a texto: Olsa & ilustrações: Cristina Leôncio, o último rei da selva ...

Ficou só ele com os seus dois conselheiros, e André ainda pendurado no loureiro e muito quieti-
nho sem dizer qualquer palavra.
Em baixo, o trio começou a discutir aquela preocupante noticia, e por uma vez os dois Mensa-
geiros concordavam na melhor medida a tomar: era preciso enviar às Caves Fundas quem investigasse
melhor aquele assunto. O problema seria descobrir quem teria tamanha bravura para tal feito!.
- Se o rei for, muita gente irá atrás. – disse subitamente André, enquanto fazia uma pirueta trapa-
lhona da árvore até ao chão, terminando numa respeitosa vénia.
Leôncio a princípio franziu os sobrolhos àquela ideia tão ousada, mas sem ter muito que pensar
logo concluiu que havia sabedoria nas palavras atrevidas do seu bobo, que por sua vez foi logo eleito
pelo leão como o primeiro “voluntário” a seguir o exemplo do rei. André, após aquela sua fala impe-
tuosa, não teve mais coragem para recusar o convite do seu senhor, e de imediato concordou com aqui-
lo… embora não disfarçando algum medo ao alistar-se naquela aventura.
Apenas Samael desaprovou aquela ideia, dizendo que seria muito perigoso para o rei entrar
naquelas terras estranhas e desconhecidas. Mas Leôncio já estava decidido, e nada mais ouviu!
Ao amanhecer do dia seguinte, bandos de catatuas e de cangurus foram enviados por toda a terra
às três das quatro beiras do mar, para espalharem a mensagem do rei; e ao chegarem às praias, o seu
testemunho foi então passado às focas, proclamando o intento de Leôncio e requisitando a companhia
de outros bravos animais que o quisessem acompanhar na sua visita às Caves Fundas para descobrir a
origem dos misteriosos tremores; para mais, quem participasse naquela aventura no regresso seria
promovido a nobre amigo do rei (uma honra tal nunca antes fora dada).
Embora muitos animais desejassem tal promoção, o problema era que nunca nenhum havia
regressado daquele lugar maldito, onde as rochas eram negras e o mar fervia.
Por isso, sete meses depois apenas nove animais além de André e dos dois Mensageiros haviam
comparecido ao convite do rei, e em nenhum desses se contava um peixe ou outro Ser marinho.
Leôncio ficou um pouco desiludido e também algo zangado, mas por fim decidiu que não valeria
de nada esperar mais e resolveu partir na companhia daqueles doze.
O grupo deixou então a árvore real para trás em direcção às Caves Fundas. Embora tivessem
sido poucos a responderem ao convite régio, uma multidão havia-se juntado para assistir à partida
daqueles corajosos heróis, que a maioria duvidava em cochichos baixinhos voltar a ver de novo (inclu-
sive o rei). Ouviram-se «vivas» e benções à medida que eles desfilavam selva a fora no seu porte alti-
vo, de quem sabe que vai fazer algo incrível e inigualável por todos os restantes.
À frente ia Leôncio, ladeado pelos seus dois conselheiros; já André, aproveitando uma oferta
gentil de boleia, ia às cavalitas de Micael; logo atrás do quarteto principal, voava Avelina Truz-Truz (a
única ave do grupo), ao seu lado caminhava pesado o velho e sábio Hélio Fontes; e por respeito ao seu
antigo professor, Sá Vale limitava-se a trotear atrás dele, seguido pelo rastejar de Sílvia Pente; mais
h