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Nota da Segunda Edição - Rosenvaldo Simões de Souza

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Aquilo me pareceu muito, muito estranho. A segun<strong>da</strong> voz tornou a falar: “padre<br />

Mario... padre Mario... acor<strong>de</strong>... já são quase seis <strong>da</strong> manhã... o sol já está forte... temos<br />

muito que fazer...”<br />

Aquela voz era familiar. Era <strong>de</strong> monsenhor Duran, o meu superior. E parecia que<br />

não era um sonho. Parecia tudo muito real.<br />

Acor<strong>de</strong>i. Olhei o relógio. Dez para as seis <strong>da</strong> manhã. Eu estava atraso. A voz <strong>de</strong><br />

Duran era real. Era ele quem me chamava do outro lado <strong>da</strong> porta <strong>de</strong> meu quarto, tentando<br />

me <strong>de</strong>spertar para a vi<strong>da</strong>, para os meus <strong>de</strong>veres.<br />

Num segundo, o castelo se <strong>de</strong>sfez, o jumento sumiu, eu pulei <strong>da</strong> cama num salto e<br />

fui cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Maldito sonho! Perdi hora pela primeira vez em meses, talvez a primeira<br />

vez no ano.<br />

Vi uma tênue conexão entre a última vez em que per<strong>de</strong>ra as horas <strong>de</strong> acor<strong>da</strong>r e a<br />

primeira vez em que tive o sonho do jumentinho. Era isso! O sonho era um aviso. Um<br />

relógio. Um <strong>de</strong>spertador. Um simples truque montado pelo meu subconsciente em conjunto<br />

com meu relógio biológico para me preservar <strong>de</strong> novos problemas com monsenhor Duran.<br />

E vinha funcionando bem, se não fosse por minha excessiva curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> e preguiça em<br />

acor<strong>da</strong>r cedo.<br />

De qualquer forma, agora era tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais.<br />

Tudo se encerrou. Não sonhei mais. O sonho não mais se repetiu. Não havia<br />

motivos para sonha-lo novamente. Eu já havia encontrado as respostas para minhas<br />

perguntas.<br />

Minhas dores e amarguras continuaram to<strong>da</strong>s as manhãs. Eu sabia que seria<br />

eternamente perseguido. O sonho me revelara. Com ele, eu traíra minha convicção. Minha<br />

vergonha era justa. Minhas dores, incuráveis. Meu corpo, preguiçoso. Minha alma,<br />

imperfeita. Minha suprema luta, jamais, venci<strong>da</strong>. Monsenhor Duran jamais teria sossego.<br />

Sempre teria trabalho comigo pelas manhãs.<br />

Só dor. Só o triunfo <strong>da</strong> dor.<br />

A dor.<br />

negativos.<br />

Amigos, creio que não é hora <strong>de</strong> se falar em dor. É um sentimento dos mais

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