MARY DINSMORE SALTER AINSWORTH - Faculdade de ...
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MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA<br />
DISCIPLINA: Psicopatologia Cognitivo-Desenvolvimental, opção B, 4º ano<br />
DOCENTE: Profª Maria Cristina Canavarro<br />
ANO LECTIVO: 2006/2007<br />
NOME: Charlotte Ulenberg
<strong>MARY</strong> <strong>DINSMORE</strong> <strong>SALTER</strong> <strong>AINSWORTH</strong><br />
Mary D. Salter Ainsworth nasceu<br />
em Glendale, Ohio em Dezembro <strong>de</strong> 1913.<br />
Filha do Charles e Mary Salter, Ainsworth<br />
era a mais velha <strong>de</strong> três irmãs. Ela passou a<br />
infância em Toronto, Canada e tinha uma<br />
boa relação com a família, “a close-knit<br />
family”. Ambos os pais graduaram no<br />
Dickinson College. O pai tirou o <strong>de</strong>grau <strong>de</strong><br />
mestrado em história e a mãe estudou por<br />
algum tempo, <strong>de</strong>pois do qual começou um<br />
curso <strong>de</strong> enfermeira, mas pouco tempo<br />
<strong>de</strong>pois foi chamada à casa para cuidar da<br />
mãe doente. Cinco anos <strong>de</strong>pois da mãe ter<br />
tirado o mestrado, ela casou-se com o pai<br />
da Ainsworth e passou a ser doméstica <strong>de</strong><br />
casa. Quando a Ainsworth tinha cinco<br />
anos, em 1918, o pai era transferido para<br />
um emprego em Canada, trabalhando<br />
numa firma <strong>de</strong> manufacturo. Esta tranferência resultou numa mudança da família para<br />
Canada. Pouco tempo <strong>de</strong>pois, o pai da Ainsworth passou <strong>de</strong> ser presi<strong>de</strong>nte do filial on<strong>de</strong> ele<br />
trabalhava. Mary tinha boas lembranças do pai <strong>de</strong>la, que era um pai que à noite punha as<br />
crianças na cama e cantava-lhes uma canção. A relação da Ainsworth com a mãe era menos<br />
quente. Passeios semanais até à biblioteca eram um evento regular da família Ainsworth.<br />
Ainsworth disse que os pais <strong>de</strong>la punham “valor elevado numa educação liberal” e era muito<br />
provável que ela e as irmãs iriam para a universida<strong>de</strong>.<br />
Na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quinze anos, no último ano da escola secundária, Ainsworth leu o livro:<br />
‘Character and the Conduct of Life’ do William McDougall, que a lidou à carreira como<br />
psicóloga. Ainsworth nunca se tinha realizado, antes disto, que uma pessoa po<strong>de</strong> olhar para<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la própria, em vez <strong>de</strong> olhar para as forças externas, para explicar o comportamento e<br />
os sentimentos.<br />
2
Ainsworth foi para a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Toronto no Outono <strong>de</strong> 1929. Na Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Toronto, Ainsworth fazia parte <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> honores <strong>de</strong> psicologia. Ela tirou a<br />
Licenciatura (BA) em 1935, o Mestrado (MA) em 1936 e o Doutoramento (PhD) em<br />
Psicologia do Desenvolvimento em 1939, tudo pela a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Toronto. Ainsworth<br />
começou a carreira <strong>de</strong> ensino (posição <strong>de</strong> leitora) na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Toronto, antes <strong>de</strong><br />
participar a ‘Canadian Women's Army Corp’ em 1942 durante a Segunda Guerra Mundial.<br />
Depois <strong>de</strong> um período breve <strong>de</strong> serviço post-guerreia para o governo, como ‘superinten<strong>de</strong>nt of<br />
Women’s Rehabilitation’ (consultante para o director da selecção pessoal) no <strong>de</strong>partamento<br />
Canadiano <strong>de</strong> casos veteranos – on<strong>de</strong> ela obteve o grau <strong>de</strong> Major em 1945 – Ainsworth<br />
regressa para a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Toronto, para trabalhar como professora assistente <strong>de</strong><br />
