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alfaguara/1q84_livro_2-9788579622052 - Livraria da Travessa

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do meu trabalho — disse, sentando-se numa <strong>da</strong>s cadeiras do jardim<br />

em frente ao terraço. Aomame sentou-se ao lado dele. O beiral do<br />

telhado bloqueava os raios de sol, e os dois ficaram protegidos por<br />

uma sombra fresca. Sentia-se o aroma <strong>da</strong>s plantas em broto.<br />

— Chegou o verão — disse Tamaru.<br />

— As cigarras começaram a cantar — disse Aomame.<br />

— Este ano as cigarras começaram a cantar mais cedo. Daqui<br />

a pouco, esta área vai começar a ficar barulhenta. A ponto de<br />

doer os ouvidos. Quando estive numa ci<strong>da</strong>de próxima às cataratas<br />

do Niágara, o canto <strong>da</strong>s cigarras também era ensurdecedor. Uma<br />

cantoria ininterrupta, de manhã até a noite. Um milhão de cigarras<br />

de tudo quanto é tamanho, cantando ao mesmo tempo.<br />

— Então quer dizer que você já esteve nas cataratas do<br />

Niágara.<br />

Tamaru confirmou.<br />

— Era a ci<strong>da</strong>de mais entediante do mundo. Fiquei naquele<br />

lugar durante três dias, sozinho, sem fazer absolutamente na<strong>da</strong>, apenas<br />

escutando o barulho <strong>da</strong>s cataratas. E o barulho era tamanho que<br />

eu não conseguia sequer ler um <strong>livro</strong>.<br />

— O que você foi fazer três dias, sozinho, nas cataratas?<br />

Tamaru não respondeu. Limitou-se a balançar discretamente<br />

a cabeça.<br />

Tamaru e Aomame permaneceram em silêncio durante um<br />

tempo, escutando atentamente o modesto canto <strong>da</strong>s cigarras.<br />

— Queria te pedir um favor — disse Aomame.<br />

Isso despertou o interesse de Tamaru. Aomame não era de<br />

pedir favores.<br />

— É um pedido um tanto incomum e, por isso, espero que<br />

não me leve a mal — disse ela.<br />

— Não sei se vou poder ajudá-la, mas não custa na<strong>da</strong> ouvir.<br />

Por uma questão de educação, nunca me recuso a escutar o pedido<br />

de uma <strong>da</strong>ma.<br />

— Preciso de uma pistola — disse Aomame com frieza. —<br />

Uma que caiba na bolsa. Que não dê um coice muito forte, mas de<br />

alto poder destrutivo, confiável. Não pode ser uma arma recondiciona<strong>da</strong>,<br />

ou uma cópia fabrica<strong>da</strong> nas Filipinas. Se eu for usá-la, será<br />

uma única vez. Basta ter uma única bala.<br />

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