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In C. Machado, L. Almeida, A. Guisande, M. Gonçalves, V. Ramalho ...

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<strong>In</strong> C. <strong>Machado</strong>, L. <strong>Almeida</strong>, A. <strong>Guisande</strong>, M. <strong>Gonçalves</strong>, V. <strong>Ramalho</strong> (Eds.), XI<br />

Conferência <strong>In</strong>ternacional Avaliação Psicológica: Formas e Contextos (pp. 719-729). Braga:<br />

Psiquilibrios.<br />

PAL-PORT – Uma Bateria de Avaliação Psicolinguística das Afasias e de outras<br />

Perturbações da Linguagem para a População Portuguesa 1<br />

Autores: Isabel Festas*, José A. Leitão*, M. Dores Formosinho*, Cristina Albuquerque*,<br />

Manuela Vilar*, Cristina Martins**, António Branco***, Luís André****, Jorge Lains****, Nuno<br />

Rodrigues, Nuno Teixeira*****<br />

*Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra<br />

**Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra<br />

***Departamento de <strong>In</strong>formática da Universidade de Lisboa<br />

****Serviço de Medicina Física e de Reabilitação dos Hospitais da Universidade de Coimbra<br />

*****Bolseiros da FCT<br />

Apresenta-se um Projecto financiado pela FCT (Projecto RIPD/PSI/63557/2005) que consiste na<br />

construção de uma bateria de avaliação dos distúrbios da linguagem e das afasias. É nosso objectivo<br />

construir um instrumento que tenha como suporte um modelo psicolinguístico e que permita obter<br />

medidas em tempo real e em tempo diferido. Com este instrumento será possível proceder a uma<br />

identificação dos défices linguísticos e ter em consideração medidas obtidas em tempo real (tempos de<br />

reacção e efeitos de priming), as únicas que permitem captar o funcionamento de processos automáticos.<br />

Para concretizarmos estes objectivos, tomaremos como suporte uma bateria existente para a língua<br />

inglesa, a PAL de Caplan e Bub, construída com base num modelo psicolinguístico e que permite avaliar<br />

os níveis lexical, morfológico e frásico. Para avaliar níveis não contemplados pela PAL, como o<br />

processamento discursivo e prosódico, construiremos sete novas provas. Por outro lado, as 35 provas<br />

assim obtidas serão implementadas num programa para PC (E-Prime), o que nos permitirá uma precisão<br />

de milisegundos na recolha dos parâmetros associados às respostas: tempos de duração e latências (i.e.,<br />

medidas em tempo real).<br />

No contexto da avaliação das perturbações da linguagem e, em particular das afasias, uma<br />

bateria de avaliação psicolinguística com características psicométricas sólidas, que nos dê, em<br />

simultâneo, medidas em tempo diferido e em tempo real reveste-se da máxima pertinência.<br />

A necessidade de uma avaliação psicolinguística das perturbações da linguagem tem<br />

vindo a ser realçada, desde a década de 80 do século XX, sobretudo com o surgimento da<br />

neuropsicologia cognitiva e com a sua chamada de atenção para a importância de se completar e<br />

complementar o estudo clássico das afasias com provas fundamentadas em modelos cognitivos<br />

do funcionamento da linguagem (cf. Andrews, 2001; Basso, 2003; Murray & Chapey, 2001;<br />

Vega, 2001). Contrariamente às provas clássicas da neuropsicologia que, no caso das afasias, se<br />

centram na identificação do tipo de afasia - Broca, Wernicke ou outra - a partir da detecção de<br />

um conjunto de sintomas, as provas psicolinguísticas preocupam-se em identificar os défices<br />

linguísticos, com base numa caracterização psicolinguística detalhada dos distúrbios da<br />

linguagem encontrados. Este tipo de informação é essencial na clarificação e planificação dos<br />

1


programas de recuperação e na escolha das actividades a desenvolver com vista à superação das<br />

dificuldades. Ao identificar o(s) componente(s) linguísticos deficitário(s), a avaliação<br />

psicolinguística direcciona o tratamento para a remediação desse(s) componente(s) e para a<br />

adopção de estratégias que permitam compensar as perdas sofridas (Hillis, 2001).<br />

Estabelecida a importância de se recorrer a provas psicolinguísticas na avaliação das<br />

perturbações da linguagem, torna-se necessário chamar a atenção para o facto de esta última<br />

dever incluir medidas em tempo real que irão complementar as medidas mais usualmente<br />

obtidas, isto é, as medidas em tempo diferido (Grosjean, Racine, & Sovilla, 1999). Através das<br />

provas mais commumente utilizadas, obtemos informações, diferidas no tempo, relativas ao<br />

número de respostas correctas e à tipologia dos erros. Este tipo de medidas pode obscurecer o<br />

que se passa em tempo real o que levanta alguns problemas, sobretudo se pensarmos na natureza<br />

automática de muitos dos processos linguísticos. Efectivamente, uma resposta dada, num<br />

determinado momento, pode decorrer da intervenção de processos estratégicos utilizados pelo<br />

paciente na ausência ou deterioração dos processos automáticos responsáveis pelo<br />

comportamento linguístico que se está a avaliar. Deste modo, torna-se fundamental recorrer a<br />

medidas recolhidas durante o curso temporal do próprio processo. Os tempos de reacção, os<br />

efeitos de priming e o estudo do movimento dos olhos contam-se entre estas últimas medidas<br />

