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fontes e bibliografia - Arca - Fiocruz

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É interessante notar que, em diferentes épocas, muitos artigos escritos no<br />

período imediatamente posterior à morte de Oswaldo Cruz foram sucessivamente<br />

reeditados.<br />

Do ponto de vista do conteúdo, é possível dividir esta literatura em dois grupos:<br />

o de ensaios e artigos (incluindo os necrológios publicados nos jornais) e as<br />

biografias.<br />

Verificamos que, apesar das diferentes formas de abordar a vida de Oswaldo<br />

Cruz, no essencial a interpretação que se dá aos fatos é semelhante. Os artigos e<br />

ensaios detêm-se, de modo geral, em certos aspectos da trajetória profissional,<br />

destacando as qualidades de cientista, fundador da medicina experimental no Brasil.<br />

Por outro lado, exaltam a sua face de higienista competente, a que atribuíram o título<br />

de o saneador do Rio de Janeiro e do Brasil.<br />

As biografias têm outro padrão de apresentação dos assuntos, não ficando<br />

circunscritas aos temas do grupo anterior, que se parecem como um retrato 3x4.<br />

Identificamos cinco biografias e pudemos proceder à leitura de três; as outras<br />

duas não foram localizadas.<br />

Além de abordarem aspectos da trajetória profissional de Oswaldo Cruz, as<br />

biografias procuram abranger a origem social e a vida familiar. Em que pese o<br />

tratamento mais extensivo que as biografias procuram dar à vida de Oswaldo Cruz,<br />

este grupo de textos não traz inovações substantivas em relação aos que haviam sido<br />

publicados anteriormente, em especial aqueles escritos logo após a morte do biografado.<br />

Com uma seleção criteriosa de determinadas passagens e fatos, reproduzem as<br />

versões existentes.<br />

O médico e amigo de Oswaldo Cruz, Sales Guerra, apresenta uma explicação<br />

convincente para esta questão. Logo na introdução da biografia que escreveu, chama<br />

a atenção do leitor para a inevitabilidade da repetição dos fatos em trabalhos deste<br />

gênero. Percebe, contudo, uma vantagem na repetição, que é a de "abrir na memória<br />

de cada um sulcos mais profundos, onde se aninhará e permanecerá mais tempo a<br />

grata lembrança do grande higienista" (Guerra, 1940:24).<br />

Ou seja, o autor assinala um veio importante desta literatura: a sua função<br />

pedagógica, de resto intenção explicitamente reconhecida por todos os biógrafos de<br />

Oswaldo Cruz. De fato, as biografias têm um profundo conteúdo moralizante, pois<br />

entendiam seus autores que a vida de Oswaldo Cruz era "uma fonte de lições e<br />

exemplos edificantes". Sales Guerra justifica o livro que escreveu afirmando que<br />

Oswaldo Cruz "foi modelo irradiante de trabalho, de civismo, de bondade, de<br />

inteireza de caráter, de abnegação até ao sacrifício" (Guerra, 1940:20).<br />

É interessante notar que, entre os biógrafos, o único que declara explicitamente<br />

ter mesclado ficção e realidade é Phocion Serpa, que considera esta forma<br />

de abordar o assunto um meio eficaz de atrair o público infanto-juvenil, o qual<br />

desejava atingir. Reconhece Phocion Serpa que, apesar de não ter falseado os<br />

fatos, "polvilhou a narrativa com um pouco de fantasia, para adorná-la e torná-la<br />

mais atraente". Acredita que o gênero do conto de fadas é muito eficiente para

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