br />

vôos do Brasil para a Espanha cresceu 11,6<br />

por cento com relação a 2011: hoje há 34<br />

vôos s<strong>em</strong>anais, com opções ofereci<strong>da</strong>s pe-<br />

las <strong>em</strong>presas aéreas TAM, Ibéria,<br />

Singapore Airlines, Air Europa e<br />

Air China.<br />

É ver<strong>da</strong>de que quando se<br />

coloca turismo e Espanha na<br />

mesma frase, a tendência é você<br />

logo l<strong>em</strong>brar de probl<strong>em</strong>as nos<br />

aeroportos e dificul<strong>da</strong>des na imigraçao.<br />

Milhares de brasileiros<br />

foram barrados nos últimos anos<br />

, principalmente no aeroporto<br />

de Barajas. O governo brasileiro<br />

reagiu e aplicou o princípio<br />

<strong>da</strong> reciproci<strong>da</strong>de, a<strong>um</strong>entando<br />

as restrições à entra<strong>da</strong> de espanhois<br />

no Brasil. As negociações<br />

entre os dois países se estenderam durante<br />

anos. O escritório de turismo <strong>da</strong> Espanha<br />

no Brasil afirma que os diálogos apresentaram<br />

resultados e a situação v<strong>em</strong> melhorando<br />

a ca<strong>da</strong> dia, o que é confirmado pelas<br />

autori<strong>da</strong>des brasileiras que acompanham<br />

e auxiliam os brasileiros no exterior.<br />

Além disso o governo espanhol trabalha<br />

<strong>um</strong> novo conceito para conquistar<br />

o brasileiro, que é internacionalmente co-<br />

Jornalista<br />

futebol e<br />

nhecido, entre outras coisas, pela paixão<br />

por esportes, pela boa mesa e... pelas<br />

compras.A idéia é oferecer a Espanha <strong>em</strong><br />

três versões:<br />

TURISMO ESPORTIVO<br />

Há na Espanha 18 grandes portos,<br />

sendo o de Barcelona o primeiro porto de<br />

cruzeiros <strong>da</strong> Europa. Há dois circuitos de<br />

compras….


Fórmula 1: Montmelló <strong>em</strong> Barcelona e o<br />

circuito urbano de Valencia, 592 campos<br />

de golfe, a maioria deles na região de An<strong>da</strong>luzia<br />

e o futebol reserva os encantos <strong>da</strong>s<br />

apresentações de Barcelona e Real Madri,<br />

recheados de craques internacionais,entre<br />

eles o argentino Leonel Messi, qatro vezes<br />

eleito o melhor do mundo.<br />

TURISMO GASTRONôMICO<br />

A autêntica paella, o gazpacho e o jamon<br />

serrano já seriam motivo suficiente<br />

para viajar à Espanha. Mas há muitas outras<br />

varie<strong>da</strong>des apresenta<strong>da</strong>s pelos Chefs<br />

como Ferrán Adriá (considerado o melhor<br />

do mundo), Martin Berasategui, o queridinho<br />

do jet set mundial e Carm<strong>em</strong> Ruscadella<br />

, a única mulher a colecionar cinco<br />

estrelas no Guia Michelin.<br />

Quanto a tradição , l<strong>em</strong>bre que a<br />

An<strong>da</strong>luzia é a terra do gazpacho, do jerez<br />

e do flamenco, mas é também <strong>um</strong> ótimo<br />

lugar para provar o jamon (presunto) ibérico,<br />

as azeitonas e o pescaíto (peixinho)<br />

frito. Nessa região você deverá incluir no<br />

roteiro <strong>um</strong>a passa<strong>da</strong> por Sevilha, Huelva,<br />

Cádiz, Málaga, Grana<strong>da</strong>, Jaén, Córdoba e<br />

Almería. Não deixe de passar <strong>em</strong> Jerez de<br />

- As lojas na Espanha não abr<strong>em</strong> aos domingos<br />

- A maioria funciona de segun<strong>da</strong> a sábado, <strong>da</strong>s 10h às 20h30. O pequeno<br />

comércio geralmente fica fechado <strong>da</strong>s 14 às 16H30.<br />

- As liqui<strong>da</strong>ções de inverno começam na segun<strong>da</strong> s<strong>em</strong>ana de janeiro e terminam<br />

<strong>em</strong> fevereiro. Os saldos de verão começam no dia primeiro de<br />

julho e vão até o final de agosto.<br />

- Tenha s<strong>em</strong>pre seu passaporte ou doc<strong>um</strong>ento de identi<strong>da</strong>de quando for pagar<br />

com cartão de crédito.<br />

- Para compras com valores acima dos c<strong>em</strong> euros, os turistas pod<strong>em</strong> solicitar<br />

a restituição do IVA.<br />

Doc<strong>um</strong>entos de viagens exigidos pelas autori<strong>da</strong>des de imigração espanhola<br />

para você entrar na Espanha :<br />

- Passaporte comvali<strong>da</strong>de de pelo menos seis meses<br />

- Tenha comprovante de reserva já paga <strong>em</strong> <strong>um</strong> hotel espanhol.<br />

la Frontera, maior ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> província de<br />

Cádiz e, é claro, famosa pelo jerez (ou sherry,<br />

para os ingleses, <strong>um</strong> dos grandes cons<strong>um</strong>idores<br />

desse tipo de vinho). Só a maneira<br />

como o jerez é servido já é <strong>um</strong> espetáculo<br />

a parte.<br />

A Espanha conta com mais de 60 denominações<br />

de orig<strong>em</strong> de vinhos. É a maior<br />

area cultiva<strong>da</strong> <strong>em</strong> vinhedos do mundo<br />

o que coloca o país entre os maiores<br />

produtores do planeta. Qu<strong>em</strong> visitar os<br />

vinhedos espanhóis poderá ver de perto as<br />

bodegas tradicionais, participar <strong>da</strong> colheita<br />

<strong>da</strong> uva e de degustações.<br />

Se quiser mergulhar ain<strong>da</strong> mais na<br />

experiência enóloga, pode fazer reserva<br />

nos vinhedos-hotéis, lugares luxuosos que<br />

usam o vinho como a atração principal,<br />

conjuga<strong>da</strong> a <strong>projeto</strong>s arrojados, assinados<br />

por renomados arquitetos. Um dos mais<br />

ousados , La Ciu<strong>da</strong>d del Vino, foi concebido<br />

pelo mundialmente famoso Frank O.<br />

Gehry.<br />

Merece destaque também a região<br />

norte <strong>da</strong> Espanha, com as quatro comuni<strong>da</strong>des<br />

autônomas <strong>da</strong> região: Galícia, Astúrias,<br />

Cantabria e Pais Basco. Ali a oferta<br />

gastronômica é caracteriza-se pelos pratos<br />

à base de mexilhões, ostras, vieiras e outros<br />

frutos do mar. Para acompanhar essa<br />

riqueza de sabores, a região norte t<strong>em</strong><br />

como destaque o vinho Rioja, cuja produção<br />

anual se eleva a 250 milhões de litros.<br />

Se quiser conhecer de perto a fabricação,<br />

o turista t<strong>em</strong> ao seu dispor os roteiros do<br />

Enobús. O viajante pode subir e descer do<br />

ônibus quantas vezes desejar no mesmo<br />

dia. É o ideal para aproveitar ao máximo<br />

a degustação. Ou seja, você mete o pé na<br />

estra<strong>da</strong> com o copo de vinho na mão, s<strong>em</strong><br />

probl<strong>em</strong>as com as leis de trânsito.<br />

23 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />

TURISMO DE COMPRAS<br />

Madri e Barcelona <strong>em</strong>pataram <strong>em</strong><br />

segundo lugar no Globe Shopper City Index<br />

elaborado por The Economist. Em Madri, a<br />

maioria dos locais preferidos pelos turistas<br />

encontra-se no centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, nos arredores<br />

de La Puerta del Sol. Você pode fazer<br />

caminha<strong>da</strong>s pelas ruas Arenal, Mayor, Preciados<br />

e Gran Via, obrigatórias para qu<strong>em</strong><br />

procura as griffes internacionais. Ain<strong>da</strong> na<br />

capital, impõe-se a rua Ortega y Gasset<br />

, que abriga marcas como Tiffany’s, Hermès,<br />

Chanel e Valentino; nos arredores,<br />

etiquetas locais como Adolfo Dominguez,<br />

Amaya Arzuaga e Purificacion Garcia.<br />

Um outlet <strong>em</strong> Madri? A nova mania é<br />

o Las Rozas Village, com descontos de 30<br />

a 70 por cento.Informações no site: www.<br />

lasrozasvillage.com.<br />

Em Barcelona, o lugar certo para<br />

peças originais é a região L’Eixample, ao<br />

redor <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong> Diagonal e do Paseo de<br />

Gracia. Os cafés e restaurantes têm mesas<br />

nas calça<strong>da</strong>s, para <strong>um</strong>a pausa entre <strong>um</strong>a<br />

compra e outra.<br />

El Born é <strong>um</strong> dos bairros <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>,<br />

com oferta de artigos únicos. Ande pelas<br />

ruas Princesa e L’argenteria e os arredores.<br />

Os mercados de pulgas na Europa são<br />

s<strong>em</strong>pre <strong>um</strong> passeio agradável. Em Barcelona,<br />

conheça o Mercat Del Encants, ao lado<br />

<strong>da</strong> Plaça de lês Glories. Jóias, roupas, livros<br />

e antigui<strong>da</strong>des estão expostos às segun<strong>da</strong>s,<br />

quartas, sextas e sábados.<br />

Em Barcelona, o outlet também têm<br />

vez: La Roca Village oferece griffes com<br />

descontos de até 60 por cento, e ain<strong>da</strong><br />

dá transporte grátis. Veja os detalhes <strong>em</strong><br />

www.larocavillage.com<br />

Guia prático de compras ( programe-se).<br />

- Se vc for ficar com <strong>um</strong> amigo, terá de apresentar <strong>um</strong>a carta convite (veja<br />

<strong>um</strong> ex<strong>em</strong>plo de carta convite no link:<br />

http://www.interior.gob.es/extranjeria-28/regimen-general-189/carta-de<br />

-invitacion-199);<br />

- Sua passag<strong>em</strong> de retorno, ou a a passag<strong>em</strong> que irá levar você a outro país,<br />

depois <strong>da</strong> visita à Espanha, deverá ser mostra<strong>da</strong>.<br />

- Você vai precisar provar que t<strong>em</strong> pelo menos 65 euros para gastar por dia<br />

durante sua esta<strong>da</strong>.<br />

- Além disso, precisará mostrar que t<strong>em</strong> na carteira pelo menos 580 euros,<br />

<strong>em</strong> travelers cheques ou cartão de credito.<br />

- Faça <strong>um</strong> seguro de viag<strong>em</strong>. Atenção, isso é essencial.<br />

- Tenha à mão <strong>um</strong> cartão de crédito internacional<br />

Esses itens garant<strong>em</strong> o direito de permanecer na Espanha por 90 dias.<br />

Se sua intenção é ficar mais de três meses, procure <strong>um</strong> consulado espanhol,<br />

e solicite o visto adequado a sua situação.


