PIAS Programa de Ingresso por Avaliação Seriada - Uniube
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Comentário<br />
86<br />
<strong>PIAS</strong> <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Ingresso</strong> <strong>por</strong> <strong>Avaliação</strong> <strong>Seriada</strong><br />
A B C D E<br />
20% 10% 30% 15% 25%<br />
Índice <strong>de</strong> Dificulda<strong>de</strong>: 80%<br />
A lei 10.639/2003 tornou obrigatório o ensino <strong>de</strong> História da África e afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, consi<strong>de</strong>rando o enfoque secundário<br />
conferido aos africanos que a<strong>por</strong>taram no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos da colonização e que auxiliaram na formação da socieda<strong>de</strong> e<br />
da cultura brasileiras. A África não é, como comumente se pensa, um espaço estático caracterizado <strong>por</strong> gran<strong>de</strong>s florestas e<br />
animais bravios e habitado <strong>por</strong> povos negros, atrasados e apáticos. Ao contrário, não é possível falar <strong>de</strong> África, mas uma<br />
pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Áfricas, não apenas no aspecto geográfico e <strong>de</strong> recursos naturais, como também no aspecto humano. Habitada<br />
<strong>por</strong> diferentes povos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Antiguida<strong>de</strong>, na África se <strong>de</strong>senvolveram florescentes civilizações e culturas específicas que, com a<br />
chegada do europeu, foram se <strong>de</strong>sestabilizando. A imagem recorrente <strong>de</strong> que o africano estava acostumado com a escravidão e<br />
<strong>por</strong> esse motivo se acomodou a ela na América é falsa, <strong>por</strong>que a escravidão africana tinha sentidos diferentes daquela praticada<br />
no continente americano. O conhecimento da história da África para <strong>de</strong>smistificar essas imagens é um dos objetivos do estudo,<br />
e não é somente pela força da lei que o continente africano <strong>de</strong>ve estar na sala <strong>de</strong> aula, mas pela im<strong>por</strong>tância histórica que os<br />
povos africanos legaram ao mundo oci<strong>de</strong>ntal, especialmente ao Brasil, que possui a maior população afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte das<br />
Américas. Consi<strong>de</strong>rada difícil, com 80% <strong>de</strong> erros, a questão não discriminou os candidatos, o que faz su<strong>por</strong> que a temática ainda<br />
é <strong>de</strong>sconhecida pelos estudantes, embora esteja presente nos programas <strong>de</strong> ensino das escolas. A superação <strong>de</strong>ssa condição<br />
po<strong>de</strong> ser empreendida pelo estudo sistemático nas aulas <strong>de</strong> História e reconhecimento <strong>de</strong> seu significado <strong>por</strong> alunos e professores.<br />
Questão Nº 33<br />
As civilizações da Antigüida<strong>de</strong> Oci<strong>de</strong>ntal, também <strong>de</strong>nominadas “Civilizações Clássicas”, <strong>de</strong>senvolveramse, originariamente, em<br />
duas penínsulas: a Balcânica e a Itálica, ambas situadas no Mar Mediterrâneo. Diferentemente <strong>de</strong> outros povos, os gregos<br />
<strong>de</strong>senvolveram uma brilhante civilização que se expandiu pelo Mediterrâneo. Uma das características históricas do período grego<br />
<strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Arcaico foi o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um intenso comércio marítimo entre as colônias e as primeiras cida<strong>de</strong>s – estado<br />
da Grécia Continental.<br />
Sobre as peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa expansão marítima grega, po<strong>de</strong>se afirmar que ela contribuiu para que :<br />
I) A economia mercantil, já monetarizada, fosse dinamizada e divulgada.<br />
II) A produção <strong>de</strong> vinho, azeite e peças <strong>de</strong> cerâmica e outras mercadorias fossem ex<strong>por</strong>tadas para as novas colônias.<br />
III) A camada social surgida em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sse intercâmbio fosse fortalecida com a constituição <strong>de</strong> comerciantes enriquecidos.<br />
IV) Os conflitos entre os comerciantes enriquecidos e os aristocratas fossem atenuados e posteriormente extintos.<br />
As afirmativas CORRETAS estão contidas em :<br />
A) I e II, apenas<br />
B) I, III e IV, apenas<br />
C) I , II e III, apenas<br />
D) III e IV, apenas<br />
E) III, apenas<br />
Comentário<br />
A B C D E<br />
17% 22% 40% 10% 11%<br />
Índice <strong>de</strong> Dificulda<strong>de</strong>: 60%<br />
A questão objetiva verificar as habilida<strong>de</strong>s do aluno <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar, contextualizar e extrapolar conhecimentos obtidos ao longo do<br />
