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Toxoplasmose - MEAC

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TOXOPLAMOSE<br />

Drª Daniela Monteiro Ferreira<br />

1. INTRODUÇÃO:<br />

A transmissão congênita da toxoplasmose pode ocorrer como consequência da infecção aguda<br />

materna ou como consequência da recrudescência de infecção materna crônica durante a gestação<br />

em mulheres imunodeprimidas.<br />

Quanto mais tardia a infecção materna durante a gestação, maior a chance da ocorrência da infecção<br />

congênita. Entretanto, os casos mais sintomáticos e graves de infecção congênita se verificam<br />

quando a infecção materna ocorre nos dois primeiros trimestres da gestação. Quanto mais cedo o<br />

feto é infectado, mais grave é seu quadro.<br />

2. QUADRO CLÍNICO:<br />

Aproximadamente 85% dos RN com toxoplasmose congênita não apresentam sinais clínicos<br />

evidentes ao nascimento. No entanto, uma avaliação mais detalhada pode mostrar alterações tais<br />

como restrição do crescimento intrauterino, prematuridade, anormalidades liquóricas e cicatrizes de<br />

retinocoroidite. Quando presentes, as manifestações clínicas podem ser encontradas no período<br />

neonatal ou ao longo dos primeiros meses de vida, podendo também haver surgimento de sequelas<br />

da doença previamente não diagnosticada apenas na adolescência ou na idade adulta.<br />

No RN, as manifestações clínicas são diversas e inespecíficas. A tríade clínica clássica – associação<br />

de hidrocefalia, calcificações cerebrais e retinocoroidite – não é comum.<br />

As alterações mais encontradas são:<br />

• Retinocoroidite.<br />

• Hepatoesplenomegalia.<br />

• Linfadenopatia.<br />

• Icterícia.<br />

• Anemia.<br />

• Anormalidades liquóricas.<br />

• Estrabismo.<br />

• Crises convulsivas.<br />

• Hidrocefalia.<br />

• Calcificações cerebrais.<br />

• Macro ou microcefalia.<br />

• Restrição do crescimento intrauterino.<br />

• Prematuridade.<br />

• Distermias.<br />

• Sangramentos.<br />

• Erupção cutânea.<br />

Sequelas tardias são muito frequentes na toxoplasmose congênita não tratada. Mesmo entre RN<br />

assintomáticas ao nascimento, estima-se que 85% apresentarão cicatrizes de retinocoroidite nas<br />

primeiras décadas de vida, e 50% evoluirão com anormalidades neurológicas. As sequelas são ainda<br />

mais frequentes e mais graves nos RN que já apresentam sinais ao nascer, com acometimento visual<br />

em graus variados, retardo mental, crises convulsivas, anormalidades motoras e surdez. Mais de<br />

70% desses RN desenvolverão novas lesões oftalmológicas ao longo da vida.<br />

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3. DIAGNÓSTICO:<br />

- Pré-natal: detecção do parasita em sangue fetal ou líquido amniótico.<br />

Presença de anticorpos específicos da classe IgM e/ou IgA em sangue fetal.<br />

-Pós-natal: em casos suspeitos deve ser realizado ao nascer, avaliação oftalmológica, audiométrica,<br />

neurológica e tomografia computadorizada. Diagnóstico definitivo pode ser obtido a partir de:<br />

1) Isolamento do parasita em cobaias inoculadas com sangue do cordão, placenta e/ou sangue<br />

periférico do lactente ou evidenciar a presença do parasita por meio da identificação de seu genoma<br />

pelo método de PCR, em sangue ou líquor;<br />

2) Presença de anticorpos específicos IgM e/ou IgA ou persistência de anticorpos da classe IgG<br />

depois dos 12 meses de idade.<br />

- O achado de anticorpos IgM no líquor, especialmente na ausência de IgM sérico, indica a presença<br />

de infecção por toxoplasmose no sistema nervoso central (SNC).<br />

4. TRATAMENTO:<br />

Todos os recém-nascidos com infecção congênita devem ser tratados independentemente de<br />

apresentarem ou não manifestações clínicas de infecção. O tratamento destes lactentes deve ter a<br />

duração de um ano com o seguinte esquema:<br />

Medicamento* Posologia<br />

Sulfadiazina§ 100mg/kg/dia divididos em 2 doses diárias, durante 1 ano.<br />

(comprimidos de<br />

500mg)<br />

1mg/kg/dia em 1 dose diária, durante dois a seis meses, dependendo da<br />

Pirimetamina§<br />

intensidade do acometimento<br />

(comprimidos de<br />

A seguir, 1mg/kg três vezes por semana, até completar 1 ano de utilização<br />

25mg)<br />

do medicamento<br />

10mg administrados três vezes por semana<br />

Na ocorrência de neutropenia:<br />

se


5. REFERÊNCIAS:<br />

AGUIAR, Cláudio Ribeiro et al. O Recém-nascido de Muito Baixo Peso. 2. ed.São Paulo: Ed.<br />

Atheneu, 2011.<br />

BRASIL. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Intervenções<br />

Comuns, Icterícia e Infecções. vol.2 Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em:<br />

.<br />

CARVALHO, Manoel de; LOPES, José Maria de A. Avanços em Perinatologia. Rio de Janeiro:<br />

Ed. Guanabara Koogan S.A., 2005.<br />

CLOHERTY, John et al. Manual de Neonatologia. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan S.A.,<br />

2004.<br />

RODRIGUES, Francisco Paulo Martins; MAGALHÃES, Maurício. Normas e Condutas em<br />

Neonatologia. 2. ed.São Paulo: Ed. Atheneu, 2011.<br />

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