Em <strong>defesa</strong> do jov<strong>em</strong><br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 24 DA REDAçÃO<br />

<strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>, a <strong>juventude</strong><br />

Em 2013, há a meta de implantar o<br />

<strong>ViraVi<strong>da</strong></strong> <strong>em</strong> todo o país. Em termos<br />

qualitativos, existe a possibili<strong>da</strong>de<br />

de aprimoramento <strong>da</strong> metodologia<br />

ou ela já está b<strong>em</strong> consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>?<br />

Nós nunca sab<strong>em</strong>os tudo. Ninguém<br />

é tão bom que não possa aprender alg<strong>um</strong>a<br />

coisa. Não importa se você t<strong>em</strong> 30, 50 ou<br />

80 anos, s<strong>em</strong>pre há algo para aprender<br />

e melhorar. Nós estamos aprendendo<br />

no <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>, se olharmos para o início<br />

dele, quando estava apenas <strong>em</strong> Fortaleza,<br />

pod<strong>em</strong>os ver que a ca<strong>da</strong> estado que<br />

<strong>em</strong> primeiro lugar<br />

Jair Antônio Meneguelli é presidente do Conselho Nacional do SESI, posto ocupado pela primeira vez<br />

por <strong>um</strong> trabalhador, <strong>em</strong> 65 anos de história <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de. Anteriormente, como Deputado Federal,<br />

sindicalista e metalúrgico, lutou pelos direitos dos trabalhadores e pela igual<strong>da</strong>de social no Brasil.<br />

Em 2013, Meneguelli colocará <strong>em</strong> pauta <strong>um</strong> t<strong>em</strong>a que t<strong>em</strong> alcançado ca<strong>da</strong> vez mais espaço na mídia<br />

e merecido reconhecimento de gestores públicos e privados: as tecnologias sociais. Caro leitor, nesta<br />

edição, você conhecerá <strong>um</strong>a tecnologia que está mu<strong>da</strong>ndo a vi<strong>da</strong> de centenas de jovens brasileiros <strong>em</strong><br />

situação de vulnerabili<strong>da</strong>de social.<br />

O programa <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>, iniciativa do Conselho Nacional do SESI, foi criado <strong>em</strong> 2008 e oferece<br />

oportuni<strong>da</strong>des a jovens com i<strong>da</strong>de entre 16 e 21 anos, que sofreram abuso ou exploração sexual.<br />

Em parceria com o Sist<strong>em</strong>a S, organizações de proteção à criança e ao adolescente,<br />

<strong>em</strong>presas e governos, o <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong> t<strong>em</strong> levado educação básica, profissionalização e<br />

atendimento psicossocial, médico e odontológico a adolescentes e jovens nessa<br />

situação.<br />

Atualmente, o programa é desenvolvido <strong>em</strong> 19 ci<strong>da</strong>des: Fortaleza, Recife,<br />

Natal, Belém, Brasília, Salvador, Teresina, João Pessoa, Campina Grande,<br />

Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, Rio de Janeiro, Porto Velho, São Luís,<br />

Aracaju, Maceió, Contag<strong>em</strong> e Porto Alegre. Além disso, está <strong>em</strong> impl<strong>em</strong>entação<br />

<strong>em</strong> outras quatro capitais: São Paulo, Goiânia, Cuiabá e Manaus.<br />

alcançamos, o programa melhorou, foi<br />

aperfeiçoado.<br />

Uma <strong>da</strong>s áreas que vamos focar<br />

ain<strong>da</strong> mais esse ano é o cui<strong>da</strong>do com a<br />

autoestima dos alunos atendidos. A dor do<br />

abuso e <strong>da</strong> exploração é <strong>um</strong> tra<strong>um</strong>a muito<br />

difícil de ser vencido, é <strong>um</strong>a marca que a<br />

pessoa carrega a vi<strong>da</strong> inteira. Quer<strong>em</strong>os<br />

aju<strong>da</strong>r mais nossos jovens nesse sentido.<br />

T<strong>em</strong> sido feito <strong>um</strong> grande esforço<br />

para alavancar o <strong>projeto</strong> <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>.<br />

O que precisa ser feito para tornálo<br />

<strong>um</strong>a política de estado? Esse<br />

processo já foi iniciado?<br />

Junto com o Poder Executivo, nós<br />

vamos preparar o <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong> para que<br />

ele possa se transformar n<strong>um</strong>a política<br />

pública, consoli<strong>da</strong>r a tecnologia social,<br />

a<strong>um</strong>entar sua amplitude, mostrar os seus<br />

resultados e como ele pode aju<strong>da</strong>r a mu<strong>da</strong>r<br />

o quadro <strong>da</strong> exploração sexual no Brasil.<br />

Para isso, t<strong>em</strong>os alguns instr<strong>um</strong>entos,<br />

como a Avaliação de Impacto Social,<br />

Econômico e Financeiro do <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong>.


Mas o primeiro passo, s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong>, é a<br />

implantação do programa nas 27 uni<strong>da</strong>des<br />

federativas do nosso país.<br />

Isso não significa dizer que o SESI<br />

vai abandonar essa tecnologia social.<br />

Quer<strong>em</strong>os que ele seja <strong>um</strong> programa de<br />

Estado, desenvolvido <strong>em</strong> parceria com o<br />

Sist<strong>em</strong>a S, que os poderes público e privado<br />

and<strong>em</strong> juntos nessa ação. Nós t<strong>em</strong>os grande<br />

expertise na formação de profissionais e a<br />

capacitação é essencial para que os jovens<br />

mud<strong>em</strong> suas vi<strong>da</strong>s e possam caminhar com<br />

digni<strong>da</strong>de, conquistando sua autonomia<br />

por meio do trabalho.<br />

Outro ponto importante é que, no<br />

Sist<strong>em</strong>a S, <strong>em</strong>bora seus dirigentes também<br />

mud<strong>em</strong>, o que se percebe é que não existe<br />

<strong>um</strong>a descontinui<strong>da</strong>de dos programas -<br />

o que frequent<strong>em</strong>ente acontece com a<br />

mu<strong>da</strong>nça de governos. O <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong> precisa<br />

ser <strong>um</strong>a programa de Estado, deve ser<br />

<strong>um</strong>a preocupação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira,<br />

independente de partido político, credo<br />

religioso e etc. São nossos jovens. Nosso<br />

país precisa deles e o Estado t<strong>em</strong> que<br />

oferecer oportuni<strong>da</strong>des.<br />

Quando o <strong>ViraVi<strong>da</strong></strong> se tornar<br />

<strong>um</strong>a política pública, conseguir<strong>em</strong>os<br />

a<strong>um</strong>entar a capaci<strong>da</strong>de de atendimento,<br />

principalmente chegando aos municípios e<br />

não apenas nas capitais, porque o probl<strong>em</strong>a<br />

<strong>da</strong> exploração sexual está entranhado <strong>em</strong><br />

todo o Brasil. Os últimos mapeamentos<br />

mostram essa reali<strong>da</strong>de. Há registros de<br />

denúncias de exploração <strong>em</strong> quase mil<br />

municípios.<br />

Hoje há <strong>um</strong>a grande rede que lucra<br />

com esse crime. Como combatê-lo?<br />

O tráfico de mulheres e a rede de<br />

exploração sexual são tão rentáveis<br />

quanto, ou mais ain<strong>da</strong> que o tráfico de<br />

armas e de drogas. E t<strong>em</strong> <strong>um</strong>a vantag<strong>em</strong>:<br />

é menos perigoso. Se <strong>um</strong>a jov<strong>em</strong> que for<br />

trafica<strong>da</strong>, e ela for maior de 18 ano, ela t<strong>em</strong><br />

o direito de ir e vir, pode ser convenci<strong>da</strong> e<br />

dizer “eu quero. Não estou sendo força<strong>da</strong>”.<br />

Então, não é <strong>um</strong> probl<strong>em</strong>a fácil, t<strong>em</strong>os<br />

que continuar insistindo. Normalmente,<br />

esses jovens acabam tendo <strong>um</strong>a vi<strong>da</strong> curta.<br />

Primeiro v<strong>em</strong> o abuso, depois as drogas,<br />

abandono <strong>da</strong> escola, vivência nas ruas e,<br />

muitas vezes, a criminali<strong>da</strong>de. O destino<br />

final é a morte precoce.<br />

Enquanto nós não tivermos <strong>um</strong><br />

país que ofereça boa cultura, educação,<br />

profissionalização e distribuição igualitária<br />

de ren<strong>da</strong>, esse probl<strong>em</strong>a continuará<br />

existindo. O que nós pod<strong>em</strong>os fazer para<br />

reduzir os casos é sensibilizar a socie<strong>da</strong>de,<br />

incentivar as denúncias, conscientizar os<br />

jovens a não se deixar<strong>em</strong> ser explorados,<br />

25 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012<br />

enfim, t<strong>em</strong> que ser <strong>um</strong> trabalho forte<br />

e conjunto de todos os setores – poder<br />

público, privado e socie<strong>da</strong>de civil<br />

organiza<strong>da</strong>.


RJ Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 26<br />

Daisy Nascimento<br />

Ci<strong>da</strong>de maravilhosa<br />

Que o Rio é <strong>um</strong>a ci<strong>da</strong>de bonita por<br />

natureza ninguém duvi<strong>da</strong>. O recorte<br />

<strong>da</strong> Baía de Guanabara, o azul do mar<br />

que se funde no horizonte com o<br />

azul do céu, as montanhas, os vários<br />

tons de verdes <strong>da</strong>s matas e florestas;<br />

imagens dignas dos pincéis do pintor<br />

francês Claude Monet, <strong>um</strong> dos mais<br />

importantes representantes do<br />

impressionismo.<br />

A ci<strong>da</strong>de abençoa<strong>da</strong> por Deus recebe<br />

de braços abertos milhares de turistas que<br />

se encantam com a paisag<strong>em</strong>, com a luz<br />

que se reflete nas águas e com o jeito de<br />

ser de qu<strong>em</strong> vive aqui. E é esta vocação do<br />

carioca de ser feliz, apesar dos pesares ou<br />

com todos os pesares, a outra maravilha<br />

desta ci<strong>da</strong>de maravilhosa.<br />

Longe dos holofotes e dos cartões<br />

postais a ci<strong>da</strong>de pulsa, com todos os dramas<br />

e dificul<strong>da</strong>des de ci<strong>da</strong>de grande. Mas para o<br />

carioca a dor que muitas vezes enfraquece,<br />

paralisa e desestimula, alimenta a força de<br />

<strong>um</strong> povo que encontra nas adversi<strong>da</strong>des<br />

<strong>um</strong> atalho para <strong>da</strong>r a volta por cima.<br />

Foi assim <strong>em</strong> fevereiro de 2011,<br />

quando <strong>um</strong> grande incêndio destruiu<br />

completamente o barracão de <strong>um</strong>a grande<br />

escola de samba, a Grande Rio, de Duque<br />

de Caxias, baixa<strong>da</strong> fl<strong>um</strong>inense, e atingiu os<br />

de outras duas: União <strong>da</strong> Ilha e Portela. O<br />

fogo queimou fantasias, adereços e carros<br />

alegóricos, mas não cobriu de cinzas o<br />

carnaval <strong>da</strong>quele ano. As lágrimas deram<br />

Jornalista<br />

O jeito de ser carioca<br />

lugar ao suor de qu<strong>em</strong> virou noites para<br />

recuperar o que foi perdido, refazer o que o<br />

incêndio cons<strong>um</strong>iu. S<strong>em</strong> passes de mágicas,<br />

mas com muita garra e determinação as<br />

escolas foram para a aveni<strong>da</strong> e fizeram<br />

mais <strong>um</strong> belíssimo desfile. Naquele ano,<br />

a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de foi o maior juiz; nenh<strong>um</strong>a<br />

escola foi rebaixa<strong>da</strong>. Dois carnavais depois,<br />

o Rio de Janeiro volta a fervilhar. Ao som de<br />

batuques, sambas e marchinhas a abertura<br />

não oficial do carnaval de 2013 aconteceu no<br />

dia 6 de janeiro, com a apresentação de mais<br />

de 23 blocos de ruas que transformaram a<br />

Praça XV, no centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, n<strong>um</strong> grande<br />

baile à céu aberto. Milhares de pessoas foram<br />

às ruas, sorriso aberto, alegria estampa<strong>da</strong><br />

no rosto, três dias depois <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de sofrer<br />

com a enchente que atingiu 200 mil pessoas<br />

<strong>em</strong> todo o Estado. O distrito de Xerém, <strong>em</strong><br />

Duque de Caxias, a mesma do barracão<br />

destruído há 2 anos, foi o mais devastado<br />

pelo t<strong>em</strong>poral. Quatrocentas pessoas<br />

ficaram desabriga<strong>da</strong>s e duas morreram. No<br />

momento <strong>da</strong> chuva, a ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Baixa<strong>da</strong><br />

