a texto: Olsa & ilustrações: Cristina Leôncio, o último rei da selva ...

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Os Mensageiros desprevenidos olharam com surpresa para o rei que nada parecia surpreendido com aquela surpreendente reviravolta. Enquanto isso várias bocarras ameaçavam sair em breve por aquela abertura indo esfomeadas em direcção daquela desprevenida plateia que prometia incauta tor- nar-se na sua mais recente refeição. - O que se passa? O que é que fizeste? – Micael interrogou Leôncio, sem tentar disfarçar a sua acusação nem a sua desilusão. - Eu sou o rei, tenho que velar por toda a selva. – ripostou o leão. – Iblís explicou-me que os tremores só cessarão se conseguir alimentar de vez em quando os seus primos. reprimenda. - Eles são carnívoros! – daquela vez foi Samael quem exclamou escandalizado, em jeito de - Sim, eu sei. – confirmou o monarca. – Mas o que são umas quantas vidas, se isso assegurar o bem de todos os outros? - Enlouqueceste! – protestaram ambos os Mensageiros, enquanto tentavam em vão voar para irem em socorro dos seus restantes companheiros que ali aguardavam confiantes sem noção daquele perigo iminente. Em vão, pois aquele vento mágico que os protegia também lhes toldava as asas e as pernas impedindo-os que se movessem dali. r
De repente (excepto para a serpente), um vulto caído aparentemente do tecto às cambalhotas empunhando uma espada brilhante aterrou às cavalitas do feiticeiro desprevenido, e num só golpe decepando-lhe o topo do bastão que acabou rolando sem cessar pelo soalho até tombar abismo adentro. Desesperado e desequilibrado pelo novo salto do macaco, daquela vez dos seus ombros para o solo, Iblís já sem a protecção da sua muralha mágica correu atrás da relíquia rolante acabando também ele por tropeçar e cair pelo negrume abaixo, num berro aterrado que gelou a alma de quantos o ouviram e jamais o esqueceriam. Enquanto isso tudo acontecia, André ainda conseguiu gritar em plenos pulmões para que os outros animais ajudassem a fechar a porta antes que fosse tarde demais. Sílvia junto aos restantes confirmou-lhes as intenções e a traição do rei, implorando-lhes para o bem de todos que seguissem as instruções do macaco. Muitos sem compreenderem nada do que se passava, ainda hesitaram, pois no final de contas estavam a pedir-lhes que confiassem num bobo em vez dum rei. Essa demora permitiu que uma primeira bocarra esfomeada se atrevesse a escapulir do seu cati- veiro milenar indo veloz em direcção ao primeiro animal com o qual se deparou; que naquele caso por acaso era André, que com uma rápida pirueta saltitona se desviou do perigo no derradeiro momento, indo aquela boca acabar por abocanhar o aterrado leão que dum momento para outro se viu diante de tal terror sem nada poder fazer, tendo já sido abandonado pelos seus conselheiros que haviam regres- sado o mais rápido que puderam para junto dos restantes animais. E foi assim que Leôncio, o último rei da selva, foi devorado dum só trago! Incentivados pelos Mensageiros a ouvirem os avisos da serpente, todos se precipitaram num misto de coragem e receio para a porta de forma a fechá-la recorrendo ao uso da força. Apenas o bobo não o fez dessa vez, encarregado que fora antes por Sílvia com a missão de ficar defronte àquele fosso negro a recitar um feitiço que ela o obrigara a decorar para recambiar os primos de Iblís de regresso às profundezas da sua prisão enquanto tal era finalmente encerrada. Mal ele começou a proferi-las, todos aqueles olhinhos vermelhos cessaram de brilhar ávidos por entre o vazio escuro que era a sua moradia havia anos sem fim, e ouviram-se uivos lancinantes tão desesperados e ruins que fizeram estremecer todas as robustas paredes daquela caverna. Mesmo a bocarra que devorara o rei foi arremessada de regresso e sem apelo à escuridão donde fugira. O macaco exausto só concluiu a sua cantilena quando diante de si restava apenas uma pequena fresta por se fechar. Todavia logo que se calou algo cheio de fúria se revolveu no abismo rosnando e embatendo violento contra o metal amarelo que então se encerrava em definitivo sobre si, e ainda foi a tempo de lançar uma bola de fogo que certeira embateu em André, provocando a sua brutal e letal queda ao chão. Só no fim da tarefa concluída e da tranca a custo pelos Mensageiros devidamente colocada, é que todos se aperceberam do corpo do seu inesperado herói caído e correram todos para ele na espes
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