Psicologia da Personalida<strong>de</strong> em 1946 e on<strong>de</strong> escreveu um livro com influência, em<br />
colaboração com o Klopfer, sobre o teste <strong>de</strong> Rorschach. Além <strong>de</strong> ter sido professora, ela fazia<br />
investigação em comportamento, na avaliação <strong>de</strong> segurança. Mary era co-directora <strong>de</strong> uma<br />
equipa <strong>de</strong> investigação dirigida pelo Blatz. Membros <strong>de</strong>sta equipa <strong>de</strong>senvolveram uma<br />
varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escalas <strong>de</strong> lápis-e-papel para avaliar aspectos familiares e extrafamiliares da<br />
segurança adulta.<br />
Em 1950, Mary casou-se com o Leonard Ainsworth, um veterano da Segunda Guerra<br />
Mundial e membro <strong>de</strong>sta equipa, que estava a acabar o mestrado. Depois <strong>de</strong> algum tempo, o<br />
casal <strong>de</strong>cidiu mudar-se para Londres, Inglaterra para que o marido pô<strong>de</strong> fazer uma pósgraduação<br />
na Universida<strong>de</strong> Colégio. A Mary não tinha sido capaz <strong>de</strong> encontrar um emprego<br />
na Inglaterra, antes <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> Canada, mas quando estava em Londres uma amiga, que<br />
Ainsworth conhecia do tempo da guerra, mostrou-lhe um anuncio no ‘Times’ que perguntava<br />
por um investigador com habilida<strong>de</strong>s diagnosticas, que po<strong>de</strong>ria dar assistência num estudo no<br />
cedo <strong>de</strong>senvolvimento da personalida<strong>de</strong>, especialmente tomando conta com os efeitos da<br />
separação da mãe * na primeira infância. Esta equipa <strong>de</strong> investigação era dirigido pelo<br />
psicanalítico e psiquiatra <strong>de</strong> crianças, John Bowlby no consultório <strong>de</strong> Tavistock. O colega<br />
parceiro da Ainsworth no consultório <strong>de</strong> Tavistock era o James Robertson, que foi empregado<br />
pelo Bowlby, para observar crianças novas antes, na altura, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> serem hospitalizadas<br />
ou institucionalizadas. Nestes dias, as visitas parentais em hospitais eram severamente<br />
*<br />
Deve ser dito que o Bowlby acredita que a mãe é a primeira figura <strong>de</strong> vinculação na vida da criança, mas investigações subsequentes têm<br />
confirmado que a criança forma uma relação <strong>de</strong> vinculação tanto com a mãe, como com o pai. Bowlby, assim como muitos outros<br />
investigadores <strong>de</strong>ssa altura, infundiu as normas <strong>de</strong> sexo <strong>de</strong>ssa altura para a investigação científica, que <strong>de</strong> outro modo teria sido ‘unbiased’.<br />
Portanto, on<strong>de</strong> é referido à relação entre a mãe e o bebé/ a criança, po<strong>de</strong> ser lido também a relação entre o bebé/ a criança e outra figura <strong>de</strong><br />
vinculação.<br />
3
estritas, e a óbvia aflição das crianças na separação era mal reconhecido. Uma das tarefas da<br />
Ainsworth era <strong>de</strong> dar assistência ao Robertson na análise das notas <strong>de</strong>talhadas que ele tinha<br />
tirado. Ela estava tão impressionada com a qualida<strong>de</strong> da data do Robertson, que pensou em<br />
adoptar o método <strong>de</strong>le no caso <strong>de</strong> ela alguma vez ter a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer um estudo<br />
próprio. Interessantemente, o Robertson obteve o treinamento em observar enquanto que<br />
estava a trabalhar na residência <strong>de</strong> berçário da Anna Freud, para crianças evacuadas durante a<br />
guerra, on<strong>de</strong> todos os membros da equipa <strong>de</strong> funcionários, não interessando a <strong>de</strong>scrição dos<br />
seus empregos, eram requeridos <strong>de</strong> escrever as suas observações em cartões, para ser usado<br />
em subsequente discussões sobre o <strong>de</strong>senvolvimento das crianças.<br />