Fl<strong>um</strong>inense, que enfrenta probl<strong>em</strong>as com a<br />

coleta há mais de seis meses tinha 50.000<br />

tonela<strong>da</strong>s de detritos abandonados nas<br />

ruas, o que agravou a situação. O ex-prefeito<br />

José Camilo Zito, mais conhecido como<br />

Zito, que prometeu durante a campanha<br />

cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e resolver os probl<strong>em</strong>as de<br />

infraestrutura, saúde, educação, moradia,<br />

saneamento básico, deixou que a situação<br />

chegasse ao nível de calami<strong>da</strong>de. Mas<br />

<strong>em</strong>bolsou feliz mais de R$ 27 mil líquidos,<br />

<strong>em</strong> dez<strong>em</strong>bro do ano passado, somando os<br />

salários de prefeito e de guar<strong>da</strong> municipal<br />

aposentado. Enquanto isso, de acordo com<br />

o Sebrae-Serviço Brasileiro de Apoio à Micro<br />

e Pequenas Empresas, 27,9% <strong>da</strong>s famílias<br />

que moram n<strong>um</strong> dos 266.717 domicílios<br />

de Duque de Caxias têm ren<strong>da</strong> familiar <strong>em</strong><br />

torno de R$1.400,00.<br />

A conta injusta expõe o descaso, o<br />

abandono, o interesse político, as falsas<br />

promessas. Mas não tira desse povo a<br />

capaci<strong>da</strong>de de ser feliz com pequenas<br />

coisas; não tira a capaci<strong>da</strong>de de se renovar,<br />

recuperar e reacender as esperanças. E<br />

essa é a magia de ser carioca. Às vésperas<br />

do carnaval, a escola de samba Grande<br />

Rio, de Duque de Caxias, já se prepara<br />

para mais <strong>um</strong> desfile. Vai levar para a<br />

aveni<strong>da</strong> o enredo: “AMO O RIO E VOU<br />

À LUTA: OURO NEGRO SEM DISPUTA”<br />

… “CONTRA A INJUSTIÇA EM DEFESA<br />

DO RIO”. O amor pela ci<strong>da</strong>de foi a<br />

grande inspiração e briga pelos royalties<br />

do petróleo, a munição do protesto <strong>em</strong><br />

forma de samba. Enquanto o Congresso<br />

Nacional adia a votação dos vetos parciais<br />

<strong>da</strong> presidente Dilma Rousseff à nova lei<br />

dos royalties, os sambistas apostam na<br />

tecnologia e n<strong>um</strong> show de luz para dizer<br />

aos deputados e senadores que a ci<strong>da</strong>de<br />

que produz 83% de todo o petróleo do país<br />

t<strong>em</strong> ficar com o bônus e não só com o ônus<br />

do produção.<br />

O ritmo <strong>da</strong>s batuca<strong>da</strong>s vai ser o<br />

protesto de <strong>um</strong> povo que sabe cantar e<br />

<strong>da</strong>nçar até mesmo quando o assunto é


DA REDAçÃO<br />

Primeiro BRT <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, a Transoeste<br />

liga a Barra <strong>da</strong> Tijuca a Campo Grande e<br />

Santa Cruz de maneira ágil e confortável,<br />

beneficiando cerca de 220 mil pessoas<br />

por dia. Em operação no trecho Barra x<br />

Santa Cruz desde junho, o investimento <strong>da</strong><br />

prefeitura na implantação do corredor é de<br />

R$ 900 milhões.Com a entrega <strong>da</strong>s obras<br />

até Paciência, <strong>em</strong> dez<strong>em</strong>bro, a Transoeste<br />

passou a ter 44,5 quilômetros já <strong>em</strong><br />

funcionamento. Totalmente segregado<br />

do tráfego geral, composto por linhas<br />

expressas e paradoras, o corredor terá, <strong>em</strong><br />

2013, 56 quilômetros de extensão e 64<br />

estações.<br />

Ao longo do traçado <strong>da</strong> Transoeste, a<br />

Secretaria Municipal de Obras construiu o<br />

túnel José Alencar, perfurado na Serra <strong>da</strong><br />

Grota Fun<strong>da</strong>, o mais moderno e seguro do<br />

Rio, ligando o Recreio dos Bandeirantes a<br />

Guaratiba. Com 1.100 metros de extensão<br />

<strong>em</strong> ca<strong>da</strong> sentido, o túnel é a principal<br />

estrutura do <strong>projeto</strong> e <strong>um</strong>a <strong>da</strong>s maiores<br />

intervenções urbanísticas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, sendo<br />

a primeira ligação entre as baixa<strong>da</strong>s de<br />

Jacarepaguá e Guaratiba.<br />

O itinerário dos ligeirões <strong>da</strong><br />

Transoeste entre a Barra <strong>da</strong> Tijuca e Santa<br />

Cruz conta ain<strong>da</strong> com seis viadutos e<br />

quatro pontes. Nesta extensão foi escavado<br />

1,3 milhão de metros cúbicos, equivalente<br />

a 97 mil caminhões e utilizados 1,2 milhão<br />

de metros cúbicos de aterro compactado,<br />

correspondente a 91 mil caminhões. A<br />

somatória destes dois vol<strong>um</strong>es equivale ao<br />

estádio do Maracanã. Além disso, foram<br />

usa<strong>da</strong>s 1.1179 tonela<strong>da</strong>s de estrutura<br />

de aço para construir as estações de BRT<br />

e 181.170 tonela<strong>da</strong>s de asfalto para<br />

pavimentação.<br />

Nas vias exclusivas, os ônibus<br />

articulados – com ar-condicionado e<br />

capaci<strong>da</strong>de para 140 passageiros - trafegam<br />

livres de congestionamentos, o que encurta<br />

pela metade o t<strong>em</strong>po de viag<strong>em</strong> de qu<strong>em</strong><br />

faz diariamente o trajeto entre os bairros.<br />

27 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />

Rio vira canteiro de obras de olho na copa<br />

Transoeste, o primeiro<br />

corredor de BRT do Rio<br />

Via expressa ligando a<br />

Barra <strong>da</strong> Tijuca a Santa<br />

Cruz está <strong>em</strong> operação<br />

desde junho.<br />

O Terminal Alvora<strong>da</strong>, ponto de integração<br />

com o BRT Transcarioca (Barra–Galeão),<br />

foi r<strong>em</strong>odelado e opera desde junho com<br />

os ligeirões <strong>da</strong> Transoeste. O terminal<br />

segue <strong>em</strong> obras no trecho que atenderá<br />

futuramente à Transcarioca. Além <strong>da</strong><br />

ligação dos corredores expressos, o terminal<br />

vai receber todo o transporte de ônibus <strong>da</strong><br />

Zona Oeste.<br />

CORREDOR DE BRT VAI LIGAR<br />

A BARRA DA TIJUCA AO AERO-<br />

PORTO INTERNACIONAL<br />

Intervenções no traçado já foram<br />

entregues<br />

A Transcarioca será o primeiro<br />

corredor de alta capaci<strong>da</strong>de no sentido<br />

transversal <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, ligando a Barra <strong>da</strong><br />

Tijuca ao Aeroporto Internacional, na Ilha<br />

do Governador, n<strong>um</strong>a faixa segrega<strong>da</strong> de<br />

39 quilômetros de extensão.O sist<strong>em</strong>a<br />

de BRT (Bus Rapid Transit) vai atender<br />

também os bairros de Curicica, Taquara,<br />

Tanque, Praça Seca, Campinho, Madureira,<br />

Vaz Lobo, Vicente de Carvalho, Vila <strong>da</strong><br />

Penha, Penha, Olaria e Ramos.<br />

As obras já acontec<strong>em</strong> <strong>em</strong> duas frentes:<br />

<strong>da</strong> Barra à Penha (etapa 1) e <strong>da</strong> Penha ao<br />

Galeão (etapa 2). A Secretaria Municipal<br />

de Obras já inaugurou três importantes<br />

estruturas do traçado: o mergulhão Clara<br />

Nunes, no Campinho; a ampliação do<br />

viaduto de Madureira (Negrão de Lima) e o<br />

mergulhão Billy Blanco, na Barra (próximo<br />

à Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s Artes). To<strong>da</strong>s estão libera<strong>da</strong>s<br />

para o tráfego geral.<br />

A Prefeitura também trabalha na<br />

construção de <strong>um</strong>a ponte estaia<strong>da</strong> na<br />

Aveni<strong>da</strong> Ayrton Senna, na Barra <strong>da</strong> Tijuca,<br />

e na duplicação do viaduto João XVIII, que<br />

liga as aveni<strong>da</strong>s Brás de Pina e Lobo Júnior,<br />

na Penha. A obra do viaduto <strong>da</strong> Penha t<strong>em</strong><br />

como objetivo melhorar o escoamento do<br />

tráfego na região antes <strong>da</strong> implantação do<br />

sist<strong>em</strong>a BRT.<br />

A segun<strong>da</strong> etapa <strong>da</strong> obra <strong>da</strong><br />

Transcarioca também já está <strong>em</strong><br />

an<strong>da</strong>mento e começou pela construção<br />

de <strong>um</strong>a ponte estaia<strong>da</strong> sobre a Baía de<br />

Guanabara (ligando o Fundão à Ilha<br />

do Governador). A ponte estaia<strong>da</strong> será<br />

exclusiva para o BRT e paralela à ponte de<br />

acesso <strong>da</strong> Ilha do Governador.<br />

Ao longo do traçado estão previstas 45<br />

estações, três terminais, três mergulhões,<br />

10 viadutos (incluindo as duplicações)<br />

e nove pontes (sendo duas pontes


Rio antigo<br />

RJ Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 28<br />

Luiz Augusto Gollo<br />

Entre as grandes intervenções<br />

urbanas <strong>em</strong> an<strong>da</strong>mento na ci<strong>da</strong>de do Rio<br />

de Janeiro para os eventos esportivos já<br />

sabidos, <strong>um</strong>a <strong>da</strong>s principais é chama<strong>da</strong><br />

Porto Maravilha, que não t<strong>em</strong> a ver<br />

diretamente com nenh<strong>um</strong> deles, mas<br />

sim com o resgate social, econômico,<br />

cultural e histórico de <strong>um</strong>a importante<br />

área correspondente a cinco milhões de<br />

metros quadrados, entre a Praça XV e o<br />

bairro de São Cristóvão. A revitalização<br />

do centro carioca começou na Lapa,<br />

por iniciativa de comerciantes e<br />

<strong>em</strong>presários <strong>da</strong> noite, diferent<strong>em</strong>ente<br />

do que ocorre na Praça Mauá e to<strong>da</strong> a<br />

região portuária, onde o estado tomou<br />

a dianteira nos três níveis de governo.<br />

A área central do Rio s<strong>em</strong>pre manteve<br />

características de bairro residencial e muitas<br />

<strong>da</strong>s ruas mais antigas estão cheias de prédios<br />

mistos ou residenciais, como a Riachuelo.<br />

Esporadicamente e por razões diversas, a<br />

região passa por transformações profun<strong>da</strong>s<br />

como a que agora test<strong>em</strong>unhamos no Porto<br />

Maravilha, denominação que a prefeitura<br />

deu ao processo, sob a ótica ufanista.<br />

No começo do século passado, o<br />

prefeito Pereira Passos promoveu a grande<br />

mu<strong>da</strong>nça urbanística com <strong>um</strong>a política<br />

que o povo batizou de “Bota abaixo”, com<br />

razão: foram d<strong>em</strong>oli<strong>da</strong>s mais de 1500<br />

construções para a abertura <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong><br />

Central (Rio Branco), <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong> Beira-Mar,<br />

o alargamento <strong>da</strong> Rua Uruguaiana, entre<br />

outras obras de impacto.<br />

As principais críticas ao “Bota abaixo”<br />

defendiam as populações desapropria<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong>s casas d<strong>em</strong>oli<strong>da</strong>s e que não encontraram<br />

endereço novo na área subitamente<br />

valoriza<strong>da</strong>. Foram <strong>em</strong>purra<strong>da</strong>s para<br />

as fral<strong>da</strong>s dos morros, dos quais o <strong>da</strong><br />

Providência registra o surgimento <strong>da</strong><br />

primeira favela carioca. O Rio de Janeiro, que<br />

na vira<strong>da</strong> do século XIX para o seguinte era<br />

conhecido no cenário internacional como<br />

“Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Morte”, depois de higieniza<strong>da</strong><br />

por Oswaldo Cruz e reurbaniza<strong>da</strong> por<br />

Pereira Passos, ganhou o apelido de “Ci<strong>da</strong>de<br />

Maravilhosa”, <strong>em</strong> artigo de jornal de Coelho<br />

Neto, <strong>em</strong> 1909.<br />

As políticas excludentes dos sucessivos<br />

governos ao longo do século passado<br />

multiplicaram por mais de mil as favelas<br />

cariocas, provocaram a degra<strong>da</strong>ção do<br />

centro urbano <strong>em</strong> benefício primeiro <strong>da</strong><br />

Zona Norte, a partir dos anos 1920, depois<br />

<strong>da</strong> Zona Sul, nas déca<strong>da</strong>s seguintes, e <strong>da</strong><br />

