12.04.2013 Views

Grupos de Cultura Popular - Revista Mutações

Grupos de Cultura Popular - Revista Mutações

Grupos de Cultura Popular - Revista Mutações

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

subordinada, passiva e reflexa é questionada<br />

teórica e empiricamente por não se sustentar<br />

diante das concepções foucaultianas do<br />

po<strong>de</strong>r, que já não se acha somente<br />

concentrado apenas na classe dita dominante,<br />

nem, no Estado, nem nos meios <strong>de</strong><br />

comunicação.<br />

É na visão dos anarquistas que o<br />

popular terá visibilida<strong>de</strong> em seu espaço <strong>de</strong><br />

luta na socieda<strong>de</strong>, à medida que reconhecem<br />

que a transformação social po<strong>de</strong> vir da luta<br />

implícita e informal, da luta cotidiana.<br />

Barbero (2006, p.41) revela que foram os<br />

anarquistas os primeiros a vislumbrarem a<br />

cultura como um espaço não apenas <strong>de</strong><br />

manipulação, mas <strong>de</strong> conflito através da<br />

manifestação <strong>de</strong> diferentes expressões e<br />

práticas culturais.<br />

2. Indústria <strong>Cultura</strong>l e visões do<br />

popular<br />

A negação do popular como sujeito<br />

vai, sobretudo, ter uma nova abordagem com<br />

a emergência da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> massas, pois<br />

com as transformações impetradas pelo<br />

capitalismo, a socieda<strong>de</strong> no sec. XIX vai<br />

sofrer mudanças significativas na sua base<br />

material e imaterial. Freud (1969) em<br />

Psicologias das massas e análise do eu, em<br />

um <strong>de</strong>bate a partir da obra <strong>de</strong> Le Bon,<br />

Psicologia das Multidões (1885), William<br />

Mc Dougall, A Mente grupal (1920) e com<br />

Trotter, na obra sobre o Instinto <strong>de</strong> rebanho<br />

ou instinto gregário (1916), <strong>de</strong>smistifica a<br />

visão organicista como as massas eram<br />

caracterizadas.<br />

A irracionalida<strong>de</strong> e a perda <strong>de</strong> crítica,<br />

a suscetibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> influências ressaltadas<br />

por Le Bon como características inerentes<br />

dos indivíduos na massa, Freud (1969) diz<br />

que são características novas reveladas pelo<br />

inconsciente e são mais comuns em grupos<br />

efêmeros. Relativizando essas características,<br />

ressalta como a inteligência da mente grupal<br />

po<strong>de</strong> se manifestar também nas massas:<br />

[...] Contudo, mesmo a<br />

mente grupal é capaz <strong>de</strong><br />

gênio criativo no<br />

campo da inteligência,<br />

como é <strong>de</strong>monstrado,<br />

acima <strong>de</strong> tudo, pela<br />

própria linguagem, bem<br />

como pelo folclore,<br />

pelas canções populares<br />

e outros fatos<br />

semelhantes.<br />

Permanece questão<br />

aberta, além disso,<br />

saber quanto o<br />

pensador ou o escritor,<br />

individualmente, <strong>de</strong>vem<br />

ao estímulo do grupo<br />

em que vivem, e se eles<br />

não fazem mais do que<br />

aperfeiçoar um trabalho<br />

mental em que os<br />

outros tiveram parte<br />

simultânea. (FREUD,<br />

1969, p.108)<br />

Na perspectiva da negação do<br />

popular, percebe-se que há uma preocupação<br />

em Le Bon em perpetuar a visão do local do<br />

popular como espaço <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />

superstição. Fato que Barbero (2006, p. 57)<br />

explica ser um receio porque as massas<br />

4

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!