Em adição <strong>de</strong> ganhar experiência na análise <strong>de</strong> data <strong>de</strong> observação, Ainsworth ficou<br />
intrigue com o pedido do Bowlby, para encontrarem uma explicação mais compelida para a<br />
aflição das crianças na primeira infância em resposta à separação parental, que a vista<br />
corrente. Esta vista, partilhado por psicanalistas e igualmente por teoréticos <strong>de</strong> aprendizagem,<br />
era que bebés se tornam vinculados às mães porque elas os alimentam e cumpram as suas<br />
outras necessida<strong>de</strong>s básicas.<br />
Ainsworth, que própria tinha esta vista, ficou bastante inquieta quando o Bowlby veio<br />
com explicações etológicas e evolucionárias para enten<strong>de</strong>r assuntos <strong>de</strong> vinculação, separação<br />
e perda, inspirados pelos estudos <strong>de</strong> ‘imprinting’ do Konrad Lorenz. Ela até mesmo avisou-o<br />
que ao publicar estas i<strong>de</strong>ias, a reputação <strong>de</strong>le po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>struída.<br />
Mas foi nesta altura que a Ainsworth e o Bowlby, se perceberam do facto <strong>de</strong> que<br />
precisavam <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o <strong>de</strong>senvolvimento normal da relação <strong>de</strong> vinculação entre bebé e mãe<br />
antes que avaliassem os efeitos <strong>de</strong> rompimento nesse <strong>de</strong>senvolvimento. Comparações<br />
seguintes <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> vinculação entre o bebé e a mãe interrompidos com relações <strong>de</strong><br />
vinculação entre o bebé e a mãe normais mostravam que a falta da figura da mãe levava a<br />
“efeitos adversos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento” na criança. O trabalho <strong>de</strong>la com o Bowlby, levou-a<br />
cedo e com certeza ao interesse no reino do <strong>de</strong>senvolvimento e, nesta altura, planeou para<br />
fazer um estudo longitudinal na troca interactiva entre mãe e bebé, num ambiente natural,<br />
assim que podia.<br />
Esta oportunida<strong>de</strong> veio quando o marido da Ainsworth aceitou uma posição no<br />
Instituto Oeste <strong>de</strong> África <strong>de</strong> Investigação Social em Kampala, Uganda. Ainsworth <strong>de</strong>ixou o<br />
consultório <strong>de</strong> Tavistock em 1954. Foi em Uganda que Ainsworth, sócio Superior <strong>de</strong><br />
Investigação num estudo <strong>de</strong> campo longitudinal, estudou mães e bebés no seu ambiente<br />
natural, observando e gravando o mais que podia, e analisando e publicando a data anos<br />
<strong>de</strong>pois (num monografo importante: ‘Infancy in Uganda: Infant Care and the Growth of<br />
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Love’), <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> se juntar à faculda<strong>de</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> John Hopkins em Baltimore. Além<br />
das relações <strong>de</strong> vinculação, no primeiro ano <strong>de</strong> vida, ela teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar<br />
diferenças culturais no <strong>de</strong>senvolvimento da relação <strong>de</strong> vinculação entre bebé e mãe, no estudo<br />
<strong>de</strong> Uganda.<br />
Nos fins <strong>de</strong> 1955, Mary Ainsworth mudou para Baltimore, Maryland, on<strong>de</strong> o Leonard<br />
tinha encontrado uma posição como psicólogo forense. Mary Ainsworth explorou<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> John Hopkins e foi aceito como professora.<br />
Além <strong>de</strong> ser professora na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> John Hopkins, Ainsworth fornecia serviço<br />
psicológico durante dois dias da semana no Hospital Psiquiátrico <strong>de</strong> Sheppard e Enoch Pratt e<br />
conduzia uma pequena prática privada na avaliação diagnóstica <strong>de</strong> crianças com problemas<br />
