11.04.2013 Views

a texto: Olsa & ilustrações: Cristina Leôncio, o último rei da selva ...

a texto: Olsa & ilustrações: Cristina Leôncio, o último rei da selva ...

a texto: Olsa & ilustrações: Cristina Leôncio, o último rei da selva ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

tentando ampará-lo. E para seu grande espanto constatou que o chão à sua frente havia ruído em gran-<br />

des buracos, que todos juntos quase pareciam ter engolido to<strong>da</strong> a terra até onde começava um borbu-<br />

lhante mar de águas a escal<strong>da</strong>r. O pior era que as rochas que sustentavam os seus companheiros pare-<br />

ciam querer também cair para aquele imenso vazio. As rachas no solo que os rodeava aumentavam a<br />

ca<strong>da</strong> novo terramoto, que agora se sucediam ca<strong>da</strong> vez mais rápidos e violentos.<br />

Aflita rodopiou no ar atenta na esperança de encontrar algum caminho por onde todos pudes-<br />

sem fugir. Por sorte reparou então naquilo que parecia ser uma caverna, não muito longe <strong>da</strong>li, mas que<br />

por um motivo qualquer aparentava resistir robusta àqueles ferozes abanões.<br />

- Sigam-me! – gritou ela, para os outros em baixos, que aos trambolhões sem pensar duas vezes<br />

logo seguiram o seu apelo. E foi por um triz; mal o <strong>último</strong> animal entrou naquela misteriosa gruta, o<br />

chão lá fora desabou praticamente por inteiro – CATRAPUM – num imenso barulho que imitava o<br />

trovejar.<br />

Estavam todos a salvo, mas encurralados… excepto claro aqueles que podiam voar. Olhavam<br />

uns para os outros assustados e sem saber o que fazer nem sequer como reagir àquele ver<strong>da</strong>deiro<br />

assombro! Até que Avelina, que continuara esvoaçando por ali adentro, deu novamente um grito entu-<br />

siasmado, e todos correram para ela.<br />

Entre a escuridão <strong>da</strong>quele sítio, achara, num recanto que sem explicação cintilava a vermelho,<br />

uma também insólita esca<strong>da</strong>ria de degraus mal esculpidos que descia às curvas até às inimagináveis<br />

profundezas.<br />

Após uns momentos de hesitação, foi <strong>Leôncio</strong>, retomando o seu papel de <strong>rei</strong> embora não isento<br />

de receios (pois é disso que a coragem é feita), quem deu os primeiros passos naquele lancil abaixo, até<br />

porque não sabia doutro caminho para saírem todos <strong>da</strong>li.<br />

Então em fila, visto que o espaço entre as paredes era est<strong>rei</strong>to, obrigando mesmo o velho ele-<br />

fante a encolher a sua barriga, começaram todos a descer… e uma longa desci<strong>da</strong> era aquela, com o ar a<br />

ficar mais abafado a ca<strong>da</strong> degrau passado.<br />

Se não fosse ca<strong>da</strong> um preocupado com os seus próprios pensamentos, teriam reparado nos oca-<br />

sionais rabiscos gravados na rocha e no aumento do cochichar entre os Mensageiros numa língua que<br />

nenhum antes ouvira: aquele extraordinário som que lembrava o som <strong>da</strong> chuva a cair de mansinho era<br />

muito provavelmente a sua fala nativa.<br />

Talvez tenham passado horas, talvez menos ou talvez mais, mas por fim a esca<strong>da</strong>ria desembo-<br />

cou ao fazer uma última esquina num súbito e amplo salão escavado na pedra, e também ele estranha-<br />

mente iluminado em tons de rubi. Ali o chão era liso, tão polido que quase se assemelhava a um espe-<br />

lho gigantesco, porém tão quente que por pouco não escal<strong>da</strong>va quem o pisava.<br />

Ninguém parecia interessado em sequer imaginar os construtores <strong>da</strong>quele lugar fantástico, tal<br />

era o temor que sussurrava nas mentes <strong>da</strong>quele bando (por tal desventura já heróico).<br />

j

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!