Zona Oeste, com a ocupação <strong>da</strong> Barra<br />

<strong>da</strong> Tijuca a partir de 1970. Este processo<br />

chegou ao ponto máximo na última déca<strong>da</strong><br />

do século passado, quando o centro era o<br />

lixo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e a Lapa <strong>da</strong> bo<strong>em</strong>ia dos anos<br />

1930 <strong>em</strong> diante se refez <strong>da</strong>s cinzas para<br />

servir de ex<strong>em</strong>plo ao que o estado pretende<br />

replicar na Praça Mauá e adjacências.<br />

Como nos t<strong>em</strong>pos de Pereira Passos,<br />

Jornalista<br />

Ossos <strong>da</strong> história<br />

também hoje ouv<strong>em</strong>-se protestos contra<br />

o Porto Maravilha, entre as quais a<br />

valorização territorial que já expulsa<br />

habitantes <strong>da</strong> região, como Gamboa, Santo<br />

Cristo, Saúde e do morro <strong>da</strong> Providência<br />

que talvez ilustre melhor o ciclo que se<br />

completa. Mas a surpresa maior pegou a<br />

prefeitura despreveni<strong>da</strong>, logo no começo<br />

<strong>da</strong>s obras de recuperação <strong>da</strong>s ruas próximas<br />

ao porto e à Praça Mauá – Camerino,<br />

Sacadura Cabral, Barão de Tefé. Quando as<br />

escavadeiras romperam o asfalto, revelouse<br />

o Cais <strong>da</strong> Imperatriz, construído <strong>em</strong> 1843<br />

para o des<strong>em</strong>barque <strong>da</strong> esposa de D. Pedro<br />

II, Teresa Cristina, que ele só conheceu<br />

naquele instante e que achou “baixa, manca<br />

e feia”, mas com qu<strong>em</strong> viveu por 46 anos e<br />

teve as filhas Isabel e Leopoldina.<br />

Antes que o texto vire o Samba do<br />

Crioulo Doido, do Sérgio Porto, vamos ao<br />

que interessa: escavando <strong>um</strong> pouco mais,<br />

encontrou-se o Cais do Valongo, ponto de<br />

des<strong>em</strong>barque de <strong>um</strong> número indeterminado<br />

de negros africanos escravizados e este sim<br />

o sítio arqueológico de grande relevância<br />

porque, além de principal porto de chega<strong>da</strong><br />

de negros <strong>em</strong> todo o continente americano,<br />

conferiu, com o C<strong>em</strong>itério dos Pretos<br />

Novos, onde eram enterrados (por assim<br />

dizer) os que des<strong>em</strong>barcavam feridos,<br />

doentes e não sobreviviam, concretude à<br />

escravidão presente quase que somente<br />

nas gravuras de Debret e Rugen<strong>da</strong>s. As<br />

pedras gastas do cais e os amontoados


de ossos mal enterrados são a evidência<br />

histórica <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> ao Rio de Janeiro de<br />

<strong>um</strong> contingente estimado entre 800 mil e<br />

mais de dois milhões de africanos traficados<br />

através do Oceano Atlântico.<br />

O achado desta novi<strong>da</strong>de, juntamente<br />

com os previsíveis canhões, âncoras, munição<br />

e utensílios domésticos, descortinou <strong>um</strong><br />

cenário inesperado, que as autori<strong>da</strong>des<br />

tentam compreender e digerir, enquanto<br />

as lideranças afrodescendentes lutam para<br />

O Rio de Janeiro cresceu do<br />

acidente geográfico denominado Morro<br />

do Castelo, <strong>em</strong> 1567. Os portugueses<br />

liderados por Estácio e M<strong>em</strong> de Sá<br />

estavam instalados há <strong>um</strong> t<strong>em</strong>po no<br />

Morro Cara de Cão, tentando conquistar<br />

a região habita<strong>da</strong> pelos índios<br />

tamoios. Tinham tudo para perder<br />

porque chegaram depois dos colonos<br />

franceses liderados por Villegagnon,<br />

que, na época, já conviviam <strong>em</strong> certa<br />

tranquili<strong>da</strong>de com os indígenas locais.<br />

Mas acabaram levando a melhor e, por<br />

questões estratégicas, acabaram se<br />

estabelecendo no alto de <strong>um</strong>a colina<br />

inicialmente intitula<strong>da</strong> Morro do<br />

Descanso. Após erguer muros e batizar<br />

os principais pontos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dela, o<br />

Descanso chamou-se Morro do Castelo,<br />

<strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> à Fortaleza de São<br />

Sebastião, que mais parecia o palácio<br />

real.<br />

O Morro do Castelo abrigava <strong>um</strong>a<br />

ci<strong>da</strong>de feu<strong>da</strong>l com aproxima<strong>da</strong>mente<br />

600 pessoas, entre eles colonos<br />

portugueses, jesuítas, índios catequizados,<br />

r<strong>em</strong>anescentes franceses apaziguados<br />

e pouquíssimas mulheres. Sua entra<strong>da</strong><br />

era feita, de início, somente através <strong>da</strong><br />

Ladeira <strong>da</strong> Misericórdia, que é o primeiro<br />

e mais antigo logradouro do Rio de<br />

Janeiro. Apesar de não ter permanecido<br />

com sua extensão integral, foi a única<br />

parte poupa<strong>da</strong> <strong>da</strong> destruição no Morro<br />

do Castelo. Pena que a rua hoje passe tão<br />

bati<strong>da</strong> aos olhos <strong>da</strong>queles que trafegam no<br />

Centro do Rio, já que ali também se situa<br />

a Igreja construí<strong>da</strong> no século XVIII, Nossa<br />

Senhora do Bonsucesso, valendo <strong>um</strong> bom<br />

passeio.<br />

Além do Largo <strong>da</strong> Misericórdia, os<br />

limites do Morro do Castelo ficavam onde<br />

hoje estão situa<strong>da</strong>s as ruas São José, Santa<br />

Luzia e México. No alto do morro, ficava a<br />

fazer valer na história oficial <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e<br />

do país. Foi traçado o Circuito <strong>da</strong> Herança<br />

Africana na área, incluindo o c<strong>em</strong>itério, o<br />

cais, a Casa <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> (onde engor<strong>da</strong>vam-se<br />

os africanos para o mercado de escravos), a<br />

Pedra do Sal (onde escravos transportavam<br />

o sal des<strong>em</strong>barcado no porto e voltavam<br />

à noite para recolher o que caía dos cestos)<br />

e suas imediações e acrescentou-se novo<br />

ingrediente ao caldo de cultura do Porto<br />

Maravilha: as populações negras dos morros<br />

29 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />

<strong>da</strong> Providência e <strong>da</strong> Conceição precisam ser<br />

manti<strong>da</strong>s como m<strong>em</strong>ória viva deste passado<br />

durante tanto t<strong>em</strong>po escondido. A área do<br />

porto do Rio e a região ao redor que inteira os<br />

cinco milhões de metros quadrados pod<strong>em</strong><br />

experimentar a valorização inédita, porém<br />

prevista, repetindo o fenômeno de mais de<br />

c<strong>em</strong> anos atrás. Mas desta vez não se pode<br />

fechar os olhos do estado à história negra do<br />

Rio de Janeiro e do Brasil e sua contribuição<br />

na construção <strong>da</strong> nossa socie<strong>da</strong>de.<br />

Cássia Olival<br />

Produtora cultural e responsável pela<br />

página Histórias do Rio no facebook<br />

historiasrio@gmail.com<br />

O descanso do Morro<br />

Casa do Governador, a cadeia e o edifício<br />

<strong>da</strong> Câmara, Igreja de São Sebastião e a<br />

Igreja e Colégio dos Jesuítas. Apesar de<br />

ser<strong>em</strong> expulsos <strong>em</strong> 1759 pelo Marquês<br />

de Pombal, os jesuítas deixaram para a<br />

população a len<strong>da</strong> do Morro do Castelo,<br />

que se referia a <strong>um</strong> tesouro oculto <strong>em</strong><br />

túneis e galerias secretas ergui<strong>da</strong>s pelos<br />

padres <strong>da</strong> Ord<strong>em</strong>.<br />

Os moradores obtinham isenção nos<br />

impostos para construir suas casas e povoar<br />

a região que foi crescendo rapi<strong>da</strong>mente.<br />

Em poucas déca<strong>da</strong>s, a elite descia o morro,<br />

deixando a região exclusivamente para a<br />

população menos favoreci<strong>da</strong>. Quando a<br />

família real chegou ao Brasil <strong>em</strong> 1808, os<br />

cariocas já ocupavam a área do Centro até<br />

a região do Valongo e Morro <strong>da</strong> Conceição.<br />

Nesta época, inclusive, já se cogitava <strong>um</strong><br />

plano de urbanização que derrubasse<br />

morros para facilitar a circulação dos ventos<br />

e o melhor escoamento aquaviário <strong>da</strong>quela<br />

área.<br />

A ci<strong>da</strong>de foi crescendo e mu<strong>da</strong>ndo<br />

de cara, especialmente após as reformas<br />

de Pereira Passos. Infelizmente, estas<br />

reformulações não cont<strong>em</strong>plavam o<br />

Morro do Castelo. Para a abertura <strong>da</strong><br />

Aveni<strong>da</strong> Rio Branco <strong>em</strong> 1905, parte do<br />

morro foi abaixo. O tiro de misericórdia<br />

veio <strong>em</strong> 1922, quando o prefeito do então<br />

Distrito Federal Carlos Sampaio decretou<br />

a d<strong>em</strong>olição do Morro do Castelo com a<br />

justificativa de arejar a ci<strong>da</strong>de e obter mais<br />

espaço para a exposição com<strong>em</strong>orativa<br />

do Centenário <strong>da</strong> Independência.<br />

Curiosamente, apenas o paulista Monteiro<br />

Lobato se posicionou publicamente contra<br />

a derruba<strong>da</strong> na época. A população que ali<br />

morava foi transferi<strong>da</strong> para os subúrbios


RJ<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 30<br />

Cantando coisas de amor<br />

Meados dos anos 60, ditadura militar,<br />

bossa nova, Leila Diniz, cin<strong>em</strong>a<br />

novo. Pasquim, Albino Pinheiro, Rio de<br />

Janeiro, Ipan<strong>em</strong>a, ban<strong>da</strong>...Fatos, personagens<br />

e movimentos que se confund<strong>em</strong><br />

e se misturam na vi<strong>da</strong> de tantos<br />

brasileiros, e, principalmente, na história<br />

dos cariocas. hoje é dia de falar<br />

de carnaval, <strong>da</strong> mais legítima, popular<br />

e irônica representação <strong>da</strong> festa de<br />

Momo carioca. Vamos falar <strong>da</strong> Ban<strong>da</strong><br />

de Ipan<strong>em</strong>a que mantendo a tradição,<br />

a ca<strong>da</strong> ano arrasta centenas de foliões<br />

pelas ruas do bairro onde foi cria<strong>da</strong>.<br />

Mãe de to<strong>da</strong>s as ban<strong>da</strong>s carnavalescas<br />

do país, a Ban<strong>da</strong> de Ipan<strong>em</strong>a foi inspira<strong>da</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>um</strong>a pequena e diverti<strong>da</strong> versão mineira,<br />

chama<strong>da</strong> Ban<strong>da</strong> <strong>da</strong> Mula Manca, onde<br />

seus seguidores usavam ternos, fingiam<br />

tocar instr<strong>um</strong>entos estragados e saiam pelas<br />

ruas <strong>da</strong> pequena ci<strong>da</strong>de de Ubá, MG, no<br />

sábado de carnaval. Perto de completar 50<br />

anos, nossa ban<strong>da</strong> carioca carrega ain<strong>da</strong><br />

hoje, e ca<strong>da</strong> vez mais, a mesma irreverência<br />

que a caracterizou, trazendo para as ruas e<br />

aveni<strong>da</strong>s assuntos polêmicos, fatos políticos<br />

e sátiras sociais.<br />

Brilho, música, alegria e muita irreve-<br />

Cecilia Brant<br />

Jornalista<br />

cecilia.brant@gmail.com<br />

Estava a toa na vi<strong>da</strong>...<br />

rência faz<strong>em</strong> <strong>da</strong> Ban<strong>da</strong> de Ipan<strong>em</strong>a ain<strong>da</strong><br />

hoje, <strong>um</strong> dos principais atrativos do carnaval<br />

carioca. Ao longo dos últimos 48 anos<br />

a agr<strong>em</strong>iação de Ipan<strong>em</strong>a lançou nomes,<br />

defendeu causas e falou sério de assuntos<br />

que marcaram a vi<strong>da</strong> dos brasileiros. Cria<strong>da</strong><br />

para ser mais <strong>um</strong>a folia de carnaval, a Ban<strong>da</strong><br />

se tornou <strong>um</strong> importante instr<strong>um</strong>ento<br />

de denúncia.<br />

Em 2003, a Prefeitura do Rio de Janeiro<br />

decidiu tombar a Ban<strong>da</strong> de Ipan<strong>em</strong>a,<br />

imortalizando o que já era imortal e a tornando<br />

o primeiro b<strong>em</strong> imaterial a ser tombado<br />

na ci<strong>da</strong>de. A partir <strong>da</strong>quela <strong>da</strong>ta a Ban<strong>da</strong><br />

de Ipan<strong>em</strong>a t<strong>em</strong> o compromisso de sair<br />

pelas ruas todos os anos, leva<strong>da</strong> pelos seus<br />

organizadores ou mesmo pela prefeitura <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de. Seus milhares de foliões agradec<strong>em</strong>.<br />

