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APRESENTAÇÃO Almanaque do Bicentenário de Pelotas (Vol. 1

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Simões apresenta um da<strong>do</strong> recente sobre <strong>Pelotas</strong> no primeiro número da Revista: “Da<br />

estatística municipal <strong>de</strong> 1910 verifica-se que nesse ano existiam 188 fábricas, 278<br />

oficinas e 822 casas diversas <strong>de</strong> negócio, ou seja, 1288 firmas em ativida<strong>de</strong>” (no 1, p.<br />

13). Ciente, portanto, das mais <strong>de</strong> mil firmas existentes no município, ele apresenta<br />

aproximadamente 70 <strong>de</strong>las (as <strong>de</strong>mais são <strong>de</strong> Piratini e Canguçu), justifican<strong>do</strong>, na<br />

página inicial da Revista, que não se trata tão somente <strong>de</strong> propaganda das empresas:<br />

Os anúncios aqui publica<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem ser toma<strong>do</strong>s mais como atesta<strong>do</strong>s,<br />

<strong>do</strong>cumentos, da capacida<strong>de</strong> industrial-comercial <strong>de</strong>sta época da cida<strong>de</strong>,<br />

<strong>do</strong> que propriamente como reclamos.<br />

O conjunto <strong>de</strong>les, no futuro, dirá o que éramos e o que valíamos. (no 1, p. 1).<br />

O intelectual e empresário para quem o valor maior não era o monetário (ele<br />

mesmo escreve na página <strong>de</strong> abertura <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> número: “Não nos move o<br />

cálculo <strong>do</strong>s ganhos”), seleciona, então, criteriosamente, os “<strong>do</strong>cumentos” que<br />

representam o diagnóstico <strong>de</strong> uma época e <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>. A gran<strong>de</strong> maioria<br />

<strong>do</strong>s anúncios (cerca <strong>de</strong> 40) está concentrada no primeiro número da Revista. Vários<br />

também são os “atesta<strong>do</strong>s” que irão surgir em outros números (é o caso <strong>do</strong>s<br />

anúncios <strong>do</strong>s agentes que representam o “Comércio e navegação” e os “Automóveis<br />

Ford”, da refinada “Relojoaria-Ótica <strong>de</strong> Henrique Krentel”, da “Livraria Americana”,<br />

<strong>do</strong> “Salão Le Chic”, da Fábrica <strong>de</strong> Fumo “S. Raphael”, das lojas “Bromberg<br />

& Comp.”, da “Socieda<strong>de</strong> Rio-gran<strong>de</strong>nse Protetora <strong>do</strong>s Animais”, <strong>de</strong>ntre outros).<br />

A escolha <strong>do</strong> primeiro anúncio apresenta<strong>do</strong> (<strong>do</strong> “Agente da Companhia <strong>de</strong> Vapores<br />

– Comércio e Navegação”), não parece ser fortuita. A hidrovia teve, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

momento da fundação da cida<strong>de</strong>, um papel <strong>de</strong>terminante para o seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Neste senti<strong>do</strong> observemos que, das qualida<strong>de</strong>s visionárias e empresariais<br />

que Simões <strong>de</strong>stacou em Antonio José Gonçalves Chaves (o segun<strong>do</strong> nome que<br />

surge na lista da “Galeria <strong>do</strong>s Funda<strong>do</strong>res”), encontra-se justamente esta:<br />

Dentre os empreendimentos <strong>de</strong> maior alcance em que se envolveu,<br />

<strong>de</strong>staca-se o trabalho que com Domingos José <strong>de</strong> Almeida iniciou para<br />

preparar a abertura da barra <strong>do</strong> S. Gonçalo (...); trabalho <strong>de</strong> previsão,<br />

esse, <strong>de</strong> tão fecun<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>, e que só quarenta e quatro anos mais<br />

tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>via ser executa<strong>do</strong> (no 1, p. 9).<br />

Ele ressalta, é importante notar, que foi o filho <strong>de</strong> Gonçalves Chaves, Antonio<br />

(cujos traços biográficos surgem imediatamente após o nome <strong>do</strong> pai), que, nasci<strong>do</strong><br />

em <strong>Pelotas</strong> em 1813, “organizou a Companhia da Desobstrução da Foz <strong>do</strong> S.<br />

Gonçalo (...) realizada em fevereiro <strong>de</strong> 1876, data (dia 11) em que transpuseram a<br />

barra <strong>do</strong> S. Gonçalo – pela vez primeira – navios <strong>de</strong> alto bor<strong>do</strong>” (i<strong>de</strong>m, p. 9 e 10).<br />

Mas se a or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s anúncios po<strong>de</strong> ser objeto <strong>de</strong> reflexão, a diversida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s mesmos é ainda mais interessante. O biógrafo Carlos Reverbel, quan<strong>do</strong><br />

tomou contato com o repertório <strong>de</strong> anúncios, <strong>de</strong>stacou: “Chama a atenção,<br />

por exemplo, o número <strong>de</strong> firmas <strong>de</strong>dicadas à industrialização <strong>de</strong> fumo.<br />

Era consi<strong>de</strong>rável, também, o contingente <strong>de</strong> empresas locais empenhadas<br />

na produção <strong>de</strong> medicamentos. A indústria cervejeira igualmente figurava<br />

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