emocionais. Esta experiência e as perícias que tinha obtido mais cedo, provaram <strong>de</strong> ser inútil<br />
para a metodologia <strong>de</strong> investigação mais tar<strong>de</strong> e fizeram um atraso <strong>de</strong> alguns anos às análises<br />
das observações em Uganda. Em 1958, foi lhe oferecido uma posição permanente à<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> John Hopkin, como professora associada em psicologia do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
e em 1963 como professora completa.<br />
O John Bowlby mandou uma pré-impressão do documento seminal na teoria da<br />
vinculação à Ainsworth em 1958, “The Nature of the Child’s Tie to His Mother” (Bowlby,<br />
1958) e em 1960, o Bowlby teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visitar a Ainsworth em Baltimore, <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> ele ter passado o ano no Instituto para Estudos Avançados na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Stanford.<br />
Agora a Ainsworth tinha a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fornecer <strong>de</strong>talhes sobre o estudo <strong>de</strong>la nas relações<br />
<strong>de</strong> vinculação em Uganda ao Bowlby, e foi aqui que começou a segunda fase da colaboração<br />
entre Ainsworth e Bowlby. Enquanto que a Ainsworth era um membro da equipa <strong>de</strong><br />
investigação do Bowlby em Londres, Bowlby tinha, principalmente, o papel <strong>de</strong> mentor, mas<br />
durante esta segunda fase do trabalho que eles fizeram juntos, eles ficaram sócios, e<br />
profundamente influenciavam a mente um ao outro, através <strong>de</strong> correspondência frequente, e<br />
troca <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> artigos e capítulos <strong>de</strong> livros para comentos <strong>de</strong>talhados e críticos, assim<br />
como encontros transatlânticos periódicos.<br />
Na faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> John Hopkins, Ainsworth marcou o início do in<strong>de</strong>licado impacto que<br />
ela teve e ainda tem nos estudantes (<strong>de</strong>la). Ainsworth e o marido divorciaram em 1960, o que<br />
foi muito doloroso para a Mary. Ela ficou <strong>de</strong>primida e procurou terapia psicanalítica. Este tipo<br />
<strong>de</strong> terapia teve uma gran<strong>de</strong> influencia no trabalho <strong>de</strong>la. Ela começou a ficar muito interessada<br />
na literatura psicanalítica, especialmente a do Freud.<br />
Em 1961, um ano <strong>de</strong>pois do divórcio, Mary Ainsworth fez as primeiras apresentações<br />
públicas dos resultados do estudo <strong>de</strong> Uganda num encontro com o Grupo <strong>de</strong> Estudo <strong>de</strong><br />
5
Tavistock do Bowlby, em Londres. A recepção do trabalho <strong>de</strong>la pelos participantes –<br />
<strong>de</strong>senvolvimentistas distinguidos e etólogos da Britânica, França e dos Estados Unidos – foi<br />
um pouco morna. Como resultado, Ainsworth mais tar<strong>de</strong> construíu um catálogo <strong>de</strong><br />
comportamentos, que podiam servir como um conjunto <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> vinculação, quando<br />
mostrado à um indivíduo específico. Este catálogo e outras introspecções durante o estudo <strong>de</strong><br />
Uganda criaram i<strong>de</strong>ias para um segundo estudo <strong>de</strong> observação <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> vinculação entre<br />
mãe e bebé, durante o primeiro ano <strong>de</strong> vida, mas <strong>de</strong>sta vez numa socieda<strong>de</strong> industrializada.<br />
Depois <strong>de</strong> obter fundos da Fundação <strong>de</strong> William T. Grant, o estudo teve o começo em 1963.<br />
Foi em 1962 então que Ainsworth começou o conhecido estudo <strong>de</strong> Baltimore sobre a<br />
relação <strong>de</strong> vinculação entre cuidador e criança, usando a ‘Situação Estranha’ e observando<br />