A ca<strong>da</strong> ano a Ban<strong>da</strong> de Ipan<strong>em</strong>a elege<br />

<strong>um</strong> personag<strong>em</strong> ilustre para patrono. Em<br />

2010 foi a vez de Oscar Ni<strong>em</strong>eyer, <strong>um</strong> de<br />

seus mais ferrenhos admiradores. Durante<br />

seu funeral, Ni<strong>em</strong>eyer recebeu, como derradeira<br />

homenag<strong>em</strong>, o som dos ritmistas<br />

<strong>da</strong> ban<strong>da</strong>. A camiseta de 2013 mostra dois<br />

desenhos do arquiteto: <strong>um</strong>a bandinha e a<br />

mão com <strong>um</strong>a flor. Os atabaques e folhas de<br />

bananeiras são <strong>um</strong>a referência ao Jongo <strong>da</strong><br />

Serrinha, também l<strong>em</strong>brado este ano.<br />

Também <strong>em</strong> 2013 a agr<strong>em</strong>iação com<strong>em</strong>ora<br />

os centenários de nascimento de<br />

Vinícius de Moraes, Jamelão, Paulo Tapajós,<br />

Wilson Batista, Ciro Monteiro e Rub<strong>em</strong><br />

Braga. Neste Carnaval, a Ban<strong>da</strong> de Ipan<strong>em</strong>a<br />

promete abrir o desfile com <strong>um</strong> poster de<br />

Ni<strong>em</strong>eyer junto ao de Albino Pinheiro, seu<br />

fun<strong>da</strong>dor.<br />

PROGRAMAçÃO<br />

O bloco fará três grandes desfiles:<br />

<strong>em</strong> 26 de janeiro, 9 e 12 de<br />

fevereiro, com concentração às<br />

16h, na Rua Gomes Carneiro, <strong>em</strong><br />

Ipan<strong>em</strong>a, e a saí<strong>da</strong> prevista para<br />

as 17h30m. No dia 11 de fevereiro,<br />

haverá <strong>um</strong> baile infantil, às 15h,<br />

na Praça General Osório.


Carlos Sampaio<br />

Jornalista e assessor de imprensa <strong>da</strong><br />

Revista Rio Samba & Carnaval<br />

carlos_sampaio@hotmail.com<br />

O Carnaval 2013 terá Grupo de<br />

Acesso com 19 escolas e dois dias de<br />

desfiles. No Grupo Especial, enredos<br />

inéditos e inusitados promet<strong>em</strong> divertir<br />

e <strong>em</strong>ocionar o público<br />

Trinta e <strong>um</strong>a escolas de samba – mais de<br />

40 horas de aveni<strong>da</strong> – e quatro dias seguidos<br />

de desfiles. O folião vai precisar de fôlego<br />

para encarar o Carnaval 2013 na Marquês de<br />

Sapucaí. Por causa <strong>da</strong> criação do novo Grupo<br />

de Acesso A, composto por 19 agr<strong>em</strong>iações,<br />

a maratona no Sambódromo terá início já na<br />

sexta-feira de carnaval. Mu<strong>da</strong>nça: esse era<br />

o dia que tradicionalmente era reservado às<br />

escolas mirins.<br />

No Grupo Especial, 12 escolas<br />

disputarão o sonhado título com enredos<br />

que vão <strong>da</strong> Coréia do Sul às manifestações<br />

rurais do Brasil.<br />

A grande novi<strong>da</strong>de do ano, o desfile <strong>da</strong>s<br />

escolas do Acesso reunirá agr<strong>em</strong>iações dos<br />

antigos grupos A e B que até o último carnaval<br />

eram filia<strong>da</strong>s a extinta Liga <strong>da</strong>s Escolas<br />

de Samba do Grupo de Acesso (Lesga).<br />

Caberá a nova Liga <strong>da</strong>s Escolas de Samba<br />

do Rio de Janeiro (Lierj), a coordenação <strong>da</strong>s<br />

apresentações na sexta-feira, quando nove<br />

escolas passarão pela Sapucaí, e no sábado,<br />

que terá mais 10 escolas. Nos dois dias de<br />

desfile as apresentações começam às 21h e<br />

ca<strong>da</strong> escola terá no máximo 55 minutos para<br />

mostrar seu carnaval. Apenas a campeã sobe<br />

para o Especial <strong>em</strong> 2014, e três escolas serão<br />

rebaixa<strong>da</strong>s para o Grupo B, antigo C, que<br />

desfila na Estra<strong>da</strong> Intendente Magalhães, <strong>em</strong><br />

Campinho. (Zona Oeste do Rio).<br />

Depois de dois anos atípicos — o<br />

primeiro s<strong>em</strong> rebaixamento e o segundo<br />

com 13 escolas desfilando, por causa do<br />

incêndio na Ci<strong>da</strong>de do Samba <strong>em</strong> 2011<br />

— o grupo principal do carnaval voltará<br />

a ter seu moldes normais de competição:<br />

12 escolas se apresentam nas noites de<br />

domingo e segun<strong>da</strong>-feira. A estreante<br />

Inocentes de Belford Roxo abre a festa às<br />

21h do domingo, 10 de fevereiro, segui<strong>da</strong><br />

por Salgueiro, Unidos <strong>da</strong> Tijuca, União <strong>da</strong><br />

Ilha, Moci<strong>da</strong>de e Portela. Na segun<strong>da</strong>-feira<br />

desfilam São Cl<strong>em</strong>ente, Mangueira, Beija<br />

31 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />

Tá chegando a hora<br />

EuSou o Samba<br />

Vamos entender a<br />

maratona dos desfiles e<br />

seus grupos, nos mínimos<br />

detalhes. Isso mesmo, o<br />

carnaval está chengando,<br />

gente!!!<br />

Flor, Grande Rio, Imperatriz e Vila Isabel.<br />

A última coloca<strong>da</strong> entre as 12 será<br />

rebaixa<strong>da</strong> para o Grupo de Acesso A. Na<br />

noite de terça-feira será a vez <strong>da</strong>s escolas de<br />

samba mirins desfilar<strong>em</strong> na Sapucaí.<br />

ENREDOS INÉDITOS<br />

E INUSITADOS<br />

Personagens que o público se<br />

acost<strong>um</strong>ou a ver desfilar no Sambódromo<br />

como índios, nobres portugueses e escravos<br />

vão aparecer menos <strong>em</strong> 2013. Reflexo dos<br />

enredos inéditos e inusitados que as escolas<br />

estão preparando. Afinal quando se imaginou<br />

que a distante Coreia do Sul, as telenovelas<br />

brasileiras ou a divisão dos royalties do<br />

petróleo <strong>da</strong>riam samba? Pois é Quilates<br />

queri<strong>da</strong>s e amigo: <strong>em</strong> 2013 esses são alguns<br />

dos t<strong>em</strong>as que serão levados para a Sapucaí.<br />

A estreante Inocentes de Belford Roxo<br />

talvez seja a agr<strong>em</strong>iação que viajará mais<br />

longe para conquistar as quatro notas 10 do<br />

quesito enredo. A agr<strong>em</strong>iação se volta para<br />

o extr<strong>em</strong>o oriente com o enredo “As sete<br />

confluências do rio Han”, do carnavalesco<br />

Wagner Gonçalves. O desfile vai celebrar os<br />

50 anos de imigração sul-coreana no Brasil.<br />

A vice-campeã e a campeã do último carnaval,<br />

respectivamente a segun<strong>da</strong> e a terceira escola<br />

desfilando no domingo também terão t<strong>em</strong>as<br />

inéditos. O Salgueiro cantará a busca pelo<br />

estrelato com o enredo “Fama”, desenvolvido<br />

pela dupla Renato e Márcia Lage. Enquanto<br />

a Unidos <strong>da</strong> Tijuca, do mestre Paulo Barros,<br />

v<strong>em</strong> de “Desceu n<strong>um</strong> raio, é trovoa<strong>da</strong>! O<br />

deus Thor pede passag<strong>em</strong> pra mostrar nessa<br />

viag<strong>em</strong> a Al<strong>em</strong>anha encanta<strong>da</strong>”.<br />

Na sequência o carnaval canta a música<br />

sob três ritmos distintos. A União <strong>da</strong> Ilha<br />

chega cheia de bossa com a vi<strong>da</strong> e obra do<br />

poetinha Vinícius do Moraes, o nome do<br />

enredo de Alex de Souza é “Vinícius no plural,<br />

paixão, poesia e carnaval”. Depois a Moci<strong>da</strong>de<br />

faz seu solo de guitarra para cantar “Eu vou<br />

de Moci<strong>da</strong>de com samba e Rock in Rio, por<br />

<strong>um</strong> mundo melhor”, de Alexandre Louza<strong>da</strong>.<br />

A Portela fecha a noite exaltando a capital<br />

do samba com “Madureira... Onde o meu<br />

coração se deixou levar”, de Paulo Menezes.<br />

A segun<strong>da</strong> noite também promete<br />

surpreender o público. A São Cl<strong>em</strong>ente já<br />

abre a festa com “Horário Nobre”, enredo do<br />

carnavalesco Fábio Ricardo sobre telenovelas<br />

que marcaram a história <strong>da</strong> dramaturgia<br />

brasileira. Na Mangueira, Cid Carvalho<br />

desenvolve “Cuiabá: Um Paraíso no Centro<br />

<strong>da</strong> América!”, <strong>um</strong>a homenag<strong>em</strong> à capital do<br />

Mato Grosso.<br />

A comissão de carnaval <strong>da</strong> Beija Flor<br />

também inova e mostrará a importância<br />

dos cavalos na história <strong>da</strong> h<strong>um</strong>ani<strong>da</strong>de<br />

com o enredo “Amigo Fiel, do cavalo do<br />

amanhecer ao Mangalarga Marchador”.<br />

Em segui<strong>da</strong>, a Grande Rio entra na<br />

campanha pela divisão justa de royalties<br />

do petróleo com “Amo o Rio e vou à luta:<br />

Ouro negro s<strong>em</strong> disputa...Contra a injustiça<br />

<strong>em</strong> <strong>defesa</strong> do Rio”, de Roberto Szaniecki.<br />

A Imperatriz segue para a região amazônica<br />

para cantar “Pará - O Muiraquitã do Brasil”,<br />

do trio de carnavalescos Cahê Rodrigues,<br />

Kaká e Mário Monteiro. A Vila Isabel, <strong>da</strong><br />

carnavalesca Rosa Magalhães, fecha as<br />

apresentações trazendo para a aveni<strong>da</strong> a<br />

beleza <strong>da</strong> cultura caipira com “A Vila canta o<br />

Brasil, celeiro do mundo - Água no feijão que<br />

chegou mais <strong>um</strong>”.<br />

Vocês acreditam que exist<strong>em</strong> pessoas<br />

que desfilam <strong>em</strong> 3 ou 4 escolas <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> dia?<br />

Então prepar<strong>em</strong>-se:<br />

O amigo médico e <strong>em</strong>presário Marcos<br />

D’Andreia, 42 anos, vai desfilar <strong>em</strong> 4 escolas<br />

por dia, isto mesmo 4 por dia, digo, sexta,<br />

sábado, domingo e segun<strong>da</strong>! Haja amor por<br />

<strong>um</strong>a aveni<strong>da</strong>!!! Nossa, só <strong>em</strong> escrever fiquei<br />

cansado!!!!<br />

“Não f<strong>um</strong>o não bebo e faço to<strong>da</strong> <strong>um</strong>a<br />

preparação <strong>em</strong> acad<strong>em</strong>ia para manter o<br />

pique”. Palavras do nosso maratonista <strong>da</strong><br />

folia.