(Moineau, 2003; Shapiro, Swinney, & Borsky, 1998).<br />

Pelo exposto, facilmente se compreende que, actualmente, exista um certo consenso em<br />

torno da ideia de que uma avaliação das afasias e dos distúrbios da linguagem tem muito a<br />

ganhar com um instrumento que tenha como suporte um modelo cognitivo do funcionamento<br />

linguístico e que permita a obtenção de medidas em tempo real, paralelamente às medidas em<br />

tempo diferido. No presente artigo damos conta de um projecto, cuja finalidade diz respeito à<br />

construção de um instrumento de avaliação das afasias e de outras perturbações da linguagem: a<br />

PAL-PORT. Após uma breve referência aos pressupostos e às principais características da PAL-<br />

PORT, apresentaremos, de forma sumária, as suas provas. A importância das variáveis<br />

psicolinguísticas que presidem à escolha dos itens será ilustrada com as provas semânticas. A<br />

forma como a PAL-PORT se liga ao modelo psicolinguístico que lhe está subjacente, será<br />

exemplificada com o modo como as representações e processos linguísticos previstos nesse<br />

modelo são avaliados pelas provas de compreensão oral de palavras.<br />

Pressupostos e Perfil da PAL-PORT<br />

Ao construir uma bateria de provas de avaliação das perturbações da linguagem e, em<br />

particular das afasias, é nossa preocupação que a mesma reúna as duas condições já enunciadas:<br />

2


por um lado, ser uma bateria que se baseie num modelo psicolinguístico e, por outro lado, ser<br />

uma bateria que nos dê medidas em tempo diferido e em tempo real. A necessidade de uma<br />

bateria deste tipo é tanto mais importante quanto em Portugal não existe nenhuma prova de<br />

avaliação com estas características. No nosso país, temos apenas uma bateria de provas<br />

vocacionada para a avaliação das afasias – a BAAL (Bateria de Avaliação da Afasia de Lisboa)<br />

(Castro Caldas, 1979; Ferro, 1986; cf., também, Leal, 2003) 2 - que se inscreve na linha da<br />

neuropsicologia clássica. Trata-se de um conjunto de provas em que se procura,<br />

fundamentalmente, caracterizar o doente segundo o tipo de afasia (Broca, Wernicke, condução,<br />

etc.) e em que não é possível relacionar os resultados obtidos pelo doente com qualquer teoria<br />

do funcionamento linguístico, ficando assim excluída a possibilidade de um estudo detalhado<br />

dos processos linguísticos que se encontram intactos e dos que se encontram alterados. De facto,<br />

a BAAL, como qualquer bateria similar, partindo das variantes escrita e auditiva do código<br />

linguístico, apenas considera as dimensões da produção e da compreensão da linguagem,<br />

ficando de fora todos os processos e componentes responsáveis pelos diferentes níveis de<br />

processamento linguístico. Torna-se, assim, impossível especificar a origem da(s) dificuldade(s)<br />

e, consequentemente, qualquer programa de intervenção será, necessariamente, muito geral, na<br />

medida em que certos défices só são susceptíveis de ser identificados mediante um estudo<br />

psicolinguístico fino.<br />

Foi neste contexto que optámos por tomar como referência um instrumento que, estando<br />

direccionado para a língua inglesa, parte de um modelo psicolinguístico: a PAL<br />

(Psycholinguistic Assessment of Language) (Caplan, 1992; Caplan & Bub, 1990). Trata-se,<br />

juntamente com a PALPA (Psycholinguistic Assessment of Language Processing in Aphasia)<br />

(Kay, Lesser, & Coltheart, 1992), de uma das baterias mais conhecidas de avaliação<br />

psicolinguística das afasias. Fundamentalmente, os modelos psicolinguísticos subjacentes às<br />

provas de avaliação psicolinguística, como a PAL, consideram que o sistema de processamento<br />

da linguagem pode ser descrito, especificando a operação de um conjunto de processos (acesso<br />

ao léxico, planeamento dos sons da palavra, identificação de letras, etc.) em diferentes<br />

representações linguísticas (unidades fonémicas, formas das palavras no léxico fonológico de<br />

saída, entrada escrita, etc.), transformando estas últimas em novas representações (léxico<br />

fonológico de entrada, formas superficiais de fonemas e outras unidades fonológicas no buffer<br />

fonológico de saída, identidade das letras, etc.). Estes modelos fundamentam-se, igualmente,<br />

em alguns princípios base: o da modularidade que preconiza que um módulo corresponde a um<br />

tipo específico de processamento, actuando sobre uma classe de representações, aceites pelo<br />

módulo como entradas e produzindo novas representações que podem ser tomadas por um outro<br />

módulo do sistema; o do carácter universal da estrutura funcional do sistema cognitivo; o<br />