mães a crianças num ambiente natural. Ainsworth visitava as casas das mães frequentemente<br />
e aproximadamente 72 horas <strong>de</strong> observação eram feitas a cada criança. Como nos estudos em<br />
Uganda, Ainsworth encontrou que crianças usam as figuras <strong>de</strong> vinculação como base segura,<br />
a partir da qual vão explorando o mundo. O estudo <strong>de</strong> Baltimore leva, mundialmente, a<br />
gran<strong>de</strong>s mudanças na maneira como pais, psicólogos, psiquiatras, pediatras, educadores e<br />
políticos pensavam sobre criar filhos e crianças na primeira infância.<br />
John Bowlby e Ainsworth continuam a trabalhar como colegas em investigações e<br />
teorias sobre a relação <strong>de</strong> vinculação. Ainsworth fez parte do Grupo <strong>de</strong> Estudo <strong>de</strong> Interacção<br />
mãe-bebé <strong>de</strong> Tavistock, qual comunica com vários cientistas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
diferentes nacionalida<strong>de</strong>s e disciplinas.<br />
Ainsworth mudou para a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Virgínia, em 1974, primeiro como<br />
professora visitante, <strong>de</strong>pois como professora <strong>de</strong> ‘Commonwealth’, on<strong>de</strong> ficou <strong>de</strong> 1975 a 1984,<br />
porque outros colegas <strong>de</strong>la do John Hopkins tinham mudado para lá e porque haviam muitos<br />
psicólogos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em Virgínia. Durante este tempo ela continuava o ensino da<br />
Psicologia do Desenvolvimento, supervisionado imensas investigações <strong>de</strong> estudantes<br />
mestrados, e publicando os resultados dos próprios estudos. Ela também teve uma parte<br />
essencial no <strong>de</strong>senvolvimento do programa <strong>de</strong> treino <strong>de</strong> psicologia clínica na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Virgínia.<br />
Ainsworth era membro da Associação Psicológica Americana <strong>de</strong> 1972 a 1977, da<br />
Associação Psicológica Britânica, da Associação Psicológica do Oriental, da Associação<br />
Psicológica da Virgínia e serviu <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Investigação em<br />
Desenvolvimento Infantil <strong>de</strong> 1977 a 1979.<br />
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Ainsworth recebeu muitos honores, <strong>de</strong> diferentes organizações prestigiosas, incluído o<br />
prémio <strong>de</strong> ‘G. Stanley Hall’ do APA para psicologia do <strong>de</strong>senvolvimento em 1984, o prémio<br />
‘Contribuição Distinguida <strong>de</strong> Desenvolvimento da Criança’ em 1985, o prémio ‘Contribuição<br />
Professional Distinguida <strong>de</strong> Conhecimento’ do APA em 1987 e o prémio ‘Contribuição<br />
Científica Distinguida’ do APA em 1989. Ainsworth foi também um co-recipiente do<br />
primeiro prémio <strong>de</strong> Ensino, na divisão da Psicologia <strong>de</strong> Desenvolvimento da APA. Ela<br />
reformou-se como professora jubilada em 1984, <strong>de</strong>pois da qual fica profissionalmente activa<br />
até 1999, e ainda recebeu um prémio em 1998, a medalha <strong>de</strong> ouro para ‘Contribuições<br />
Científicas’ pelo ‘American Psychological Foundation’.<br />
Mary D. Salter Ainsworth, uma dos preeminentes psicólogos do <strong>de</strong>senvolvimento do<br />
século 20, morreu em Charlottesville, Virginia, no dia 21 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1999, na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 86,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma doença comprida. Ela nunca<br />
teve filhos, mas mesmo assim <strong>de</strong>ixou atrás<br />
uma família internacional <strong>de</strong> estudantes e<br />
amigos. As contribuições <strong>de</strong>la no estudo<br />
científico na teoria da vinculação levaram à<br />
mudanças enormes enquanto àquilo que<br />
