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Grupos de Cultura Popular - Revista Mutações

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Introdução<br />

O reconhecimento do popular na<br />

cultura historicamente sempre foi negado por<br />

toda a época mo<strong>de</strong>rna, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o iluminismo e,<br />

sobretudo no auge do <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa, quando a problemática<br />

da cultura e da arte foi discutida pelos<br />

teóricos da Escola <strong>de</strong> Frankfurt, como<br />

Adorno e Horkheimer, em uma ampla<br />

discussão do popular como instância em que<br />

não há criativida<strong>de</strong>, produção, ao revelar uma<br />

supervalorização da cultura e da arte erudita,<br />

que na verda<strong>de</strong> reproduzia um discurso do<br />

hegemônico e da negação do popular como<br />

sujeito.<br />

Nessa via o estudo preten<strong>de</strong> com base<br />

em teóricos como Martin Barbero, Canclini,<br />

Walter Benjamin, Michel <strong>de</strong> Certeau e Stuart<br />

Hall <strong>de</strong>sconstruir essa visão do popular<br />

analisando o processo histórico que se<br />

constituiu a negação e mostrando o contexto<br />

que favorece a inserção do popular e,<br />

portanto das culturas populares na cultura,<br />

como também suas interações com as<br />

indústrias culturais.<br />

O estudo em um primeiro momento<br />

irá problematizar o popular no contexto da<br />

negação, conceituando o popular nesses<br />

momentos históricos posicionando-o no<br />

âmbito da socieda<strong>de</strong> da informação e da<br />

complexida<strong>de</strong> das mediações com as<br />

indústrias culturais, na tentativa <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r as festas populares como é o<br />

caso da Pastorinha <strong>de</strong> Parintins, que vem se<br />

ressiginificado, e em que os grupos populares<br />

<strong>de</strong>ssa tradição têm redimensionado sua<br />

experiência.<br />

1. A negação histórica do popular<br />

Para entendimento do local do<br />

popular na cultura, é necessário examinar<br />

indícios do lugar e significado do povo na<br />

política historicamente, que mostra<br />

evidências da negação dos setores populares,<br />

tendo em vista que a busca da razão (leia-se:<br />

pelos iluministas) marcam a dualida<strong>de</strong> que os<br />

ilustrados tinham da noção do povo. Para os<br />

iluministas a inserção do povo é necessária<br />

para a soberania e <strong>de</strong>mocracia, no entanto do<br />

ponto <strong>de</strong> vista da cultura, o povo sempre<br />

representou o lugar da ignorância e<br />

superstição, que a racionalida<strong>de</strong> sempre lutou<br />

em abolir. É assim que para Martín Barbero<br />

(2006) a questão da inclusão abstrata e<br />

exclusão concreta marcam a negação do<br />

popular na cultura, quando afirma:<br />

2<br />

A invocação do povo<br />

legitima o po<strong>de</strong>r da<br />

burguesia na medida<br />

exata em que essa<br />

invocação articula sua<br />

exclusão da cultura. É<br />

nesse movimento que<br />

se geram as categorias<br />

“do culto” e “do<br />

popular. Isto é, do<br />

popular como inculto,<br />

do popular <strong>de</strong>signado,<br />

no momento <strong>de</strong> sua<br />

constituição em

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