3


princípio da subtracção que admite que, não sendo possível criar uma nova estrutura cognitiva<br />

depois de uma lesão cerebral, o comportamento linguístico de um doente afásico seria<br />

equivalente ao de uma pessoa normal, com excepção daquele que está relacionado com os<br />

módulos afectados (Basso, 2003).<br />

A PAL interessou-nos particularmente porque, contrariamente à PALPA, possibilita uma<br />

avaliação da produção da linguagem a nível frásico e, sobretudo, porque permite um trabalho<br />

psicométrico 3 . As vantagens de termos, para a língua portuguesa, uma bateria de provas<br />

psicolinguísticas, com características psicométricas bem estabelecidas, são por demais evidentes<br />

(Nunnally, 1978, pp. 5-9). Por outro lado, e uma vez que a PAL original não contempla os<br />

níveis discursivo e prosódico da linguagem, decidimos acrescentar às vinte e oito provas<br />

originais, mais sete provas que abrangem estes níveis.<br />

Relativamente à segunda condição já explicitada – obtenção de medidas em tempo<br />

diferido e em tempo real – o desenvolvimento de uma versão computorizada das trinta e cinco<br />

provas, vai permitir uma precisão de milisegundos na apresentação dos estímulos e na recolha<br />

dos parâmetros associados às respostas: tempos de duração e latências. Para tal, todas as provas<br />

serão implementadas num programa para PC - E-Prime - que é precisamente um programa que<br />

possibilita a criação de situações experimentais e a recolha de respostas com uma precisão de<br />

milésimas de segundo. Poderemos, deste modo, obter, em simultâneo, medidas em tempo<br />

diferido, como o número de respostas correctas e a tipologia de erros, e medidas em tempo real,<br />

como os tempos de reacção.<br />

Na sua versão final, a PAL-PORT terá, assim, trinta e cinco provas implementadas num<br />

programa para PC. A elaboração dos itens das diferentes provas, incluindo a daqueles que se<br />

baseiam na PAL, é feita tendo em conta as características da língua portuguesa. Nas provas<br />

retiradas da PAL são rigorosamente respeitadas as variáveis psicolinguísticas seguidas pelos<br />

autores. No entanto, como facilmente se compreende, dadas as especificidades da nossa língua,<br />

os itens da PAL-PORT serão bem distintos dos da versão original. A equipa conta com a<br />

colaboração de linguistas que apoiam a elaboração e construção dos itens. Do mesmo modo, o<br />

recurso a bases de natureza psicolinguística como a PORLEX (Gomes, & Castro, 2003) e a<br />

CORLEX (Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, 2003) constituem uma ajuda<br />

imprescindível, respectivamente, no estabelecimento da extensão das palavras e da sua<br />

frequência. Após a construção dos itens, todas as provas serão implementadas no programa E-<br />

Prime, dando origem à versão computorizada da PAL-PORT. A realização de estudos piloto vai<br />

permitir verificar a adequação das instruções e dos itens e o estudo de características como a<br />

validade e a fidelidade vai possibilitar a definição das características psicométricas da PAL-<br />

PORT 4 .<br />

4


Devido às suas características - ser um instrumento baseado num modelo psicolinguístico<br />

construído de acordo com as especificidades da língua portuguesa, permitir a obtenção de<br />

medidas em tempo real e em tempo diferido e ter qualidades psicométricas -, a PAL-PORT vem<br />

preencher um lugar que estava vazio, em Portugal, no âmbito da avaliação das afasias e das<br />

perturbações da linguagem.<br />

PAL-PORT: Provas, Variáveis Psicolinguísticas e Componentes Linguísticos<br />

Avaliados<br />

Como já vimos, a PAL-PORT, na sua versão final, incluirá trinta e cinco provas, sendo<br />

vinte e oito delas retiradas da PAL original. Relativamente a estas últimas, todas as suas<br />

características são mantidas na PAL-PORT e, tal como acontece na PAL, as provas avaliam os<br />

níveis lexical (fonémico e semântico), morfológico e frásico, nas variantes escrita e auditiva do<br />

código linguístico, em tarefas de compreensão e de produção 5 . As sete provas novas, para além<br />

de avaliarem alguns aspectos destes mesmos níveis não contemplados na PAL, permitem<br />

estudar o processamento discursivo e prosódico, que também não é visado pela PAL. Dada a<br />

complexidade e extensão da PAL-PORT, será impossível, no âmbito deste artigo, fazer uma<br />

apresentação detalhada das suas provas, das variáveis psicolinguísticas que presidem à escolha<br />

de todos os itens e, ainda, das representações e processos linguísticos avaliados por cada um dos<br />

testes de toda a bateria. Por essa razão, escolhemos algumas provas de modo a podermos<br />

exemplificar, quer o papel das variáveis psicolinguísticas, quer o modo como os diferentes<br />

testes avaliam os componentes linguísticos do modelo subjacente à PAL-PORT. Assim, após<br />

uma apresentação geral e muito sumária das provas, descreveremos as variáveis de natureza<br />

psicolinguística das provas semânticas e, por último, referiremos as representações e processos<br />

linguísticos avaliados pelos diferentes testes de compreensão oral de palavras simples.<br />

