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Psicologia Clínica e Homoparentalidade: desafios contemporâneos ...

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mulher por ter o seu desejo sexual orientado para um outro homem, assim como uma mulher<br />

lésbica não se torna homem pela mesma razão. Em termos de “função parental”, a função<br />

“materna” ou “paterna” poderá ser desempenhada por qualquer dos parceiros, mesmo quando<br />

exercida de forma mais marcante por um ou outro dos membros do par, sem que isso os transforme<br />

em mulher ou homem.<br />

A homossexualidade refere-se ao exercício da sexualidade. Funções parentais não exigem o<br />

exercício da sexualidade. Seria o mesmo que usar este critério para julgar a competência<br />

profissional de alguém, sua capacidade para gerenciar conflitos, seu gosto por comida, gênero de<br />

filme. São esferas distintas da vida, que se cruzam por uma contingência. A reprodução, muito<br />

atrelada à sexualidade, pode ser um dos fatores que dão sentido à proximidade dessas duas esferas,<br />

bem como à conjugalidade e afetividade (UZIEL, 2002).<br />

Esta pesquisa demonstrou que, embora a maioria dos profissionais sinta-se preparada<br />

pessoal e profissionalmente, há também a não-aceitação e despreparo, especialmente pessoal, bem<br />

como a necessidade de mais informações e estudos para uma melhor preparação na atuação<br />

profissional, numa área que julgam como diferente, exigindo estudos específicos.<br />

Carter & McGoldrick (2003) ratificaram essas questões, enfatizando que forças muito<br />

influentes – de hierarquia, de poder racial, cultural, heterossexual e de discriminação sexual –<br />

definem os limites da vida dos clientes e determinam o que é considerado “problema” e a maneira<br />

pela qual o profissional responde a esses “problemas”. Orientados por esse conhecimento, os<br />

profissionais foram sutil e diretamente treinados para observar deficiências e diagnosticar com<br />

rótulos negativos que, muitas vezes, empobrecem e têm um profundo impacto na vida das pessoas,<br />

deteriorando estilos de vida.<br />

As famílias homoparentais interpelam os cientistas sociais sobre estruturas de parentesco, os<br />

juristas sobre a filiação, os psicólogos sobre o desenvolvimento de crianças em famílias diferentes<br />

das tradicionais. Este trabalho responde, de alguma forma, à interpelação dessas famílias, do ponto<br />

de vista psicossocial.<br />

Considerações finais<br />

Os preconceitos e a impotência frente aos <strong>desafios</strong> enfrentados nesse tipo de família se<br />

fazem presentes também na prática da psicologia clínica, mesmo que de forma invisível. É<br />

importante o profissional ter essa consciência e buscar auto-conhecimento e embasamento teórico<br />

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