Ensino Médio. E tanto no ensino Fundamental quanto no ensino Médio, as civilizações clássicas são estudadas intensamente. A<br />
capacida<strong>de</strong> do candidato <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar dados e contextualizálos permeou a questão. O índice <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> foi consi<strong>de</strong>rado<br />
médio, já que o assunto é analisado nos livros didáticos. É uma questão cujas afirmativas abordam as características das<br />
relações entre as colônias e as cida<strong>de</strong>sestados da Grécia Continental.<br />
Questão Nº 34<br />
A colonização espanhola na América foi caracterizada <strong>por</strong> uma luta intensa entre colonizadores e colonizados. Numa aparente<br />
contradição, os impérios asteca e inca, altamente militarizados e organizados, foram conquistados em poucos anos, enquanto<br />
outras populações resistiam tenazmente aos europeus.<br />
A dominação espanhola na América permitiu à Metrópole gran<strong>de</strong>s lucros e enormes divi<strong>de</strong>ndos econômicos.<br />
Esse acúmulo <strong>de</strong> capital foi possível <strong>por</strong>que :<br />
A) A Espanha incentivou a vinda maciça <strong>de</strong> escravos africanos para a América, os quais possuíam condições físicas para<br />
trabalhar nas minas <strong>de</strong> ouro e <strong>de</strong> prata <strong>de</strong>scobertas.<br />
B) Produtos agrícolas tradicionais dos indígenas foram ex<strong>por</strong>tados e intensamente consumidos pelos europeus.<br />
C) A colonização espanhola baseouse numa administração centralizada e empreen<strong>de</strong>dora.<br />
D) O domínio político e econômico nas colônias espanholas foi exercido pelo criollos, que eram autoritários.<br />
E) A participação do Estado nos lucros obtidos foi intensa e beneficiou exclusivamente a iniciativa privada.<br />
Dial. com o Pias, Uberaba, MG, v.7, n.7, p. 8493, set. 2008<br />
<strong>PIAS</strong> <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Ingresso</strong> <strong>por</strong> <strong>Avaliação</strong> <strong>Seriada</strong><br />
O autor <strong>de</strong>sse texto inicia a sua produção com um comentário acerca da obra <strong>de</strong> Marx, em que o filósofo mostra que a<br />
luta <strong>de</strong> classes e a exploração <strong>de</strong> uma classe <strong>por</strong> outra menos favorecida sempre existiu. O candidato dá vários exemplos da<br />
ocorrência <strong>de</strong>ssa luta ao longo da história da humanida<strong>de</strong>, revelando ter muitos conhecimentos sobre o assunto. O candidato<br />
menciona, ainda, a maisvalia, teoria marxista, segundo a qual o operário recebe apenas uma parte muito pequena do que produz,<br />
enquanto que todo o resto <strong>de</strong> sua produção fica com o patrão. A progressão temática do texto segue com inúmeros exemplos <strong>de</strong><br />
situações em que isso ocorre, na socieda<strong>de</strong> contem<strong>por</strong>ânea, confirmando que, conforme aponta o candidato, <strong>de</strong> acordo com<br />
Marx, essa luta <strong>de</strong> classes não terá fim, a menos que ocorra uma verda<strong>de</strong>ira revolução comunista ou socialista. Cada um <strong>de</strong>sses<br />
exemplos constitui um argumento para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a posição do candidato <strong>de</strong> que essa exploração da mão<strong>de</strong>obra é injusta e difícil<br />
<strong>de</strong> ser exterminada, o que po<strong>de</strong> ser comprovado pelo emprego do indicador atitudinal “infelizmente”, no início do último parágrafo,<br />
em que o enunciador se representa diante dos enunciados que produz.<br />
Em relação à coesão, o texto está muito bem construído, tendo sido empregados com total a<strong>de</strong>quação os conectivos e<br />
operadores argumentativos, como em “Se um operário produz <strong>de</strong>z pares <strong>de</strong> tênis em um dia <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>veria receber o<br />
equivalente a <strong>de</strong>z pares <strong>de</strong> tênis como salário. Mas não é isso que acontece.”<br />
No que se refere à norma culta, o texto revela que o candidato tem um bom domínio, embora tenha cometido alguns<br />
pequenos <strong>de</strong>slizes, como em “constroe” (constrói); “Po<strong>de</strong> existir alguém que trabalha em uma joalheria..” (trabalhe). Entretanto<br />
as relações <strong>de</strong> concordância, regência, colocação pronominal, o emprego das formas e tempos verbais, <strong>de</strong>ntre outros aspectos<br />
da norma culta, estão muito bem realizados na redação <strong>de</strong>sse candidato.<br />
Não há nenhuma incoerência e, quanto à autoria, verificase que o autor do texto revelase capaz <strong>de</strong> apropriarse do<br />
discurso do outro, mas incor<strong>por</strong>ao em seu texto com uma forma <strong>de</strong> expressão própria. Um trecho que muito chamou a atenção<br />