Provas da PAL-PORT<br />

As provas da PAL-PORT, como já referimos, podem ser classificadas de acordo com o<br />

nível linguístico que avaliam. Começando com as provas comuns à PAL original, estas podem<br />

ser divididas em provas ao nível lexical, ao nível morfológico e ao nível frásico. Em cada um<br />

destes níveis, podemos, ainda, considerar as provas segundo o tipo de tarefas em que estão<br />

incluídas: compreensão oral, compreensão escrita, produção oral e produção escrita.<br />

As provas ao nível lexical, dezasseis no total, pretendem avaliar as representações e<br />

processos linguísticos necessários ao reconhecimento e compreensão de palavras simples. Os<br />

5


seus itens incluem, fundamentalmente, unidades fonémicas, palavras simples, na sua forma<br />

fonológica ou ortográfica, pseudopalavras e imagens de objectos.<br />

No Quadro 1 apresentamos, para o nível lexical, o tipo de tarefas, o número de provas, as<br />

variáveis psicolinguísticas que presidem à selecção dos itens e as representações e processos<br />

linguísticos avaliados.<br />

Quadro 1. Nível lexical: Tipo de tarefas, número de provas, variáveis psicolinguísticas e<br />

representações e processos linguísticos avaliados<br />

Tipo de tarefas<br />

Compreensão<br />

oral<br />

Compreensão<br />

escrita<br />

Produção oral Produção escrita<br />

Nº de provas 6 4 4<br />

Unid. Fonémicas<br />

2<br />

Variáveis<br />

psicolinguísticas<br />

Unid. fonémicas<br />

Lexicalidade<br />

Frequência<br />

Extensão<br />

Categ. semântica<br />

Lexicalidade<br />

Regularidade<br />

Frequência<br />

Extensão<br />

Grau de<br />

Homofonia<br />

Lexicalidade<br />

Regularidade<br />

Grau de abstracção<br />

Frequência<br />

Regularidade<br />

Lexicalidade<br />

Freqência<br />

Extensão<br />

Categ. sintáctica abstracção Extensão<br />

Categ. semântica<br />

Representações e<br />

processos<br />

linguísticos<br />

avaliados<br />

Conversão<br />

acústico-fonética<br />

Acesso lexical<br />

(código oral)<br />

Acesso léxicosemântico<br />

Acesso lexical<br />

(código escrito)<br />

Léxico<br />

ortográfico de<br />

entrada<br />

Acesso léxicosemântico<br />

Acesso lexical<br />

(código oral)<br />

Planeamento dos<br />

sons da palavra<br />

Buffer fonológico de<br />

saída<br />

Conversão do código<br />

escrito em código<br />

oral<br />

Conversão do código<br />

oral em código<br />

escrito<br />

As provas ao nível morfológico, em número de seis, pretendem, essencialmente, avaliar<br />

de que modo os componentes morfológicos de palavras complexas contribuem para o processo<br />

de acesso ao léxico. Os itens compreendem palavras derivadas, na sua forma fonológica ou<br />

ortográfica, pseudopalavras e imagens. No Quadro 2 apresentamos, para o nível morfológico, o<br />

tipo de tarefas, o número de provas, as variáveis psicolinguísticas que presidem à selecção dos<br />

itens e as representações e processos linguísticos avaliados.<br />

Quadro 2. Nível morfológico: Tipo de tarefas, número de provas, variáveis psicolinguísticas e<br />

representações e processos linguísticos avaliados<br />

Tipo de tarefas Compreensão oral<br />

Compreensão<br />

escrita<br />

Produção oral Produção escrita<br />

Nº de provas 2 2 1 1<br />

Variáveis Morfologia (flexão Morfologia (flexão Morfologia (flexão Morfologia (flexão<br />

psicolinguísticas e derivação) e derivação) e derivação) e derivação)<br />

Categoria sintáctica Categoria sintáctica<br />

Representações e Análise<br />

Análise<br />

processos morfológica morfológica Acesso a palavras Acesso a palavras<br />

linguísticos Compreensão Compreensão afixadas<br />

afixadas<br />

avaliados morfológica morfológica<br />

6


As provas ao nível frásico, em número de quatro, destinam-se a avaliar as vias que o<br />

modelo considera importantes na compreensão das frases: a via sintáctica que é aquela que faz a<br />

computação da representação sintáctica de uma frase e a via léxico-inferencial que diz respeito a<br />

uma via em que o significado da frase é inferido a partir do significado das suas palavras e do<br />

conhecimento de aspectos do mundo (Caplan, 1992, p. 271). Os itens compreendem frases e<br />

imagens. No Quadro 3 apresentamos, para o nível frásico, o tipo de tarefas, o número de provas,<br />

as variáveis psicolinguísticas que presidem à selecção dos itens e as representações e processos<br />

linguísticos avaliados.<br />

Quadro 3. Nível frásico: Tipo de tarefas, número de provas, variáveis psicolinguísticas e<br />

representações e processos linguísticos avaliados<br />

Tipo de tarefas Compreensão oral Compreensão escrita Produção oral Produção escrita<br />