Babilônia<br />

RJ<br />

há no Rio de Janeiro o Grêmio<br />

Recreativo Esportivo Cultural Bloco<br />

Carnavalesco “Que Mer<strong>da</strong> é Essa?”,<br />

fun<strong>da</strong>do <strong>em</strong> 1995, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> a<br />

<strong>um</strong> bloco de Olin<strong>da</strong>, <strong>em</strong> Pernambuco.<br />

A ideia inicial dos fun<strong>da</strong>dores (leio<br />

na internet) era criticar e ironizar<br />

a quali<strong>da</strong>de dos próprios músicos<br />

<strong>da</strong> ban<strong>da</strong>. Com o t<strong>em</strong>po, a crítica foi<br />

amplia<strong>da</strong> a qualquer fato <strong>em</strong> evidência<br />

no Rio e no País. A l<strong>em</strong>brança do<br />

bloco me veio à cabeça menos pela<br />

proximi<strong>da</strong>de do carnaval e mais por me<br />

deparar <strong>em</strong> plena Ipan<strong>em</strong>a com <strong>um</strong>a<br />

placa com letras garrafais anunciando<br />

o BRS. Parei, olhei e tentei entender.<br />

Novato no Rio, fiquei s<strong>em</strong> saber o<br />

que era. In<strong>da</strong>guei a <strong>um</strong>a senhora que<br />

passava qual era o significado <strong>da</strong> tal<br />

placa:<br />

- Ah!! É ônibus que an<strong>da</strong> ligeiro.<br />

Explicou.<br />

Ônibus que an<strong>da</strong> ligeiro? Seria<br />

<strong>um</strong> fura-fila, <strong>um</strong> ligeirinho, <strong>um</strong> ônibus<br />

expresso? Preocupado com minha<br />

ignorância, procurei saber o que era<br />

realmente o tal BRS. E, perplexo, descobri<br />

que era a sigla para Bus Rapid Syst<strong>em</strong>.<br />

Ou seja, <strong>um</strong> sist<strong>em</strong>a para os ônibus<br />

transitar<strong>em</strong> mais rápido <strong>em</strong> corredores<br />

exclusivos. Simples, não? Na<strong>da</strong>. Ain<strong>da</strong> mais<br />

perplexo fiquei ao saber a explicação para<br />

nome na língua pátria de Charles Chaplin,<br />

Jerry Lewis e os irmãos Marx, além dos<br />

Simpsons. Ora, explicou <strong>um</strong> burocrata <strong>da</strong><br />

prefeitura, com certa soberba:<br />

- O Rio de Janeiro recebe muitos<br />

estrangeiros. É para facilitar o acesso deles<br />

ao transporte público. Cravou o nobre<br />

barnabé.<br />

Depois <strong>da</strong> esclarecedora e definitiva<br />

explicação, comecei a preparar <strong>um</strong>a<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 32<br />

What kind de<br />

porra is that?*<br />

manifestação exigindo isonomia para<br />

quando viajar para fora do País. Afinal,<br />

apenas para informar, nós lideramos o<br />

ranking (ops!) dos que mais gastaram <strong>em</strong><br />

Nova Iorque <strong>em</strong> 2012. Mais que ingleses<br />

e canadenses, que foram maioria <strong>em</strong><br />

número de visitantes estrangeiros naquela<br />

ci<strong>da</strong>de. Aproxima<strong>da</strong>mente 830 mil turistas<br />

brasileiros gastaram US$ 1,9 bilhão durante<br />

o ano que passou. É bastante dinheiro para<br />

exigir, e não pedir, que o transporte público<br />

nos Estados Unidos (Miami não vale) seja<br />

anunciado <strong>em</strong> português. Pois pau que dá<br />

<strong>em</strong> Chico dá também <strong>em</strong> Francisco. É falta<br />

de respeito esse tratamento desigual.<br />

É aí que eu queria chegar: a falta de<br />

respeito com a língua portuguesa. Não<br />

cabe aqui elogiar simplesmente o idioma<br />

her<strong>da</strong>do, como faz<strong>em</strong> os poetas e literatos.<br />

Receb<strong>em</strong>os, como poucos países, <strong>um</strong>a<br />

herança tão Benéfica como o português.<br />

Uma língua fala<strong>da</strong> de ponta a ponta <strong>em</strong><br />

todo o território. Países com a nossa<br />

extensão, e até menores, cost<strong>um</strong>am ter<br />

Luis Jorge Natal*<br />

É potiguar, botafoguense, jornalista e atualmente<br />

trabalha com marketing político<br />

mais de <strong>um</strong> idioma, além de dialetos. Aqui<br />

t<strong>em</strong>os apenas expressões regionais e todos<br />

se entend<strong>em</strong>. Qualquer brasileiro pode<br />

sentar n<strong>um</strong> restaurante <strong>em</strong> Porto Alegre ou<br />

Macapá e vai entender o cardápio. A língua<br />

foi fun<strong>da</strong>mental para a identi<strong>da</strong>de nacional<br />

e cultural. Foi com o português que a nossa<br />

música ganhou prestígio internacional.<br />

Não merece ser tão esculhambado.<br />

Hoje não entregamos mais <strong>em</strong><br />

domicílio, é delivery. Não existe mais na<strong>da</strong><br />

dietético, é diet. E por aí vai. Os nomes<br />

dos conjuntos comerciais são ridículos.<br />

Os lançamentos imobiliários não ficam<br />

atrás. Se tudo isso nos transformasse<br />

n<strong>um</strong> país bilíngue, vá lá. Mas faz apenas<br />

deformar. T<strong>em</strong>os que garantir é educação<br />

de quali<strong>da</strong>de para os nossos filhos, pois,<br />

como provam as avaliações do Ministério<br />

<strong>da</strong> Educação, nossas crianças ca<strong>da</strong> vez<br />

sab<strong>em</strong> menos português e mat<strong>em</strong>ática.<br />

Não concordo com leis ridículas que<br />

tentam proibir os anglicismos, o Estado<br />

mal consegue garantir educação decente<br />

para a <strong>juventude</strong>, quanto mais fiscalizar o<br />

uso do nosso idioma. O que peço apenas é<br />

<strong>um</strong> pouco de bom senso.<br />

Na<strong>da</strong> tenho contra a língua inglesa,<br />

n<strong>em</strong> qualquer outro idioma. Cresci<br />

escutando rock e vendo filme americano.<br />

Estudo inglês desde criança, comecei ain<strong>da</strong><br />

no extinto Instituto Brasil Estados Unidos,<br />

<strong>em</strong> Natal. E voltei a estu<strong>da</strong>r no ano passado.<br />

Milha filha fala e escreve essa língua com<br />

fluência e está passando <strong>um</strong> período no<br />

Canadá, na parte inglesa. Sei também que<br />

as línguas são vivas, dinâmicas e pod<strong>em</strong><br />

e dev<strong>em</strong> incorporar novas palavras. A<br />

tecnologia avança e traz novas expressões.<br />

E voltando ao português: canja de galinha<br />

não faz mal a ninguém, evitar o que é<br />

ridículo também não.<br />

E s<strong>em</strong> esquecer ou ser injusto, não<br />

poderia deixar de falar dos cerimoniais.<br />

Não é que acabaram com o intervalo<br />

para o café? Agora é coffee break. E <strong>um</strong>a<br />

inauguração rápi<strong>da</strong>, como foi o caso <strong>da</strong><br />

famosa Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Música (ou <strong>da</strong>s artes),<br />

virou soft opening. Agora chega, acabou a<br />

party, pois tenho <strong>um</strong> job para fazer. E ain<strong>da</strong><br />

vou a <strong>um</strong>a loja onde t<strong>em</strong> sale, já que os<br />

preços estão 15% off.


Paulo César Feital<br />

33 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />

Compositor, poeta, produtor e diretor musical<br />

paulo.feital@globo.com Retranca<br />

Trenzinho Brasileiro<br />

Lá v<strong>em</strong> ele...<br />

Já ouço ao longe<br />

Os acordes estridentes<br />

Do seu apito dolente<br />

Nos trilhos do descampado,<br />

Sugando os seios <strong>da</strong> serra<br />

Já surge do vão <strong>da</strong> terra<br />

O tr<strong>em</strong> dos desamparados.<br />

Lá v<strong>em</strong> ele...<br />

Carregado de tristezas,<br />

Cheinho de desespero,<br />

Se aproxima <strong>da</strong> estação,<br />

Da vila <strong>da</strong> opressão,<br />

Meu trenzinho brasileiro.<br />

V<strong>em</strong> parando,<br />

Lamentando,<br />

Grita, chora, chora e grita<br />

Chora e grita, grita, chora, chora,<br />

chor... cho...ch...ch...<br />

Na estação não t<strong>em</strong> ninguém,<br />

Ninguém espera qu<strong>em</strong> v<strong>em</strong>,<br />

Qu<strong>em</strong> v<strong>em</strong> não t<strong>em</strong> mais ninguém,<br />

N<strong>em</strong> pai, n<strong>em</strong> mãe, n<strong>em</strong> parente.<br />

E o viajante pressente<br />

Que o Brasil, infelizmente,<br />

É o exílio do passado<br />

Onde qu<strong>em</strong> faz a história<br />

Não merece estar presente.<br />

São três vagões que formam a composição.<br />

Na frente, <strong>em</strong> letras borra<strong>da</strong>s pelo sangue<br />

