ViraVida, um projeto em defesa da juventude

Mas o primeiro passo, sem dúvida, é a
implantação do programa nas 27 unidades
federativas do nosso país.
Isso não significa dizer que o SESI
vai abandonar essa tecnologia social.
Queremos que ele seja um programa de
Estado, desenvolvido em parceria com o
Sistema S, que os poderes público e privado
andem juntos nessa ação. Nós temos grande
expertise na formação de profissionais e a
capacitação é essencial para que os jovens
mudem suas vidas e possam caminhar com
dignidade, conquistando sua autonomia
por meio do trabalho.
Outro ponto importante é que, no
Sistema S, embora seus dirigentes também
mudem, o que se percebe é que não existe
uma descontinuidade dos programas -
o que frequentemente acontece com a
mudança de governos. O ViraVida precisa
ser uma programa de Estado, deve ser
uma preocupação da sociedade brasileira,
independente de partido político, credo
religioso e etc. São nossos jovens. Nosso
país precisa deles e o Estado tem que
oferecer oportunidades.
Quando o ViraVida se tornar
uma política pública, conseguiremos
aumentar a capacidade de atendimento,
principalmente chegando aos municípios e
não apenas nas capitais, porque o problema
da exploração sexual está entranhado em
todo o Brasil. Os últimos mapeamentos
mostram essa realidade. Há registros de
denúncias de exploração em quase mil
municípios.
Hoje há uma grande rede que lucra
com esse crime. Como combatê-lo?
O tráfico de mulheres e a rede de
exploração sexual são tão rentáveis
quanto, ou mais ainda que o tráfico de
armas e de drogas. E tem uma vantagem:
é menos perigoso. Se uma jovem que for
traficada, e ela for maior de 18 ano, ela tem
o direito de ir e vir, pode ser convencida e
dizer “eu quero. Não estou sendo forçada”.
Então, não é um problema fácil, temos
que continuar insistindo. Normalmente,
esses jovens acabam tendo uma vida curta.
Primeiro vem o abuso, depois as drogas,
abandono da escola, vivência nas ruas e,
muitas vezes, a criminalidade. O destino
final é a morte precoce.
Enquanto nós não tivermos um
país que ofereça boa cultura, educação,
profissionalização e distribuição igualitária
de renda, esse problema continuará
existindo. O que nós podemos fazer para
reduzir os casos é sensibilizar a sociedade,
incentivar as denúncias, conscientizar os
jovens a não se deixarem ser explorados,
25 Revista Entre Lagos • Edição 82 • DEZ-2012
enfim, tem que ser um trabalho forte
e conjunto de todos os setores – poder
público, privado e sociedade civil
organizada.