Nº de provas 1 1 1 1<br />

Variáveis Estrutura sintáctica Estrutura sintáctica Estrutura Estrutura<br />

psicolinguísticas<br />

Representações e<br />

Categoria sintáctica Categoria sintáctica sintáctica sintáctica<br />

processos Processamento Processamento Construção de Construção de<br />

linguísticos<br />

avaliados<br />

léxico-inferencial léxico-inferencial frases<br />

frases<br />

Como já referimos, para além das provas da PAL original, a PAL-PORT comporta mais<br />

sete provas novas. Trata-se de provas que pretendem avaliar: a activação da representação da<br />

identidade das letras (Prova 29), o processamento do discurso (Prova 34), o processamento da<br />

informação entonacional (Prova 35) e a difusão da activação em redes semânticas (Provas 30,<br />

31, 32, 33).<br />

Variáveis Psicolinguísticas nas Provas Semânticas<br />

Uma vez que a selecção dos itens de todas as provas é feita tendo em conta variáveis<br />

psicolinguísticas bem definidas, gostaríamos de exemplificar o modo como isso é concretizado,<br />

no caso das provas semânticas. A PAL-PORT inclui seis provas especialmente vocacionadas<br />

para a avaliação da compreensão do significado de palavras simples (ver Quadro 4). Para além<br />

destas seis provas, podemos, ainda, referir mais duas que, embora um pouco indirectamente,<br />

avaliam, igualmente, aspectos semânticos. Trata-se da Prova 9 – Nomeação de Figuras<br />

(Modalidade Auditiva) – e da Prova 20 – Nomeação de Figuras (Modalidade Escrita). A<br />

primeira (Prova 9) é uma prova de produção oral, em que é necessário nomear objectos<br />

apresentados sob a forma de desenhos e que avalia o acesso ao léxico fonológico de saída a<br />

7


partir do significado das palavras. A segunda (Prova 20) é uma prova de produção escrita, em<br />

que é preciso escrever o nome de objectos apresentados sob a forma de imagens e que avalia a<br />

produção escrita a partir do significado.<br />

Quadro 4. Provas semânticas de acordo com o tipo de tarefas<br />

Provas Tipo deTarefas<br />

4. Emparelhamento Palavra-Figura Compreensão oral<br />

5. Verificação de Atributos Compreensão oral<br />

6. Juízos de Similitude-Palavras Abstractas Compreensão oral<br />

17. Emparelhamento Palavra-Figura Compreensão escrita<br />

18. Verificação de Atributos Compreensão escrita<br />

19. Juízos de Similitude-Palavras Abstractas Compreensão escrita<br />

No fundamental, as provas semânticas incluem tarefas em que o sujeito tem que<br />

seleccionar, de duas figuras, a que corresponde a uma palavra ouvida ou lida (Provas 4 e 17,<br />

respectivamente), tem que responder a questões colocadas a propósito de uma palavra ouvida ou<br />

lida (Provas 5 e 18, respectivamente) e tem, ainda, que seleccionar de, duas palavras, aquela que<br />

tem o mesmo significado de uma ouvida ou lida previamente (Provas 6 e 19, respectivamente).<br />

Os itens destas provas são criteriosamente escolhidos de modo a respeitarem condições<br />

relativas a determinadas variáveis de natureza psicolinguística. No caso específico das provas<br />

semânticas, essas variáveis são: a extensão, a frequência e a categoria semântica. Há ainda uma<br />

outra variável, a categoria sintáctica, mas que só é importante para duas provas (6 e 19), em que<br />

os itens podem ser substantivos ou adjectivos. Nas restantes provas semânticas, os itens são<br />

sempre substantivos.<br />

A extensão das palavras é uma das variáveis controladas pelos autores da PAL original, o<br />

que é facilmente compreensível atendendo à importância que lhe tem sido atribuída, no conjunto<br />

dos estudos sobre o reconhecimento de palavras, nomeadamente no que se refere à leitura:<br />

palavras curtas são lidas mais rapidamente do que palavras extensas (Just & Carpenter, 1980;<br />