pensamos sobre a relação <strong>de</strong> vinculação entre<br />
mãe e criança.<br />
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ESTADIA EM UGANDA<br />
OBRAS PRINCIPAIS<br />
Depois do Leonard Ainsworth ter completado o mestrado em 1953, arranjou um<br />
emprego no Instituto Oeste <strong>de</strong> África <strong>de</strong> Investigação Social em Kampala, Uganda. Isto foi a<br />
oportunida<strong>de</strong> para Mary Ainsworth <strong>de</strong> fazer um estudo <strong>de</strong> observação, mo<strong>de</strong>lado no trabalho<br />
do Robertson com crianças hospitalizadas.<br />
O director do Instituto consegui raspar junto (“scrape together”) alguns fundos para<br />
um estudo sobre a separação maternal na alimentação da mama, quando — tinham dito à<br />
Ainsworth — tradicionalmente crianças eram mandados embora para relativos por alguns dias<br />
para “esquecer a mama”. Depois do estudo ter começado, Ainsworth rapidamente <strong>de</strong>scobriu<br />
que a maioria das mães já não seguia este hábito e que o <strong>de</strong>sign do estudo, por isso, era inútil.<br />
Em vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir, ela <strong>de</strong>cidiu <strong>de</strong> documentar<br />
mudanças <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento normativas e diferenças<br />
individuais nos paternos <strong>de</strong> interacção mãe-criança. As<br />
participantes do estudo eram 26 polígonas,<br />
monógamas, e separadas ‘Cristão’ e ‘Moslim’ mães e<br />
os seus filhos, que viviam nas seis al<strong>de</strong>ias à volta <strong>de</strong><br />
Kampala. Embora que ela, na altura, tinha alguma noção daquilo que estava à procura, ela<br />
estava sobretudo numa missão exploradora, hipótese-gerando. Em adição às frequentes<br />
observações <strong>de</strong> casa, quais na maioria duravam mais que duas horas, ela fazia entrevistas<br />
<strong>de</strong>talhadas, com a ajuda <strong>de</strong> um trabalhador social local, que servia <strong>de</strong> interpretador e<br />
colaborador.<br />
Durante o estudo em Uganda, a Ainsworth re<strong>de</strong>scobriu o fenómeno da base segura,<br />
qual ela já tinha <strong>de</strong>scrito no discurso <strong>de</strong>la ao Blatz, o mentor doutoral da Mary. A paterna <strong>de</strong><br />
comportamento a que Ainsworth já se tinha referido, como ‘usar a mãe como base segura’<br />
acentua o facto que po<strong>de</strong> haver um <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> vinculação ao mesmo<br />
tempo que há um <strong>de</strong>senvolvimento no aumento da competência e in<strong>de</strong>pendência. É a criança<br />
insegura que se a<strong>de</strong>re à mãe e recusa <strong>de</strong> a <strong>de</strong>ixar. A criança segura, afasta-se e mostra que<br />
mantém uma relação <strong>de</strong> vinculação com a mãe pelo o facto que quer saber on<strong>de</strong> ela está e<br />
quer voltar à mãe <strong>de</strong> tempo-em-tempo. Nos olhares <strong>de</strong> relance ocasionais para ela, ou nas<br />
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coisas que traz para a mãe ver, ele mostra o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> partilhar com ela o prazer que tem em<br />
explorar as admirações do mundo. Vinculação nem normalmente, nem necessariamente<br />
interfere com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> competência e self-reliance, mas, pelo contrário, suporta<br />
o <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
ESTUDO DE BALTIMORE<br />
Na década <strong>de</strong> 60, Ainsworth inventou o procedimento<br />
laboratorial estandardizado, chamado ‘A Situação Estanha’,<br />
<strong>de</strong>stinado a avaliar a organização da vinculação num contexto<br />
relacional, numa situação <strong>de</strong> stress. Nesta altura ela sistematizou o<br />
procedimento laboratorial Situação Estranha e o respectivo sistema<br />
<strong>de</strong> classificação. Quais, ainda hoje em dia, são usados largamente.<br />
