15.04.2013 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O astrônomo ju<strong>de</strong>u mestre João e o Cruzeiro do Sul<br />

Halifax of Hollywood, conhecido pelo nome latino <strong>de</strong> Johannes Sacrobosco,<br />

que teve o seu livro <strong>de</strong> astronomia editado pela primeira vez em Ferrara, em<br />

1472.<br />

E mestre João reafirma a utilida<strong>de</strong> do emprego da carta ou mapa geográfico<br />

<strong>de</strong> navegação junto com o astrolábio para melhor orientar os pilotos em alto-mar.<br />

Lembra, porém, que a certeza do emprego correto dos instrumentos<br />

náutico-astronômicos só se dará ao se chegar ao cabo da Boa Esperança. Não<br />

custa recordar que este cabo representa a finisterra da África e foi nomeado<br />

cabo das Tormentas pelo seu <strong>de</strong>scobridor, o navegador Bartolomeu Dias, que<br />

o ultrapassou em sua viagem <strong>de</strong> 1487-88, <strong>de</strong>ixando os nautas portugueses às<br />

portas da Índia, sendo por isso rebatizado, pelo rei Dom João II, <strong>de</strong> cabo da<br />

Boa Esperança. Mais adiante na carta aparecem outros instrumentos náuticos<br />

como as “tábuas da Índia”:<br />

“Somente mando a Vossa Alteza como estão situadas as estrelas do (sul),<br />

mas em que grau está cada uma não o pu<strong>de</strong> saber, antes me parece ser impossível,<br />

no mar, tomar-se altura <strong>de</strong> nenhuma estrela, porque eu trabalhei<br />

muito nisso e, por pouco que o navio balance, se erram quatro ou cinco<br />

graus, <strong>de</strong> modo que se não po<strong>de</strong> fazer, senão em terra. E quase outro tanto<br />

digo das tábuas da Índia, que se não po<strong>de</strong>m tomar com elas senão com muitíssimo<br />

trabalho, que, se Vossa Alteza soubesse como <strong>de</strong>sconcertavam todos<br />

nas polegadas, riria disto mais que do astrolábio (...)”<br />

O emprego por mestre João das “tábuas da Índia” ou kamals, instrumento <strong>de</strong><br />

origem árabe, levado a Portugal por Vasco da Gama no retorno <strong>de</strong> sua primeira<br />

viagem à Índia, <strong>de</strong>stinado a medir a altura das estrelas, <strong>de</strong> forma triangular,<br />

constituído <strong>de</strong> três réguas para calcular por polegadas a distância dos pólos,<br />

<strong>de</strong>monstra que a troca cultural entre Oci<strong>de</strong>nte e Oriente <strong>de</strong>vido às viagens marítimas<br />

estava em pleno <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

A esses instrumentos da ciência náutica o médico e astrônomo do rei<br />

cita ainda, para o apoio à navegação nos oceanos, o quadrante, também utili-<br />

139

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!