<strong>da</strong>s canções,<br />

Se lê no primeiro carro,<br />

Todo sujo pelo barro:<br />

“Vagão <strong>da</strong>s Desilusões”.<br />

Nele viajam calados,<br />

Com os olhos injetados<br />

Do choro <strong>da</strong> solidão:<br />

Pixinguinha, Orestes, Noel,<br />

Patápio, Custódio e Nazareth,<br />

Francisco, Orlando e Ary,<br />

Lamartine e Ataulpho,<br />

Wilson, Geraldo e Ismael,<br />

Antonio Maria e Dolores,<br />

Ciro, Zéquinha e Dalva,<br />

Lupicinio, Nelson, Cartola,<br />

Zé ketti e Mauro Duarte,<br />

Monsueto,Wilson e Candeia,<br />

João Nogueira e Jamelão,<br />

Rafael e Paulo Moura...<br />

E senta<strong>da</strong> lá no fim,<br />

N<strong>um</strong> velho banco de couro,<br />

Chiquinha com a rosa morta<br />

Do cordão “Rosa de Ouro”<br />

E o tr<strong>em</strong> range sofrimento,<br />

N<strong>um</strong> soluço lento, lento,<br />

Destilando na f<strong>um</strong>aça<br />

A m<strong>em</strong>ória de <strong>um</strong>a raça<br />

No vagão do esquecimento.<br />

Que povo é esse, meu Deus,<br />

Que detesta ser chamado<br />

De colônia e filial,<br />

Mas que brinca o carnaval<br />

Balançado pelo rock,<br />

E nas horas de aflição<br />

Já te chama na oração<br />

De “my brother,de “my God”?<br />

Que povo é esse,meu Deus?<br />

O segundo carro é o mais deprimente.<br />

Gente que até muito pouco t<strong>em</strong>po<br />

Fazia parte desse mundo muito louco,<br />

Dando <strong>um</strong> pouco de alento<br />

A índios, negros, caboclos,<br />

Que no planeta <strong>da</strong> gente<br />

São chamados de pingentes<br />

Quando pegam o tr<strong>em</strong> dos vivos.<br />

Qu<strong>em</strong> an<strong>da</strong> nesse vagão<br />

Tocou fundo o coração<br />

De todos que aqui estão.<br />

Mas apesar do pouco t<strong>em</strong>po,<br />

Entre o desencarne e a vi<strong>da</strong>,<br />

Já são vozes esqueci<strong>da</strong>s<br />

Pela m<strong>em</strong>ória <strong>da</strong> gente.<br />

É o “Vagão dos Penitentes”!!!<br />

Um poeta e duas vozes<br />

Que resistiram aos algozes<br />

Enquanto a vi<strong>da</strong> pulsou.<br />

Quando vivos,<br />

Mon<strong>um</strong>entos <strong>da</strong> Cultura Nacional!<br />

Enquanto serviram ao corvo,<br />

Aos interesses dos lobos,<br />

Era do povo aviva<strong>da</strong><br />

A m<strong>em</strong>ória escraviza<strong>da</strong><br />

Pelo sist<strong>em</strong>a imoral.<br />

Mas eles eram a resistência!<br />

Hoje pagam a penitência<br />

Do esquecimento total<br />

No vagão mais infeliz:<br />

Vinícius,Clara e Elis!<br />

Chora , grita , grita, chora,<br />

Grita, chora, chora, grita,<br />

chor...cho...ch..ch...<br />

Que povo é esse , meu Deus,<br />

Que detesta ser chamado<br />

De colônia e filial<br />

Mas que brinca o carnaval<br />

Balançado pelo rock<br />

E nas horas de aflição<br />

Já te chama na oração<br />

De “my brother”,de “my God”?<br />

Que povo é esse , meu Deus?<br />

Mas qu<strong>em</strong> esquece não é o povo,é a”nata”.<br />

Gente que nunca viu a beleza <strong>da</strong>s cascatas,<br />

A jaçanã pelo mangue,<br />

O tiê n<strong>um</strong> vôo-sangue<br />

Avermelhando essas matas,<br />

Ou <strong>um</strong> mulato no sapê<br />

Cantando as suas bravatas.<br />

No último vagão ouv<strong>em</strong>-se gritos.<br />

É o “Carro dos Alaridos”,<br />

O “Vagão dos Oprimidos”.<br />

Parece sardinha <strong>em</strong> lata,<br />

É gente feito sucata,<br />

Mortos-vivos e feridos.<br />

É o “Carro dos Aguerridos”!<br />

É tanta gente morena,<br />

Um cheiro de alfaz<strong>em</strong>a<br />

Misturado com suor,<br />

Fragrância que eu sei de cor<br />

Pelo vício dos sentidos.<br />

É o “Carro dos Abandonados”,<br />

Dos párias, dos maus fa<strong>da</strong>dos,<br />

Da miséria e cari<strong>da</strong>de.<br />

É o “Vagão <strong>da</strong> H<strong>um</strong>ani<strong>da</strong>de”!<br />

É gente que por mais que eles tent<strong>em</strong>,<br />

A ternura jamais arrefece!<br />

É o povo, gente. É o povo,<br />

E o povo jamais esquece!<br />

Chora,grita , grita , chora<br />

Grita , chora,<br />

Se levanta e chor...cho.. ch...<br />

E lá no final dos trilhos,<br />

Correndo atrás do vagão,<br />

Chegando assim tão sozinhos,<br />

Gritando: -“Esper<strong>em</strong>, tinha <strong>um</strong>a pedra no<br />

caminho<br />

No caminho tinha <strong>um</strong>a pedra”,<br />

Em alta voz e bom som,<br />

Os últimos dos esquecidos:<br />

Antonio Carlos Jobim,<br />

Poeta Carlos Dr<strong>um</strong>ond.<br />

Chora ,grita ,grita ,chora,<br />

Chor... Ch..Ch...<br />

Vai maestro, leva o povo<br />

Maquinista Villa Lobos,<br />

Vai e não volta mais,<br />

Leva esse negro pé-de-cana,<br />

Esse mulato tão louco,<br />

Esse povo meio gira,<br />

Vai cantando as Bachianas...<br />

Vai cantando as Bachianas...<br />

Meu trenzinho caipira!!


Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 34 Autor<br />

Retranca Reveillon no Piantella<br />

A confraternização dos Baracat<br />

Frederico Guilherme se confraternizando com seus familiares<br />

Lúcio Neves e Carlos Odorico com seus familiares e amigos<br />

Sandra e Olivier Matos<br />

Oswaldo Rocha<br />

Jornalista Jornalsta<br />

E-mail mundovip@terra.com.b<br />

Maurício L<strong>em</strong>os e familiares<br />

Ana Carolina e Leandro Szervinsk com o filho Hugo<br />

As glamourosas primas Lucila, Juliana e Alessandra<br />

Borges<br />

O pianista Mário Pinheiro (que com seus acordes<br />

abrilhantou a vira<strong>da</strong> do ano) com seu filho, Mário<br />

Filho, sua nora Laura e sua neta Luísa<br />

Teresa e Paulo Peres Isabela e Rodrigo Peres com Shelbi e Leonardo Sal<strong>em</strong>i<br />

Dalila e Luiz Quintanilha<br />

Fotos: Oswaldo Rocha


Reveillon no Copacabana Palace<br />

Cristine e Eduardo Paes Claudia Fialho e Guilherme Sampaio Ferraz<br />

Gerard Waldner e Sílvia Amélia<br />

Ferraz<br />

Andréa Natal e Yasmin Brunet<br />

Totia Meirelles - Jaime Rabacov<br />

35 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />

Maria Pia Marcondes Ferraz com as filhas Allegra e<br />

Sílvia Amélia<br />

Nathália Rodrigues, Vanessa Giácomo e<br />

Emanuelle Araújo<br />

Nívea Stelmann Karen Brustolin e Alexandre Nero<br />

Fotos: Paulo Jabur<br />

Marcos Caruso e passistas Fernan<strong>da</strong> Machado Olívia e Flávia Alessandra com Mariana Rios<br />

"ABRE TEUS BRAçOS à MUDANçA, MAS NÃO ABANDONES OS TEUS VALORES"


Terapia<br />

Inocência<br />

RJ Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 36<br />

Rosângela Alvarenga<br />

há pouco t<strong>em</strong>po me encontrei no facebook<br />

com <strong>um</strong>a jóia de valor incalculável para mim.<br />

Uma rara entrevista com Freud, concedi<strong>da</strong> ao<br />

jornalista americano George Sylvester Viereck,<br />

<strong>em</strong> 1926. Sigmund tinha 70 anos e usava <strong>um</strong>a<br />

prótese no maxilar superior que necessitou ser<br />

operado por causa <strong>um</strong> t<strong>um</strong>or maligno.<br />

Entrevistando <strong>um</strong> hom<strong>em</strong> nessas condições, ou<br />

seja, já visl<strong>um</strong>brando a barca de Caronte, perguntou<br />

se Freud acreditava na persistência <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de<br />

após a morte, de alg<strong>um</strong>a forma que fosse. Ao que este<br />

respondeu: “Não penso nisso. Tudo o que vive perece.<br />

Por que deveria o hom<strong>em</strong> constituir <strong>um</strong>a exceção?”<br />

Seguindo com a entrevista:<br />

No começo, a psicanálise supôs que o Amor tinha<br />

to<strong>da</strong> a importância. Agora sab<strong>em</strong>os que a Morte é<br />

igualmente importante. Biologicamente, todo ser<br />

vivo, não importa quão intensamente a vi<strong>da</strong> queime<br />

dentro dele, anseia pelo Nirvana, pela cessação <strong>da</strong><br />

“febre chama<strong>da</strong> viver”, anseia pelo seio de Abraão. O<br />

desejo pode ser encoberto por digressões.<br />

Brinca: seria mais possível que pudéss<strong>em</strong>os<br />

vencer a Morte se não fosse por este desejo de parar<br />

de viver, aliado <strong>da</strong> Magra, dentro de nós.<br />

Estou pegando pesado, eu sei, mas já vou aliviar.<br />

Minha intenção não é falar sobre Morte, mas sobre<br />

os efeitos malignos <strong>da</strong> ignorância. É que por outra<br />

mídia encontrei e encarei a leitura do lançamento<br />

de <strong>um</strong> livro de <strong>um</strong> psicólogo americano chamado<br />

Michael Shermer: “Cérebro & crença” <strong>da</strong> (Editora<br />

JSN). Um debate sobre razão e religião.<br />

É claro que o cientista e defensor radical do<br />

pensamento científico, estu<strong>da</strong> há três déca<strong>da</strong>s os<br />

mecanismos neurológicos que faz<strong>em</strong> as pessoas<br />

acreditar<strong>em</strong> <strong>em</strong> coisas tão diferentes quanto Deus,<br />

milagres, fenômenos paranormais, ETs, astrologia,<br />

d<strong>em</strong>ônios ou anjos. A explicação é única: as crenças<br />

são adquiri<strong>da</strong>s desde muito cedo, e o cérebro aprende<br />

a usar suas capaci<strong>da</strong>des racionais para justificar tudo<br />

<strong>em</strong> que se crê.<br />

Ora, qualquer neurótico que se preze faz isso o<br />

t<strong>em</strong>po todo. Quer levantar cedo, mas... Ah! Hoje posso<br />

chegar mais tarde no trabalho. Quer <strong>em</strong>agrecer s<strong>em</strong><br />

parar de comer, ganhar dinheiro s<strong>em</strong> trabalhar, é só<br />

essa vez, juro, etc., tudo isso apoiado por justificativas<br />

e explicações aparent<strong>em</strong>ente superplausíveis e só o<br />

automentiroso sabe o quanto custa elaborá-las! E por<br />

que o coitado/ ou delinquente faz isso?<br />

Porque não é mais inocente. Tendo tomado, a<br />

contra gosto porque v<strong>em</strong> junto com responsabili<strong>da</strong>de,<br />

a consciência de <strong>um</strong> bocado de comportamentos<br />

seus que obviamente o levaram para o brejo, porém<br />

Astróloga e Psicanalista<br />

rosangela.alvarenga@globo.com<br />

ele queria muito ir lá, mentiu para si mesmo o<br />

famoso: “desta vez vai ser diferente!”<br />

Na aurora do século 20, Sigmund Freud já tinha<br />

estu<strong>da</strong>do tudo isso: o inconsciente e suas mil e <strong>um</strong>a<br />

manhas para convencer o sujeito e não mais indivíduo:<br />

ele está sujeito à Lei, mas é divisível e completamente<br />

automanipulável até cansar de quebrar a cara, e<br />

resolver ir aceitando, aos trancos e barrancos que não<br />

pode fazer tudo o que o seu desejo, seja de vi<strong>da</strong> ou de<br />

morte man<strong>da</strong>.<br />

Quando o entrevistador pergunta para ele se<br />

<strong>um</strong>a <strong>da</strong>s conclusões de “Cérebro & crença” é que o<br />

cérebro mente para as pessoas? Ele diz que sim!<br />

“Nosso cérebro age como <strong>um</strong> advogado n<strong>um</strong><br />

julgamento: montando evidências a favor de seu<br />

cliente, que nesse caso são nossas crenças, e<br />

ignorando ou recusando to<strong>da</strong>s as provas que não se<br />

encaixam ou derrubam essas crenças”.<br />

Justamente! Desde o hom<strong>em</strong> primitivo – ele<br />

mesmo nos conta como já fazia suas manipulações e<br />

se enganava a rodo.<br />

Só resta colocar o cientista n<strong>um</strong>a máquina do<br />

t<strong>em</strong>po feita nos moldes <strong>da</strong> mais moderna tecnologia<br />

e apresentá-lo ao mesmo velhinho doente que<br />

concedeu a entrevista cita<strong>da</strong> lá ano começo!