Whaley, 1978). Nas provas semânticas, tal como em outras provas da PAL, a extensão é, de<br />

facto, uma das variáveis que preside à escolha dos itens: palavras com uma sílaba fonética são<br />

consideradas palavras curtas e palavras com três ou mais sílabas fonéticas são consideradas<br />

palavras extensas (Caplan, 1992, p. 408). Dadas as especificidades da nossa língua, adaptámos o<br />

critério diferenciador de palavras curtas e extensas, incluindo na primeira categoria as palavras<br />

com uma e duas sílabas fonéticas e na segunda categoria as palavras com três e mais sílabas<br />

fonéticas. De facto, na língua portuguesa, as palavras monossilábicas são bastante raras,<br />

comparativamente àquelas que existem na língua inglesa. Para fazer esta divisão entre palavras<br />

curtas e extensas recorremos à PORLEX, que inclui este tipo de informação.<br />

8


A frequência é uma outra variável que se sabe ter importância no processamento das<br />

palavras. O reconhecimento de palavras é mais fácil e mais rápido quando se trata de palavras<br />

muito frequentes, comparativamente a palavras pouco frequentes, tanto no que se refere a<br />

palavras ouvidas (Savin, 1963), como no que se refere a palavras lidas (Forster & Chambers,<br />

1973). Deste modo, não é de estranhar que tenha sido uma das variáveis tidas em consideração<br />

pelos autores da PAL. Tomando a CORLEX como referência, seguimos a mesma proporção<br />

adoptada na PAL, para estabelecer os limites de baixa e elevada frequência, tendo, assim, ficado<br />

definido como “pouco frequente” o limite máximo de 27 ocorrências e como “muito frequente”<br />

o limite mínimo de 162 ocorrências.<br />

A categoria semântica surge como uma das variáveis mais significativas nas provas aqui<br />

analisadas. A importância desta variável decorre, em grande parte, da constatação da existência,<br />

em pacientes com lesões cerebrais, de défices de natureza semântica restritos a certas categorias<br />

de objectos. São muitos os casos relatados de doentes que apresentam dificuldades em tarefas de<br />

compreensão do significado, relativas a objectos pertencentes à categoria dos seres vivos (e.g.,<br />

animais, frutos, legumes), não apresentando qualquer problema relativamente a objectos<br />

pertencentes à categoria dos seres não vivos (e.g., artefactos, instrumentos). O padrão inverso<br />

também é, frequentemente, encontrado (Forde & Humphreys, 2002). Embora muitas<br />

explicações deste fenómeno apontem para uma diferenciação de sistemas semânticos assente em<br />

sistemas de reconhecimento neuronal específicos de cada categoria (Santos & Caramazza,<br />

2002), alguns dados observados, ao denotar uma divisão menos nítida entre objectos de<br />

diferentes categorias, estão na origem de outras hipóteses explicativas. É o caso dos trabalhos de<br />

Warrington e Shallice (1984) que vieram sustentar uma explicação conhecida como sensorial-<br />

funcional para os défices encontrados nas diferentes categorias semânticas. Estes autores, ao<br />

observar doentes com défices específicos de determinadas categorias, verificaram que,<br />

alargando o estudo das categorias habitualmente consideradas, o padrão seres animados versus<br />

seres inanimados podia ser ligeiramente alterado. De facto, um dos doentes observados, não<br />

manifestando problemas na categoria dos seres inanimados (e.g., instrumentos) apresentava<br />

dificuldades na compreensão dos seres vivos (e.g., animais, legumes), mas também de outros<br />

objectos como instrumentos musicais e peças de vestuário. Uma vez que estes últimos não se<br />

podem incluir nos seres vivos, os autores avançaram com uma hipótese explicativa, segundo a<br />

qual o conhecimento semântico estaria organizado em dois subsistemas independentes: um<br />

visual que armazenaria informação relativa às propriedades visuo-semânticas dos objectos e<br />

outro funcional que teria informação acerca das propriedades funcionais dos objectos. Ainda<br />

segundo esta teoria, o primeiro subsistema (visuo-semântico) seria mais importante na<br />

9


caracterização dos seres vivos (e nos objectos como as peças de vestuário), enquanto que o<br />

segundo (funcional) seria mais importante na definição dos seres não vivos.<br />

Do que foi dito, facilmente se depreende a razão pela qual a categoria semântica é uma<br />

das variáveis mais importantes dos itens das provas semânticas da PAL-PORT. As categorias<br />

consideradas correspondem às que têm sido identificadas na literatura especializada e são,<br />

fundamentalmente, as incluídas na PAL original: animais, frutos, legumes e seres inanimados<br />

(instrumentos e artefactos). Resolvemos acrescentar mais duas categorias que tem sido, também,<br />

estudadas neste contexto: as peças de vestuário e os meios de transporte (Viglioco, Vinson,<br />

Lewis, & Garrett, 2004). Nas duas provas em que se colocam questões acerca dos objectos<br />

(Provas 5 e 18), as mesmas dividem-se entre questões de natureza visual e de natureza<br />

funcional. Assim, relativamente a todos os objectos fazem-se perguntas acerca de características<br />

de natureza sensorial/visual e perguntas de natureza funcional 6 .<br />

Representações e Processos Linguísticos Avaliados pelas Provas de Compreensão<br />

