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foi longa e eu acabei por adormecer,
quando acordei estava num
armazém, aproximadamente uma
hora depois (que para mim pareceu
uma eternidade) os dois homens chegaram
e explicaram-me que era tudo uma
cilada e que eu tinha caído na armadilha
como um “coelhinho”. Eles disseram-me
que não me iam tratar muito mal, davam
tudo o que precisava, mas que tinha de trabalhar
no duro. Após explicarem tudo o que se
ia passar puseram-me a trabalhar numas
minas. Não era só eu, havia muitas crianças,
cerca de umas 300. Aquilo não tinha segurança
nenhuma e ainda por cima davam-nos chicotadas
se parássemos de garimpar. Também nos
obrigavam a trabalhar em plantações de droga.
E foi assim que se passaram 6 anos da minha
vida. A trabalhar por causa do erro que cometi, e
o que mais me revoltava e preocupava era saber
que deixei os meus pais na miséria. No dia em
que fiz 18 anos, como era costume, eles deixavam
-nos livres (como se fosse um fim de semana).
Então eu tive uma ideia, como agora já não éramos
crianças e os raptores não estavam no seu
auge de força (já tinham cerca de 65 anos), nós já
lhes podíamos fazer frente. E assim foi o que
aconteceu, todos pegamos nas picaretas e eles
não tiveram hipóteses. Acabaram por se render e
nós dominando o local, entregamos os capangas
às autoridades e voltamos todos para casa. Qual
não foi o meu espanto ao saber que os meus pais