Cenários | Entrevista | nov/dez 2008 Visão EmprEsarial
pioneiro. É assim que se auto define o presidente do grupo Via Engenharia, Fernando Queiroz, por ter chegado em Brasília em 1971, época em que governo decidia se sua sede voltaria a ser o Rio de Janeiro. “Foi então que a capital foi, de forma drástica, firmada em 1976, ano em que o governo resolveu fazer algumas obras de porte para confirmar a opção por Brasília. Foi aí que surgiram o anexo (pronto-socorro) do Hospital de Base, o Centro de Convenções e algumas outras obras de grande porte, que acabaram por consolidar a Via Engenharia como construtora da cidade”, diz nesta entrevista à revista Cenários. Da década de 70 para 2008, Queiroz acompanhou muitas mudanças no Distrito Federal, como o crescimento desordenado. O empresário critica os condomínios irregulares e outras formas de ocupação sem planejamento. Para Queiroz, o Plano de Ordenamento Territorial (PDOT), com previsão de novos locais que podem ser construídos, será uma saída para o setor, que sempre agiu na legalidade mas enfrenta a falta de terrenos. Nesta entrevista, Queiroz também fala sobre a vinda de grandes construtoras para o Distrito Federal e critica a abertura de capital (ocorre com a emissão de ações, com negociação de parte do controle da empresa na bolsa de valores) de empresas do setor, sem preparação adequada, o que, na opinião dele, gera problemas no mercado. Cenários – Uma reclamação antiga do setor é a parca oferta de terreno por parte da Companhia imobiliária de Brasília (Terracap). Como o senhor vê essa situação? Queiroz – Desde a sua fundação, Brasília conta com um único loteador, a Terracap. Porém, a situação tende a mudar com a consolidação dos terrenos privados do Distrito Federal e com a conseqüente adoção das diversas áreas que serão disponibilizadas pelo Plano de Ordenamento Territorial (PDOT). Nele, terrenos considerados rurais até aqui passarão a uma nova condição. Com isso, os empresários de qualquer lugar do Brasil terão a possibilidade de ser loteadores. Ou seja, dentro das posturas definidas pelo PDOT, os incorporadores poderão fazer seus projetos, criando novos espaços, adaptando-se às condições modernas, o que será muito bom para a região. Cenários – Especialistas avaliam que a escassez de terrenos foi um dos motivos que gerou os condomínios irregulares... Queiroz – Cometeu-se um erro em Brasília nas últimas décadas, que foi esse crescimento desordenado feito pelos chamados condomínios irregulares – e que hoje se encontram em processo de regularização. No meu modo ver, a iniciativa privada nem contribuiu nem foi conivente com esse | 9 | evento, porque isso surgiu de repente. As pessoas trabalhavam no Plano Piloto, executavam suas atividades e não tinham idéia do que havia por trás. Agora o governo local tem procurado corrigir isso, regularizando, mas é algo que não pode tornar a ocorrer. Cenários – Como o setor privado contribuiria para o desenvolvimento territorial do <strong>DF</strong> (lembrando que se trata de um segmento acusado de especulação e interesses financeiros)? Queiroz – Quando se fala do setor privado da região, é preciso defini-lo. Eu mesmo levo em consideração as empresas que atuam no mercado imobiliário do <strong>DF</strong> e que têm à frente pessoas comprometidas com o futuro da cidade. Ou seja, gente que veio para cá na década de 70 e 80 ou até antes disso, num tempo em que se estabeleceram laços, consolidou-se a família e a posição empresarial. Com uma história assim, a empresa é obrigada a contribuir com a região porque tem responsabilidade com planejamento urbano. Todos nós somos obrigados a fazer a nossa parte: temos que lutar para que Brasília seja preservada e se mantenha a qualidade de vida. Temos ainda que buscar os princípios éticos para o desenvolvimento urbano, isto é, os interesses da comunidade têm que prevalecer sobre os interesses empresariais. Cenários – E como o senhor se insere na história da cidade? Queiroz – Me sinto muito comprometido com Brasília. Cheguei em 1971, numa época muito complicada, num momento em que o governo decidia se a capital voltaria a ser o Rio de Janeiro ou se a consolidaria aqui. Foi então que a capital foi, de forma drástica, firmada em 1976, ano em que o governo resolveu fazer algumas obras de porte para confirmar a opção por Brasília. Foi aí que surgiram o anexo (pronto-socorro) do Hospital de Base, o Centro de Convenções e algumas outras obras de grande porte, que acabaram por consolidar a Via Engenharia como construtora da cidade. Desde então eu acompanho as transformações do <strong>DF</strong>: casas populares (eu tive a oportunidade de participar da construção de mais de 40 mil casas), inúmeros blocos de apartamentos no Plano Piloto e por aí vai. Por esses e outros motivos, considero-me mais um candango desse grande “O PDOT l evar á d e s e n vo lv i m e n to Pa r a as regiões n O va s e er mas, q u e cer Tam en Te s u r g i r ãO a P ó s O s e to r no r o e s t e”