Oral de Palavras Simples<br />

Uma vez que se baseia num modelo psicolinguístico, a PAL-PORT compreende provas<br />

que se reportam a esse mesmo modelo, isto é, cada uma das provas pretende avaliar,<br />

relativamente ao modelo, um processo linguístico ou uma representação linguística. Porque esta<br />

é uma das características principais da PAL-PORT, gostaríamos de a evidenciar. Para o efeito,<br />

escolhemos as provas relativas à avaliação da compreensão oral, ao nível lexical.<br />

Segundo o modelo psicolinguístico aqui considerado (Caplan, 1992), a compreensão de<br />

palavras simples implica, primeiramente, o seu reconhecimento através do acesso ao léxico<br />

fonológico de entrada e, posteriormente, a compreensão do seu significado. O acesso ao léxico<br />

fonológico de entrada torna-se possível graças à conversão da onda acústica numa forma que<br />

permite que o ouvinte active a representação das palavras que aí tem armazenadas. Sendo as<br />

palavras constituídas por fonemas definidos em termos de traços distintivos, sabe-se que o sinal<br />

acústico é processado de modo a identificar esses traços. Segue-se o estabelecimento de uma<br />

correspondência entre esses traços fonéticos e os que constam do léxico armazenado no léxico<br />

fonológico de entrada. Deste modo, o léxico fonológico de entrada é activado a partir da<br />

conversão que foi feita dos sinais acústicos em fonemas e da correspondência que se estabeleceu<br />

entre estes e os das palavras aí armazenadas. Se pensarmos nas perturbações da linguagem, a<br />

este nível, podemos identificar dois tipos de problemas: um ao nível da conversão acústico-<br />

fonética e outro ao nível do acesso ao léxico.<br />

10


Após o reconhecimento acústico-fonético segue-se a compreensão do significado. A<br />

compreensão de uma palavra implica que a sua forma visual ou auditiva seja conectada com um<br />

conceito, isto é, que um conceito seja mapeado na forma da palavra. Também aqui, podemos<br />

encontrar dois tipos essenciais de problemas de processamento linguístico: um relativo ao<br />

acesso ao significado e outro ao nível da representação do significado.<br />

Um distúrbio detectado ao nível da compreensão oral de palavras simples pode, como<br />

acabámos de ver, ser da responsabilidade de processos e/ou representações linguísticas<br />

diferentes. A PAL-PORT, ao nível da compreensão oral de palavras simples, inclui cinco provas<br />

que pretendem avaliar os diferentes aspectos responsáveis pelo reconhecimento e pela<br />

compreensão das palavras, tal como são definidos pelo modelo (ver Figura 1). Trata-se de uma<br />

avaliação diferente daquela que é feita pelas provas clássicas de avaliação dos distúrbios da<br />

linguagem e das afasias que, ao não se basearem num modelo psicolinguístico, consideram<br />

apenas as dimensões da produção e da compreensão da linguagem, sem especificar os seus<br />

componentes. Uma avaliação da compreensão oral de palavras, tomada no seu sentido geral, em<br />

que apenas se avalia se o doente compreende ou não uma palavra, tal como acontece com os<br />

instrumentos da neuropsicologia clássica, é bastante diferente da avaliação tornada possível pela<br />

PAL-PORT que, partindo de uma análise das representações e processos linguísticos<br />

constituintes da compreensão oral de palavras, consegue localizar a origem dos défices<br />

linguísticos. Retomando as perturbações acima identificadas, como podemos ver na Figura 1, a<br />

Prova 2 permite avaliar problemas ao nível da conversão acústica-fonética, enquanto a Prova 3<br />

está vocacionada para as potenciais perturbações no acesso ao léxico. O acesso léxico-<br />

semântico, por sua vez, pode ser estudado através das Provas 4, 5 e 6.<br />

Provas PAL-PORT<br />

Prova 2. Discriminação de fonemas<br />

Prova 3. Decisão lexical<br />

Prova 4. Emparelhamento palavra-figura<br />

Prova 5. Verificação de atributos<br />

Prova 6. Juízos de similitude-palavras<br />

abstractas<br />

Compreensão oral de<br />

palavras<br />

Fala Fala<br />

Conversão Conversão acústica- acústica- fonética<br />

fonéti<br />

Unidades fonémicas<br />

Acesso ao léxico<br />

Léxico fonológico de entrada<br />

Acesso léxico-semântico<br />

11


Figura 1. Provas de compreensão oral de palavras simples e representações e processos<br />

linguísticos avaliados por essas mesmas provas.<br />

Considerações Finais<br />

Procurou-se, neste artigo, dar conta de um projecto que visa a construção de uma bateria<br />

de testes de avaliação psicolinguística das afasias e de outras perturbações da linguagem – a<br />

PAL-PORT. Baseando-se na PAL, bateria já existente para a língua inglesa, a PAL-PORT<br />

inclui trinta e cinco provas: vinte e oito, retiradas da PAL, que permitem avaliar os níveis<br />

lexical, morfológico e frásico, e sete provas novas que contemplam os níveis discursivo e<br />

prosódico da linguagem.<br />

Trata-se de um trabalho a desenvolver ao longo de várias fases, projectadas para a<br />

concretização de objectivos específicos. A fase inicial é dedicada à elaboração dos itens. Todos<br />

eles, incluindo os que são baseados na PAL original, são seleccionados tendo em conta as<br />

características próprias da fonologia, da morfologia, da sintaxe e da semântica do Português.<br />