No procedimento da Situação Estranha uma criança (entre 12 e 18<br />
meses) é observada enquanto que brinca durante 20 minutos num<br />
local estranho (um quarto), mas com brinquedos apelados para encorajar as crianças <strong>de</strong><br />
explorar. Ao mesmo tempo figuras da vinculação e estranhos entram e <strong>de</strong>ixam o quarto várias<br />
vezes, recreando a corrente da presença <strong>de</strong> familiares e <strong>de</strong>sconhecidos que a maioria das<br />
crianças encontra no seu quotidiano e <strong>de</strong>stinados a activar e/ou intensificar o sistema<br />
comportamental <strong>de</strong> vinculação.<br />
Por exemplo: a mãe e a criança estão sozinhos no quarto por alguns minutos, o<br />
<strong>de</strong>sconhecido entra o quarto, fica, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns minutos, a mão <strong>de</strong>ixa o quarto e volta<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mais alguns minutos. Ambos, a mãe e o <strong>de</strong>sconhecido, po<strong>de</strong>m confortar a criança<br />
stressada. Portanto, a situação vária ao nível <strong>de</strong> stress e as reacções da criança são observadas.<br />
Os dois aspectos do comportamento da criança que são observados são:<br />
1. A quantia <strong>de</strong> exploração (por exemplo: brincar com brinquedos novos) a criança usa<br />
durante o procedimento.<br />
2. As reacções da criança na partida e principalmente na chegada da(s) figura(s) da<br />
vinculação.<br />
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A maioria das crianças comportava-se, durante este processamento como a Ainsworth<br />
tinha previsto. Quando a mãe não estava presente no quarto, as crianças ficavam perto da<br />
porta e a maioria chorava. Quando a mãe regressava, eles aproximavam-se da mãe e pediam<br />
contacto, através <strong>de</strong> por as mãos no ar, para a mãe os pegar. Quando estavam confortados,<br />
eles rapidamente voltavam a brincar. Mas nem todas as crianças mostravam este<br />
comportamento, entretanto, e na base dos outros comportamentos, as crianças po<strong>de</strong>m ser<br />
categorizados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> três padrões <strong>de</strong> vinculação. Cada um <strong>de</strong>stes padrões reflecte uma<br />
diferente relação <strong>de</strong> vinculação entre a criança e a mãe.<br />
Padrão A: inseguro-evitante. Nesta classificação incluiu aquelas crianças que após<br />
uma breve separação da mãe, evitou se reunir a ela quando <strong>de</strong> sua volta;<br />
Padrão B: seguro. As crianças classificadas nesta categoria <strong>de</strong>monstraram ser activos<br />
nas brinca<strong>de</strong>iras, buscar contacto com a mãe após uma separação breve e serem<br />
confortadas com facilida<strong>de</strong>, voltando a se envolver em suas brinca<strong>de</strong>iras;<br />
Padrão C: inseguro-ansioso. Essas crianças <strong>de</strong>monstraram, na situação experimental<br />
uma oscilação entre a busca <strong>de</strong> contacto com sua mãe e a resistência ao contacto com<br />
esta, além <strong>de</strong> terem se mostrado mais coléricos ou passivos que as crianças com os<br />
padrões <strong>de</strong> apego anteriormente <strong>de</strong>scritos (Bowlby, 1990).<br />
Mary Main sugeriu uma quarto padrão que chamou <strong>de</strong>: inseguro-<strong>de</strong>sorientado e/ou<br />
<strong>de</strong>sorganizado, on<strong>de</strong> a criança apresenta um comportamento entorpecido, confuso ou<br />
apreensivo, po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>monstrar também comportamentos contraditórios, como evitar o olhar<br />
da mãe enquanto aproxima-se <strong>de</strong>sta (Bee, 1996).<br />
A maioria das pesquisas sobre apego e vínculo afectivo concentram-se na primeira<br />
infância e nas primeiras relações mãe-filho.<br />
Para a ajudar a interpretar o sentido dos três padrões <strong>de</strong><br />
