Pensan<strong>do</strong> bem Chegaram os tablets, isto é, os leitores eletrônicos para os livros digitais. O comércio anuncia a novidade de diferentes formas, nos cadernos especializa<strong>do</strong>s da imprensa. Está se tornan<strong>do</strong> mais comum encontrar uma pessoa com esses equipamentos nos lugares. Dia desses vi um ora<strong>do</strong>r subir à tribuna e falar a partir de um texto, cuja construção, como notei, parecia ter si<strong>do</strong> finalizada ali, naquele plenário repleto. Em certo <strong>do</strong>mingo, em lanchonete <strong>do</strong> Rosarinho, um casal manuseava a invenção moderna, mas o fazia como se fora um notebook, navegan<strong>do</strong> pela rede mundial. É possível também contar com essa possibilidade. Mas, há uma discussão nos ares <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>: a <strong>do</strong> fim <strong>do</strong> livro. O livro impresso fenecerá, depois de mais de cinco séculos da invenção de Gutenberg? É o que se tem debati<strong>do</strong>, sem uma conclusão definitiva! É impossível prever o futuro, mas o merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> livro digital cresceu em 2010 cerca de 460%, passan<strong>do</strong> de 160 milhões para um bilhão de dólares, enquanto a queda na venda de livros impressos chegou a 2%. Na expectativa de Silvio Meira, o encontro dessas duas curvas, uma em ascensão rápida e outra em declínio lento, levará ao fim <strong>do</strong> livro tradicional, em 20 anos. Não sei! Melhor comungar das ideias de Antônio Campos, escritor, membro da Academia Pernambucana de Letras, autor de um Blog, que propõe a convivência entre as duas formas, como apresentações complementares, nunca excludentes. Ou comungar das opiniões de Humberto Eco, que nega a condenação 18 > > fevereiro 2011 Geral<strong>do</strong> Pereira* pereira.gj@gmail.com A leitura em movimento <strong>do</strong> livro, argumentan<strong>do</strong> a partir da fragilidade <strong>do</strong> substrato. Diz que o disquete, no qual se armazenavam as informações todas, sequer dispõe de espaço para ser li<strong>do</strong> hoje. O CD, também, é efêmero e se desgasta em pouco tempo. O mesmo se diga <strong>do</strong> DVD. E ninguém sabe a segurança das memórias espalhadas pelo mun<strong>do</strong>. De toda parte, o computa<strong>do</strong>r se desatualiza em <strong>do</strong>is anos e com frequência se tem perda de arquivos. O livro digital, mesmo, será aquele produzi<strong>do</strong> com os recursos <strong>do</strong> hipertexto, isto é, aquele que pode remeter a palavra a outro texto, permitin<strong>do</strong> nova conexão. Assim, quan<strong>do</strong> o autor escrever, por exemplo, o vocábulo Recife, o termo estará aceso e ao simples clique o leitor terá uma descrição da cidade, o mapa ou coisa parecida. Isso será extraordinário, mas se adaptará com facilidade a uma enciclopédia ou a um livro similar, que permita e até solicite essa passagem rápida de uma para outra leitura. No que toca ao comum – ao romance, à poesia, aos ensaios e às crônicas – o costume <strong>do</strong> livro tradicional atrai mais, pelo menos por enquanto e a facilidade <strong>do</strong> manuseio, <strong>do</strong> <strong>do</strong>brar <strong>do</strong> volume e <strong>do</strong> riscar das frases seduz melhor o leitor. De mais a mais, é preciso universalizar o acesso, promoven<strong>do</strong> a inclusão social de to<strong>do</strong>s, nos varia<strong>do</strong>s países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Só assim será possível expandir a informática e permitir que a globalização inclua os menos aquinhoa<strong>do</strong>s, tiran<strong>do</strong> das elites esse privilégio. No Brasil de hoje 54% das pessoas, acima de 12 anos de idade, têm conexão com a Internet. Sucede que dessas 81,3 milhões de criaturas, a maioria tem acesso nas lan houses (31%), enquanto 21% em casa. O equipamento <strong>do</strong>méstico vem cain<strong>do</strong> em termos de custo mais e mais, o que anima e traz a esperança de que a disponibilidade seja, com certa rapidez, universalizada. Entende-se que a leitura especializada, aquela <strong>do</strong>s periódicos científicos, será mais e mais digital. Quan<strong>do</strong> eu era jovem médico e trabalhava em saúde pública, uma revista muito importante, <strong>do</strong> Center for Disease Control, vinha pelos correios para o meu chefe, mas nunca às minhas mãos. Hoje, os artigos chegam à caixa postal eletrônica todas as semanas e agora em espanhol, uma língua mais fácil. Pena esteja com uma atividade mais literária e menos médica! Mas, a página da Sociedade Brasileira de História da Medicina tem si<strong>do</strong> um nicho no qual venho publican<strong>do</strong> sobre o pretérito médico em Pernambuco. Eis a leitura em movimento! * Geral<strong>do</strong> Pereira é escritor
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