Psicologia e Educação, 6 (1), 2007 Dificuldades na Escrita de ...
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Consi<strong>de</strong>rações Fi<strong>na</strong>is<br />
A avaliação dos <strong>de</strong>sempenhos da produção escrita, feita com base num<br />
mo<strong>de</strong>lo psicolinguístico, permite-nos uma análise <strong>de</strong>talhada das dificulda<strong>de</strong>s,<br />
ultrapassando, assim, as limitações <strong>de</strong> exames mais clássicos que não nos fornecem<br />
qualquer elemento relativo aos processos e componentes particulares que estarão <strong>na</strong><br />
origem dos problemas. Tratando-se <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo específico da escrita, este<br />
faculta-nos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um exame fundamentado numa arquitectura cognitiva<br />
sólida e fica, através <strong>de</strong>le, realçada a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta mestria no conjunto das<br />
activida<strong>de</strong>s linguísticas.<br />
Neste artigo, vimos como uma avaliação <strong>de</strong>sta <strong>na</strong>tureza se tor<strong>na</strong> possível<br />
através <strong>de</strong> provas como aquelas que integram a PAL-PORT. Apresentámos aqui três<br />
testes que nos facilitam uma análise <strong>de</strong> diferentes vias e processos implicados <strong>na</strong><br />
escrita. A Prova 7, ao exigir a repetição <strong>de</strong> pseudopalavras ouvidas, inci<strong>de</strong> a sua<br />
atenção sobre a conversão auditivo-fonética e sobre a activação das unida<strong>de</strong>s<br />
fonológicas no buffer <strong>de</strong> saída, testando um dos dois processos sublexicais<br />
intervenientes <strong>na</strong> escrita. O outro processo sublexical – a conversão fone-grafema – é<br />
avaliado pela Prova <strong>de</strong> Ditado que permite, igualmente, averiguar a integrida<strong>de</strong> da via<br />
lexical, mais concretamente, do léxico ortográfico <strong>de</strong> saída. A intervenção do léxico<br />
semântico <strong>na</strong> activação da forma ortográfica da palavra é necessária à realização da<br />
Prova <strong>de</strong> <strong>Escrita</strong> <strong>de</strong> Nomes Representados em Gravuras que, <strong>de</strong>sse modo, nos dá uma<br />
indicação da funcio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> da via léxico-semântica. Pela aplicação <strong>de</strong>stas provas,<br />
po<strong>de</strong>mos ficar com uma i<strong>de</strong>ia clara dos pontos fortes e fracos do circuito <strong>de</strong>scrito e,<br />
sobretudo, dos processos específicos que afectam o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do<br />
doente.<br />
A construção <strong>de</strong> provas <strong>de</strong>sta <strong>na</strong>tureza requer um trabalho apurado, on<strong>de</strong> a<br />
intervenção <strong>de</strong> linguistas se mostrou indispensável, nomeadamente <strong>na</strong> adaptação para<br />
a língua portuguesa das variáveis psicolinguísticas da bateria origi<strong>na</strong>l elaborada <strong>de</strong><br />
acordo com as características da língua inglesa. Procurámos mostrar, neste trabalho,<br />
que critérios nortearam a escolha dos itens constantes em cada uma das provas<br />
<strong>de</strong>scritas.<br />
Interessa-nos realçar que estamos perante provas que, obe<strong>de</strong>cendo a um<br />
mo<strong>de</strong>lo psicolinguístico, foram construídas a partir <strong>de</strong> critérios explícitos e<br />
pon<strong>de</strong>rados. Assim sendo, a avaliação que elas possibilitam constitui um fundamento<br />
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