ENTREVISTA<br />

Você é maranhense e muita liga<strong>da</strong><br />

à sua terra e a sua gente. De onde v<strong>em</strong><br />

a sua paixão pela Mangueira?<br />

Desde a <strong>juventude</strong>, no Maranhão,<br />

a Mangueira já me chamava a atenção.<br />

Quando vim para o Rio e conheci a Estação<br />

Primeira, virou paixão pra to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>. A<br />

Estação Primeira de Mangueira, como diz<br />

o poeta, não cabe explicação mesmo.<br />

Além do samba e <strong>da</strong>s amizades<br />

construí<strong>da</strong>s ao longo dos anos, sua<br />

dedicação à Mangueira vai <strong>um</strong> pouco<br />

mais além. Como é essa relação com a<br />

comuni<strong>da</strong>de, com os <strong>projeto</strong>s sociais<br />

<strong>da</strong> Escola?<br />

Muitos viraram amigos mesmo, quase<br />

<strong>da</strong> família. A Nilc<strong>em</strong>ar, neta do Cartola,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, t<strong>em</strong> <strong>um</strong> <strong>projeto</strong> comunitário<br />

maravilhoso, o Centro Cultural Cartola, e<br />

Marcus Hermes<br />

ficou amiga de to<strong>da</strong> a minha família. Já fiz<br />

parte <strong>da</strong> criação de alguns <strong>projeto</strong>s, como<br />

a fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Mangueira do Amanhã.<br />

E s<strong>em</strong>pre estou disposta a auxiliar a<br />

Mangueira. Quando posso... Mas, pelos<br />

inúmeros compromissos profissionais que<br />

tenho, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre posso acompanhar o<br />

dia a dia <strong>da</strong> Escola.<br />

Você s<strong>em</strong>pre conta <strong>em</strong> seus shows<br />

que o Rio de Janeiro te acolheu com<br />

carinho. Foi s<strong>em</strong>pre assim? Como é<br />

hoje a sua relação com a ci<strong>da</strong>de e com<br />

os cariocas? Você sai, vai ao shopping,<br />

à praia, namora, participa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de?<br />

O Rio de Janeiro é a “minha segun<strong>da</strong><br />

casa”. Aquela que me acolheu e me<br />

<strong>projeto</strong>u. Devo muito a esta Ci<strong>da</strong>de, e<br />

agradeço aos cariocas pela acolhi<strong>da</strong> que me<br />

concederam. Quanto a sair, ir às compras,<br />

frequentar esse ou aquele lugar, fica meio<br />

difícil pra mim. Ultimamente, tenho<br />

viajado pelo Brasil inteirinho para divulgar<br />

o meu novo trabalho fonográfico intitulado<br />

“Duas Faces”. É <strong>um</strong> <strong>projeto</strong> com<strong>em</strong>orativo,<br />

pelos meus quarenta anos de carreira, e<br />

tenho batido <strong>um</strong>a perna por aí... Mas não<br />

me escondo não, não sou nenh<strong>um</strong>a Greta<br />

37 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />

Alcione, charme e simpatia<br />

Relação de amor com a Estação Primeira<br />

Maranhense de nascença e alma, e<br />

carioca de coração, Alcione, entre <strong>um</strong><br />

show, <strong>um</strong>a gravação e <strong>um</strong>a reunião<br />

familiar, bate <strong>um</strong> papo com a REVISTA<br />

ENTRE LAGOS e fala <strong>da</strong> sua relação<br />

com o Rio de Janeiro, com a Estação<br />

Primeira de Mangueira e, ain<strong>da</strong>,<br />

conta <strong>um</strong> pouco do seu trabalho atual.<br />

Senhoras e senhores, com vocês, a<br />

Marrom!!!<br />

Fotos: Raphael Dias<br />

Garbo. Quando posso, vou aos lugares,<br />

transito por aí mesmo....<br />

O que você espera para o Rio de<br />

Janeiro?<br />

Que encontre a necessária PAZ para<br />

poder se desenvolver condignamente!<br />

O Rio, que vai receber tantos eventos<br />

internacionais a partir deste ano, precisa<br />

exalar tranquili<strong>da</strong>de para recepcionar os<br />

visitantes - do exterior e <strong>da</strong>qui.<br />

V<strong>em</strong> novi<strong>da</strong>des por aí? O que seu<br />

público pode esperar para 2013?<br />

Ah, felizmente, novi<strong>da</strong>des não<br />

faltam nunca...Além de continuar a<br />

turnê do <strong>projeto</strong> Duas Faces, vou gravar,<br />

depois do Carnaval, <strong>um</strong> novo álb<strong>um</strong>.Pra<br />

isso, já estou mergulhando n<strong>um</strong> mundo<br />

de canções que recebo, todos os anos.<br />

É t<strong>em</strong> muita coisa boa, canções lin<strong>da</strong>s<br />

...Um trabalho difícil, quase de garimpo,<br />

mesmo... Mas vale a pena, é muito<br />

gratificante. Me aguarde.


Entrevista<br />

RJ<br />

EL - O seu partido, o PV, parece ganhar<br />

espaço a ca<strong>da</strong> ano no mundo político.<br />

Qual a sua expectativa para os próximos<br />

anos, e, é claro para 2014?<br />

FG - É ain<strong>da</strong> <strong>um</strong> pouco cedo para falar<br />

<strong>da</strong>s expectativas <strong>em</strong> 2014. Viver<strong>em</strong>os<br />

ain<strong>da</strong> todo o ano de 2013 e no<br />

final dele, virão as definições. Viv<strong>em</strong>os<br />

<strong>um</strong> 2012 economicamente probl<strong>em</strong>ático,<br />

com baixo crescimento.<br />

O PV deve apresentar <strong>um</strong>a perspec-<br />

Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 38<br />

Gabeira vê Marina Silva<br />

com chances <strong>em</strong> 2014<br />

O escritor, jornalista e político, Fernando Gabeira, mineiro de Juiz<br />

de Fora, 72 anos e <strong>um</strong> dos maiores líderes do Partido Verde, vê com otimismo<br />

e entusiasmo o momento político que atravessa. E experiência e<br />

sabedoria para avaliar esse momento político ele t<strong>em</strong> de sobra, e tudo que<br />

faz e projeta t<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre o aval e respaldo de seus seguidores. Gabeira t<strong>em</strong><br />

história, e <strong>da</strong>s mais ricas. De 1964 a 1968 ele brilhou como jornalista no<br />

antigo Jornal do Brasil, talvez o mais importante jornal do País na época.<br />

Em 60 Gabeira ingressou pra valer na política, e liderou luta arma<strong>da</strong> contra<br />

a ditadura. Foi preso e exilado político. Na literatura apareceu com sucesso<br />

com o livro “O que é isso com panheiro”, que mais tarde virou filme. Fez<br />

também “O crepúsculo do macho”, outro sucesso. De 1998 a 2010, como<br />

Deputado Federal defendeu o Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados.<br />

Em 2008 tentou ser prefeito do Rio, mas foi derrotado e <strong>em</strong> 2010, como<br />

candi<strong>da</strong>to a Governador de seu Estado ficou <strong>em</strong> segundo lugar n<strong>um</strong>a eleição<br />

concorri<strong>da</strong>. Na conversa com o editor de Entre Lagos e a repórter<br />

Daisy Nascimento, Gabeira se diz tranquilo quanto ao seu futuro político<br />

e elogiou a gestão de Eduardo Paz a frente <strong>da</strong> prefeitura do Rio. Segundo<br />

ele, Marina Silva teve <strong>um</strong> bom des<strong>em</strong>penho na última campanha eleitoral<br />

e t<strong>em</strong> chances de vencer <strong>em</strong> 2014.<br />

tiva depois de discutir o quadro<br />

nacional no final do ano.<br />

EL - To<strong>da</strong>s as pesquisas junto a<br />

opinião pública nos últimos t<strong>em</strong>pos<br />

apontam a classe politica <strong>em</strong> baixa<br />

credibili<strong>da</strong>de. O que o senhor acha<br />

disso ?<br />

FG - O descrédito nos políticos é perfeitamente<br />

compreensivel. Os escân<strong>da</strong>los<br />

sucessivos, a resposta corporativa<br />

que o Congresso t<strong>em</strong> diante deles,<br />

tudo isso contribui para o afastamento<br />

<strong>da</strong> população e para a crença<br />

de que os políticos quer<strong>em</strong> apenas<br />

enriquecer.<br />

EL - Qual a sua opinião sobre a política am-<br />

bientalista do governo Dilma? Mudou<br />

alg<strong>um</strong>a coisa <strong>em</strong> relação ao governo<br />

Lula ?<br />

FG - A política ambiental que o Brasil de-<br />

fende nas conferências internacionais<br />

é ca<strong>da</strong> vez mais avança<strong>da</strong>. Internamente,<br />

no entanto, os progressos<br />

são pequenos. A política de estímulo<br />

à indústria de automóveis e a ven<strong>da</strong><br />

de carrros <strong>em</strong> longas prestações é insustentável<br />

diante do quadro caótico<br />

do trânsito nas principais ci<strong>da</strong>des<br />

brasileiras.<br />

EL - O que o senhor achou <strong>da</strong> atitude do De-<br />

putado José Genoino, condenado pelo<br />

Supr<strong>em</strong>o, tomar posse na Camara ?


FG - Não creio que José Genoino tenha<br />

condições políticas ou psicológicas<br />

para exercer b<strong>em</strong> o seu man<strong>da</strong>to nos<br />

meses que anteced<strong>em</strong> à decisão dos<br />

recursos no Supr<strong>em</strong>o. Seu man<strong>da</strong>to,<br />

como qualquer outro, consome R$136<br />

mil por mês. Seria muito mais correto<br />

com a população não ass<strong>um</strong>ir.<br />

EL - Aspásia Camargo fez <strong>um</strong>a boa campanha<br />

para a prefeitura do Rio, t<strong>em</strong> a<br />

simpatia popular e <strong>um</strong>a reconheci<strong>da</strong> ficha<br />

limpa. Por que ela teve votação tão<br />

baixa ?<br />

FG - As eleções no Rio ficaram polariza<strong>da</strong>s<br />

entre o grande favorito, Eduardo<br />

Paes, e Marcelo Freixo, do PSOL. Os<br />

votos de oposiçao acabaram se concentrando<br />

no candi<strong>da</strong>to do PSOL<br />

e Aspásia não conseguiu, no curto<br />

t<strong>em</strong>po que tinha e poucos recursos,<br />

alterar essa polarização.<br />

EL - O Rio elegeu Eduardo Paes com <strong>um</strong> caminhão<br />

de votos. Qual a sua avaliação<br />

política do prefeito do Rio?<br />

FG - Eduardo Paes é o prefeito<br />

que conduzirá o Rio nos<br />

grandes eventos, inclusive<br />

as Olimpía<strong>da</strong>s.A população<br />

optou por <strong>um</strong>a continui<strong>da</strong>de e<br />

ele passa agora pela prova do<br />

segundo man<strong>da</strong>to. Creio que<br />

contribuiu para sua gestão o<br />

apoio decidido do governo<br />

federal e estadual.<br />

EL - O senhor desfruta de <strong>um</strong>a grande simpatia<br />

popular, inclusive de eleitores de<br />

outros partidos. Essa credencial anima<br />

o senhor para <strong>um</strong>a futura candi<strong>da</strong>tura?<br />

FG - Voltei ao jornalismo e a profissão<br />

d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de,<br />

sobretudo n<strong>um</strong> momento<br />

de grandes transformações,<br />

provoca<strong>da</strong>s pela revolução<br />

digital. Como disse no livro<br />

que acabo de lançar, Onde Está<br />

Tudo Aquilo Agora, a reali<strong>da</strong>de<br />

mu<strong>da</strong> muito e o r<strong>um</strong>o do país<br />

vai definir para mim o que fazer<br />

no futuro.<br />

39 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 RJ<br />

EL - Além dos aeroportos, transporte, segurança<br />

e rede hoteleira quais os itens<br />

que dev<strong>em</strong> merecer maior atenção no<br />

Rio com relação a Copa de 2014 ?<br />

FG - O grande probl<strong>em</strong>a é tornar todo o<br />

investimento na Copa de Olímpia<strong>da</strong>s<br />

<strong>em</strong> algo que fique para a ci<strong>da</strong>de,<br />

depois dos eventos. É o chamado legado.<br />

N<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre o que é bom para<br />

os jogos é o melhor para a ci<strong>da</strong>de. No<br />

entanto, o governo precisa aproveitar<br />

o vol<strong>um</strong>e de recursos que que os<br />

eventos alavancam para construir<br />

algo duradouro para o futuro do Rio,<br />

como fez Barcelona por ex<strong>em</strong>plo.<br />

EL - As UPPs parece que de fato levam a digni<strong>da</strong>de<br />

e a segurança as favelas. Na sua<br />

opinião o que falta para que o Rio resolva<br />

de vez os probl<strong>em</strong>as socias <strong>da</strong> periferia ?<br />

FG - As UPPs foram <strong>um</strong> êxito nas comuni<strong>da</strong>des<br />

qu<strong>em</strong> o governo as implantou.<br />

No entanto, O Rio t<strong>em</strong> mais de<br />

mil comuni<strong>da</strong>des e o cobertor é curto.<br />

A violência tende a se transferir<br />

para zonas <strong>da</strong> periferia e ci<strong>da</strong>des médias<br />

do EstadO.<br />

EL - Objetivamente, qual o fato realmente<br />

positivo que aconteceu na RIO+20?


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