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Psicologia e Educação, 6 (1), 2007 Dificuldades na Escrita de ...

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2. <strong>Dificulda<strong>de</strong>s</strong> <strong>na</strong> <strong>Escrita</strong><br />

As dificulda<strong>de</strong>s <strong>na</strong> escrita, quer se trate das adquiridas, quer das<br />

<strong>de</strong>senvolvimentais, são facilmente interpretáveis à luz do mo<strong>de</strong>lo acima exposto.<br />

Salvaguardadas as especificida<strong>de</strong>s respectivas, po<strong>de</strong> dizer-se que, no essencial, as<br />

categorias <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> escrita são comuns aos dois tipos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s (cf.<br />

Vidal & Manjón, 2000; ver, também, Castro & Gomes, 2000). Dada a <strong>na</strong>tureza do<br />

presente artigo, incidiremos a nossa atenção <strong>na</strong>s agrafias adquiridas.<br />

Com base no mo<strong>de</strong>lo apresentado, po<strong>de</strong>mos distinguir as agrafias com origem<br />

nos processos lexicais daquelas que se ficam a <strong>de</strong>ver a problemas ao nível sublexical<br />

(Rapcsak & Beeson, 2000). Nas agrafias centrais, consi<strong>de</strong>ram-se, normalmente, os<br />

seguintes subtipos: a lexical ou superficial, a semântica, a fonológica e a profunda (cf.<br />

Rapcsak & Beeson, 2000; Whitworth, Webster, & Howard, 2005).<br />

A agrafia lexical ou superficial resulta, como o próprio nome indica, <strong>de</strong> um<br />

distúrbio <strong>na</strong> via lexical e, mais especificamente, no léxico ortográfico <strong>de</strong> saída<br />

(Beauvois & Dérouesné, 1981). O conhecimento ortográfico das palavras está<br />

afectado, o que, obviamente, impe<strong>de</strong> o seu uso por parte dos doentes. A escrita só é<br />

possível pelo recurso à via sublexical, i.e., ao conhecimento relativo às regras <strong>de</strong><br />

conversão fone-grafema. Deste modo, o <strong>de</strong>sempenho do escrevente fica muito<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da regularida<strong>de</strong> da relação entre fones e grafemas. Palavras cujas<br />

unida<strong>de</strong>s sublexicais respeitem as regras <strong>de</strong> conversão fone-grafema (regulares) e que<br />

ostentam correspondências fone-grafema do tipo “um-para-um” são correctamente<br />

escritas, o mesmo não acontecendo com as palavras irregulares ou com aquelas em<br />

que estão representadas correspondências fone-grafema do tipo “um-para-muitos”. Do<br />

mesmo modo, estes doentes revelam bons <strong>de</strong>sempenhos <strong>na</strong> escrita <strong>de</strong> pseudopalavras.<br />

Porque a via utilizada é a sublexical, os pacientes com esta agrafia produzem erros<br />

que consistem em regularizações gráficas das palavras irregulares. Fazendo<br />

subordi<strong>na</strong>r a escrita das palavras irregulares às regras <strong>de</strong> conversão fone-grafema,<br />

estes doentes incorrem em erros “fonologicamente aceitáveis”. Dito isto, ressalve-se<br />

que variáveis como a frequência da palavra a representar graficamente exercem,<br />

também, alguma influência no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>stes doentes, já que algumas palavras<br />

irregulares muito frequentes po<strong>de</strong>m vir a ser correctamente escritas por eles.<br />

Nos casos <strong>de</strong> agrafia semântica é, também, a via lexical que está afectada, mas<br />

a um nível diferente dos da agrafia superficial. Trata-se <strong>de</strong> um problema que po<strong>de</strong><br />

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