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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - Facom - Universidade ...

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passagens da militância política revelaram uma lembrança muito fugidia e inconsistente. É<br />

como se a convivência tivesse sido tão passageira que não ficou registrada na memória, não<br />

deixou vestígios, marcas do passado. Mas, talvez seja exigir demais da memória individual,<br />

pois as condições de clandestinidade vividas na época também impedem a reconstrução do<br />

passado, o resgate da memória. Os militantes que pertenciam ao partido na época, entre os<br />

anos de 1968-71, muitos deles estão desvinculados da vida político-partidária, e para<br />

encontrá-los somente através de depoimentos de militantes predispostos a identificá-los, a<br />

prestar informações. Então, corre-se para lista telefônica, numa tentativa desesperada de<br />

encontrá-los e poder ouvir, finalmente, detalhes mais precisos.<br />

Essa exposição de motivos serve, apenas, para explicar de que forma foi possível<br />

construir o perfil dos militantes mortos no Araguaia. Ele foi realizado através de um mosaico<br />

de 34 entrevista-depoimentos, sendo que houve a contribuição de outras fontes secundárias,<br />

necessárias para confirmar algumas passagens referenciadas em depoimentos. Todas elas<br />

serão citadas no final desta memória, a título de agradecimento pela imprescindível<br />

contribuição e referência para estudos posteriores. No total, foram ouvidas cerca de 45<br />

pessoas.<br />

As entrevista-depoimentos são, sobremaneira, importantes para compor o perfil dos<br />

militantes desaparecidos. Através da lembrança do militante é que foi possível recuperar parte<br />

da história política, principalmente porque os familiares não acompanharam o dia-a-dia da<br />

militância e desconhecem a atividade partidária. Embora não sejam contemplados<br />

explicitamente, a vivência política desses entrevistados é relevante não só para tentar compor<br />

um perfil da resistência ao regime militar, mas também pela riqueza de suas histórias de vida.<br />

O processo de construção do texto obedeceu a realização do perfil dos militantes<br />

desaparecidos permeado a reconstituição de acontecimentos considerados importantes na<br />

época e que tiveram um impacto na militância. O trabalho foi dividido em capítulos e os<br />

perfis individuais estão distribuídos ao longo do texto. Tentou-se dar uma unidade a cada<br />

relato e unificar algumas experiências comuns. Não havia intenção explícita de falar sobre a<br />

guerrilha do Araguaia, porém será publicada uma entrevista com Luzia Ribeiro, sobrevivente<br />

do Araguaia, por ser um depoimento inédito.<br />

Este projeto experimental não pretende ser um relato e/ou um perfil completo sobre os<br />

militantes. Com certeza existem lacunas, que poderiam ser melhor exploradas. A falta de uma<br />

contextualização histórica, motivada, quiçá, pela falta de talento da autora em compreender a<br />

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