vinculação, a Ainsworth comparou as classificações <strong>de</strong> crianças<br />
seguras, evitantes e ansiosas da Situação Estranha, com análises <strong>de</strong><br />
observação em casa. Esta comparação revelou que mães <strong>de</strong> crianças<br />
seguras tinham-se comportado mais sensíveis com as crianças em<br />
casa, durante os primeiros três meses <strong>de</strong> vida, enquanto que mães <strong>de</strong><br />
crianças evitantes tinham mostrado mais rejeição, especialmente <strong>de</strong> contacto corporal<br />
próximo. As mães das crianças ansiosas tinham respondido muito inconsistente em resposta<br />
ao comportamento <strong>de</strong> vinculação das suas crianças, comportando-se sensíveis por vezes, mas<br />
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ignorando ou rejeitando-as em muitas outras ocasiões. Ainsworth encontrou também prova<br />
que indicava que os paternos <strong>de</strong> interacção entre mães e crianças eram relatados ao nível <strong>de</strong><br />
response que mães mostravam aos seus filhos. Mais tar<strong>de</strong> no primeiro ano <strong>de</strong> vida, crianças<br />
seguras tinham as interacções mais harmoniosas com as suas mães, enquanto que aquelas das<br />
crianças evitantes e ansiosas eram mais problemáticas (resumido em Ainsworth, Blehar,<br />
Waters, & Wall, 1978).<br />
IMPORTÂNCIA PARA A DISCIPLINA<br />
As contribuições <strong>de</strong> Mary Ainsworth foram fundamentais para a Teoria da<br />
Vinculação. Ela construiu um procedimento laboratorial <strong>de</strong> avaliação da vinculação (Situação<br />
Estranha), <strong>de</strong>senvolveu o respeito sistema <strong>de</strong> classificação e criou escalas <strong>de</strong> avaliação<br />
escorados comportamentalmente para a Situação Estranha, que podiam ser aplicados para<br />
classificar o comportamento das crianças em subsequentes estudos.<br />
Além disso <strong>de</strong>senvolveu o conceito da teoria, clarificando a i<strong>de</strong>ia da interacção entre<br />
padrões <strong>de</strong> vinculação e os ambientes específicos <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> cuidados.<br />
O trabalho pioneirismo da Mary Ainsworth mudou concepções <strong>de</strong> relações <strong>de</strong><br />
vinculação entre mães e crianças, e ainda mais, concepções <strong>de</strong> relações humanas, em geral.<br />
Entre as contribuições principais da Ainsworth estão o conceito da figura <strong>de</strong> vinculação como<br />
base segura através da qual a criança po<strong>de</strong> explorar o mundo; a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong><br />
vinculação mãe-bebé, como indicadores da qualida<strong>de</strong> relacional; e o conceito da response<br />
paternal sensível à sinais das crianças como precursor <strong>de</strong> uma vinculação segura. Se não<br />
tivesse sido o trabalho da Ainsworth, a teoria da vinculação e investigação não teriam<br />
alcançado a importância que hoje em dia têm na psicologia social e na psicologia do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento.<br />
OBRAS PRINCIPAIS<br />
Ainsworth escreveu imensos livros e artigos, dos quais os mais importantes são:<br />
‘Child Care and the Growth of Love’ (1965, com John Bowlby, Londres: Penguin), ‘Infancy<br />
in Uganda’ (1967, Baltimore: John Hopkins), e ‘Patterns of Attachment’ (1978, com M.<br />
Blehar, E. Waters, & S. Wall, Hillsdale, NJ: Erlbaum), que resuma os resultados do Estudo <strong>de</strong><br />
Baltimore.<br />
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Arcus, D. (1998). Gale Encyclopedia of Childhood and Adolescence.<br />
http://www.findarticles.com/p/articles/mi_g2602 (20 novembro 2006)<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
Bretherton, I. (2002). Mary Ainsworth: Insightful Observer and Courageous<br />
Theoretician. Portraits of pioneers in psychology, Vol. 5, 1-10.<br />
Davidson Films.<br />
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