da banca foi a forma como o candidato concluiu o quarto parágrafo, inserindo uma pergunta que po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada um<br />
problema para o tipo <strong>de</strong> texto em questão, mas que, com habilida<strong>de</strong>, o candidato transformou em mais um argumento na <strong>de</strong>fesa<br />
<strong>de</strong> sua posição.<br />
Proposta B Narração<br />
Leia o trecho a seguir, extraído do romance Vidas Secas, <strong>de</strong> Graciliano Ramos, em que o personagem Fabiano receia ser<br />
enganado pelos comerciantes da cida<strong>de</strong>:<br />
Fabiano tinha ido à feira da cida<strong>de</strong> comprar mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras. Sinhá Vitória pedira<br />
além disso uma garrafa <strong>de</strong> querosene e um corte <strong>de</strong> chita vermelha. Mas o querosene <strong>de</strong> seu Inácio estava misturado com água,<br />
e a chita da amostra era cara <strong>de</strong>mais.<br />
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano, regateando um tostão em côvado, receoso <strong>de</strong> ser enganado. Andava<br />
irresoluto, uma longa <strong>de</strong>sconfiança davalhe gestos oblíquos. À tar<strong>de</strong> puxou o dinheiro, meio tentado, e logo se arrepen<strong>de</strong>u, certo<br />
<strong>de</strong> que todos os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou as notas na ponta do lenço, meteuas na algibeira, dirigiuse<br />
à bo<strong>de</strong>ga <strong>de</strong> seu Inácio, on<strong>de</strong> guardara os picuás.<br />
Aí certificouse novamente <strong>de</strong> que o querosene estava batizado e <strong>de</strong>cidiu beber uma pinga, pois sentia calor. Seu Inácio<br />
trouxe a garrafa <strong>de</strong> aguar<strong>de</strong>nte. Fabiano virou o copo <strong>de</strong> um trago, cuspiu, limpou os beiços à manga, contraiu o rosto. Ia jurar que<br />
a cachaça tinha água. Por que seria que seu Inácio botava água em tudo? perguntou mentalmente. Animouse e interrogou o<br />
bo<strong>de</strong>gueiro:<br />
– Por que é que vossemecê bota água em tudo?<br />
Seu Inácio fingiu não ouvir.<br />
Comentário<br />
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 1969, 22 ed., p. 69.<br />
O texto acima é um exemplo <strong>de</strong> narração. Narre (invente), agora, a continuação do episódio apresentado, dando solução à<br />
curiosida<strong>de</strong> do leitor sobre o <strong>de</strong>sfecho do “bateboca” entre o freguês e o comerciante. Lembrese dos aspectos que<br />
constituem um texto narrativo. Dê nome aos novos personagens que você criar, caracterize o tempo e novos lugares, se for<br />
o caso, crie expectativas (suspense) e apresente um final interessante.<br />
Um fragmento do romance “Vidas Secas”, <strong>de</strong> Graciliano Ramos, em que o personagem Fabiano receia ser enganado<br />
pelos comerciantes da cida<strong>de</strong>, introduz a proposta B – Narração. A partir dos elementos constitutivos do trecho na narrativa<br />
apresentado, pediase que o candidato continuasse o episódio, propondo uma solução para o <strong>de</strong>sentendimento (bateboca) que<br />
se estabeleceu entre o freguês, no caso, o Fabiano, e o comerciante, o seu Inácio. Solicitavase que se <strong>de</strong>ssem nomes aos novos<br />
personagens que <strong>por</strong> ventura fossem criados, que se caracterizasse o tempo e os novos lugares. Sugeriase, ainda, que o<br />
candidato criasse expectativas, construindo um final interessante para a sua história.<br />
Dessa forma, esperavase que o candidato conseguisse dar continuida<strong>de</strong> a um enredo já iniciado, mostrandose<br />
capaz <strong>de</strong> fazer o texto progredir, sem romper ou afastarse do fio condutor da história; que, ao elaborar a continuação da narrativa,<br />
inserisse a a<strong>de</strong>quada caracterização dos espaços e personagens novos, criando suspense e <strong>de</strong>sfecho interessantes. Isso no<br />
que se refere ao tema e tipo <strong>de</strong> texto em questão.<br />
Além disso, para que construísse um texto <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, era preciso que o candidato cuidasse da a<strong>de</strong>quação à<br />
norma culta (ortografia, acentuação, concordância, regência, colocação pronominal, <strong>de</strong>ntre outros); dos aspectos relacionados ao<br />
sentido e tessitura do texto, tais como o emprego a<strong>de</strong>quado dos mecanismos e elementos coesivos, e também à autoria e<br />
expressivida<strong>de</strong>, em que se avalia a habilida<strong>de</strong> do candidato <strong>de</strong> construir uma expressão própria, sem a utilização <strong>de</strong> frases feitas<br />
Dial. com o Pias, Uberaba, MG, v.7, n.7, p. 622, set.2008<br />
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