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O círculo da paz - AMB

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eceber mensagens pelo telefone em plena madruga<strong>da</strong><br />

O diretor-geral do TJ do Tocantins, Jonas Demóstene Barros, participou do processo.<br />

“Muitas vezes nós simplesmente nos limitávamos a ouvir críticas, e críticas severas”, conta.<br />

“As reclamações mais freqüentes eram a morosi<strong>da</strong>de e a acessibili<strong>da</strong>de à Justiça. Fomos verificar<br />

as causas e vimos que as duas questões estavam relaciona<strong>da</strong>s com falta de estrutura, de<br />

equipamentos de informática e de capacitação dos servidores”, diz.<br />

Cogumelo atômico<br />

Foto: <strong>AMB</strong><br />

No Tocantins, com apenas 15 anos de emancipação, ain<strong>da</strong> há muito por construir. Enquanto<br />

fazia parte do estado de Goiás, a região teve, segundo Villas Boas, no máximo seis juízes.<br />

Logo que o Estado foi criado, havia sete desembargadores e quatro juízes de primeiro grau. Os<br />

primeiros anos de emancipação sugaram os recursos para obras de infra-estrutura, abertura de<br />

estra<strong>da</strong>s e a própria construção <strong>da</strong> capital, Palmas. A Belém-Brasília era a única rodovia asfalta<strong>da</strong><br />

em todo o Estado. Em quinze anos, foram construídos quatro mil quilômetros de asfalto.<br />

“A gente sabia que estava chegando em Palmas por causa <strong>da</strong> grande nuvem de poeira<br />

que havia permanentemente sobre a ci<strong>da</strong>de, como um cogumelo atômico”, conta Villas<br />

Boas. A necessi<strong>da</strong>de de grandes empreendimentos deixou poucos recursos para o Judiciário<br />

e até hoje as deficiências são grandes. “Nem máquina de escrever o Judiciário tinha”, lembra<br />

o Desembargador. É claro que as deficiências detecta<strong>da</strong>s pelo diagnóstico feito pela comissão<br />

não poderiam ser supera<strong>da</strong>s em apenas dois anos e, por isso, o Presidente recomendou a<br />

elaboração de um projeto de plano judiciário para dez anos.<br />

Um dos envolvidos neste trabalho, o desembargador Rafael Barbosa <strong>da</strong> Silva, surpreende-se<br />

com o resultado. “Houve uma participação muito grande dos magistrados. Se não<br />

fosse um processo democrático, não teríamos o sucesso que tivemos”, avalia.<br />

Além de man<strong>da</strong>r representantes para o interior, a fim de ouvir magistrados e a comuni<strong>da</strong>de,<br />

o desembargador encontra tempo para viajar ele próprio às comarcas, numa<br />

espécie de prestação de contas, às vezes com a participação <strong>da</strong> OAB e do Ministério Público.<br />

São oportuni<strong>da</strong>des que ele usa não só para falar do trabalho que vem desenvolvendo, mas<br />

também para mais uma vez discutir as deficiências do sistema e ouvir a comuni<strong>da</strong>de.<br />

Modernização<br />

Além do senso democrático e <strong>da</strong> competência administrativa, Villas Boas também impressiona<br />

pelo esforço de modernização do Judiciário. A Justiça do Tocantins está interliga<strong>da</strong><br />

online por um sistema de intranet. To<strong>da</strong>s as comarcas estão interliga<strong>da</strong>s com o Tribunal de<br />

Justiça, o que permitiu a unificação dos bancos de <strong>da</strong>dos. Hoje, é possível consultar qualquer<br />

processo, em qualquer instância, pela internet, a partir <strong>da</strong> a<strong>da</strong>ptação de um sistema<br />

de acompanhamento processual cedido pelo Tribunal de Justiça do Ceará. “Nesse projeto<br />

também estiveram envolvidos os juízes de primeiro grau, opinando sobre a arquitetura <strong>da</strong><br />

rede e apresentando sugestões para as adequações do sistema”, conta Villas Boas.<br />

“Sempre entendi que é interessante ouvir o que as pessoas têm a dizer. A crítica é<br />

sempre bem-vin<strong>da</strong>, mesmo sendo destrutiva, porque aju<strong>da</strong> a melhorar o trabalho. A falta de<br />

diálogo é responsável por grande parte dos problemas. A instituição <strong>da</strong> democracia é básica<br />

para o perfeito funcionamento do estado, em todos os poderes”, diz.<br />

A página do tribunal na internet foi indica<strong>da</strong> pelo jornal Folha De S. Paulo como o<br />

melhor site institucional <strong>da</strong> região Norte no ano passado. Lá é possível encontrar, além de<br />

notícias, jurisprudência e informações sobre os desembargadores, todos os demonstrativos<br />

fiscais, como balanços financeiros, balanços orçamentários, patrimoniais e outros.<br />

A modernização também passa pela formação e treinamento de magistrados e servidores.<br />

A partir de um convênio com a Universi<strong>da</strong>de do Tocantins, começa agora em agosto<br />

uma série de cursos à distância para qualificação do pessoal do interior. A mesma parceria<br />

permitiu, também, a criação de um curso superior de técnico jurídico, que será oferecido a<br />

todos os servidores do Poder Judiciário que tenham o segundo grau completo. “É preciso<br />

pensar numa administração duradoura”, diz o desembargador.<br />

Sendo democrático, <strong>da</strong>ndo espaço para que todos se expressem, em lugar de enfraquecer-se<br />

o presidente do TJ-TO ganha força e admiração: “ele não tem empregados nem<br />

colaboradores. O que ele tem são seguidores”, diz o diretor-geral do TJ, amigo e admirador<br />

confesso do chefe. “Ele é a prova de que a administração pública no Brasil é viável. É possível<br />

fazer muito com pouco ou quase na<strong>da</strong>. Basta empenho e comprometimento <strong>da</strong> equipe”,<br />

elogia Demóstene. “Ele é um bom administrador, uma pessoa dinâmica e interessa<strong>da</strong>”, resume<br />

o desembargador Rafael.<br />

Este dinâmico e interessado presidente de tribunal ain<strong>da</strong> guar<strong>da</strong> outras particulari<strong>da</strong>des:<br />

primeiro, desenvolveu uma boa relação com as associações de juízes, o que permite<br />

que o tribunal e as enti<strong>da</strong>des desenvolvam trabalhos conjuntos com bons resultados. “Ele<br />

sempre nos ouve e nos chama a participar. Temos ótimo relacionamento com o Tribunal”,<br />

testemunha a presidente <strong>da</strong> Associação de Magistrados do Estado do Tocantins (Asmeto),<br />

Ângela Prudente.<br />

Segundo, não nomeou nenhum parente para cargos no Tribunal. “O critério é a competência”,<br />

avisa o desembargador. “Não que meus parentes sejam incompetentes, mas eles<br />

estão em Uberaba e é bom que continuem por lá”, completa.<br />

Foto: divulgação<br />

O presidente do TJ-TO em reunião: “sempre entendi que é importante ouvir o que as pessoas têm a dizer”<br />

JORNAL DO MAGISTRADO<br />

MARÇO A ABRIL DE 2004<br />

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