Um conjunto de variáveis psicolinguísticas são igualmente importantes na escolha dos itens,<br />

como tentámos ilustrar com os exemplos da categoria semântica, da extensão e da frequência<br />

das palavras para os testes semânticos. Elaboradas as provas, segue-se a sua implementação no<br />

programa para PC, E-Prime. A versão computorizada da PAL-PORT vai permitir a obtenção de<br />

medidas em tempo real, o que se reveste da máxima importância na avaliação dos processos<br />

automáticos que caracterizam grande parte do funcionamento linguístico. Por último, há o<br />

trabalho de estandardização que exige um estudo junto de populações sem e com problemas de<br />

linguagem, de onde destacamos os afásicos. Este estudo vai possibilitar o estabelecimento das<br />

características psicométricas da PAL-PORT.<br />

Compreensão<br />

A PAL-PORT vem preencher um lugar que tem estado vazio no nosso país, relativamente<br />

à avaliação das perturbações da linguagem e, muito particularmente, das afasias. Com a sua<br />

construção, teremos, pela primeira vez em Portugal, um instrumento de avaliação<br />

psicolinguística, com características psicométricas definidas e que nos permite obter, em<br />

simultâneo, medidas em tempo real e em tempo diferido. As vantagens oferecidas por um<br />

instrumento deste tipo são imensas, tanto do ponto de vista teórico, como do ponto de vista da<br />

intervenção. Teoricamente, a PAL-PORT proporcionará o estudo de muitas questões de<br />

natureza psicolinguística, relacionadas com o modelo que lhe está subjacente e com o modo de<br />

funcionamento cognitivo do sistema linguístico. Do ponto de vista da intervenção, a PAL-<br />

PORT, ao ser capaz de fazer uma caracterização psicolinguística detalhada dos distúrbios da<br />

linguagem aos níveis lexical, morfológico, frásico, discursivo e prosódico, possibilita a<br />

12


planificação de programas de recuperação dos doentes com afasia, especificamente<br />

direccionados para o subtipo de distúrbios. Só um programa capaz de ajustar as estratégias aos<br />

défices linguísticos em causa pode garantir o sucesso de uma intervenção que pretenda<br />

ultrapassar as dificuldades linguísticas dos doentes afásicos.<br />

1 Trabalho realizado no âmbito do projecto RIPD/PSI/63557/2005, financiado pela FCT,<br />

intitulado “Avaliação psicolinguística fina de afasias e de outras perturbações da linguagem:<br />

Uma bateria integrativa de medidas em tempo diferido e em tempo real” e integrado no Núcleo<br />

de Estudos e <strong>In</strong>tervenção Cognitivo-Comportamental (NEICC) da Faculdade de Psicologia e de<br />

Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.<br />

2 Actualmente, encontra-se numa fase bastante avançada a adaptação para a população<br />

portuguesa da AAT: Aachen Aphasie Test (Lauterbach, 2006). Trata-se, no entanto, de uma<br />

bateria que, tal como a BAAL, pretende, a partir da identificação de um conjunto de sintomas,<br />

classificar o doente segundo o tipo e a severidade da afasia, não tendo como ponto de partida<br />

nenhum modelo psicolinguístico.<br />

3 A PALPA foi objecto de um estudo de adaptação para a língua portuguesa, estudo esse que se<br />

encontra praticamente concluído (Castro, Caló, & Gomes, 2003; Gomes, 2006). Trata-se de uma<br />

bateria com um número muito extenso de provas, em que o objectivo fundamental será proceder<br />

a um estudo detalhado dos défices linguísticos, mas em que não há a preocupação de fazer um<br />

trabalho psicométrico.<br />

4 No momento da redacção deste artigo, a equipa do projecto está a trabalhar na elaboração dos<br />

itens, estando algumas das provas já concluídas e prontas a serem implementadas no programa<br />

E-Prime.<br />

5 Uma das vinte e oito provas (a nº 1) tem o propósito de fazer uma triagem dos pacientes que<br />

são capazes de extrair informação semântica de uma figura. Trata-se de uma prova de<br />

Sondagem Semântica em que se fazem perguntas acerca de um objecto apresentado através da<br />

sua imagem. Uma vez que muitas das provas têm um suporte visual assente em imagens, todos<br />

aqueles doentes que não conseguirem realizar esta prova, não serão avaliados nas restantes<br />

provas em que existam imagens como suporte.<br />

6 Como exemplo de uma questão acerca de características sensoriais/visuais temos, para o fruto<br />

kiwi: “é verde?”; como exemplo de uma questão acerca de características funcionais, temos,<br />

para o instrumento machado: “serve para cortar?”<br />

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