UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - Facom - Universidade ...
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Antônio Carlos foram julgados à revelia, condenados a 2 anos e 4 meses, e a 1 ano e 6 meses<br />
respectivamente. João Dantas, condenado a 1 ano e dois meses, cumpriu a pena na Penitenciária<br />
Lemos Brito.<br />
Dias antes do julgamento, Rosalindo ainda se encontrou com João Dantas. Eram amigos<br />
desde o período da faculdade de direito e tinham discutido a questão da luta armada. Ou melhor,<br />
a ação política que desencadearia a luta armada. Mas, nesse começo de 1971, João Dantas já não<br />
acredita que o caminho armado é a alternativa para acabar com a ditadura militar. Rosalindo,<br />
porém, demonstra crença no trabalho revolucionário. Afirma que tem certeza de que será<br />
condenado e que a recomendação do partido é a de sair da cidade. Dantas respondeu:<br />
- Eu não vou.<br />
- João, não tenha ilusões, você vai ser condenado, disse–lhe Rosalindo.<br />
- Não tem problema. Eu posso passar 1 ou 2 anos preso, depois saio e recomeço a vida.<br />
João Dantas recorda-se que o amigo ainda disse: “você tem dúvida da firmeza da proposta<br />
do partido. Você está recuando!”. João Dantas apenas afirmou que não havia como enfrentar a<br />
ditadura através da luta armada, todos as grandes lideranças estavam mortas, como Joaquim<br />
Câmara Ferreira, assassinado em outubro de 1970; Carlos Marighella, em 1969. Não chegaram a<br />
discutir profundamente a viabilidade do projeto da luta armada, despediram-se e cada um seguiu<br />
seu caminho.<br />
Rosalindo Souza advogava em Itapetinga, desde o ano de 1970. Quando teve a sua<br />
matrícula cassada na UFBa, em 1969, conseguiu matricular-se no curso de direito da Faculdade<br />
Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Rosalindo retornou a sua cidade de origem e começou a<br />
advogar. Atividades políticas já não exercia de forma explícita, mas participava da Sociedade<br />
Beneficente de Artífices e Operários de Itapetinga. Ensinava no curso de alfabetização e<br />
procurava passar o seu conhecimento da história do país. O jornalista Luís Nova, à época<br />
estudante secundarista, lembra que ele conversava bastante com os estudantes. “É claro que era<br />
uma conversa desigual. Eu era um adolescente, ele um militante comunista. Mas era uma<br />
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