ViraVida, um projeto em defesa da juventude

RJ
Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012 30
Cantando coisas de amor
Meados dos anos 60, ditadura militar,
bossa nova, Leila Diniz, cinema
novo. Pasquim, Albino Pinheiro, Rio de
Janeiro, Ipanema, banda...Fatos, personagens
e movimentos que se confundem
e se misturam na vida de tantos
brasileiros, e, principalmente, na história
dos cariocas. hoje é dia de falar
de carnaval, da mais legítima, popular
e irônica representação da festa de
Momo carioca. Vamos falar da Banda
de Ipanema que mantendo a tradição,
a cada ano arrasta centenas de foliões
pelas ruas do bairro onde foi criada.
Mãe de todas as bandas carnavalescas
do país, a Banda de Ipanema foi inspirada
em uma pequena e divertida versão mineira,
chamada Banda da Mula Manca, onde
seus seguidores usavam ternos, fingiam
tocar instrumentos estragados e saiam pelas
ruas da pequena cidade de Ubá, MG, no
sábado de carnaval. Perto de completar 50
anos, nossa banda carioca carrega ainda
hoje, e cada vez mais, a mesma irreverência
que a caracterizou, trazendo para as ruas e
avenidas assuntos polêmicos, fatos políticos
e sátiras sociais.
Brilho, música, alegria e muita irreve-
Cecilia Brant
Jornalista
cecilia.brant@gmail.com
Estava a toa na vida...
rência fazem da Banda de Ipanema ainda
hoje, um dos principais atrativos do carnaval
carioca. Ao longo dos últimos 48 anos
a agremiação de Ipanema lançou nomes,
defendeu causas e falou sério de assuntos
que marcaram a vida dos brasileiros. Criada
para ser mais uma folia de carnaval, a Banda
se tornou um importante instrumento
de denúncia.
Em 2003, a Prefeitura do Rio de Janeiro
decidiu tombar a Banda de Ipanema,
imortalizando o que já era imortal e a tornando
o primeiro bem imaterial a ser tombado
na cidade. A partir daquela data a Banda
de Ipanema tem o compromisso de sair
pelas ruas todos os anos, levada pelos seus
organizadores ou mesmo pela prefeitura da
cidade. Seus milhares de foliões agradecem.
A cada ano a Banda de Ipanema elege
um personagem ilustre para patrono. Em
2010 foi a vez de Oscar Niemeyer, um de
seus mais ferrenhos admiradores. Durante
seu funeral, Niemeyer recebeu, como derradeira
homenagem, o som dos ritmistas
da banda. A camiseta de 2013 mostra dois
desenhos do arquiteto: uma bandinha e a
mão com uma flor. Os atabaques e folhas de
bananeiras são uma referência ao Jongo da
Serrinha, também lembrado este ano.
Também em 2013 a agremiação comemora
os centenários de nascimento de
Vinícius de Moraes, Jamelão, Paulo Tapajós,
Wilson Batista, Ciro Monteiro e Rubem
Braga. Neste Carnaval, a Banda de Ipanema
promete abrir o desfile com um poster de
Niemeyer junto ao de Albino Pinheiro, seu
fundador.
PROGRAMAçÃO
O bloco fará três grandes desfiles:
em 26 de janeiro, 9 e 12 de
fevereiro, com concentração às
16h, na Rua Gomes Carneiro, em
Ipanema, e a saída prevista para
as 17h30m. No dia 11 de fevereiro,
haverá um baile infantil, às 15h,
na Praça General Osório.