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fontes e bibliografia - Arca - Fiocruz

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uma instituição bem-sucedida que influenciaria decisivamente a ciência brasileira.<br />

Por sua vez, Oswaldo Cruz lançava-se à luta para cumprir o "programa que traçara<br />

em segredo" (Aragão, 1972:191-200).<br />

Conforme a interpretação de Henrique Aragão, "a empolgação com este ideal<br />

magnífico" foi o motivo pelo qual Oswaldo Cruz não aceitou o convite de Emile<br />

Roux para permanecer no Instituto Pasteur de Paris (Aragão, 1972:191).<br />

Na rota de realização de seu ideal, Oswaldo Cruz não mediu esforços, e era<br />

indiferente aos obstáculos que se opunham ao projeto.<br />

Avaliam os memorialistas que tanto maior foi o seu esforço quanto imaturo e<br />

inculto era o ambiente à sua volta, exigindo sacrifícios e abnegação para que a ciência<br />

se desenvolvesse. O seu mérito foi maior porque "ele começou só, partindo do nada,<br />

à maneira do Gênesis" (Fraga, 1917:6).<br />

Estas interpretações têm como fundamento a idéia de destino e predestinação<br />

que os memorialistas tentaram evidenciar focalizando aspectos e episódios da<br />

história de vida de Oswaldo Cruz, onde estavam manifestos os sinais de suas<br />

aptidões para a ciência. Em outros termos, debruçam-se sobre a trajetória de Oswaldo<br />

Cruz com o intuito de demonstrar que ele desenvolvera um talento especial para a<br />

ciência, na medida em que manifestara uma vocação nesse sentido. Sem dúvida, este<br />

foi um componente central na imagem do cientista que desejaram construir, extensamente<br />

explorado nesta literatura, em especial pelas biografias.<br />

Como já disse acima, a vida de Oswaldo Cruz é analisada como se se dividisse<br />

em duas fases: o anonimato e a vida pública. Em ambas, procura-se comprovar o<br />

argumento de que ele era um predestinado.<br />

Assim, na primeira fase, o foco é a vida privada. Assume papel de destaque o<br />

círculo familiar, a que os memorialistas atribuem um papel decisivo no futuro destino<br />

do cientista. Nesse sentido, dois pontos são assinalados. Em primeiro lugar, valori¬<br />

za-se a extração social da família Cruz, em que contrastavam fortemente a condição<br />

de classe média modesta com a riqueza espiritual e moral que identificam no pai e<br />

na mãe de Oswaldo Cruz. Estas qualidades constituíram, segundo os biógrafos, os<br />

melhores ensinamentos que Oswaldo Cruz recebeu, forjando um caráter sólido<br />

preparado para enfrentar "sem desfalecimentos os embates e a injustiça dos homens<br />

e da sociedade, que o impeliu a lutar sempre pela verdade". Além disso, a família<br />

legou-lhe como uma das principais heranças o amor ao trabalho, que só ele confere<br />

"nobreza, dignidade e independência ao homem" (Serpa, 1937:25).<br />

Em segundo lugar, sobressai a figura paterna, cujo traço biográfico é a carreira<br />

de higienista de Bento Cruz. No final do século, ele foi indicado para o cargo de<br />

chefe da Inspetoria de Higiene, posto equivalente ao que mais tarde Oswaldo Cruz<br />

ocupou na Diretoria Geral de Saúde Pública.<br />

Conforme o depoimento de Carlos Seidl - que trabalhara com Bento Cruz na<br />

Inspetoria de Saúde -, poucas pessoas conferiam importância à influência do pai<br />

sobre a vocação de Oswaldo Cruz para a carreira pública. Seidl afirma que ele<br />

estimulava o filho a se interessar pelos problemas de saúde pública e de higiene.

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