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Introdução à Lingüística - Sabine Mendes Moura

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predominantes são de ordem polêmica e, portanto, calcadas em funções<br />

antagonistas. Todo esse quadro pressupõe também um desarranjo no âmbito<br />

cognitivo do crer e do saber e, de fato, a descrição da letra confirma que se<br />

encontram abaladas tanto a confiança quanto a concordância entre seus atores-<br />

sujeitos. Finalmente, podemos dizer que, entre as categorias mais gerais<br />

selecionadas pelo enunciador do texto, predominam as de natureza descontínua e<br />

que, em última instância, essa descontinuidade é responsável pelos obstáculos<br />

narrativos e comunicativos disseminados em seus planos mais superficiais.<br />

Essas "camadas" de sentido, por enquanto apenas mencionadas, revelam que há<br />

uma inspiração gerativista - associada ao nome de Noan Chomsky - no modelo de<br />

Greimas: o valor "descontinuidade", selecionado em nível profundo, gera funções<br />

antagonistas (entre sujeito e anti-sujeito, por exemplo) que, por sua vez, gera o<br />

tema do desentendimento, cuja principal figura, já na superfície discursiva, é a Torre<br />

de Babel. Mas as equivalências com a gramática gerativa limitam-se a essa<br />

concepção de modelo descritivo em níveis, dos elementos mais abstratos e gerais<br />

aos mais concretos e particulares. O projeto de Greimas tinha como meta a<br />

descrição do que Louis Hjelmslev denominou "forma do conteúdo", uma espécie de<br />

estrutura geral da significação que subjaz aos textos, sejam eles verbais ou não-<br />

verbais.4 Desde seus primórdios, portanto, a semiótica concebe uma teoria para a<br />

análise do conteúdo humano que se manifesta em dimensão transfrasal,<br />

independentemente da configuração textual escolhida para a sua organização e<br />

difusão. Esse conteúdo pode surgir como literatura, filme, pintura, música ou até<br />

como linguagem coloquial; tudo isso é passível de descrição semiótica.<br />

Como vimos, a concepção de que um texto mantém seu conteúdo organizado em<br />

articulações narrativas trouxe um parâmetro sintáxico consistente para a pesquisa<br />

do sentido gerado por essas unidades que transcendem - e muito - o nível da frase.<br />

Numa primeira etapa, os semioticistas dedicaram-se ao estudo exaustivo das<br />

operações pragmáticas, que compreendem as atuações do sujeito em busca de<br />

seus objetos, e das operações cognitivas, que enfocam as comunicações do sujeito<br />

com seus pares, transmitindo informações e, principalmente, realizando<br />

persuasões.<br />

Em seguida, já nos anos 1980, esses pesquisadores passaram a investigar as<br />

condições narrativas do sujeito, a partir de uma compreensão mais exata dos<br />

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